Por: MicheleBran
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Olá, escritores? Como
vão? Espero que bem e escrevendo bastante.
Hoje nós vamos falar
sobre um tema até um pouco polêmico, eu diria. Como a escrita não
é uma ciência exata, há muita discussão (sobretudo em grupos de
escritores no Facebook) sobre o planejamento. As dúvidas vão desde
como fazer um bom planejamento, o que colocar nele e até se ele é
realmente necessário para uma história de qualidade.
Eu, particularmente,
senti uma gigantesca melhora em meu processo de escrita depois que
não só comecei a planejar, mas aprendi qual o melhor método para
mim. Por isso, posso até dizer que sou meio “A Milituda do Plot”
e quis escrever toda essa série apenas com o mero objetivo de te
convencer de que ele é, sim, importante e muito útil.
Claro que nada impede
você de escrever uma história maravilhosa sem planejamento algum.
Inclusive muitos escritores (famosos ou não) não utilizam nenhum
método de planejamento e isso não os impede de serem muito bons no
que fazem. Mas como ele me ajudou tanto (e também a muitos outros
escritores), acredito que valha a pena, pelo menos, você aprender um
pouquinho sobre essa área e se testar.
Afinal é de graça e
não dói nada, não é mesmo?
Mas antes de mais nada,
afinal, o que é um plot? O plot ou planejamento da história é um
roteiro, um norte do que você vai fazer na sua história ou saga
(caso escreva mais de uma história e prefira séries). Ele abarca
não apenas a parte de enredo (tramas, subtramas, conflitos e
resolução dos problemas apresentados ao longo da história), mas
também engloba a criação e desenvolvimento dos personagens e de
como estes interagem para desenvolver seu enredo.
Apesar de falar com
todas essas palavras bonitas, planejar é mais simples do que parece.
Na verdade, já fazemos isso todos os dias. Muitos de nós planeja
cuidadosamente seu dia, semana, mês e até seu ano (eu mesma). Ou
pensamos com cuidado em como vamos desempenhar tarefas em nosso
dia-a-dia (desde uma atividade simples e cotidiana, como fazer
compras, até uma mais complexa, como um trabalho de conclusão de
curso [aqui eu chorei, porque ainda nem comecei o meu]). Apenas vamos
aplicar esse princípio de ir dividindo uma tarefa maior em outras
menores e encadeando as ideias ao ato de pensar sobre a história em
suas diferentes etapas.
Claro que, retomando a
polêmica ali de cima, não há problema nenhum em não planejar e
improvisar por completo, mas quando pensamos em nossa história com
cuidado antes de começar a escrevê-la, ganhamos algumas vantagens
em relação à época em que não fazíamos isso. Apenas para citar
aquelas que eu percebi em meu processo de escrita, temos:
1) Não perdemos ideias:
Se assim como eu, você
é uma pessoa esquecida (sério: sou conhecida nos corredores da Liga
como Dory, só para vocês terem uma ideia), planejar vai facilitar
sua vida porque vai evitar que você se perca no desenvolvimento ou
resolução de um conflito e impedir você de esquecer algum
personagem no churrasco.
Quanto mais subtramas e
personagens tiver, mais fácil fica de gerenciar tudo isso e evoluir
com sua história de forma satisfatória. Inclusive, melhora suas
chances de dar um final que feche todas as pontas soltas. Imagine só
como seria difícil sua vida para escrever uma história no naipe de
Game of Thrones sem ter sequer um diagraminha de quais personagens se
conhecem entre si?
2) Direciona sua pesquisa
Conforme você avança
no planejamento, fica mais fácil perceber que assuntos você ainda
precisa conhecer mais a fundo para prosseguir na escrita da história
e quais você só precisa conhecer superficialmente. Isso evita que
você precise parar no meio daquela cena maravilhosa de ação para
pesquisar quais efeitos determinado golpe de arte marcial teria na
prática para descrever melhor as consequências da briga.
Até porque a ideia é
usar a pesquisa para avançar com a história, não parar a história
no meio para fazer a pesquisa. Fica a dica.
3) Facilita a reconexão com o texto, em caso de distanciamento
Muitas vezes, não
vamos poder escrever a história toda em pouco tempo. Muitos de nós
trabalha, estuda (e às vezes até trabalha E estuda), tem que cuidar
de casa, de filhos, etc. Nossa rotina acaba diminuindo nosso tempo
disponível e quantos de nós nunca precisou deixar um texto de lado
por meses (ou até anos) para poder se dedicar melhor a outros
projetos mais importantes no momento?
Planejando, você vai
poupar muito tempo porque não será preciso reler quarenta capítulos
para lembrar onde parou. Basta ler seu plot, que dependendo de sua
história ou do seu tipo de planejamento, pode ter apenas duas
páginas, por exemplo.
4) Melhora o desenvolvimento de seu enredo e personagens
Como já vimos,
planejando podemos verificar como nosso personagem está evoluindo, o
que está aprendendo, como cada virtude e vício o ajuda ou atrapalha
sua jornada. Em resumo: planejar nos auxilia a construir personagens
mais humanos, facilitando esse processo de criação e
desenvolvimento de uma personalidade.
Além disso, por nos
permitir ter um panorama geral de tudo o que acontece no texto, evita
que desviemos o foco do protagonista, esqueçamos personagens no meio
do caminho e nos dá acesso rápido a características que podem ser
perdidas facilmente, sejam elas físicas ou psicológicas, não nos
deixando fazer mudanças bruscas ou esquecer detalhes sobre os
personagens.
5) Maiores chances de terminar a história (ou de perceber quando a ideia não funciona)
Muitas vezes, acabamos
nos desmotivando de escrever uma história (principalmente quando ela
é muito longa) por não sabermos como terminá-la ou termos a
sensação de que o enredo não avança, nada faz sentindo ou ainda
porque fica aquela sensação de que os personagens permanecem os
mesmos (ou mudaram demais; e sim a quantidade de vezes que usei “ou”
só nesse parágrafo é irritante rs).
Planejando, podemos ter
a visão geral do enredo e perceber em que partes a história fica
muito lenta, muito rápida, sem sentido e até quando determinado
conflito precisa de melhor embasamento ou de mais verossimilhança.
Fica muito mais fácil perceber, com o auxílio do plot, se sua ideia
tem mesmo potencial para se tornar uma grande história ou se ainda
não é o momento certo para escrevê-la e é preciso deixá-la
amadurecer mais um pouco.
Ou seja: podemos
facilmente encontrar os pontos fracos da história e corrigi-los.
Temos mais dados para perceber quando vale a pena investir numa
história ou quando o melhor é passar para a seguinte.
Depois dessa
explanação, talvez alguns de vocês também tenham se tornado fãs
do plot e estejam ansiosos para começar a planejar suas histórias,
mas antes de começar a falar um pouco sobre cada método (o que
faremos a partir do próximo post dessa série), vamos discutir o que
precisa ter em um bom plot para que ele cumpra sua função, não
importando qual estilo você escolheu.
1) Clareza
Seu planejamento, para
servir bem a seu propósito, precisa apresentar suas ideias de forma
clara para que você compreenda exatamente o que tinha em mente
quando o começou. A princípio você pode ir deixando pontos em
branco, quando não tem uma ideia melhor: “Maria vai pesquisar como
criar um plot para escrever melhor”.
Com o tempo, porém, é
importante que você vá deixando tudo mais às claras e até alguns
detalhes, assim facilita seu trabalho na hora da escrita, uma vez que
você não vai mais precisar bolar estratégias para as coisas
acontecerem como precisam porque já está tudo arrumadinho: “Maria
vai pesquisar na internet cono criar um plot para escrever melhor e
encontra o post da Michele no blog da Liga dos Betas, que explica
tudo em detalhes e a faz poupar muito tempo para escrever de fato”.
Quanto mais clara e
compreensível sua ideia estiver, melhor para você.
2) Praticidade
Não adianta nada
tentar métodos cheios de etapas e tudo o mais se você não tem
paciência ou tempo para aquilo. A ideia de planejar é justamente
facilitar sua vida, não piorar a situação. Como eu disse lá em
cima, existem muitos métodos diferentes (e, sim, vamos conversar
sobre TODOS os principais deles ao longo dessa série de posts),
então não fique com aquele que parece mais “certinho”, porque
isso não existe, muito menos com o mais “chique”. Sobretudo não
com o mais conhecido.
Fique com o que melhor
se adapta a suas necessidades, que mais ajudar você na tarefa de
levar sua história até o final. E se achar necessário, mescle
métodos, desenvolva novos, pegue um que gostou bastante e adapte às
suas necessidades. Você é quem determina como vai escrever seu
plot. Teste sempre novos métodos, mesmo porque uma história pode
ficar melhor com um tipo e outra, com um método totalmente
diferente.
Por isso mesmo, é
sempre bom pesquisar sobre os diferentes tipos existentes.
3) Flexibilidade
Na grande maioria das
vezes, nosso plot não vai ficar bom logo na primeira tentativa e
ainda vamos sentir que algumas coisas não se encaixam muito bem. Ou
podemos, depois, descobrir que a maneira original de resolver um
problema não faz muito sentido (já aconteceu comigo em umas duas
histórias) e tentar solucionar o conflito de outra forma.
Por isso mesmo, é
necessário que seu plot seja flexível e permita que você refaça
trechos ou tome outros rumos. Não se apegue tanto a ele no início.
Se achar necessário limar capítulos e cenas inteiros para refazer
ou mesmo recomeçar tudo do zero (também já me aconteceu algumas
vezes), vá sem medo.
Ao escolher um método
que permita você refazer esse caminho quantas vezes forem
necessárias, você facilita sua própria vida. Sobretudo se é, como
eu também, alguém que gosta de testar muitas possibilidades antes
de bater o martelo sobre qual caminho a história seguirá.
Antes que esse post
fique maior ainda, espero que tenham gostado de ler tudo até aqui e,
provando que sou mesmo do tipo que planeja tudo, segue um roteirinho
que fiz para não me perder no que queria dizer para vocês nesse
post:
Olhem só minha letra feia hehe
E voltamos no próximo
post da série com aquele que, em minha opinião, é um dos métodos
mais completos (e, por isso mesmo, mais usados): o Método Snowflake,
ou Floco de Neve.
Até mais.
Agora saia da internet
e vá escrever!
Obrigado pelo post.
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