Planeje Sua História Com A Gente 11: Cube Creator e Save the Cat

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Por: Michele Bran


Olá, escritores. Espero que estejam bem e animados porque hoje vamos em mais um post no esquema “dobradinha” para estudar duas estruturas.

Como eu sempre peço, não deixe de conferir os posts anteriores da série: o que é um planejamento; o método Snowflake; o método dos sete pontos, que foi dividido em parte um e dois; uma dobradinha com o método dos três pontos e o de outline de capítulos; mais uma dobradinha com os métodos flashlight e fluxograma; o método dos cinco pontos; a estrutura dos três atos, que também tem parte um e dois; Beat Sheet, ou Beat by Beat; a Abordagem por Sequências; Escaleta e agora vamos com duas bem menos conhecidas, mas não menos interessantes: Cube Creator e Save the Cat.

 

Criando Cubos

A estrutura Cube Creator foi desenvolvida pelo site ReadWriteThink e tem como principal público-alvo estudantes de ensino fundamental e médio que precisem desenvolver suas habilidades de escrita para atividades escolares ou sistematizar assuntos e conceitos aprendidos em sala de aula. Porém, isso não impede alguém de usar para desenvolver uma história por hobby ou profissão, já que é uma estrutura bem simples e fácil de compreender.

Trata-se de um programa que se diz “organizador interativo” que visa formar um cubo com diferentes informações da história em cada lado. O conceito, segundo os próprios desenvolvedores, é quebrar o assunto principal em elementos menores que, quando unidos, formam uma imagem ou ideia maior. Ou seja, assim como Snowflake, é uma estrutura que tem um software próprio, mas podemos trazer suas etapas para planejar nossas histórias mesmo sem comprá-los.

O programa Cube Creator é interessante porque tem diferentes versões. A original é a “Bio Cube”, que apesar de originalmente pensada para os estudantes esquematizarem as vidas das pessoas que estudam em sala (como vultos históricos), permite pensar a história esquematizando pontos-chave da vida dos personagens (pontos fundamentais de seu passado, personalidade, momentos importantes de sua trajetória, importância no enredo etc).

A segunda é a “Mystery Cube”, que ajuda a organizar pistas para solucionarem um mistério de uma história que o estudante esteja lendo ou (e aqui entra o que é importante para nós) criarem suas próprias histórias de mistério. Especificamente, mistérios policiais. O usuário (estudante ou escritor) é estimulado a pensar na ambientação, pistas, mistério, vitima, detetive e solução do mistério apresentado.

A terceira é a “Story Cube”, que apresenta os pontos principais de uma história: personagem, ambientação, conflito, tema e resolução.

Por fim, temos a “Create-Your-Own-Cube”, que pode ser usada para qualquer objetivo que se tenha em mente. A ferramenta permite esquematizar o assunto ou planejar a história (a depender de quem está usando) de qualquer maneira que seja necessária.

Ao contrário dos métodos tradicionais, o Cube Creator é como completar um quebra-cabeças e dá total liberdade para pensarmos, inclusive, em nosso próprio cubo, colocando as perguntas que julgamos importantes e, então, respondendo-as.

Mas como eu disse ali em cima, você não precisa comprar o programa para se beneficiar dessas vantagens. Basta pensar em 6 perguntas cruciais para conhecer sua história. Por exemplo, o meu método preferido para começar a pensar em uma história: quem, onde, o que, quando, por que, como.

Perdido?

Vamos lá desenvolver as perguntas.


1) Quem?

Aqui você coloca quem e quantos são os personagens da história, destaca a importância de cada um no enredo e pode colocar um resumo de cada um.

2) Onde?

Lugar onde a história se passa e como ele interfere na história.

3) O que?

Qual o principal conflito que esses pobres coitad-DIGO que seus personagens precisarão resolver.

4) Quando?

A época em que a história se passa e como isso afeta o enredo.

5) Por quê?

As causas do problema; o que pode ser bem útil para desenvolver o enredo e facilitar uma solução convincente.

6) Como?

Como esse conflito é resolvido e por quem.


Esse método é excelente para quem curte improvisar justamente por ser bem rápido e fácil, permitindo colocar respostas curtas apenas para dar um norte na hora de escrever e evitar perder por esquecimento detalhes importantes.

Porém não vejo muito como planejadores podem se beneficiar se o usarem como único método, a menos que as respostas a estas perguntas sejam detalhadas e/ou puxem outras para permitir cobrir todo o terreno da história, por assim dizer.

Vejo o Cube Creator para planejadores mais como um início, um ponto de partida para planejar com alguma outra estrutura mais detalhada a gosto do autor.

Agora vamos para a próxima.

 

Salvando Gatos

Essa estrutura é mais uma formulada pelo Blake Snyder, que vimos lá atrás ao estudar o Beat Sheet e, sinceramente, nem sei se podemos chamar de “estrutura” no sentido em que conhecemos.

O método “Save the Cat”, resumidamente, consiste em uma técnica para que, logo nas primeiras páginas, você faça o seu leitor criar empatia com seu personagem. Ou seja, é uma forma de construir um enredo visando, ao mesmo tempo, desenvolver a personalidade do personagem, criar uma profunda ligação emocional entre protagonista e leitor e provocar determinada emoção em quem lê.

Para isso, Snyder postula que o ideal é colocar o protagonista para fazer algo bom logo nas primeiras páginas, mesmo que ele não seja um mocinho ou herói. Ou seja: faça seu personagem salvar um gato.

Claro que “salvar um gato” é uma metáfora. Pode ser salvar uma pessoa, um objeto, dar um conselho positivo ou meramente fazer algo cotidiano de forma interessante, engraçada ou algo do tipo.

Em resumo, o “Save the Cat” é um método muito mais focado no personagem do que no enredo em si. O enredo será desenvolvido com o objetivo de aprofundar o personagem, não o contrário como parecíamos ver até então.

Por esse motivo, é interessante de ser usado se é esse seu objetivo. Caso queira algo mais focado nos acontecimentos em si, nas ações, pode achar este um método muito limitado. Contudo, pode ser mais útil se usado em paralelo com outra estrutura, então o nível de benefício para planejadores ou improvisadores depende do método escolhido e de quanto de detalhes teremos.

 

Hoje tivemos métodos mais simples e rápidos, porém não menos interessantes. Espero que tenham curtido.

Vejo vocês no próximo post da série, em que falaremos de mais uma estrutura que me era estranha: Meta-Documentos.

Beijinhos e até lá :*


Um comentário:

  1. Pode mandar o link para o próximo método chamado de "Meta-Documentos"? Não estou achando em lugar nenhum no blog

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