Por: Michele Bran
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Olá, escritores.
Aqui estamos para a segunda parte
de nosso post sobre o Método dos Sete Pontos (e a primeira você pode ler aqui).
Indo direto ao ponto, continuemos
:D
4.
O Espelho
A escolha que seu personagem
principal tomará no Catalisador o levará a um dos momentos mais cruciais da
trama: o Espelho, onde o protagonista pode encontrar ou perder sua verdadeira
motivação e onde a jornada parece ainda mais não ter volta (ou não ter
possibilidade de acabar bem). Segundo as palavras do Lee:
“Fazendo uma analogia com o
próprio nome, é como se o protagonista se olhasse no espelho e se
perguntasse: o que foi que eu fiz?”.
Aqui, algo muito importante (e
geralmente de profundo impacto) acontece, levando seu personagem ao impulso de
trabalhar ainda mais para resolver os problemas que aparecem em seu caminho. É
aqui que o personagem reflete sobre suas ações e as consequências delas, se
organizando para corrigir os erros e solucionar a questão da melhor forma
possível (coitados, ainda temos muito chão hehe).
O Espelho, via de regra, deve
aparecer no meio da história. Se formos usar um desenho como exemplo, podemos
dizer que o começo é o ponto 0 e, a partir dali, temos uma curva ascendente,
que sobe até o máximo e, depois, começa a descer novamente até a linha inicial.
O Espelho é o meio disso e deve dar impulso para que o leitor chegue ao ponto
alto, o clímax.
Exemplinhos:
“1984: Após descobrir como o
Partido manipula a população, Winston decide investigar um misterioso
grupo de resistência.
Senhor dos Anéis: O conselho
se reúne em Rivendell e, após diversos desentendimentos.
Frodo decide ele mesmo levar o Um Anel a Mordor.
Harry Potter: Harry se olha no
Espelho de Ojesed (coincidência?) e decide honrar a morte de seus
pais.
Star Wars: Luke e seus
companheiros são levados à Estrela da Morte, descobrem que Leia está sendo
mantida prisioneira e decidem resgatá-la”.
5.
Crise
O protagonista já refletiu sobre
suas ações e decidiu agir no sentido de resolver os problemas.
Maravilha! Hora de dar mais
problemas para ele.
Como o próprio nome já indica, é
hora de complicar ainda mais a situação de seu protagonista. Bônus se isso
acontecer porque ele tomou uma decisão errada, que levou a uma grande e
colossal tragédia e agora até seus aliados estão conta ele e-PERA, sem spoilers
da minha história, hehe.
A crise é outro momento
fundamental para o desenvolvimento da personalidade do personagem e serve para
mostrar ao leitor todos os conflitos internos, dilemas, mudanças pelas quais
ele passou e como toda essa jornada o está afetando (positiva ou negativamente
falando). Aqui, podemos mostrar como o mundo interno do personagem interage com
o externo com ainda mais força.
Exemplos:
“Batman Begins: Ra`s Al Ghul
queima a mansão Wayne e deixa Bruce à beira da morte.
Senhor dos Anéis: Gandalf cai
no abismo ao enfrentar o Balrog.
Harry Potter: Harry vê
Voldemort sugar o sangue de unicórnio e quase é morto.
Star Wars: Os stormtroopers
atacam os heróis enquanto eles tentam fugir da Estrela da Morte com a princesa
Leia”.
6.
Clímax
Aqui chegamos ao ponto alto da
trama (lembrem da curva ascendente que mencionei ali em cima). Aqui, tudo se
conecta e faz sentido, todos os segredos são revelados e agora o protagonista
finalmente consegue descobrir o que é necessário para derrotar seus inimigos. É
aqui que o detetive descobre que perseguiu o fulano errado a história inteira e
o verdadeiro culpado está se preparando para agir em outro lugar.
Tudo na história deve culminar
para o clímax para que ele tenha o efeito desejado de pegar todo mundo de
surpresa (tanto quem participa da cena quanto quem a lê) e causar grande
impacto emocional no leitor.
Exemplinhos:
“O Caso dos Dez Negrinhos:
Oito já morreram e apenas dois restam. Cada um dos dois sobreviventes sabe que
ele próprio não é culpado pelas mortes e os dois se confrontam.
Senhor dos Anéis: Boromir
tenta roubar o Um Anel de Frodo, fazendo o hobbit perceber o poder do anel em
corromper seus companheiros. Ele, então, percebe que terá de enfrentar o
desafio sozinho.
Harry Potter: Ao se olhar no
espelho de Ojesed, percebe que, como seus motivos são puros, ele é o único que
pode possuir a pedra filosofal.
Star Wars: Luke descobre que
tem a Força, e terá que usá-la para destruir a Estrela da Morte”.
7.
Resolução
E, por fim, o fim.
Aqui, tudo se resolve (ou se
ferra de vez e todo mundo morre [juro que não é spoiler]). Batalhas são
vencidas ou perdidas. Amores são reconquistados ou definitivamente desfeitos.
Famílias se reencontram ou se separam por completo.
Ao chegar ao final, a ideia é que
o conflito principal da trama seja resolvido e nenhum dos personagens de peso
(protagonista, sobretudo, mas também secundários) termine da mesma maneira que
era no começo. Toda a jornada, as lutas, os ganhos e perdas, os desafios, as
dificuldades o terão transformado. Ele será uma pessoa melhor (ou pior) quando
chegar ao fim de sua jornada.
E aqui cabem duas perguntas:
a) Qual
é o conflito principal? (importante para que você saiba, afinal, qual trama
precisa ter maior destaque e deve ser resolvida ao fim de tudo); e
b) Como
meus personagens foram afetados? (se algum dos de grande importância terminar
igual quem era no começo, volte e mude algo no meio).
Também é importante pensar se
estamos falando do fim de uma história única ou de parte de uma saga (duologia,
trilogia, série... etc). Se é uma história “livro único”, todos os mistérios
precisam ser resolvidos até o fim. Se temos uma série, o mistério principal
será resolvido, mas precisaremos deixar ganchos para a parte seguinte.
Vamos aos exemplos (todos do
Livro 1 de uma saga, por coincidência, para facilitar o entendimento do que
acabei de dizer hehe):
“Jogos Vorazes: Katniss
desafia os juízes dos Jogos e sobrevive. Ela agora tem uma visão distinta
do governo controlador.
Senhor dos Anéis: A Sociedade se
separa. Frodo resolve seguir seu caminho e destruir o Um Anel, custe o que
custar.
Harry Potter: Harry derrota
Voldermort. Ele agora sabe que, enquanto viver, Voldemort pode retornar para
conseguir sua vingança.
Star Wars: A Aliança destrói a
Estrela da Morte. Com o conhecimento da Força, Luke resolve treinar para
destruir o Império”.
Mas como sabemos que o final e o
meio (não necessariamente nessa ordem) são as partes mais difíceis de escrever,
há algo maravilhoso sobre essa estrutura que me deixou positivamente surpresa
enquanto estudava mais sobre ela. Devemos planejar nessa estrutura na seguinte
ordem:
1º: Resolução
2º: Gancho
3º Espelho
4ª Chamado
5º Crise
6º Clímax
7º Catalisador
A ideia por trás disso é começar
pelos pontos mais importantes, de forma que o seguinte se torne mais fácil de
pensar a respeito após concluirmos o anterior. Começando pelo final, já temos
uma boa visão de como queremos que seja a transformação do personagem.
Daí, fica mais fácil imaginar
como apresentar essa bagunça e pensar na principal crise do meio. Com o começo,
meio e fim já registrados, a tarefa de pensar em como desenvolver cada crise e
problema também se torna menos árdua.
O método é excelente para plotters
porque nos dá a estrutura geral da história com cada ponto-chave. Como o
nível de detalhes é definido por você, fique livre para detalhar o máximo que
quiser dentro da estrutura.
E auxilia pantsers e plotsers
porque não é necessário expandir por páginas e páginas, como o Snowflake. Com
apenas uma frase, você pode definir o que é mais importante em cada etapa. Além
disso, também pode apenas fazer o começo e/ou o final e ir pensando no restante
conforme a história avança.
E eu reclamando do post anterior,
hein? Esse ficou quase um TCC (hehe).
Espero que tenham gostado apesar
do tamanho e que tenha sido útil. Até o mês que vem com, espero eu, mais um
post da série. Dessa vez, sobre a estrutura dos Três Pontos.
Beijos e até lá.
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