Planeje sua história com a gente 4 - Método dos Três Pontos e Outline de Capítulos

domingo, 19 de abril de 2020

Por: Michele Bran
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Oi, pessoal.
Lá vamos nós de novo para mais um post de nossa série sobre roteiros. Dessa vez, como vamos abordar duas estruturas que são bem simples e rápidas, optei por falar de duas no mesmo post, até para que a série não se estenda demais (acredite em mim: tem trocentas estruturas diferentes hehe).
Caso não tenha lido ainda as outras partes, temos uma breve introdução, depois falei sobre o Método Snowflake e o Método dos Sete Pontos, que precisei dividir em parte 1 e parte 2 devido ao tamanho. Pode ir lê-las antes, se quiser.
Mas vamos lá…

1) Método dos Três Pontos
Essa estrutura é bastante concisa e simples, por isso não devemos confundi-la com o Método dos Três Arcos (do qual falaremos mais adiante, e é uma forma um pouco mais aprofundada de estruturar seu enredo).
O Método dos Três Pontos se aproxima mais dos Sete Pontos que vimos no post anterior da série, com a diferença que aqui vamos pensar apenas no começo, meio e fim da história.
Sim, só isso. Você pode escrever palavras-chave, uma frase, um parágrafo (pequeno ou grande) ou mesmo uma página sobre cada etapa. Até mesmo várias páginas, se quiser, tudo vai depender do nível de detalhes que você deseja dar a seu planejamento.
Apenas não esqueça do que deve ter em cada etapa:
a) Começo: apresentação de personagens, cenários, trama principal e subtramas mais importantes. Normalmente, corresponde ao primeiro quarto (25%) da história.
b) Meio: complicação dos conflitos, entrelaçamento das subtramas entre si e com a trama principal, desenvolvimento e relacionamento dos personagens entre si. Corresponde aos dois quartos seguintes da história (25 a 75%).
c) Fim: percepção de como os personagens mudaram e cresceram ao longo da jornada, resolução dos conflitos e tramas sem deixar pontas soltas, exceto em casos de histórias que terão continuação (caso em que, geralmente, temos o encerramento de uma ou algumas subtramas e outras continuam em aberto, terminando com um gancho para manter o leitor interessado na próxima parte). Equivale ao quarto final da história.

É um método bem mais rápido e direto ao ponto, perfeito para quem nunca planejou nenhuma história, mas deseja começar a fazê-lo por não ter maiores passos a seguir e, portanto, não ser tão cansativo à primeira vista.
Permite ter uma visão geral da história de forma rápida (sobretudo se você vai colocar apenas frases), mas peca muito em minha opinião por não nos deixar nenhum campo específico para desenvolvimento de personagens; o que não nos impede de fazer isso conforme a história avança, abrindo parênteses para contar aspectos relevantes da personalidade ou história do personagem que seja relevante para cada parte do enredo e, depois, construir fichas específicas para eles.
Os planejadores (plotters), assim como eu, podem achar o método um pouco vago, mas como há sempre a opção de começar pequeno (com frases) e ir aumentando para uma página ou mais, acredito que valha a pena a tentativa (principalmente com histórias mais curtas, com menos subtramas e detalhes a acrescentar).
Já os improvisadores (pantsers) e intermediários (plotsers) podem tirar mais vantagem do método, uma vez que ele permite ser bem resumido e colocar apenas o que é mais importante de cada etapa.

Viu como foi rapidinho? Até para falar dele é prático.


Agora vamos ao segundo método de hoje, o que eu usei por quase dez anos mesmo sem nem saber que tinha nome.

2) Outline de Capítulos
Para quem não manja da língua da Rainha, “outline” quer dizer esboço, formato, rascunho. É empregado com mais frequência nas artes plásticas, quando os pintores (principalmente) primeiro fazem um desenho (normalmente a lápis) da obra apenas para ter um norte antes de pôr, para valer, a tinta na tela.
A literatura meio que se apropriou do termo com o passar dos anos, usando-o para designar o planejamento da história, que permite uma visualização de como ela será antes de começarmos a escrever de fato. Podemos fazer um outline geral, da história como um todo usando diferentes métodos (inclusive o Excel, como veremos futuramente), ou um de capítulos, como veremos agora.
Basicamente, você vai escrever um resumo do que vai colocar em cada capítulo, podendo ser também palavras-chave, pedaços de diálogo ou uma “mini-sinopse” do que deve ter em cada um. Planejar sua história por capítulos traz algumas vantagens interessantes, mas também uma desvantagem bem tensa.
A vantagem é que pode ajudar você até a escolher como nomear o capítulo, ou que tipo de tom ou emoção imprimir em sua escrita. Mas a desvantagem é que esse método, se utilizado sozinho, pode tirar um pouco de você a perspectiva da macroestrutura da história.
“Mas hein?”
Calma, vamos por partes.
Toda história tem uma estrutura maior, a macro (o enredo como um todo, começo, meio e fim, pontos de virada, etc.) e as microestruturas (que são os capítulos).
O ideal é que seu capítulo também siga uma estrutura interna que seja instigante. Ou seja, além de começo, meio e fim; é interessante que ele tenha um ponto-alto, um momento que instigue o leitor a prosseguir na leitura (normalmente, o gancho é o final dele, que deixará o leitor curioso pelo próximo).
E aqui entra o que, a meu ver, é o principal defeito desse método. Se você não tomar cuidado, vai ficar pensando o tempo todo apenas na microestrutura e perder a estrutura mais geral da história. Foi o que aconteceu comigo em várias histórias.
Os capítulos tinham ganchos bons entre um e outro, mas quando eu me afastava para ver o todo, ficava parecendo que as tramas ficavam soltas entre si, não tinha pontos de virada nos momentos certos (ou ficavam muito pertos um dos outros, ou espaçados demais) e alguns conflitos ou se resolviam logo ou demoravam muito para isso.
Uma boa sugestão é você utilizar o outline de capítulos em associação com outro método, porque aí sim você poderá pensar com cuidado tanto na estrutura maior da história quando na dos capítulos.
Este método é bom para plotters porque te permite ter uma ideia de quantos capítulos a história terá, quanto tempo leva para algumas tramas se resolverem e facilita pensar sua história também de forma mais dedicada: capítulo a capítulo, cena a cena.
Para pantsers, também é útil porque você pode só fazer um resumo dos capítulos importantes para não esquecer nada e deixar a imaginação rolar no resto.
E os plotsers se beneficiam também porque podem planejar macro e microestrutura de forma bem resumida mesmo sem deixar de lado a improvisação.


Por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado.
Mês que vem, voltamos com um método que eu nem sequer conhecia antes de começar a pesquisar, mas achei bem interessante quando me debrucei mais sobre ele: o Método Flashlight.
Beijos e até o próximo post.

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