Por: fullofcollors
Link no Nyah: https://fanfiction.com.br/u/750362/
Os tristes acham que o vento geme;
Os alegres acham que ele canta.
Luis Fernando Veríssimo
Por
que a música nos toca?
Quando
comecei a pensar sobre o tema para além do âmbito da escrita, não pude deixar
de rebobinar minha própria vida e perceber quão acompanhada tenho sido pelas
melodias.
Sou
uma pessoa eclética. Minha playlist vai da bossa nova ao rock, passeando por
todos os ritmos sem preconceito. Nem sempre tenho vontade de escutar
todas elas, mas há, no fim das contas, um bom momento para cada uma. E qual o
motivo para nos atrairmos por determinadas canções em dados momentos e em
outros não?
Estamos vivendo uma pandemia, como todos sabem. Se você ler isso daqui
alguns anos, saiba: o mundo parou, e a música agora é fundamental para
deixarmos a alma viajar por onde nossos pés não podem. A nostalgia e a
esperança estão em alta — a busca por playlists antigas subiu 54%, no Spotify,
e Andrea Bocelli bateu recorde em live transmitida pelo YouTube para comemorar
o feriado de Páscoa.
A ciência explica?
Canções são fenômenos complexos. Não é surpresa, entretanto, que sejam
utilizadas para tratamento de doenças variadas, desenvolvimento da
personalidade durante a infância e são capazes, inclusive, de afetar nosso
estado emocional. Uma pesquisa feita em 2010 comprovou isso a partir de um
teste cujo foco era medir a capacidade de 11 enxertos de música induzirem
alegria, tristeza, raiva, medo e relaxamento nas pessoas.
“Tá, tia, mas o que a escrita tem a ver com isso?”.
Então, vamos a minha visão.
Como eu disse, sempre gostei muito de música. A escrita chegou depois,
embora tenha tomado boa parte do meu coração. Conforme meu processo de criação
começou a ser menos intuitivo, passei a perceber os elementos que o compunham,
e o som foi um deles. Agora, existe uma diferença entre som e música. Eu, por
exemplo, não consigo trabalhar com pessoas conversando ao redor ou na presença
de muito barulho. Quando estou sob influência da música, entretanto, sinto o
processo criativo fluir com maior facilidade.
E esse feeling vai pra onde?
Depende.
Existem duas perspectivas no meu caso:
· já sei o sabor que quero para determinada cena
e, portanto, procuro músicas que provoquem a sensação pretendida;
·
estou bem randômica na minha própria escrita e
deixo a vida me levar, vida leva eu.
As duas tem benefícios: foco, na primeira, e surpresas positivas na
segunda. A número dois, entretanto, merece cautela. Se você está esperando ter
inspiração por meio da música, lembre-se de avaliar se o trecho ou cena
pretendida não está destoando das demais. Sim, porque escrever uma cena
escutando “Girls just Wanna Have Fun” e outro com “Cowboys from Hell” vai ter
efeitos bem específicos.
Já encontrei muitas convulsões musicais nos meus textos.
Oliver Sacks, escritor e neurologista, é fã de Bach e estuda os efeitos
da música sobre o cérebro. Ele fez um teste: escutou um trecho do seu ídolo e
outro de Beethoven, tendo esse momento monitorado. Impressionantemente (ou
não), os resultados mostraram que seu favorito não somente ativou partes
essenciais do sistema nervoso, como também ativou a amígdala, vital para o
processamento de emoções. Isso só prova que somos suscetíveis ao efeito da
música de uma maneira muito particular. Então é bom ter em mente também que
talvez o leitor não sinta exatamente o que você sentiu, mas ele vai
experimentar a sua maneira.
Pra terminar, a tia vai deixar algumas dicas:
1) evite trocar a/as música/as muitas vezes durante
um capítulo. Crie um grupo pra usar, assim fica mais difícil se perder;
2) tenha consciência dos sentimentos que
determinada canção provoca em você. Dessa forma você consegue fazer a escolha
certa para cada momento (a menos que a ideia seja buscar inspiração do zero);
3) faça playlists para cada momento e/ou gênero.
Isso facilita na hora de encontrar suas referências. Eu, por exemplo, prefiro
os gêneros drama/romance (com drama)/terror (adivinha? Com drama), então busco
por aquelas que possam me trazer as sensações necessárias na hora de compor
essas cenas;
4) deixe, caso você queira muito que o leitor sinta
sua vibe, o link daquela música que te inspirou. Particularmente gosto quando
meus autores preferidos proporcionam isso e consigo “estar lá” com mais
facilidade;
5) se for fazer uma história baseada em um
álbum/single, conheça bem as letras e melodias. É bom buscar por um making off
para entender quais foram os objetivos dos compositores e criar algo
consistente.
That’s all for today, folks!
E lembrem-se: independe se os ventos cantam ou gemem, cada vibração conta
uma história. Seja o dono da brisa quando estiver com a caneta na mão e faça o
leitor flutuar em direção aos seus Universos.
PS.: A tia preparou duas playlists (uma instrumental e outra não) e
separou outras duas que costumo escutar, essas do Spotfy. Lembrando que são
baseadas nos gêneros citados lá em cima, mas vocês podem usar de inspiração pra
criar suas próprias. Beijocas e aproveitem!
REFERÊNCIAS:
The violin, and my dark night of the soul: https://bit.ly/2WzuDzz
Música e neurociência: https://bit.ly/2Wfatw2
Building the musical muscle: https://bit.ly/2SJdJxx
Transformamos vibrações no ar em emoções
Quarentena faz disparar busca por músicas nostálgicas no
Spotify: https://bit.ly/2WfC68d
Indução de emoções através de breves excertos musicais: https://bit.ly/3bgnpFY
A influência da música no comportamento humano: https://bit.ly/2WfLmct
Andrea Bocelli bate recorde no YouTube com show solitário na
Páscoa: https://glo.bo/3bhfZSW
PLAYLISTS:
Writing Time: https://bit.ly/3dnZ4Q4
WritingTime (instrumental): https://bit.ly/3fsRdmf
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dark instrumental writing/reading music: https://spoti.fi/2WzXJih
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