Por: Michele Bran
Link no Nyah: https://fanfiction.com.br/u/5389/
Oi, pessoal.
Lá vamos nós de novo para mais um
post de nossa série sobre roteiros. Dessa vez, como vamos abordar duas
estruturas que são bem simples e rápidas, optei por falar de duas no mesmo
post, até para que a série não se estenda demais (acredite em mim: tem
trocentas estruturas diferentes hehe).
Caso não tenha lido ainda as
outras partes, temos uma breve introdução,
depois falei sobre o Método
Snowflake e o Método dos Sete Pontos, que precisei dividir em parte
1 e parte
2 devido ao tamanho. Pode ir lê-las antes, se quiser.
Mas vamos lá…
1) Método dos Três Pontos
Essa estrutura é bastante concisa
e simples, por isso não devemos confundi-la com o Método dos Três Arcos (do
qual falaremos mais adiante, e é uma forma um pouco mais aprofundada de
estruturar seu enredo).
O Método dos Três Pontos se
aproxima mais dos Sete Pontos que vimos no post anterior da série, com a
diferença que aqui vamos pensar apenas no começo, meio e fim da história.
Sim, só isso. Você pode escrever
palavras-chave, uma frase, um parágrafo (pequeno ou grande) ou mesmo uma página
sobre cada etapa. Até mesmo várias páginas, se quiser, tudo vai depender do
nível de detalhes que você deseja dar a seu planejamento.
Apenas não esqueça do que deve
ter em cada etapa:
a) Começo: apresentação de
personagens, cenários, trama principal e subtramas mais importantes.
Normalmente, corresponde ao primeiro quarto (25%) da história.
b) Meio: complicação dos
conflitos, entrelaçamento das subtramas entre si e com a trama principal,
desenvolvimento e relacionamento dos personagens entre si. Corresponde aos dois
quartos seguintes da história (25 a 75%).
c) Fim: percepção de como
os personagens mudaram e cresceram ao longo da jornada, resolução dos conflitos
e tramas sem deixar pontas soltas, exceto em casos de histórias que terão
continuação (caso em que, geralmente, temos o encerramento de uma ou algumas
subtramas e outras continuam em aberto, terminando com um gancho para manter o
leitor interessado na próxima parte). Equivale ao quarto final da história.
É um método bem mais rápido e
direto ao ponto, perfeito para quem nunca planejou nenhuma história, mas deseja
começar a fazê-lo por não ter maiores passos a seguir e, portanto, não ser tão
cansativo à primeira vista.
Permite ter uma visão geral da
história de forma rápida (sobretudo se você vai colocar apenas frases), mas
peca muito em minha opinião por não nos deixar nenhum campo específico para
desenvolvimento de personagens; o que não nos impede de fazer isso conforme a
história avança, abrindo parênteses para contar aspectos relevantes da
personalidade ou história do personagem que seja relevante para cada parte do
enredo e, depois, construir fichas específicas para eles.
Os planejadores (plotters),
assim como eu, podem achar o método um pouco vago, mas como há sempre a opção
de começar pequeno (com frases) e ir aumentando para uma página ou mais,
acredito que valha a pena a tentativa (principalmente com histórias mais
curtas, com menos subtramas e detalhes a acrescentar).
Já os improvisadores (pantsers)
e intermediários (plotsers) podem tirar mais vantagem do método, uma vez
que ele permite ser bem resumido e colocar apenas o que é mais importante de
cada etapa.
Viu como foi rapidinho? Até para
falar dele é prático.
Agora vamos ao segundo método de
hoje, o que eu usei por quase dez anos mesmo sem nem saber que tinha nome.
2) Outline de Capítulos
Para quem não manja da língua da Rainha,
“outline” quer dizer esboço, formato, rascunho. É empregado com mais frequência
nas artes plásticas, quando os pintores (principalmente) primeiro fazem um
desenho (normalmente a lápis) da obra apenas para ter um norte antes de pôr,
para valer, a tinta na tela.
A literatura meio que se
apropriou do termo com o passar dos anos, usando-o para designar o planejamento
da história, que permite uma visualização de como ela será antes de começarmos
a escrever de fato. Podemos fazer um outline geral, da história como um todo
usando diferentes métodos (inclusive o Excel, como veremos futuramente), ou um
de capítulos, como veremos agora.
Basicamente, você vai escrever um
resumo do que vai colocar em cada capítulo, podendo ser também palavras-chave,
pedaços de diálogo ou uma “mini-sinopse” do que deve ter em cada um. Planejar
sua história por capítulos traz algumas vantagens interessantes, mas também uma
desvantagem bem tensa.
A vantagem é que pode ajudar você
até a escolher como nomear o capítulo, ou que tipo de tom ou emoção imprimir em
sua escrita. Mas a desvantagem é que esse método, se utilizado sozinho, pode
tirar um pouco de você a perspectiva da macroestrutura da história.
“Mas hein?”
Calma, vamos por partes.
Toda história tem uma estrutura
maior, a macro (o enredo como um todo, começo, meio e fim, pontos de virada, etc.)
e as microestruturas (que são os capítulos).
O ideal é que seu capítulo também
siga uma estrutura interna que seja instigante. Ou seja, além de começo, meio e
fim; é interessante que ele tenha um ponto-alto, um momento que instigue o
leitor a prosseguir na leitura (normalmente, o gancho é o final dele, que
deixará o leitor curioso pelo próximo).
E aqui entra o que, a meu ver, é
o principal defeito desse método. Se você não tomar cuidado, vai ficar pensando
o tempo todo apenas na microestrutura e perder a estrutura mais geral da
história. Foi o que aconteceu comigo em várias histórias.
Os capítulos tinham ganchos bons
entre um e outro, mas quando eu me afastava para ver o todo, ficava parecendo que
as tramas ficavam soltas entre si, não tinha pontos de virada nos momentos
certos (ou ficavam muito pertos um dos outros, ou espaçados demais) e alguns
conflitos ou se resolviam logo ou demoravam muito para isso.
Uma boa sugestão é você utilizar o
outline de capítulos em associação com outro método, porque aí sim você poderá
pensar com cuidado tanto na estrutura maior da história quando na dos
capítulos.
Este método é bom para plotters
porque te permite ter uma ideia de quantos capítulos a história terá, quanto
tempo leva para algumas tramas se resolverem e facilita pensar sua história também
de forma mais dedicada: capítulo a capítulo, cena a cena.
Para pantsers, também é
útil porque você pode só fazer um resumo dos capítulos importantes para não
esquecer nada e deixar a imaginação rolar no resto.
E os plotsers se
beneficiam também porque podem planejar macro e microestrutura de forma bem
resumida mesmo sem deixar de lado a improvisação.
Por hoje é só, pessoal. Espero
que tenham gostado.
Mês que vem, voltamos com um
método que eu nem sequer conhecia antes de começar a pesquisar, mas achei bem
interessante quando me debrucei mais sobre ele: o Método Flashlight.
Beijos e até o próximo post.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O blog da Liga é um espaço para ajudar os escritores iniciantes a colocarem suas ideias no papel da melhor maneira possível.