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Como conseguir ler?

domingo, 19 de julho de 2020


Por: Hannah Dias

Olá, pessoal! Tudo bem com vocês? Eu vim aqui para trazer uma questão SUPER importante nesse nosso mundinho e que é até complicado para muitas pessoas. Tantantan: a leitura!

Ler é uma das melhores coisas que você pode fazer por si mesmo. Entretanto, é uma ação um pouco difícil principalmente para aqueles que não estão acostumados a ler e àqueles que não leem faz um certo tempo (meu caso). Na busca de encontrar meu lugar na leitura, percebi que a minha experiência poderia fazer sentido a outros também.

Vamos às dicas?

 

1°) Não se compare com outros leitores.

Eu sei que começar com essa dica é bem suspeito, mas eu quero enfatizar desde o início que não vou aceitar a sua comparação com o fulano que lê uns 20 livros por mês. Sua meta pode ser ler 20 livros cada mês, mas nunca formulada pensando que você deseja alcançar certa pessoa. Ela pode te inspirar a ler mais, mas de jeito nenhum é aceitável dar a ela o poder de te fazer se sentir inferior. Cada um é cada um. Você não precisa ser ninguém além de si mesmo.

 

2°) Comece por livros de seu interesse.

Bem, essa é bem simples. Caso você esteja inclinado a algum tipo de livro, seria bom começar por ele. Pensa um gênero que você gosta muito e que geralmente vem à sua cabeça algo como “se eu fosse ler um livro, eu leria desse gênero”. É aí que você começa.

 

3°) Defina uma quantidade de páginas para ler por dia.

Não tem jeito. No início, a leitura vai ser algo bem maçante e vai ser bem difícil continuar (parece que estamos falando de exercício físico, hahahaha), mas como eu disse anteriormente: vale a pena! Em um primeiro momento, antes da leitura te cativar, será necessário fazer um certo esforço. Comece com 30 páginas por dia. 20 páginas. E vai aumentando gradualmente. Também recomendo usar um app que congela seu celular por um determinado tempo. Foque-se na leitura e eu te garanto que o resultado será fantástico.

 

4°) Leia com o marca-texto na mão!

Ter um marca-texto, um lápis, um post-it, ajuda MUITO na leitura. Você estará fazendo uma leitura ativa, de maneira que, conforme o livro conversa com você, você conversa com o livro também.

 

5°) Uai, e os clássicos, Hannah?

Clássicos são maravilhosos e devem ser exaltados. Mas, você tem todo o direito de não gostar deles. Eu sempre vou dizer que é melhor dar uma chance aos clássicos alguma vez na sua vida, mas se não for da sua vontade, isso não te faz menos leitor. Cada um com seu gosto e suas preferências. Porém, se tiver curiosidade, vai fundo!

 

6°) Organize um horário para leitura.

É muito bom quando você tem todo o planejamento do dia e sabe os seus horários. Gente, dá para encaixar a leitura na rotina! Ler não demora muito, dependendo da quantidade de páginas que você se dispõe a ler. Realmente não demora. Pode ser apenas 1h por dia e eu garanto que pode ser suficiente. Escolha um horário em que você estará descansado e disponível, e faça bom proveito. Eu, por exemplo, gosto de ler à tarde ou à noite.

 

7°) Vá no seu tempo.

Você não precisa ler um livro de x páginas (não importa se são 100 ou 600) em uma semana, quinze dias ou um mês.  O importante é você ler os seus livros no seu tempo, de acordo com a sua rotina, porque só você pode dizer quando tem tempo, quando está desanimado ou quando simplesmente não tem vontade de ler. E tudo bem! Você não precisa estar 100% para ler um livro todo dia. E você pode simplesmente dar um tempo quando for necessário.  NUNCA se pressione (volte à dica 1, caso ainda não tenha entendido).

 

8°) Não tenha medo de desistir de um livro.

Só porque muitas pessoas leram tal livro e você não gostou, não precisa se forçar a ler tudo mesmo você odiando a leitura. Na verdade, não importa o livro, nem o autor, se você não gostar da leitura, não é obrigado de forma alguma a continuar lendo. Passe para o próximo!

 

9°) Aventure-se em outros gêneros.

Quando você já tiver lido vários livros de seus gêneros favoritos, seria muito interessante se aventurar em outras leituras para poder crescer e conhecer outros pontos de vista. Nada como uma boa fuga do usual e aprender coisas novas.

 

10°) Divirta-se!

A leitura nada mais é que um entretenimento repleto de aprendizado e mundos fantásticos. Você vai aprender mais sobre a sua vida, a vida do outro, a vida do mundo, a vida de outros mundos e a vida de outros seres. A leitura estimula a sua criatividade, aumenta seu vocabulário, traz conhecimentos e lições para a existência e nos ensina sobre possibilidades. Não há nada tão completo e grandioso como a leitura. É impossível não se divertir e aproveitar a estrada.

 

Bem! Espero que vocês tenham gostado das dicas. Eu estou na minha caminhada para ler livros de outros gêneros porque quero muito crescer como leitora, então eu pensei que falar sobre esse assunto seria um bônus muito proveitoso para quem está lendo e para euzinha que estou escrevendo. Foi um imenso prazer!

Espero que vocês coloquem as suas leituras em ordem, e aqueles que não conhecem ainda esse mundo, espero que gostem do que verão daqui em diante. Os livros são uma fonte inesgotável de maravilhas!

Aqui eu me despeço! Um beijo, um queijo, um livro e muitos sorrisos!


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5 hábitos que vão te ajudar a ser um escritor melhor

domingo, 12 de julho de 2020

            


Por: Edgar Varenberg

    O mundo da escrita, embora encantador, possui um sistema de aprendizado infinito. Isso significa que não importa se você começou ontem ou se você está no ramo há mais de uma década, sempre há algo novo a aprender, sempre descobrimos maneiras novas de expressar situações, de analisar uso de determinados recursos e de se construir literatura como um todo; além disso, a literatura é bastante social e sofre metamorfoses conforme as transformações da própria sociedade. Com isso em mente, o post de hoje traz uma análise de cinco padrões reproduzidos pelos escritores ultimamente, a fim de refletir sobre como esses comportamentos podem atrapalhar o processo de evolução na escrita.

 

1 - Entender como funciona o fenômeno da sinonímia

            É muito comum lermos em dicas para escritores o famoso “evite repetições, use sinônimos”. Mas o que exatamente são os sinônimos? Isso tudo vem do evento gramatical que chamamos de “sinonímia”, que consiste na relação que algumas palavras têm em relação ao mesmo significado. E qual é exatamente a questão em cima disso? É que a relação de sinonímia não é perfeita, as palavras não são capazes de substituir completamente as outras, pois cada palavra é única, ainda que possam carregar valor semântico muito próximo. Vamos analisar isso na prática?

            Vamos trabalhar com o adjetivo inteligente. E vamos pegar outros três adjetivos que possuem valor semântico semelhante: astuto, sábio e esperto. Todas essas palavras remetem a alguém que sabe usar a cabeça, que pensa rápido, que possui conhecimento. Agora vamos destrinchar essas palavras para vermos quais são os contextos que elas aparecem e as sensações causadas ao leitor:

       Inteligente — Geralmente usado em ambientes acadêmicos, facilmente associado a alguém que tem muito conhecimento sobre alto teórico ou alguém que sabe de muitas coisas (seja da mesma área ou de áreas distintas). É usado como elogio em situações nas quais a pessoa que elogiou se sentiu surpreendida.

       Astuto — Geralmente usado em situações mais espirituais ou de façanhas bem mais subjetivas que conhecimento acadêmico, por exemplo. É usado para se referir a pessoas que são discretamente conhecedoras de algo.

       Sábio — Esse termo carrega uma convenção social daquele que tem muita experiência, portanto, geralmente associado a pessoas mais velhas. Refere-se a uma relação proporcional entre conhecimento e tempo.

       Esperto — É basicamente uma relação mais marginalizada do conhecimento. Refere-se àquela pessoa que utiliza sua experiência para se dar bem nas situações, mesmo que isso implique em enganar outra pessoa ou omitir partes da situação geral.

            Ficou perceptível que palavras de significado aparentemente aproximado possuem muitas diretrizes de interpretação e contextualização. Na poesia, por exemplo, existe uma guerra para se encontrar a palavra perfeita, aquela que cabe tanto na estrutura quanto na expressão. É claro que na prosa não precisamos ser tão rígidos com a escolha das palavras, porém entender a sinonímia é fundamental para não fazermos com que certos atributos descaracterizem um personagem ou um ritmo de narração.

            É difícil praticar a percepção de sinonímia? Felizmente não é. Escritores que já estão há certo tempo no ramo com certeza estarão lendo isso com mais facilidade do que aqueles que começaram recentemente, pois a leitura constante faz com que percebamos certos padrões no uso das palavras. Para praticar, é necessário bastante leitura e análise: ver como cada palavra é usada, em que contexto, onde mais aparece. E a melhor parte, é que vale para a linguagem oral também! Perceba a forma como as pessoas falam certas coisas, a entonação, por que ela usa uma palavra em vez de outra, com que intenção. Com a prática, a sinonímia vai ser completamente natural para você.

            O que um mau uso de sinonímia pode refletir na escrita? Isso pode levar a dois caminhos bem complicados. O primeiro deles é uma quebra de refino de caracterização, ou seja, um personagem ou tipo de narração não serem bem representados mediante à escolha vocabular (vimos lá em cima os diferentes contextos de inteligência e o quão importante é escolhermos o mais adequado de acordo com a vivência do nosso texto). Já o segundo caminho é beirar para uma escrita pomposa demais; sei que é incrível a gente pegar um dicionário de sinônimos e ver o quanto nossa língua é rica e tem várias maneiras de dizer as coisas, mas um texto que usa sinônimos demais (uns até formais demais para o registro do texto) tende a ficar pomposo e desconexo: por isso, não se acanhe em repetir uma palavra ou outra, existe uma quantidade tolerável para isso.

 

2 - Confiar na capacidade interpretativa do leitor

Às vezes algum texto nosso pode envolver coisas que vão além do que é popularmente comum, e podemos pensar que o público não vai entender e que precisamos explicar o que está acontecendo. Mas será mesmo? Um dos conceitos que a teoria da literatura coloca para gente como iniciadores de uma leitura é chamado de estranhamento. O que isso significa? É o fenômeno presente na leitura que cria um efeito de uma percepção diferente da arte, através daquilo que lhe causa estranheza, ou seja, mediante tais dificuldades, o leitor vai achar uma nova perspectiva para entender aquele conceito.

            Isso significa que se o texto estiver bem coeso e formulado, o autor não precisa criar notas de rodapé para explicar as coisas, o leitor fará isso por conta própria e cabe ao escritor acreditar nisso. Inserir notas e explicações é uma forma de subestimar a capacidade interpretativa do leitor e isso é completamente contraproducente e antiprofissional, pois faz parecer que nem aquele quem escreveu confia na coerência do próprio material. Portanto, o foco na coesão é o mais importante: leve o seu texto a um amigo ou a alguém que te acompanha como revisor, pergunte se a impressão desejada está sendo transmitida corretamente, assim você terá segurança em publicar sem explicações.

 

3 - Conhecer o trabalho de outros escritores

            Vivemos uma época em que a literatura contemporânea existe e cresce a todo fervor; os best-sellers nos rodeiam, as fanfics iniciam as pessoas no mundo da escrita, e a produção contemporânea existe em revistas e coletâneas mundo afora. Se você está vivo e produzindo literatura neste exato momento, significa que você também faz parte da época contemporânea, portanto, tem as noções sociais de como esse tipo de literatura se constrói. Entretanto, há um enorme problema quando você é escritor, porém não é leitor.

            É de extrema importância que conheçamos o que nossos colegas de época estão produzindo, pois:

      Pessoas diferentes possuem diferentes vivências, logo, o mesmo tema pode ter perspectivas bem opostas, tornando-se crucial para a criação de uma diversidade ao longo de um mesmo assunto;

    Lembra ali que falamos sobre sinonímia e como perceber padrões de leitura? Só conseguimos nos sentir afetados pela literatura enquanto leitores, nossa leitura sob nosso próprio material é comprometida porque somos o processo criativo daquilo. Sendo assim, somente lendo outros autores que podemos perceber que tipos de recursos afetam o texto;

    A literatura é renovável, ela precisa manter um ciclo sustentável, isto é, se estiver mais gente escrevendo do que lendo, ela não vai para frente;

    Ler por si só já é uma atividade extremamente saudável, melhora o discurso, o vocabulário, a sensibilidade artística, entre outras coisas.

            Um escritor, acima de tudo, precisa ser um leitor. Inclusive, ele precisa ler muito mais do que escreve, porque a literatura é uma atividade muito prática e social; não tem como entendermos a sociedade — e querer aplicá-la literariamente — sem entendermos como outros escritores estão enxergando essa sociedade. Torne a leitura um hábito mais frequente e sinta sua percepção de escrita evoluir, pois o conhecimento da diversidade é uma ferramenta poderosa.

 

4 - Visualizar a literatura como um processo criativo complexo

            Este tópico em específico é muito delicado, uma vez que carrega uma subjetividade incômoda. No entanto, ocorre muito em escritores, principalmente iniciantes e intermediários, de tratar a literatura como um processo mais aleatório e menos concreto. Como assim? O processo criativo da escrita tem muita teoria e metodologia, ainda que nem percebamos isso diretamente, existem jeitos de se pensar o fazer literário. Há tempo para tudo: se você planeja escrever um romance, existe o tempo do planejamento, da escrita, do refino, da revisão, da reescrita, da experimentação, etc. Escrever é um processo complexo, demorado e difícil.

            Se você tem em mente escrever um livro inteiro, não pense que isso é feito em dois ou três meses, mesmo que você consiga escrever todo o conteúdo em um mês apenas. A literatura não é escrever só por escrever, mas exige usar a comunicação ao seu favor; não é só contar uma história, é dar vida a uma história, e é por isso que existem recursos e técnicas de escrita que exploram essa necessidade. E, mesmo assim, nem tudo é composto por técnicas e recursos, às vezes o fazer literário reside na identidade do autor, o quanto ele expressa sua vivência naquele enredo, o quanto ele expõe a mensagem necessária. O livro, a história, é uma ligação de fatos, é você juntar acontecimentos para levar uma mensagem, trazer uma sensação. E, para isso, há o refino da escrita, que é trabalhoso.

            O fazer literário é como se envolver num relacionamento sério. É uma coisa que você começa e precisa ir nutrindo, cuidando, polindo, assim como também precisa vivê-lo, passar os dias, ter uma opinião num dia e ter outra semanas depois (e ver como isso interfere na sua obra), é a transformação do próprio fazer humano. Futuramente farei um post para vocês inteiramente sobre essa questão do refino!


5 - Ser mais tolerável a críticas

            Este tópico em específico é o mais trabalhoso de se lidar e, não à toa, deixei por último. Todo o processo de escrita é muito envolvente e acolhedor, nos sentimos produtivos, criamos universos novos, mensagens inspiradoras e toda a nossa obra parece ser um pedaço da gente, certo? Sim e não. Embora seja maravilhoso experimentar essas sensações, o apego ao próprio material mais traz obstáculos do que vantagens para o escritor. Se tornar resistente a opiniões contrárias, por exemplos, não querer que o texto passe por reformulações (que visam a melhora do próprio texto), são coisas que podem colocar todo o seu processo criativo em risco. Escritores precisam ser abertos às críticas, não tem outro jeito, principalmente se ele leva o seu trabalho a um revisor. O revisor está ali e ele sabe o que está fazendo, um bom revisor nunca vai querer remover sua essência ou conspirar contra a sua história.

            Parece às vezes que as críticas são mal-intencionadas ou que foram feitas para ferir nossos lados pessoais, mas é importante entender como se compõe a essência da crítica. Esse tipo de trabalho requer uma sensibilidade enorme, uma grande capacidade de questionamento e argumentação; você verá que um bom revisor/crítico sempre vai saber argumentar o motivo pelo qual ele apontou alguma coisa. E você tem todo o direito de achar o apontamento inválido! Jamais levar para o lado pessoal, ou pior, sentir desmotivação por ver que muitas coisas foram apontadas. Pelo contrário, a oportunidade de ter alguém te acompanhando com todo esse cuidado deve ser muito bem aproveitada (não se acanhe e faça muitas perguntas)!

            Como já dito, a aprendizagem no ambiente literário é infinita, mas a meta é diminuir o máximo possível a dúvida e tornar os acertos cada vez mais naturais. Se identificou com algum dos itens? Tem algo para refletir? Comenta aí pra gente!


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Dicas para escrever uma boa história LGBTQ+

domingo, 5 de julho de 2020


Por: Lady Lovegood

Olá, jovens padawans, como estão? Eu espero que todos estejam saudáveis física e mentalmente! Nessa época de pandemia é tudo o que importa. E, para matar o tédio de vocês, vim aqui hoje deixar algumas dicas de como escrever seu Romance LGBTQ+, com algumas dicas do que fazer ou do que você deve fugir e correr pra beeeem longe!

Enfim, apertem os cintos e vamos nessa!

 

Dica 1:

Tenha em mente que a sigla LGBTQ+ representa não só os gays, mas também lésbicas, transgêneros ou transexuais, queer, intersexo, assexual, e mais um MONTE de termos e definições diferentes, que se eu fosse realmente citar aqui, eu gastaria o dia inteirinho! Mas é para isso que existe o +, amém!

Então, sabendo disso, tenha em mente quem serão seus personagens dentro do aspecto LGBTQ+ e qual sua sexualidade e identidade de gênero, pois é importante que o leitor saiba de início, tanto para conseguir entender melhor os personagens, quanto para evitar que uma pessoa que não goste desse tipo de leitura mantenha distância (tenho que dar dicas para evitar o hate, infelizmente).

 

Dica 2:

Depois de decidir isso sobre os seus personagens, aconselho que pesquise bastante sobre eles e com o que eles são e se identificam, pois não queremos que sua história caia em estereótipos errôneos e você cometa, sem querer, algum tipo de preconceito, ok?

Então pesquise, faça perguntas para quem conhece do assunto — saiba, por exemplo, se alguém não binário se importa de ser chamado por pronomes no feminino e masculino, ou se é algo terminantemente proibido e que eles não gostam. Ou se o seu personagem, especificamente, é diferente em relação a isso.

As pessoas não são formas que se adequam perfeitamente em uma caixa. Elas não são um estereótipo; cada uma tem suas preferências e gostos, e reduzi-las simplesmente à sua sexualidade e identidade de gênero não é legal.

E é importante que você passe essa visão para o seu texto! Não deixe que o seu personagem seja só mais um estereótipo, pelo amor de Apolo. Escolha com cuidado todos os seus gostos, sua personalidade, seus defeitos, qualidades — faça dele uma pessoa real.

 

(Nota: mas também, em relação a esse assunto de pronome neutro, especificamente, tenha cuidado em como escrever as palavras no texto, pois uma pessoa disléxica, por exemplo, tem dificuldade em entender palavras como “elx”, “amigx”, etc. Ou mesmo os deficientes visuais que dependem de áudio para compreender.
É um assunto bem complicado que rende muito pano para a manga e que não é de fácil solução. MAS, por enquanto, tentem escrever de uma forma com que todos consigam entender, enquanto não se acha uma solução definitiva, ok?)

 

Dica 3:

Cuidado com termos e expressões preconceituosas no meio do seu texto. Algumas delas são tão comuns que a gente acaba utilizando SEM NEM SABER que são erradas. Então faça uma pesquisa sobre isso e, sempre que estiver em dúvida, jogue no google ou pergunte para alguém.

 

Dica 4:

Um romance é um romance, não importa por quem é protagonizado, então também não precisa inventar nada muito mirabolante só porque você está trabalhando um romance LGBTQ+. Você pode, inclusive, escrever uma história bem soft sem abordar temas pesados nem fazer grandes críticas.

A escrita é livre, você pode escrever o que quiser, desde que seja com responsabilidade.

Então você pode escrever seu clichezinho fofo de dois garotos que se apaixonam na escola, mas são tímidos demais para falar um com o outro, mas que no final acabam ficando juntos! (fanfiquei) *o*

 

Dica 5:

Mas da mesma forma, você pode usar sua fanfic para trabalhar temas importantes e fazer críticas também, assim como em qualquer outro romance.

 

Dica 6:

(Essa dica vai ser eu totalmente me aproveitando de vocês, não vou nem negar.)

Apostem em clichês! Os clichês são clichês porque SÃO BONS, porque fizeram sucesso e foram reproduzidos muitas vezes, então não há nada de errado com eles.

Aposte firme em um clichê bem escrito LGBT, pois tenho certeza que muitos leitores estão ansiando por isso (eu, eu, eu).

 

Dica 7:

Você pode inovar também; escrever sobre uma grande aventura no espaço sideral com dinossauros, deuses romanos e aves gigantes e, no meio disso tudo, a sexualidade e identidade de gênero pode ser apenas mais um detalhe do seu personagem.

Como eu disse antes: você pode ou não querer aprofundar a temática sobre o assunto, e não há nada de errado em escrever um ou outro, desde que seja com responsabilidade.

 

Dica 8:

Leia livros famosos LGBT e preste atenção em como o assunto é abordado neles, pois isso pode te dar uma ideia melhor do que fazer e de como fazer.

Vou dar minhas recomendações aqui:

Trilogia Príncipe Cativo

Simon Vs, a Agenda Homo Sapiens

Carry On

Apenas um Garoto

Aristóteles e Dante descobrem o segredo do Universo


Enfim, é isso, gente! Eu não sei se isso vai ajudar vocês em algo, mas são algumas dicas que achei importante abordar, aproveitando que acabamos de sair do mês do Pride!

E se em qualquer momento eu escrevi algo errado sobre o assunto, por favor, me corrijam nos comentários!

Beijos,

Lady Lovegood


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Como criar personagens com múltiplas personalidades

domingo, 28 de junho de 2020

Por: Helena Braun

Olá, pessoas! Como vocês estão?

Sou Bruna, sou graduanda do quarto período de Psicologia e estou estreando no Blog da Liga logo para falar do tão falado e complexo “transtorno de personalidade múltipla”.

Primeiramente, acho importante trazer que, hoje em dia, o termo mais adequado seria Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) ― muito técnico, né? Eu sei, mas vai fazer sentido porque vou usá-lo depois. Sobre o manual, existem diversas controvérsias a respeito da estereotipia e, por vezes, “patologização excessiva” que ele propiciaria, mas vou usá-lo para escrever esse post porque muitas versões são de fácil acesso online, e ele é muito completo na descrição de sintomas e características, o que pode ser muito útil.

Ao longo dos anos, várias obras trouxeram o TDI como tema principal ou secundário de suas narrativas e como característica fundamental de seus personagens ― o que popularizou muito o transtorno e nos deixou envolvidos em vários plot twists, né não? O Médico e o Monstro, Clube da Luta, Psicose, Fragmentado, etc etc etc. Eu suponho que isso se dê ao apelo dramático que a condição muitas vezes traz para as histórias, que, na maioria das vezes, não têm necessariamente tanto interesse em promover uma maior compreensão sobre os transtornos mentais.

É sobre isso que eu queria discutir, antes de partir para a parte boa da criação de personagens: liberdade poética versus responsabilidade cívica. Eu, como beta, leitora e, por vezes, autora amadora sou 100% a favor da total liberdade poética e liberdade de expressão como um todo e entendo que, às vezes, ela venha acompanhada de temas bem delicados da nossa sociedade. Como leitora, por exemplo, diversas vezes me peguei lendo romances que, se analisados friamente, estabelecem-se na história como extremamente abusivos ― narrativas de vida com as quais eu, obviamente, não compactuo. Nesse sentido, entendo que a utilização de transtornos mentais pode servir para deixar mais intenso tanto o enredo quanto o personagem ― em Clube da Luta (spoiler alert), quem já leu/assistiu sabe que é o grande plot twist da história!

A reflexão que eu queria trazer, no entanto, é se essa representação em massa não demonstra certo fetichismo e romantização dessas experiências que podem causar tanto sofrimento psíquico em quem as vivenciam, sabe? Especialmente quando feita de maneira “livre demais” e, às vezes, um pouquinho irresponsável. No caso do TDI, como estamos tratando, em muitos exemplos ficcionais os personagens cometem altos crimes, chegando até a assassinatos, quando, na verdade, o mais comum é que sejam pacientes que escondam seu sofrimento mental e tenham tendência mais autodestrutiva que agressiva (o que, é claro, não é regra).

Além disso, vale ressaltar que essa fragmentação geralmente se dá como mecanismo de defesa consequente de um grande trauma psíquico, muitas vezes relacionado à abuso (infantil, inclusive) físico, emocional e sexual. Geralmente o transtorno vem acompanhado de imensa confusão mental, alterações no senso de identidade própria, alterações na percepção, lapsos de memória, dentre muitos outros sintomas que, obviamente, causam (e são causados por) extremo sofrimento.

Dito isso, espero ter plantado em vocês a sementinha da “de que forma eu posso tornar esse meu personagem mais realista e menos fetichizado?”, ou até mesmo “por que realmente eu quero um personagem com TDI? Tem a ver com o background de vida dele ou eu só quero usar e abusar da possibilidade de ter múltiplas personalidades?” ― o que estaria tudo bem, também, afinal quem nunca, né não? E agora vamos para as diquinhas:

De acordo com o DSM-5, que já mencionei, o TDI vai se caracterizar pela presença de dois ou mais estados distintos de personalidade (ou, dependendo da cultura, uma experiência de possessão) e episódios recorrentes de amnésia dissociativa.

Não vou entrar em detalhes quanto aos critérios diagnósticos porque não vêm tanto ao caso, mas as principais formas como essa experiência é relatada (ainda de acordo com o manual) são:

1) Alterações ou descontinuidades repentinas no senso de si mesmo e de domínio das próprias ações: muitas vezes é relatada uma sensação de despersonalização (como se você tivesse se vendo de fora do seu corpo); a escuta de vozes (que podem ser de um alter ego específico, como uma criança, um homem, uma mulher, ou um conjunto de vozes, ou até uma “entidade espiritual”, etc etc etc), geralmente vivenciadas como pensamentos independentes e incontroláveis; impulsos e ações que emergem repentinamente, também sem controle; dentre outras coisas.

2) Amnésias dissociativas frequentes (muito comum nos casos): podem vir como lacunas de memórias de longo prazo (e, muitas vezes, de momentos muito importantes da vida do indivíduo); lapsos de memória recente (tipo o que fez hoje, o que cozinhou, etc); descoberta de ações que supostamente teriam feito, mas das quais não se lembram; dentre outras situações.

Agora, saindo um pouco do Manual, que já é, por si só, bastante discutido dentro da Psicologia, acho que o que eu mais aconselharia para quem quer construir uma história que traga como característica do personagem o TDI é a leitura/escuta de relatos reais de pessoas que vivem com o transtorno.

Não tenho como afirmar a veracidade de todos os relatos que são encontrados online, mas li recentemente um livro fantástico (Hoje eu sou Alice), escrito pela própria Alice, que fala sobre a experiência dessa mulher, que sofreu diversos abusos inimagináveis na infância e que desde então vem tentando sobreviver com os traumas e as consequências que eles a trouxeram. Além dele, eu assisti à entrevista de uma mulher chamada Truddi Chase que também relata uma história impressionante, também muito boa. E, para quem quer o apelo criminal, tem o caso de Billy Milligan, que cometeu três estupros, e foi diagnosticado com TDI durante seu julgamento (o que, vale ressaltar para os fãs de romance policial, também rendeu várias polêmicas). Do Billy, entretanto, são relatos sobre ele, e não relatos dele, o que para mim faz toda diferença na hora de criar um personagem.

E é isto, galera. Espero ter ajudado de alguma forma, mas a verdade é que, na hora de se falar de mente, não existem regras ou fórmulas de construção, porque quase tudo que você imaginar provavelmente já foi vivenciado por alguém. O que eu quis trazer de primordial aqui foi: estudem na hora de criar seus personagens, mores, especialmente se eles vierem com características muito alheias à sua própria experiência de vida. Deem uma pesquisadinha, leiam relatos, leiam críticas dos filmes que vocês curtem sobre o transtorno X e depois mandem o link da fanfic para a gente que eu já estou querendo ler de agora.


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Música minha de cada dia: como ela afeta a hora da escrita?

domingo, 10 de maio de 2020

Por: fullofcollors
Link no Nyah: https://fanfiction.com.br/u/750362/



Os tristes acham que o vento geme;
Os alegres acham que ele canta.
Luis Fernando Veríssimo

Por que a música nos toca?
Quando comecei a pensar sobre o tema para além do âmbito da escrita, não pude deixar de rebobinar minha própria vida e perceber quão acompanhada tenho sido pelas melodias.
Sou uma pessoa eclética. Minha playlist vai da bossa nova ao rock, passeando por todos os ritmos sem preconceito. Nem sempre tenho vontade de escutar todas elas, mas há, no fim das contas, um bom momento para cada uma. E qual o motivo para nos atrairmos por determinadas canções em dados momentos e em outros não?
Estamos vivendo uma pandemia, como todos sabem. Se você ler isso daqui alguns anos, saiba: o mundo parou, e a música agora é fundamental para deixarmos a alma viajar por onde nossos pés não podem. A nostalgia e a esperança estão em alta — a busca por playlists antigas subiu 54%, no Spotify, e Andrea Bocelli bateu recorde em live transmitida pelo YouTube para comemorar o feriado de Páscoa.
A ciência explica?
Canções são fenômenos complexos. Não é surpresa, entretanto, que sejam utilizadas para tratamento de doenças variadas, desenvolvimento da personalidade durante a infância e são capazes, inclusive, de afetar nosso estado emocional. Uma pesquisa feita em 2010 comprovou isso a partir de um teste cujo foco era medir a capacidade de 11 enxertos de música induzirem alegria, tristeza, raiva, medo e relaxamento nas pessoas.
“Tá, tia, mas o que a escrita tem a ver com isso?”.
Então, vamos a minha visão.
Como eu disse, sempre gostei muito de música. A escrita chegou depois, embora tenha tomado boa parte do meu coração. Conforme meu processo de criação começou a ser menos intuitivo, passei a perceber os elementos que o compunham, e o som foi um deles. Agora, existe uma diferença entre som e música. Eu, por exemplo, não consigo trabalhar com pessoas conversando ao redor ou na presença de muito barulho. Quando estou sob influência da música, entretanto, sinto o processo criativo fluir com maior facilidade.
E esse feeling vai pra onde?
Depende.
Existem duas perspectivas no meu caso:
·    já sei o sabor que quero para determinada cena e, portanto, procuro músicas que provoquem a sensação pretendida;
·      estou bem randômica na minha própria escrita e deixo a vida me levar, vida leva eu.
As duas tem benefícios: foco, na primeira, e surpresas positivas na segunda. A número dois, entretanto, merece cautela. Se você está esperando ter inspiração por meio da música, lembre-se de avaliar se o trecho ou cena pretendida não está destoando das demais. Sim, porque escrever uma cena escutando “Girls just Wanna Have Fun” e outro com “Cowboys from Hell” vai ter efeitos bem específicos.
Já encontrei muitas convulsões musicais nos meus textos.
Oliver Sacks, escritor e neurologista, é fã de Bach e estuda os efeitos da música sobre o cérebro. Ele fez um teste: escutou um trecho do seu ídolo e outro de Beethoven, tendo esse momento monitorado. Impressionantemente (ou não), os resultados mostraram que seu favorito não somente ativou partes essenciais do sistema nervoso, como também ativou a amígdala, vital para o processamento de emoções. Isso só prova que somos suscetíveis ao efeito da música de uma maneira muito particular. Então é bom ter em mente também que talvez o leitor não sinta exatamente o que você sentiu, mas ele vai experimentar a sua maneira.
Pra terminar, a tia vai deixar algumas dicas:
1)   evite trocar a/as música/as muitas vezes durante um capítulo. Crie um grupo pra usar, assim fica mais difícil se perder;
2)     tenha consciência dos sentimentos que determinada canção provoca em você. Dessa forma você consegue fazer a escolha certa para cada momento (a menos que a ideia seja buscar inspiração do zero);
3)   faça playlists para cada momento e/ou gênero. Isso facilita na hora de encontrar suas referências. Eu, por exemplo, prefiro os gêneros drama/romance (com drama)/terror (adivinha? Com drama), então busco por aquelas que possam me trazer as sensações necessárias na hora de compor essas cenas;
4)    deixe, caso você queira muito que o leitor sinta sua vibe, o link daquela música que te inspirou. Particularmente gosto quando meus autores preferidos proporcionam isso e consigo “estar lá” com mais facilidade;
5)       se for fazer uma história baseada em um álbum/single, conheça bem as letras e melodias. É bom buscar por um making off para entender quais foram os objetivos dos compositores e criar algo consistente.

That’s all for today, folks!
E lembrem-se: independe se os ventos cantam ou gemem, cada vibração conta uma história. Seja o dono da brisa quando estiver com a caneta na mão e faça o leitor flutuar em direção aos seus Universos.
PS.: A tia preparou duas playlists (uma instrumental e outra não) e separou outras duas que costumo escutar, essas do Spotfy. Lembrando que são baseadas nos gêneros citados lá em cima, mas vocês podem usar de inspiração pra criar suas próprias. Beijocas e aproveitem!

REFERÊNCIAS:
The violin, and my dark night of the soul: https://bit.ly/2WzuDzz
Música e neurociência: https://bit.ly/2Wfatw2
Building the musical muscle: https://bit.ly/2SJdJxx
Transformamos vibrações no ar em emoções
Quarentena faz disparar busca por músicas nostálgicas no Spotify: https://bit.ly/2WfC68d
Indução de emoções através de breves excertos musicais: https://bit.ly/3bgnpFY
A influência da música no comportamento humano: https://bit.ly/2WfLmct
Andrea Bocelli bate recorde no YouTube com show solitário na Páscoa: https://glo.bo/3bhfZSW

PLAYLISTS:
Writing Time: https://bit.ly/3dnZ4Q4
WritingTime (instrumental): https://bit.ly/3fsRdmf
dark instrumental writing/reading music: https://spoti.fi/2WzXJih
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Como Escrever Histórias em Formato de Diário

domingo, 12 de abril de 2020

Por: queijo e uvas passas


Olá novamente! Aqui quem escreve é a beta queijo e uvas passas.
Nessa quarentena, que tal arriscar-se escrevendo alguma coisa diferente? Quem sabe uma história escrita em formato de diário? Tem interesse, mas não sabe como fazer isso? Tudo bem, estou aqui para te ajudar. *piscadinha*
Primeiramente, as histórias escritas dessa forma costumam possuir indicação de data com dia, mês e ano e uma assinatura no final do registro, e também são escritas em primeira pessoa. Por exemplo:
07/08/2005 (data)
Querido diário,
Hoje briguei com mamãe. Foi horrível! [continua...]
Por hoje é só.
Com carinho, queijo e uvas passas. (assinatura no final)
Contudo, esse é apenas o formato do diário. Escrever a história requer cuidados e, para planejar-se antes de iniciar sua jornada, tenho algumas perguntas que podem lhe auxiliar.

1)      Quem é o dono do diário?
É muito importante pensar no personagem, como ele será e, talvez o mais relevante, como verá a si próprio. Pense nas características mais relevantes sobre ele e, ao longo da narrativa, vá apresentando ao leitor. Se o protagonista tem uma autoestima muito baixa (e isso é importante para a história!), deixe implícito fazendo pequenos apontamentos: “me olhei no espelho ao acordar e minha aparência estava horrível”, “como ele poderia gostar de mim? É mil vezes mais bonito que eu!”.
Apresentar as características do personagem desse modo é mais realista, afinal ninguém começaria um diário escrevendo que é introvertido ou extrovertido, lindo ou feio, etc. A pessoa apenas contaria sua vida e a sua personalidade iria se revelando aos poucos.
Talvez seja relevante o protagonista falar sobre o contexto em que vive, mas isso depende bastante da história. Aqui usarei como exemplo o diário mais famoso da história: O Diário de Anne Frank. Tudo que ocorria ao redor dela, como o holocausto, a ascensão e a queda do nazismo, a perseguição aos judeus era muito importante para ela e para que ela pudesse contar sua história no diário. Todavia, será que todo esse contexto seria tão notório e considerável se Anne não fosse judia? Se a menina estivesse à parte dessa situação, talvez todos esses fatos não tivessem sido citados.

2)      Como ele se apresentará aos leitores?
Como eu disse na primeira pergunta, é de extrema importância a visão que o protagonista possui de si mesmo. Isso determinará como os leitores o verão. “Mas como assim?” você pode perguntar. Veja bem, se fosse uma história menos pessoal, talvez escrita em terceira pessoa, poderíamos tirar nossas próprias conclusões sobre os personagens e as situações ao ler as histórias. Porém é um diário, o qual é escrito em primeira pessoa, o que significa que, de certa forma, seremos influenciados pelas visões pessoais do protagonista. Ou seja, o modo como ele percebe as coisas e a si mesmo afeta a nossa percepção enquanto leitores. Por isso, planeje bem o modo como o protagonista perceberá o mundo, porque ele será os olhos dos leitores!

3)      Irá interagir com o diário ou apenas escrever?
No exemplo de datação e assinatura que dei acima, o personagem referiu-se ao diário por meio daquela expressão bem conhecida “Querido diário”. Essa seria uma forma de interação com o diário. No caso de O Diário de Anne Frank, foi atribuído o nome de Kitty ao diário e era assim que Anne se referia a ele. Você, assim como ela, pode inventar diferentes maneiras para que o seu protagonista dirija-se ao diário. Ou pode não usar esse recurso. Pode apenas colocar a data e então escrever.
O que determina o que você fará, além de querer ou não, é claro, é a personalidade do protagonista, bem como a idade que também deve ser levada em consideração. Uma menina de 11 anos escrevendo “Querido diário” é comum, mas uma mulher de 35, mais madura, provavelmente não interagiria com o diário.

4)      Em que momento o protagonista ganhará ou comprará o diário?
Alguém deu o diário ao protagonista? Em que contexto? Quem deu? Isso tem algum significado? De repente o responsável por ele deu o diário por recomendação do psicólogo. Ou o personagem pode ter percebido que precisava desabafar e comprou um diário para si.
É interessante começar os registros no dia em que foi recebido, assim pode contar tudo isso e também quais são as pretensões quanto ao diário: vai tentar escrever todo dia? Ou pretende apenas registrar se algo extraordinário acontecer no dia? Está contente com o diário ou ficou aborrecido? No caso de ter recebido como presente, gosta da pessoa que o presenteou? No caso de ter comprado, está satisfeito com a compra ou arrependeu-se?

5)      Qual a motivação do protagonista em fazer os registros diários?
Certo, você tem o protagonista, tem o diário, tem o contexto todo da história. Contudo o que motiva o protagonista a escrever? É recomendação do psicólogo, como sugeri antes? Ou apenas um meio de se expressar? O personagem se sente aliviado a escrever, sendo uma espécie de terapia?
É relevante que o protagonista tenha um motivo e que seja explícito, isso acrescenta propósito à história.

6)      Qual é a história a ser contada?
Essa questão está intimamente atrelada à anterior. Se a história possui propósito é porque ela é importante e merece ser contada. Então, qual é a história desse protagonista?
Está dando a volta ao mundo em uma expedição fantástica? Está vivendo uma pandemia (cof cof covid-19)? Ou algum momento histórico como uma guerra? Talvez seja apenas um adolescente descobrindo-se sexualmente, por que não? Ou um homem que leva uma vida monótona até descobrir o propósito da sua vida. Há inúmeras possibilidades, infinitas histórias a serem contadas. Sejam elas “grandiosas” ou não, todas merecem ser contadas.
Agora, vamos ver algumas dicas! J

Mantenha a personalidade do protagonista! Se ele começou a história com autoestima baixa, como pode terminar se amando sem ter havido uma mudança clara quanto a isso? O personagem vai amadurecer e se desenvolver, mas isso não é da noite para o dia, é um processo, por isso tenha cuidado. E se por acaso algum dia ele for levantar sentindo-se bem sem motivo aparente, precisa deixar claro que é uma situação inusitada (até porque somos humanos e às vezes acordamos com sentimentos e sensações distintas dos que costumamos sentir).

Lembre-se de que o leitor não conhece o universo fictício do diário. Por isso, tenha cuidado para situá-lo e explicar situações que podem não ficar claras por si só. Se o personagem mal fala com o padrasto, é interessante explicar o porquê, quando isso começou e etc.; assim, os leitores entenderão porque ambos se desgostam e, consequentemente, porque não há interação animosa entre ambos.

O recurso de flashbacks é muito legal para explicar essas situações do passado. E também tem o chamado fluxo de consciência, no qual o protagonista reflete sobre eventos passados com a sua atual consciência e comparando-a o que sentiu na época. Utilizando-se do exemplo acima, você poderia, por exemplo, descrever uma cena de briga entre o padrasto e protagonista ocorrida há cinco anos e, após, fazer questionamentos sobre o que levou a tudo, de quem foi a verdadeira culpa, se houve de fato apenas um culpado.

Outro aspecto a ser considerado no planejamento, e isso depende bastante da história a ser escrita, é o de protagonista possuir algum segredo oculto até mesmo do próprio diário. A revelação bombástica pode levar ao clímax da história se for bem trabalhado.
Bom, creio que dei todos os conselhos que pude! Hehe Espero ter ajudado a todos que leram.
Até mais ver! <3
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Como Inovar Clichês

domingo, 15 de março de 2020

Por: Lady Lovegood


Olá, chuchus da tia! Como estão?
Então, cá estou eu, Lady Lovegood, para falar de um assuntinho bem bacana hoje! E trazendo junto umas dicas que podem ajudá-los no processo de criação de suas fanfics ♡
Quem aí gosta de clichês? \o/

COMO INOVAR CLICHÊS

Quem conhece um pouco sobre mim e meus hábitos de leitura sabe que eu sou uma super fã de clichês; eu já li de tuuuudo que vocês possam imaginar! Histórias Nerd X Popular, Plebeu X Nobreza, Amor X Ódio, Melhores amigos se apaixonando, etc... Algumas boas, outras horríveis, e uma pequena parte inesquecível! E se vocês querem que suas fanfics estejam nessa última categoria, TALVEZ eu possa ajudá-los ;)

Primeiro passo: ESCREVER
Se você quer escrever o clichê mais clichê da história do universo, mas não escreve porque tem medo de rejeição ou de alguém dizer que sua ideia é ruim, PARE! Pegue esses pensamentos negativos, coloque em uma caixinha e jogue no espaço sideral.
ESCREVA!
Não importa se vocês conhecem ou sabem que já existem 1 milhão de histórias por aí com a mesma premissa, pois é impossível que a SUAS histórias sejam totalmente idênticas à de outra pessoa. Cada pessoa passa para o papel um pouquinho daquilo que ela já leu, já viveu, pensa, deseja, imagina... É impossível escrever algo totalmente igual ao que o outro escreveu. Vocês têm capacidade para escrever algo bom!

APRIMORE O QUE VOCÊ TEM

Digamos que vocês tenham em mente escrever uma fanfic Nerd X Popular, mas quer que sua fanfic seja diferente das outras. Minha dica é que vocês incrementem com ideias que fujam do clichê, colocando-as dentro do clichê.

Exemplo:
O garoto popular, bad boy, que fica com todas as garotas na escola e tem fama de não ter sentimentos, secretamente é voluntário em um abrigo de animais porque ele ama gatinhos de todo o coração.  ♡♡♡
E a garota nerd, calada, estranha e que não vai em festas, participa de corridas de racha (why not?).

Coloque dentro do seu clichê coisas que seus leitores não vão esperar. Dê uma nova visão do mesmo.

TORNE SEUS PERSONAGENS ÚNICOS

Uma boa maneira de inovar é tornar os seus personagens inesquecíveis. Transformem-os em pessoas reais, com problemas, doenças, manias, imperfeições, hábitos.
De repente seu personagem pode ter um talento diferente! Ele pode saber tocar gaita de fole(?), por exemplo, ou ter fundado um grupo em defesa dos ornitorrincos!
Ou ele pode ter uma doença, ou uma síndrome que afete sua interação social e isso possa influenciar no enredo.
Seus personagens também podem fugir do estereótipo e, ao invés de ser um popular mimado e bad boy, é um cara legal que ajuda velhinhas a atravessar a rua e leva a irmã no parque ♡
Deem personalidade aos seus personagens. As pessoas gostam disto. Evitem deixá-los mecânicos, como se fossem apenas um instrumento para chegar ao “FIM" da sua história. Afinal, as pessoas leem as histórias pelos personagens. Elas querem se identificar e viver com eles, saber se na última linha eles conseguirão ser felizes.

SEU CLICHÊ PODE GIRAR EM CIMA DE UM TEMA ESPECÍFICO

O clichê não é apegado, vocês podem usá-lo onde, como e o quanto quiserem. Se vocês querem escrever um Nerd X Popular, não é obrigatório que se passe em uma escola! Que tal fazer seus personagens mais velhos, trabalhando em uma empresa? Então temos aquele trabalhador esforçado, inteligente, que sempre fica até depois do horário e resolve tudo, mas nunca é convidado para as confraternizações, e do outro lado temos o desleixado, que passa muito tempo conversando, mas a quem todos amam!
Se você que trabalhar uma crítica social, você pode também! Que tal trabalhar Plebeu X Nobreza trazendo embates politizados entre seus personagens?
As opções são infinitas.


PRENDA A ATENÇÃO DO LEITOR

Eu já li também muitas fanfics que não tinham nada disso que foi citado antes, eram apenas puro clichê, mas de alguma forma eram tão boas!!! Com personagens simples, trama simples, mas com diálogos bem desenvolvidos, personagens que puxavam a empatia do leitor, cenas fofas e sexy bem escritas. Às vezes tudo o que um leitor quer é achar uma história fofa, agradável e com um final feliz para ler e esquecer um pouco dos problemas.
Trabalhos bons muitas vezes exigem trabalho. Escreva, reescreva, leia, edite, tente de novo. Peça uma segunda opinião. Teve uma nova ideia? Coloque no papel. A inspiração foi embora? Pare, respire, não se estresse com isso e depois volte.


SE INSPIRE

Não adianta, gente, a essa altura do campeonato nada será 100% original. Sempre tem alguém que já teve a mesma ideia, ou ao menos uma parecida, e já escreveu ou falou sobre isso antes. E não tem problema! Leu uma fanfic e gostaria de pegar a ideia de alguma coisa? Converse com o autor, pegue a autorização e escreva inspirado naquilo. Não é errado. Errado é não dar os créditos devidos.
Querendo ou não, sempre estaremos plagiando alguma situação, uma história, etc. Ideias não vem de lugar nenhum.
Pegue as ideias legais, encaixe no seu clichê e faça um leitor feliz! ♡

Enfim, é isso, chuchus! Espero que eu tenha conseguido ajudar em alguma coisa. Dúvidas? Sugestões? Comentários? Só deixar aí embaixo ;)
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As imagens que servem de ilustração para o posts do blog foram encontradas mediante pesquisa no google.com e não visamos nenhum fim comercial com suas respectivas veiculações. Ainda assim, se estamos usando indevidamente uma imagem sua, envie-nos um e-mail que a retiraremos no mesmo instante. Feito com ♥ Lariz Santana