Por: Michele Bran
Olá, escritores. Espero que estejam
bem e animados porque hoje vamos em mais um post no esquema “dobradinha” para
estudar duas estruturas.
Como eu sempre peço, não deixe de
conferir os posts anteriores da série: o
que é um planejamento; o método Snowflake;
o método dos sete pontos, que foi dividido em parte
um e dois;
uma dobradinha
com o método dos três pontos e o de outline de capítulos; mais uma dobradinha
com os métodos flashlight e fluxograma; o método
dos cinco pontos; a estrutura dos três atos, que também tem parte
um e dois;
Beat
Sheet, ou Beat by Beat; a Abordagem
por Sequências; Escaleta
e agora vamos com duas bem menos conhecidas, mas não menos interessantes: Cube
Creator e Save the Cat.
Criando Cubos
A estrutura Cube Creator foi
desenvolvida pelo site ReadWriteThink e tem como principal público-alvo
estudantes de ensino fundamental e médio que precisem desenvolver suas
habilidades de escrita para atividades escolares ou sistematizar assuntos e
conceitos aprendidos em sala de aula. Porém, isso não impede alguém de usar
para desenvolver uma história por hobby ou profissão, já que é uma estrutura
bem simples e fácil de compreender.
Trata-se de um programa
que se diz “organizador interativo” que visa formar um cubo com diferentes
informações da história em cada lado. O conceito, segundo os próprios
desenvolvedores, é quebrar o assunto principal em elementos menores que, quando
unidos, formam uma imagem ou ideia maior. Ou seja, assim como Snowflake, é uma
estrutura que tem um software próprio, mas podemos trazer suas etapas para
planejar nossas histórias mesmo sem comprá-los.
O programa Cube Creator é interessante
porque tem diferentes versões. A original é a “Bio Cube”, que apesar de
originalmente pensada para os estudantes esquematizarem as vidas das pessoas
que estudam em sala (como vultos históricos), permite pensar a história esquematizando
pontos-chave da vida dos personagens (pontos fundamentais de seu passado,
personalidade, momentos importantes de sua trajetória, importância no enredo etc).
A segunda é a “Mystery Cube”,
que ajuda a organizar pistas para solucionarem um mistério de uma história que
o estudante esteja lendo ou (e aqui entra o que é importante para nós) criarem
suas próprias histórias de mistério. Especificamente, mistérios policiais. O
usuário (estudante ou escritor) é estimulado a pensar na ambientação, pistas, mistério,
vitima, detetive e solução do mistério apresentado.
A terceira é a “Story Cube”,
que apresenta os pontos principais de uma história: personagem, ambientação,
conflito, tema e resolução.
Por fim, temos a “Create-Your-Own-Cube”,
que pode ser usada para qualquer objetivo que se tenha em mente. A ferramenta
permite esquematizar o assunto ou planejar a história (a depender de quem está
usando) de qualquer maneira que seja necessária.
Ao contrário dos métodos
tradicionais, o Cube Creator é como completar um quebra-cabeças e dá total
liberdade para pensarmos, inclusive, em nosso próprio cubo, colocando as
perguntas que julgamos importantes e, então, respondendo-as.
Mas como eu disse ali em cima,
você não precisa comprar o programa para se beneficiar dessas vantagens. Basta
pensar em 6 perguntas cruciais para conhecer sua história. Por exemplo, o meu
método preferido para começar a pensar em uma história: quem, onde, o que,
quando, por que, como.
Perdido?
Vamos lá desenvolver as
perguntas.
1) Quem?
Aqui você coloca quem e quantos
são os personagens da história, destaca a importância de cada um no enredo e
pode colocar um resumo de cada um.
2) Onde?
Lugar onde a história se passa e
como ele interfere na história.
3) O que?
Qual o principal conflito que esses
pobres coitad-DIGO que seus personagens precisarão resolver.
4) Quando?
A época em que a história se
passa e como isso afeta o enredo.
5) Por quê?
As causas do problema; o que pode
ser bem útil para desenvolver o enredo e facilitar uma solução convincente.
6) Como?
Como esse conflito é resolvido e por quem.
Esse método é excelente para quem
curte improvisar justamente por ser bem rápido e fácil, permitindo colocar
respostas curtas apenas para dar um norte na hora de escrever e evitar perder
por esquecimento detalhes importantes.
Porém não vejo muito como
planejadores podem se beneficiar se o usarem como único método, a menos que as
respostas a estas perguntas sejam detalhadas e/ou puxem outras para permitir
cobrir todo o terreno da história, por assim dizer.
Vejo o Cube Creator para planejadores mais como um início, um ponto de partida para planejar com alguma outra estrutura mais detalhada a gosto do autor.
Agora vamos para a próxima.
Salvando Gatos
Essa estrutura é mais uma
formulada pelo Blake Snyder, que vimos lá atrás ao estudar o Beat Sheet e,
sinceramente, nem sei se podemos chamar de “estrutura” no sentido em que
conhecemos.
O método “Save the Cat”,
resumidamente, consiste em uma técnica para que, logo nas primeiras páginas,
você faça o seu leitor criar empatia com seu personagem. Ou seja, é uma forma
de construir um enredo visando, ao mesmo tempo, desenvolver a personalidade do
personagem, criar uma profunda ligação emocional entre protagonista e leitor e provocar
determinada emoção em quem lê.
Para isso, Snyder postula que o
ideal é colocar o protagonista para fazer algo bom logo nas primeiras páginas,
mesmo que ele não seja um mocinho ou herói. Ou seja: faça seu personagem salvar
um gato.
Claro que “salvar um gato” é uma
metáfora. Pode ser salvar uma pessoa, um objeto, dar um conselho positivo ou
meramente fazer algo cotidiano de forma interessante, engraçada ou algo do tipo.
Em resumo, o “Save the Cat” é um
método muito mais focado no personagem do que no enredo em si. O enredo será
desenvolvido com o objetivo de aprofundar o personagem, não o contrário como
parecíamos ver até então.
Por esse motivo, é interessante
de ser usado se é esse seu objetivo. Caso queira algo mais focado nos
acontecimentos em si, nas ações, pode achar este um método muito limitado.
Contudo, pode ser mais útil se usado em paralelo com outra estrutura, então o
nível de benefício para planejadores ou improvisadores depende do método
escolhido e de quanto de detalhes teremos.
Hoje tivemos métodos mais simples
e rápidos, porém não menos interessantes. Espero que tenham curtido.
Vejo vocês no próximo post da
série, em que falaremos de mais uma estrutura que me era estranha:
Meta-Documentos.
Beijinhos e até lá :*
Pode mandar o link para o próximo método chamado de "Meta-Documentos"? Não estou achando em lugar nenhum no blog
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