Por: queijo e uvas passas
Olá
novamente! Aqui quem escreve é a beta queijo e uvas passas.
Nessa
quarentena, que tal arriscar-se escrevendo alguma coisa diferente? Quem sabe
uma história escrita em formato de diário? Tem interesse, mas não sabe como
fazer isso? Tudo bem, estou aqui para te ajudar. *piscadinha*
Primeiramente,
as histórias escritas dessa forma costumam possuir indicação de data com dia,
mês e ano e uma assinatura no final do registro, e também são escritas em
primeira pessoa. Por exemplo:
07/08/2005 (data)
Querido diário,
Hoje briguei com mamãe. Foi horrível! [continua...]
Por hoje é só.
Com carinho, queijo e uvas passas. (assinatura no
final)
Contudo,
esse é apenas o formato do diário. Escrever a história requer cuidados e, para
planejar-se antes de iniciar sua jornada, tenho algumas perguntas que podem lhe
auxiliar.
1)
Quem é o dono do diário?
É
muito importante pensar no personagem, como ele será e, talvez o mais
relevante, como verá a si próprio. Pense nas características mais relevantes
sobre ele e, ao longo da narrativa, vá apresentando ao leitor. Se o
protagonista tem uma autoestima muito baixa (e isso é importante para a
história!), deixe implícito fazendo pequenos apontamentos: “me olhei no espelho
ao acordar e minha aparência estava horrível”, “como ele poderia gostar de mim?
É mil vezes mais bonito que eu!”.
Apresentar
as características do personagem desse modo é mais realista, afinal ninguém
começaria um diário escrevendo que é introvertido ou extrovertido, lindo ou
feio, etc. A pessoa apenas contaria sua vida e a sua personalidade iria se
revelando aos poucos.
Talvez
seja relevante o protagonista falar sobre o contexto em que vive, mas isso
depende bastante da história. Aqui usarei como exemplo o diário mais famoso da
história: O Diário de Anne Frank. Tudo que ocorria ao redor dela, como o
holocausto, a ascensão e a queda do nazismo, a perseguição aos judeus era muito
importante para ela e para que ela pudesse contar sua história no diário.
Todavia, será que todo esse contexto seria tão notório e considerável se Anne
não fosse judia? Se a menina estivesse à parte dessa situação, talvez todos
esses fatos não tivessem sido citados.
2)
Como ele se apresentará aos leitores?
Como
eu disse na primeira pergunta, é de extrema importância a visão que o
protagonista possui de si mesmo. Isso determinará como os leitores o verão. “Mas
como assim?” você pode perguntar. Veja bem, se fosse uma história menos
pessoal, talvez escrita em terceira pessoa, poderíamos tirar nossas próprias
conclusões sobre os personagens e as situações ao ler as histórias. Porém é um
diário, o qual é escrito em primeira pessoa, o que significa que, de certa
forma, seremos influenciados pelas visões pessoais do protagonista. Ou seja, o
modo como ele percebe as coisas e a si mesmo afeta a nossa percepção enquanto
leitores. Por isso, planeje bem o modo como o protagonista perceberá o mundo,
porque ele será os olhos dos leitores!
3)
Irá interagir com o diário ou apenas
escrever?
No
exemplo de datação e assinatura que dei acima, o personagem referiu-se ao
diário por meio daquela expressão bem conhecida “Querido diário”. Essa seria
uma forma de interação com o diário. No caso de O Diário de Anne Frank, foi
atribuído o nome de Kitty ao diário e era assim que Anne se referia a ele.
Você, assim como ela, pode inventar diferentes maneiras para que o seu
protagonista dirija-se ao diário. Ou pode não usar esse recurso. Pode apenas
colocar a data e então escrever.
O
que determina o que você fará, além de querer ou não, é claro, é a
personalidade do protagonista, bem como a idade que também deve ser levada em
consideração. Uma menina de 11 anos escrevendo “Querido diário” é comum, mas uma
mulher de 35, mais madura, provavelmente não interagiria com o diário.
4)
Em que momento o protagonista ganhará ou
comprará o diário?
Alguém
deu o diário ao protagonista? Em que contexto? Quem deu? Isso tem algum
significado? De repente o responsável por ele deu o diário por recomendação do
psicólogo. Ou o personagem pode ter percebido que precisava desabafar e comprou
um diário para si.
É
interessante começar os registros no dia em que foi recebido, assim pode contar
tudo isso e também quais são as pretensões quanto ao diário: vai tentar
escrever todo dia? Ou pretende apenas registrar se algo extraordinário
acontecer no dia? Está contente com o diário ou ficou aborrecido? No caso de
ter recebido como presente, gosta da pessoa que o presenteou? No caso de ter
comprado, está satisfeito com a compra ou arrependeu-se?
5)
Qual a motivação do protagonista em fazer
os registros diários?
Certo,
você tem o protagonista, tem o diário, tem o contexto todo da história. Contudo
o que motiva o protagonista a escrever? É recomendação do psicólogo, como
sugeri antes? Ou apenas um meio de se expressar? O personagem se sente aliviado
a escrever, sendo uma espécie de terapia?
É
relevante que o protagonista tenha um motivo e que seja explícito, isso
acrescenta propósito à história.
6)
Qual é a história a ser contada?
Essa
questão está intimamente atrelada à anterior. Se a história possui propósito é
porque ela é importante e merece ser contada. Então, qual é a história desse
protagonista?
Está
dando a volta ao mundo em uma expedição fantástica? Está vivendo uma pandemia (cof
cof covid-19)? Ou algum momento histórico como uma guerra? Talvez seja
apenas um adolescente descobrindo-se sexualmente, por que não? Ou um homem que
leva uma vida monótona até descobrir o propósito da sua vida. Há inúmeras
possibilidades, infinitas histórias a serem contadas. Sejam elas “grandiosas”
ou não, todas merecem ser contadas.
Agora,
vamos ver algumas dicas! J
Mantenha
a personalidade do protagonista! Se ele começou a história com autoestima
baixa, como pode terminar se amando sem ter havido uma mudança clara quanto a
isso? O personagem vai amadurecer e se desenvolver, mas isso não é da noite
para o dia, é um processo, por isso tenha cuidado. E se por acaso algum dia ele
for levantar sentindo-se bem sem motivo aparente, precisa deixar claro que é
uma situação inusitada (até porque somos humanos e às vezes acordamos com
sentimentos e sensações distintas dos que costumamos sentir).
Lembre-se
de que o leitor não conhece o universo fictício do diário. Por isso, tenha
cuidado para situá-lo e explicar situações que podem não ficar claras por si
só. Se o personagem mal fala com o padrasto, é interessante explicar o porquê,
quando isso começou e etc.; assim, os leitores entenderão porque ambos se
desgostam e, consequentemente, porque não há interação animosa entre ambos.
O
recurso de flashbacks é muito legal para explicar essas situações do passado. E
também tem o chamado fluxo de consciência, no qual o protagonista reflete
sobre eventos passados com a sua atual consciência e comparando-a o que sentiu
na época. Utilizando-se do exemplo acima, você poderia, por exemplo, descrever
uma cena de briga entre o padrasto e protagonista ocorrida há cinco anos e,
após, fazer questionamentos sobre o que levou a tudo, de quem foi a verdadeira
culpa, se houve de fato apenas um culpado.
Outro
aspecto a ser considerado no planejamento, e isso depende bastante da história
a ser escrita, é o de protagonista possuir algum segredo oculto até
mesmo do próprio diário. A revelação bombástica pode levar ao clímax da história
se for bem trabalhado.
Bom,
creio que dei todos os conselhos que pude! Hehe Espero ter ajudado a todos que
leram.
Até
mais ver! <3
Muito bom! Ajudou bastante.
ResponderExcluirAcho que foi de grande ajuda,pois estou escrevendo um livro e estou muito satisfeita.
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