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Hentai Submerso e Suas Peculiaridades

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Por: Trubluu

Alguma boa alma achou que seria ótimo existir um artigo sobre “como escrever cenas hentai debaixo d’água” na internet. Não sei o que esse ser humano iluminado tinha na cabeça quando sugeriu esse tema pro Blog, mas agradeço imensamente por me fornecer a oportunidade de digitar sobre isso. Esse assunto ficou parado no banco de sugestões por muito tempo (acho que ele é mais antigo que eu na Liga dos Betas, se duvidar), mas chegou o momento de superá-lo.  

Enfim, vamos falar sobre cenas de sexo na água sim.

Ok. Vamos lá. Quando penso em cenas do tipo, imagino que o desafio seja conseguir descrever as sensações e a mecânica da coisa de forma fluida e realista, levando em consideração as limitações e peculiaridades que o sexo na água pode trazer, abordando tudo com coesão e coerência. Pensando nisso, antes de mais nada, vamos colocar alguns pontos decisivos que temos que ter em mente antes de construir tais cenas.     

Em primeiro lugar, ao digitar uma cena mais quente (mesmo que embaixo d’água, risos), você precisa ter atenção aos personagens e, somente depois, às descrições do ato. O que quero dizer com isso? Quanto menos você se preocupar e focar na descrição de algum movimento, mais fluido ele pode ser. Quando escrevo um hentai normal (com normal me refiro a uma simples cena de sexo casual, sem BDSM ou etc) o que é importante transmitir em primeiro plano é a conexão dos personagens — ou até a falta de conexão.     

Isso é importante porque valoriza a cena tanto para o leitor, quanto para a sua história. É imprescindível ter em mente que descrever uma cena mais quente é expor a intimidade dos seus personagens e mostrar quem eles são por um ângulo diferente e único. Tentar transmitir sentimentos e sensações através das palavras pode ser difícil, mas é de suma importância para seus leitores conectarem-se profundamente com os personagens e mergulhar na cena (se me permitem o trocadilho). A dica então é fugir de descrições gratuitas de sexualidade, mas usa-las para desenvolver um lado dos personagens que não conseguiria normalmente. Isso independentemente de estar na água ou fora dela. O ponto é ser sutil e preciso no significado daquilo para seus personagens e para a história. Demonstrar empatia e entrosamento (ou a falta desses elementos) é um bom começo para uma cena sexual.

Eu costumo começar as descrições pela percepção dos personagens consigo mesmos, abordando seu estado de espírito, sua euforia, seu medo, sua ansiedade, suas emoções de maneira geral. Esse ponto é importante, pois vai ditar o ritmo das coisas a partir dali. Com uma descrição prévia do que seu personagem está sentindo as ações dele estarão bem delimitadas a partir daquele ponto norteador. Em outras palavras, quando você descreve um personagem com receio e insegurança frente a situação sexual, por exemplo, vai ter uma base mais sólida para descrever seu comportamento, seguindo sempre com coerência para evitar pecados como comumente eu vejo por aí, onde a jovem moça está sentindo medo, ansiedade, nervosismo, insegurança, mas suas ações/comportamento são dignas da melhor das súcubus

Estabeleça, portanto, o sentimento dos personagens em primeiro lugar, somente depois descreva seu comportamento para evitar incongruências.
Depois das descrições sentimentais, físicas e comportamentais de cada personagem consigo mesmo, avanço para a interação de um com o outro, onde percebem sua conexão e entrosamento, relacionando suas emoções e ações. Se ambos os personagens estiverem tímidos, nervosos ou acanhados, se for a primeira vez de ambos ou de apenas um deles… Tudo isso implica em um comportamento diferenciado. Para cada circunstância ou ambiente seu personagem vai se comportar de uma forma apropriada, então ter sensibilidade nesse sentido é importante para conseguir ler com facilidade o que cada um dos seus personagens faria frente ao sentimento e comportamento do outro.  

Superada as descrições inter partes, devemos ter atenção ao ambiente que se passa a cena e aqui chegamos no ponto da matéria: cenas debaixo d’água.

Bom, se você estiver imaginando uma cena com tritões ou sereias, ou qualquer ser que respire debaixo d’água, a coisa não vai mudar quase nada para uma cena de sexo convencional. O diferencial de se ter uma cena na água é justamente por ser um ambiente peculiar, estranho, que comumente não usamos para o coito. Nesse sentido, vou focar na ideia de seres humanos animadinhos que decidiram transar na água e deixar a ideia de criaturas fantásticas um pouco de lado, tudo bem? 


Ai meu deus, por onde começar a falar isso? Socorro…

*Respira fundo*      

*Lembra que não pode respirar debaixo d’água*       

*Se afoga*   

Ok. Ok. Vamos lá. Não tem jeito. 

Vou apontar três exemplos para refletirmos sobre as possibilidades descritivas de sexo na água. Nunca pensei que algum dia da minha vida eu faria tópicos como os que estão a seguir, mas como diria Joseph Climber: a vida é uma caixinha de surpresas.



1 — Sexo na Piscina

Nesta hipótese, os personagens não estariam completamente submersos e talvez por isso não seja tão complicado descrever a cena. Pode-se imaginar algumas posições básicas (Não me perguntem como sei dessas coisas, por favor. kkkkk) A dificuldade imaginativa de algumas posições é um tanto alta se você não tiver experiência, por isso alguma pesquisa antes de escrever é sempre bem-vinda, vale lembrar. 

A primeira das posições que eu poderia citar seria de pé, com os personagens apoiados na borda (ou sem apoio, no meio da piscina, boiando ou não). Nesse caso as descrições de sentimento/emoção dos personagens não mudaria muito em função da posição que estão praticando, logo, as descrições comportamentais não devem mudar muito do sexo convencional também. O detalhe, porém, se encontra nas descrições das ações de cada um, uma vez que, boiando no meio da piscina ou mesmo apoiados na borda ou na escada, ou numa boia, que seja, o movimento de penetração não teria tanto ímpeto como de costume. Sendo assim, é bom ficar atento para não exagerar em descrições longas e cheias de energia com movimentos insanos de vai e vem. Não vai acontecer assim dentro d'água. Acredite no tio aqui, sei do que tô falando

A segunda posição possível seria com alguém a boiar, deitado na água de maneira que fique com o corpo flutuando, enquanto o segundo personagem apoia seu corpo. Nesta hipótese há como praticar o sexo oral, considerando que uma das partes estaria boiando alto o bastante. Vale observar também que, dentro de uma piscina, utensílios como boias, camas infláveis ou os chamados macarrões/espaguetes são de grande utilidade. Não se esqueça de mencioná-los durante a cena, se possível.  

Agora, considerando essas duas posições (de pé e boiando) e também suas variáveis, não há muita chance de se realizar um sexo minimamente possível sem aderir a experimentalismos bastante exóticos, se me permitem chamar assim.

A quina da piscina, a escada, a borda, tudo pode funcionar de apoio para o coito, a posição que decidirão fazer pode ficar apenas por conta da criatividade. Mas como não estou aqui pra ensinar a transar na água, mas sim falar tecnicamente (haha, até parece) sobre uma cena de sexo ambientada na água, o que recomendo quando for digitar é pesquisar as posições no Aqua Sutra (sim, isso existe. E não me perguntem como sei). Busque algumas ilustrações das possíveis posições e tente descrevê-las.

A descrição certeira de uma cena possui muitos níveis, não só as cenas de cunho sexual, mas qualquer delas. O que eu sempre procuro fazer é tentar vendar os olhos dos personagens e descrever a cena além da visão, já experimentaram? Muitas das vezes ficamos presos aos olhos quando descrevemos as coisas. Falamos de formas e cores, mas esquecemos de citar o som, o gosto, o cheiro, a temperatura. Lembre-se de contar com os cinco sentidos quando descrever qualquer cena.       



2 — Sexo no mar   

Agora, uma segunda possibilidade de sexo na água, mas fora da piscina: o sexo em alto mar. Ou sexo marítimo, se preferir chamar assim.          

As posições, novamente, não vão fugir muito das possibilidades que a piscina pode dar: em pé ou boiando.

Dessa vez, porém, não vai ter quina, borda, parede ou escada pra se apoiar. Ou você faz no raso onde consiga ficar de pé, ou usa alguma boia ou prancha para se apoiar. A principal diferença do sexo na piscina para o sexo no mar é, com certeza, o movimento. As ondas, a correnteza, a água salgada… Isso tudo é bastante nocivo para uma cena mais calma. Provavelmente seus personagens vão estar mais preocupados em se manter seguros e boiando do que com a relação em si. Isso tudo porque se, por algum motivo, eles pararem de prestar atenção onde estão e como estão e focarem mais no coito em si, vão acabar sendo arrastados pela correnteza, tomar um caldo, caixote ou simplesmente ter cãibra e se afogar. Falo por experiência própria, acreditem em mim. De coração. Não achem que dá pra fazer o que quiser na praia que não dá. Hahaha. Você vai acabar se afogando.


Quando descrever a cena, portanto, tente passar alguma dificuldade e desconforto, afinal, não é tão fácil manter-se concentrado no sexo e no mar ao mesmo tempo. Na verdade é super difícil. Pelo menos eu achei...

Ah! Vale lembrar que o sexo em alto mar não é nem um pouco recomendado, pois a água poluída e as partículas de areia podem causar doenças, alergias e irritações. Fora o fato de que a lubrificação fica prejudicada nesse meio. Da mesma forma, sexo na piscina também é um tanto perigoso: além de produtos químicos que podem irritar as genitais, a água da piscina não ajuda na lubrificação e também prejudica o uso de preservativos, logo, não te salva da possibilidade de contrair alguma DST (Doença Sexualmente Transmissível) ou mesmo engravidar. Além disso, a água da piscina sempre tem urina misturada, o que pode causar alguma infecção.

De qualquer forma, vale lembrar que tudo o que estou falando não passa de dicas e orientações. Cada um tem sua forma de escrever e descrever as coisas, talvez o método que propus não funcione muito bem para você, mas certamente pode servir de ponto de partida, orientação ou margem para que você se encontre e consiga escrever a cena que precisa. O importante mesmo é que você pesquise e visualize bem o que quer produzir, ficando bem à vontade para digitar com coerência toda a cena.



3 — Sexo submerso.

Beleza, chegamos no ponto mais profundo do assunto (se me permitem o trocadilho. De novo). Se vocês não estavam satisfeitos com o sexo na piscina, com o sexo no mar, nem com o Aqua Sutra, vamos mergulhar (haha, sou um piadista) em uma experiência bastante peculiar.

Para escrever esse trecho do artigo recorri a pesquisas em camadas mais fundas da internet, coisas que você não veria em público, nem deixaria no histórico de navegação. É, pois é. Minhas experiências pessoais não bastavam para essa parte do artigo. Aliás, eu não fazia nem ideia das possibilidades, mas descobri que mergulhadores excitados são capazes de loucuras no fundo do mar. Com essas coisas em mente, vamos falar um pouco sobre como seria o sexo submerso, independentemente de ser em um lago, piscina ou alto mar.                     

A princípio, haveria a proeminente necessidade de se usar tubos de oxigênio para se manter debaixo d’água por bastante tempo. Esse é um ponto importante, pois a respiração deve estar presente durante toda a cena. As bolhas de ar que sobem e o cilindro pesado que fica agarrado nas costas são pontos bastante marcantes, pelo que pude notar. Mesmo que vez ou outra alguém tire a máscara para... Bom… Me faltam termos técnicos, mas a essa altura vocês sabem bem do que eu tô falando, então… Mesmo que vez ou outra retirem a máscara de oxigênio, cedo ou tarde ela vai voltar ao rosto, é inevitável. Sabendo disso, ao descrever a cena, não esqueça de pontuar esses fatores, acho que faria a diferença.       

Mecanicamente posso dizer que o sexo submerso é bastante limitado em alguns aspectos, mas rico em outros. Algumas posições ficam mais fáceis, outras mais difíceis, naturalmente. Mas o ponto primordial que quero abordar, independentemente da posição praticada, é conseguir capturar os sentimentos da coisa. Muito mais importante que as descrições das ações, acredito que um sexo tão fora do comum trate mais sobre experiências e sensações novas do que simples e mero prazer ao coito.

Então, mesmo que tenha dificuldade ao descrever cenas tão complexas e diferentes, você precisa, no fim de tudo, entregar ao leitor uma experiência diferente e — acima de tudo — entregar a sua história algo novo que acrescente ao enredo, ao universo e seus personagens.          

Estar debaixo d’água ou não, não muda um fato primordial: você só vai escrever uma boa cena se conseguir relaxar e ficar à vontade com as próprias palavras. De um jeito ou de outro, muita pesquisa também é bem vinda quando se tratar dessas cenas complicadas.           


Pois então, cenas de sexo são sempre complicadas de construir. A linha entre o erótico, o vulgar, o tabu, enfim, tudo isso, é bem delicado de tratar sem esbarrar em algum ponto controverso. O segredo para melhorar a escrita, de qualquer forma, é ler muito. Posso estar repetindo o mesmo papo furado que todo mundo conta por aí, mas é a mais pura verdade. Ler é o primeiro passo para escrever. Leia muito. Muito. Bastante mesmo. Só então, comece a escrever. E escreva muito!          

Enfim, para encerrar, vou dar um último e talvez o melhor dos conselhos que eu tenha aqui comigo agora: Evite cenas de sexo debaixo d’água. Seja bonzinho consigo mesmo. hahaha.

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Como escrever cenas de sexo

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Por: Verlaine Vincertty
Link: https://fanfiction.com.br/u/503552/

Aviso: conteúdo proibido para menores de 18 anos.
Olá, seres humanos! Tudo bem com vocês? Sou novata na liga dos betas, logo, este é o primeiro artigo que faço para blog. Hoje, trago para vocês um tema que todos nós gostamos. Exatamente, estou falando de sexo. A relação sexual está muito presente na literatura contemporânea, e não seria diferente nas fanfics. No entanto, tenho observado que alguns autores possuem dificuldades em abordar o ato. No presente artigo, estarei dividindo com vocês algumas orientações sobre o que é interessante numa cena de sexo. 
É importante o autor ter em mente que não existe uma manual passo-a-passo de como descrever o ato sexual no universo ficcional, pois a cena vai depender do contexto da história e da construção dos personagens. 
Inicialmente, o autor deve fazer um esboço mental da cena. Alguns questionamentos devem ser levados em consideração, como: quem irá narrar o ato? Quão explícito eu quero ser? Quero algo romântico ou selvagem/carnal? Onde quero que isso aconteça? É fundamental que o momento faça sentido, ou seja, que haja compatibilidade com que está acontecendo em volta dos personagens. Imaginem que eles estão sendo perseguidos por zumbis. Provavelmente parar e fazer amor não seria algo muito adequado. Da mesma maneira, é importante situar adequadamente o local do momento de amor, que deve estar, também, de acordo com o enredo.
Uma cena de sexo não é algo que deve ser inserida levianamente. É preciso que haja um encaixe com o enredo, do contrário, será apenas uma exibição de sexo gratuito. É interessante levar em consideração as motivações e os conflitos dos envolvidos, como o ato vai influenciar na história e no relacionamento dos personagens e como eles irão reagir.
Uma dica pertinente para os autores que desejam escrever boas cenas de sexo: não tenha pressa. Conduza a situação com calma. Isso instiga o leitor e o excita. Muitas vezes, o ato de descrever bem as preliminares torna-se mais interessante para o público do que o ato propriamente dito. É interessante investir em cenas que possam conduzir os personagens ao sexo, como uma dança, uma comida, uma bebida, um jantar, etc. Serão nesses momentos que os mocinhos irão instigar um ao outro, criando uma tensão sexual entre eles. Vejam o exemplo:
“Ele estava de lado, virado para ela, descansando a cabeça na mão, o braço apoiado no cotovelo, o joelho direito dobrado, servindo champanhe. Eles brindaram ao seu amor e tomaram o Dom Pérignon vintage favorito de Gabriel antes de ele se inclinar para capturar os lábios dela com os seus. 

– Gostaria de alimentar você – murmurou ele.
– Sim, por favor.
 – Feche os olhos. Apenas prove.
Julia confiava nele, então fechou os olhos e sentiu algo tocar seu lábio inferior; em seguida, estava dentro da sua boca: chocolate, morango doce e suculento e a sensação do polegar de Gabriel roçando sua carne. Abrindo os olhos, ela o agarrou pelo punho, puxando seu polegar para dentro da boca, lentamente. Ele arregalou os olhos e gemeu. Ela deslizou seu polegar pela língua, tocando-o de leve e chupando-o com determinação, antes de girar a boca ao longo da sua ponta para saborear qualquer resquício de chocolate. Gabriel tornou a gemer pelo modo como Julia olhou para ele sob os cílios, encarando-a com uma mistura de paixão e surpresa.

O Inferno de Gabriel, Livro 1.
Perceberam? 
Aspectos físicos e emocionais não devem ser esquecidos. O acontecimento não deve ser baseado unicamente no que eles estão fazendo. É de vital importância descrever o que os personagens sentem, seus temores e suas expectativas. Invista nos cinco sentidos para descrever uma cena erótica. A textura, o cheiro e o sabor da pele, o contorno dos corpos, o sabor dos lábios, a sensação dos corpos unidos, o contorno dos glúteos, a maciez dos lençóis, o peso de um corpo sobre o outro, o barulho do rádio, os sussurros, as carícias, os gemidos, o sexo oral e os dedos… É muito instigante olhar nos olhos da pessoas amada e visualizar uma confusão de sensações: amor, carinho, desejo e excitação. Tudo isso contribui para que o leitor não só visualize a cena, mas se imagine nela. 
Seja criativo! Apesar de tudo resumir-se a toques, sensações, preliminares e sexo, é preciso ter cuidado para não soar repetitivo. Use e abuse da criatividade. É interessante utilizar de artigos sexuais, como velas para massagem, canetas para o corpo, massageadores eróticos, bebidas afrodisíacas e, para os mais ousados, vibradores. Não caia na repetição, seja autêntico. 
Uma coisa que acontecia comigo, como leitora, mas que eu acho que acontece também com autores, é sentir timidez e vergonha em ler/descrever relações sexuais. Não precisa ser assim. Lembre-se que sexo é algo tão natural quanto respirar. Logo, não se sinta tímido em colocar algo que você considera que irá contribuir na cena. É difícil no início, mas passa. 
Diálogos são importantes para a construção da cena. O que é dito durante o ato pode ser tão importante quanto sexo propriamente dito e isso ajuda a esquentar o clima. Só é preciso ter cuidado para que os diálogos não ficarem pornográficos, quando não é o objetivo, tipo: “Oh, God, fick my ass…”. Me deparei com situações em que a história era bem “algodão doce”, mas os diálogos nas cenas de sexo eram exageradamente “sujos”. Siga o contexto da sua história.

ALGUNS CUIDADOS:

  • Virgindade: não é novidade pra ninguém que a primeira vez da mulher, na maioria das vezes, dói muito ou é incômoda. Por isso, é interessante colocar um pouco da realidade no universo ficcional. Muitas vezes, autores descrevem a primeira vez da mulher como algo estupendo, sem dor e inteiramente prazeroso. Não é crime, mas lembre-se que importante fazer o leitor sentir um pouco de representatividade no personagem e fazer com que a história não fique fantasiosa em demasia. 
  • Mais de um ato sexual em uma única cena: é comum encontrar nas histórias situações em que, logo após o orgasmo, os personagens já estão prontos para iniciar novamente, sem levar em consideração o lado fisiológico da situação. É necessário tempo para que haja excitação novamente, e é importante levar a realidade em consideração para a cena não ficar hilariante.
  • Excesso de detalhes: muitos autores perdem tempo em descrevem a anatomia masculina de maneira detalhada, exaltando tamanho, cor, temperatura e até mesmo localização de veias. Uma verdadeira idolatria! Não é bacana.
  • Fantasia X realidade: é preciso ter consciência que o ato sexual não envolve unicamente pessoas bonitas e com corpos perfeitos. Nem sempre o sexo será algo super romântico e que ambas as partes estão plenamente enamoradas. Na realidade, o ato pode envolver raiva, desconforto, medo e tensão. Não há erro em descrever um personagem masculino sem “tanquinho” ou uma mulher com cicatriz no corpo. Muitas vezes, os leitores são influenciados pelo contexto do ato. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Não esqueça que escrever deve ser divertido e prazeroso, então, não fiquem tensos. Na dúvida, pesquise, leia e assista filmes, pois estas são ferramentas que podem servir de inspiração. 


Referências:
http://www.ehow.com.br/escrever-cena-sexo-ficcional-como_20312/
http://pt.artsentertainment.cc/livros/Fic%C3%A7%C3%A3o/1009027533.html
http://www.ditopelomaldito.com/2013/10/o-que-nao-fazer-ao-escrever-ficcao.html

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Como desencalhar fanfics de uma cena chata

terça-feira, 5 de abril de 2016


Escrito por: Estrela de Rubi 



Eufóricas saudações! 



É a minha primeira contribuição no blogue, me desejem sorte.

Este post é para aqueles que estão destruindo o computador de pancada ou jogando folhas repletas de palavras vãs no lixo só porque sua história está encalhada numa cena chata. 

Pois é, caros autores, uma história é um labirinto que nós próprios criamos e que, se não tivermos cuidado, podemos acabar nos perdendo nele. Hoje estou aqui para ajudá-los a encontrar o melhor caminho para sair desse labirinto.

Acabaram de escrever uma cena chata e não sabem o que fazer?

Bom, primeiro vamos à solução mais simples:


Eliminá-la! 


Sim, estou falando sério. Por mais que vocês tenham imaginado essa cena há décadas, por mais que tenham partido a cabeça tentando elaborá-la, digam-lhe adeus. Mas esperem! Não façam isso de forma leviana. Primeiro, vocês têm que responder a estas três perguntinhas básicas: 


— A cena apresenta uma nova perspectiva sobre o personagem, isto é, revela algum caracter inédito de um dos personagens?
— A cena faz avançar a história para o cerne do enredo principal?
— A cena transmite alguma emoção cômica ou dramática? 


Se vocês responderam “Não!” a pelo menos duas dessas três perguntas, então gente, lamento, mas essa cena não vai sobreviver ao ânimo dos seus leitores. Sim, eles morrerão de tédio. É chegada a hora de vocês eliminarem essa parte, porque mais vale matarmos uma cena do que matarmos a história inteira. 

Se, pelo contrário, vocês responderam “Sim!” a duas dessas três questões, então parabéns, estão no caminho certo! É tempo de arregaçarmos as mangas e encararmos o problema de frente. Pois é, vamos fazer magia para tornar a cena chata numa cena dinâmica. Ela demonstra ser fundamental para a história e vocês terão de a manter viva. 

É necessário imprimir transformação na cena para dinamizá-la e fortalecê-la.



Mas como fazer isso sem arrancar os cabelos? 



Simples, nós, os autores, temos a faca e o queijo na mão. Podemos mexer com as emoções dos leitores apenas com poucas palavras, que, bem colocadas, fazem uma cena parecer viva, palpável, quase real.

Antes de mais, devemos planejar a cena antes de escrevê-la, esquematizando-a por passos, onde deverão ter em conta:



— o objetivo de cada personagem;
— o que o personagem obterá no final;
— estado de espírito do personagem no início e no final;
— quais as pequenas revelações na história;
— avaliar o nível de tensão antes e depois da cena.


Toda a cena deve conter esses pontos para que fique com lógica e se insira convenientemente no enredo. Com estes objetivos delineados, a nossa tarefa fica muito mais facilitada. 

Então, chegou a hora de acorrentarmos os nossos leitores à cena “chata” para que eles, no final de cada página, sintam uma vontade irresistível de ler a seguinte. Chegou o momento de lançarmos a nossa teia de palavras, o nosso labirinto de emoções para que eles se percam no vício da leitura. 


E isso é muito fácil! 



Primeiro, vocês terão de decidir se querem que a cena cause impacto ou suspense



— Para causar impacto, escrevam o cerne da cena logo de início, isto é, escrevam o ponto alto da cena e só depois explorem a tomada de abertura, o cenário, a reação e as consequências desse ponto alto. Por exemplo, “— Pai, eu estou grávida! — revelou com voz trêmula. Louise estava de pé, de frente para o senhor Laércio que lia o jornal sentado no sofá.” 

— Para causar suspense, explorem primeiro o fluxo emocional da cena, descrevam o cenário, os sentimentos do personagem, os seus gestos e só depois, lancem o ponto alto da cena, ou seja, preparem o leitor antes de jogar o ponto alto em cima dele. “Louise, torcendo as mãos de nervosismo, deteve-se de frente para o senhor Laércio que lia o jornal sentado no sofá. — Pai, eu estou grávida — revelou com voz trêmula.” 



Para mim, tanto o suspense quanto o impacto são excelentes formas de cativar o leitor, mas só vocês poderão escolher o que se adapta melhor à sua cena. 

Independentemente da forma como querem expô-la, o fundamental é torná-la dinâmica e para isso devem ter em conta:



Abreviar a cena o mais possível. Não mastiguem muito a cena, mas também não a lancem numa só tacada. Encontrem um meio-termo. 

Fujam das cenas planas, previsíveis. Nunca se esqueçam, as surpresas são as suas melhores amigas.

— Descrevam a cena numa perspectiva mais ampla, de maior importância para o enredo. Tentem não descrever todos os detalhes para não cansar o leitor.

— Adicionem algum ruído para além dos diálogos, por exemplo “escutam-se passos”, “o vento uiva”. Isto ajuda a transportar o leitor para dentro da história.

— Deem cor às cenas para enfatizar as emoções. Por exemplo, se for uma cena de conflito, utilizem frases como “o lugar estava envolvido na penumbra”; se for uma cena de felicidade, paz, conforto, usem frases como “o sol brilhava quente naquela manhã”. 

— Adicionem pequenas ações entre os diálogos, por exemplo, “O chefe, irado, inclina-se sobre o empregado que o olha assustado — Você está despedido!” 

Descrevam o ambiente, o cenário da cena. Expliquem brevemente onde os personagens se encontram, por exemplo “Estava frio naquele porão coberto de pó e de teias de aranha”. 

Nunca comecem nem terminem o capítulo/história com uma cena que vocês considerem secundária ao enredo.

Não utilizem muitos adjetivos nem muitos diálogos filosóficos. 

— Se for possível, intercalem a cena com outra mais emotiva, mais tensa.

Transmitam as emoções/sensações dos personagens, por exemplo “Um calafrio percorreu todo o seu corpo”. 




Estas são algumas características que devem dominar para que a cena deixe de ser chata e passe a ser uma das mais fortes, intensas e dinâmicas da história. E nunca se esqueçam, revisem o texto várias vezes para cortar qualquer coisa que não contribua diretamente para a evolução da trama.



Mais vale matar uma cena do que matar a história inteira.




*****


Biblio/webgrafia:

NASCIMENTO, N.; PINTO, Castro J. – “A dinâmica da escrita: como escrever com êxito” [4ºedição], Plátano, 2005

Agradecimentos: 

Um agradecimento especial a Mya Zurck que me auxiliou a desenvolver este artigo. 



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Como escrever cenas de esporte

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Por Bonnie Wolff
Você decidiu escrever sua história. Abre seu computador no Word ou pega um papel e caneta. E então, inesperadamente, você é obrigado a parar a produção de seu capítulo. O motivo? Uma cena que você não faz ideia de como escrever.
Dentre as mais problemáticas — algumas que até viraram tema de artigo aqui no blog — está a cena de esporte. Em uma cena dessas, o narrador precisa trabalhar com diversos aspectos diferentes. Por conta disso, tende a ser um pouco mais desafiador.
Para começo de conversa, é necessário que se entenda que uma cena de esporte precisa ser escrita como qualquer outra cena em que a descrição dos movimentos e ações físicas são importantes — como em uma cena de luta, de dança, de perseguição, etc.
Para que não haja desespero na hora de escrever um jogo de futebol ou uma competição de basquete, reuni algumas dicas que vão ajudar na hora da escrita.
  1. Pesquisa
Se quiser escrever sobre um determinado assunto, é preciso conhecê-lo e dominá-lo. Se não conhece, então pesquise. E pesquise bem. Isso não é diferente na hora de narrar uma partida de algum esporte. É preciso conhecer desde as regras básicas até a função de cada jogador e as melhores táticas no esporte. Se não, é capaz de acabar escrevendo que houve uma falta no meio de campo e isso acarretou em um pênalti. Quê?! Como assim?! Todo mundo sabe que o pênalti é uma falta de tiro direto cometido pela defesa dentro da sua área. Que vacilo do senhor escritor, não é? E são esses erros que contam para o leitor que, muitas vezes, desanima de ler.
Seu comprometimento na escrita está diretamente ligado à quantidade de pesquisa que você faz. Acalme-se, senhor escritor. Não estou dizendo que é preciso se tornar uma enciclopédia do esporte. Depende do que quer escrever. A quantidade de conhecimento necessária para escrever uma simples pelada entre amigos é diferente da necessária para escrever um jogo de um campeonato nacional. É necessário que o escritor reconheça o que é fundamental para sua narração.

  1. Ambientação
Aquele que pensa que o ambiente não é importante em qualquer narração está completamente enganado. Existe uma ambientação adequada para cada cena de esporte que alguém pense em escrever e é preciso saber disso, pois pode ditar o ritmo da narrativa. Afinal, escrever sobre um jogo treino é diferente de escrever sobre a final de um campeonato. Um jogo treino será feito em uma quadra de um dos times; um lugar mais calmo, sem muita movimentação. Uma final de campeonato será num estádio lotado de torcedores, gritaria e uma quadra com as medidas certas; algo muito mais sério e que deve ser retratado como tal.

  1. Personagem
Agora é hora de se preocupar um pouco mais com a sua personagem. Se for uma personagem humana, então ela tem um limite. E é preciso saber qual é esse limite. O que eu quero dizer com isso? Simples: até onde vai o conhecimento do seu personagem por aquele esporte? Até onde vai o amor dele? Tudo isso é importante para sua escrita. Se seu personagem é um torcedor fanático, ele saberá o nome de todos os jogadores, xingará o técnico, o juiz o mundo, vibrará como nunca. Se ele não for tão fanático assim, se ele nem gostar do jogo e só tiver acompanhando alguém, ele provavelmente não sabe nada sobre as regras do jogo ou sabe o mínimo, então a narrativa dele será diferente.
Mas e se meu personagem for o jogador? Elementar, senhor escritor. Algumas perguntas irão mudar, outras serão acrescentadas, mas o limite humano continuará o mesmo. Você precisa saber o limite das habilidades do seu jogador. O que eu quero dizer com isso? Veja bem, se o seu jogador é um humano normal e não for um Midorima (do mangá Kuroko no Basket), ele provavelmente não conseguirá jogar uma bola de basquete de 650g de um canto ao outro de uma quadra e ainda acertar a cesta. Porque não é humano. E é mais ou menos isso que quero dizer. É preciso entender o limite da estamina do seu personagem. Quem joga videogame já ouviu essa palavra, não é? Para quem não sabe, estamina é a resistência; a capacidade de um humano ou animal para exercer exercícios aeróbicos por períodos relativamente longos de tempo. Para narrar fidedignamente um jogo, você precisa saber se as habilidades de seu personagem se igualam a um jogador profissional, um jogador com algum treinamento ou um amador. E, é claro, adequar à faixa etária dele (um adolescente normal provavelmente não conseguirá correr os 90 minutos de uma partida de futebol e não se sentir exausto no fim, assim como um homem de 50 anos com problema no joelho).

  1. Narrativa
A narrativa, em si, pode ser separada em dois quesitos importantes: quem narra e o quê narrar.
O primeiro, nada mais é que o ponto de vista da narração. Se o narrador é um dos jogadores do jogo, ele vai por em foco os seus próprios movimentos — sua corrida, suas decisões, o jeito como a bola veio para ele —, e retratará o que é importante para ele. Se o narrador é um torcedor, o foco dele provavelmente será os movimentos da bola, a gritaria da platéia, o amigo ao se lado, etc. Se for o técnico de um time, será uma narração muito mais técnica.
O que escrever é algo um pouco mais complicado. Toda ação física é como outra ação qualquer; tendo seu início, meio e fim. Há surpresas, contratempos, algo que pode mudar o rumo de tudo. Não é preciso escrever cada passo ou movimento, mas apenas aqueles que marquem momentos importantes na cena. Por exemplo, se o protagonista, depois de driblar os marcadores, está prestes a chutar para o gol e é derrubado pelo carrinho de um jogador mal intencionado, isso deve ser descrito. Uma sugestão pra quem está começando é assistir a jogos com atenção e tentar narrá-los em sua cabeça; ou então ouvir atentamente ao narrador de um jogo (na TV ou no rádio, mas eu sugiro o do rádio), pois o trabalho desse narrador é o de ser os olhos do ouvinte, o que pode ajudar você a trabalhar uma cena em sua mente e imaginá-la. Também, o jeito dele narrar, as palavras e “gírias” podem te ajudar a escrever.

Essas são algumas dicas que me ajudaram e ajudaram alguns escritores com quem conversei (e aqui deixo a eles o meu agradecimento) sobre este assunto. Eu não encontrei nenhum outro artigo parecido em minha pesquisa, então espero que eu tenha ajudado pelo menos alguns de vocês.

Escrever cenas de esporte pode parecer um bicho de sete cabeças, mas, como qualquer outra cena, praticar ajuda a melhorar. Por isso, não desistam.

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Epílogos

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Por: Takahiro Haruka

Olá, seus lindos, gostosos, cheirosos (tá, parei).
Olha a Noni de novo! Viu como eu gosto de vocês? Voltei só para trazer um novo post, mas, antes de começá-lo, gostaria de desejar a todos um ótimo Ano Novo. Não sei quando o post será publicado, mas espero que todos os seus sonhos se realizem. Vamos ao tema de hoje?
Bem, falaremos sobre Epílogo, começando por sua definição. E que tal colarmos a do tio Google?



Epílogo (do grego epílogos — conclusão, pelo latim epilogus) é uma parte de um texto, no final de uma obra literária ou dramática, que constitui a sua conclusão ou remate. É geralmente usado para dar a conhecer o desfecho dos acontecimentos relatados, o destino final das personagens da história ou, em dissertações, as ilações finais de um conjunto de ideias apresentadas ou defendidas. É o oposto do prólogo no discurso, podendo assumir a forma de um apêndice.



Não tem nenhum segredo. O epílogo é um capítulo depois da história, como alguns escritores colocam o prólogo, que é um antes. A descrição acima, tirada da Wikipédia, é bem clara e explicativa. Ele não é obrigatório, mas diminui um pouco o "gostinho de quero mais" que fica quando terminamos uma história.
Você pode usá-lo para mostrar o que aconteceu com os personagens depois que a história em si acabou. Ele pode ser considerado um extra ou bônus. A intenção pode ser que seja, simplesmente, um evento à parte, algo que não tem qualquer ligação com o resto da história. Ou você pode usá-lo como uma ponte para um próximo volume (arco ou temporada, se preferir).
A Erika, mais conhecida como E. L. James, autora do bestseller e trilogia Cinquenta Tons de Cinza, escolheu usar o epílogo para satisfazer a curiosidade de seus leitores sobre os pensamentos de seu personagem Christian Grey. Para quem não leu, ou não sabe, todo o livro é narrado no POV (point of view) da Anastácia. Mas sempre ficamos curiosos sobre como o outro personagem pensa ou como os acontecimentos acontecem na visão dele. E foi pensando em satisfazer essa curiosidade que a autora colocou, no epílogo, a cena principal do livro, que é quando os dois personagens se encontram, na visão do Christian Grey. Interessante, não?
John Green, autor de A Culpa é das Estrelas, em seu livro O Teorema Katherine, usou o epílogo para complementar as informações sobre as Katherines que passaram pela vida de Colin. Já Kiera Cass, autora da trilogia A Seleção, usou o epílogo para narrar o momento do casamento entre os jovens Aspen e America, após os acontecimentos que marcam o fechamento da série.
Vê? Não tem segredo para o que colocar no epílogo. Basta lembrar que é pós-livro, ou seja, basicamente o que vem depois da história.

É isso, minna-san! O que vocês acham do epílogo? Já escreveram um? Gostam quando o livro tem um?


Nos vemos no próximo post (sabe Deus quando será)!


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Plot Twist: a arte de enganar e ainda assim cativar

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Por: Carol Ferreira (Annye)




O texto contém grandes spoilers. No entanto, eles estão marcados em branco. Para lê-los, basta selecioná-los com o mouse. Só sugiro que faça caso já tenha lido o livro/assistido ao filme.
Aqui no blog da Liga, a gente já falou várias vezes sobre clichês.
Como eu teria um trabalho enorme para fazer um compilado de textos que abordam o clichê (correndo ainda o risco de não reunir todos os links desse tema), vou deixar apenas a dica para que vocês procurem mais sobre o tema na caixinha de busca que fica logo ao lado do menu.
Mas se vocês notaram o título do texto, perceberam que hoje nós não vamos falar dos temidos clichês, e sim, de seu oposto.
“Plot twist” (plot = enredo/twist = torcido), traduzido literalmente como reviravolta, é um elemento narrativo usado para surpreender os leitores/expectadores.
A wikipedia define Plot Twist como: “[...] uma mudança radical na direção esperada ou prevista da narrativa de um romance, filme, série de televisão, quadrinho, jogo eletrônico ou outra obra narrativa. É uma prática muito usada para manter o interesse do público na obra, para normalmente surpreendê-los com uma revelação.”
Mas como eu uso o plot twist em meu texto? Só há uma maneira?”
Claro que não!
Existem vários métodos de introduzir um plot twist em uma narrativa. Por falta de didática melhor, acredito que a melhor forma de explicar as diversas formas seja enchendo esse post com inúmeros exemplos. Eles obviamente virão acompanhados de spoilers, a fim de ilustrar da melhor forma possível. 

Então peço desculpas desde já, e aviso que os spoilers estarão invisíveis (para ler o spoiler, basta selecionar o texto entre aspas com o mouse). 

1. Plot Twist ao fim da narrativa


O tipo de reviravolta que todos conhecem. Nesses casos, o grande clímax da história está justamente em um grande fato ou acontecimento. Ele determinará o fim da história, e é por meio desse grande final que conhecemos obras que ficaram eternizadas.
~Spoilers – Clube da Luta (filme de David Fincher)~
Quem já assistiu sabe que no fim da história descobrimos que o Tyler na verdade era uma projeção do próprio Jack, devido suas noites insones e problemas psicológicos.
Mas o plot twist da história se revela apenas ao fim, quando Jack passa a rever todos os acontecimentos pela sua ótica, e se vê segurando a arma que Tyler apontava para ele. Naquele momento, é tarde demais para conter o grande plano de Tyler, que acaba ocorrendo. Mas fica subentendido que o romance entre Jack e Marla foi levado a frente – isso é, se ele não foi preso e sobreviveu.”
Sendo assim, podemos dizer que a marca registrada desse tipo de elemento narrativo, quando executado da forma acima citada, é a surpresa que só afeta aquele pequeno período de tempo. Nós não veremos o que irá acontecer depois, porque o depois não importa. O choque imediato é suficiente para que qualquer dúvida se torne algo de segundo plano.
2. Plot Twist no início/meio da narrativa
Estamos acostumados a ver reviravoltas acontecerem no final, mas esse tipo de plot twist muito me interessa por sua peculiaridade. Diferentemente do que se espera, a história é narrada bem até determinado ponto e depois ainda tem que lidar com os resultados – imediatos e a longo prazo – de sua mudança.

~ SPOILERS: “A favorita” (novela de João Emanuel Carneiro)
Aqui temos duas protagonistas: Flora e Donatella. Por mais de dois meses de novela (exatamente 59 capítulos), o público foi induzido a pensar que Donatella tinha cometido um crime e estava pagando por seus pecados na cadeia. Mas no capítulo 60, eis que surge a magia do twist.
Foi na verdade Flora quem cometeu o crime, e a missão de Donatella passa a ser desmascarar a vilã e reconquistar sua filha, que acabou ficando sob a tutela de Flora enquanto Donatella esteve na cadeia..”
O mais legal nesse tipo de reviravolta, é que ainda temos mais da metade dos acontecimentos pela frente. Sendo assim, o autor praticamente desenvolve duas tramas. Além do mais, o plot twist aqui não serve para dar fim a uma sucessão de fatos, mas para desencadear uma série de novos problemas que deverão ser solucionados até o fim da jornada.
Ou seja, usar a ferramenta do plot twist no meio da história é mais para “animar” o público, dando a eles a sensação que a história não é previsível e que muita coisa ainda pode acontecer dali pra frente.

Ainda existem algumas subclasses para os twists:
a) Cronologia reversa: a história, nesses casos, começa justamente pelo seu final. Sendo assim a curiosidade é plantada no “como” a situação prosseguiu até que se chegasse a esse ponto e não no “porquê”.
Exemplo: Em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, temos o narrador protagonista contando sua história até que chegasse a morte. Mas ele avisa o leitor logo no início que ele já estava morto.
b) Red herring (ou “distração”): usado principalmente em romances policiais, é a reviravolta que pega a todos desprevenidos, pois planta pistas falsas ou oculta informações primordiais para a solução do mistério.
Exemplo: Em “Os Outros”, vemos uma mãe desesperada com a casa cheia de fantasmas. Durante todo o filme tentamos entender de onde vêm os espíritos e o que fazer para afastá-los. Até que para surpresa geral, na verdade a Nicole Kidman, seus filhos e empregados que estavam mortos. Chocante.
c) Flashbacks: esses aqui são mais do que conhecidos. Usados por 10 em cada 11 ficwriters (e aqueles que nunca usaram, ainda vão), são a melhor forma de justificar uma personagem. Trazendo o que já sabemos de flashbacks para a mecânica do plot twist, nesses casos, apenas uma cena do passado é suficiente para mudar todo o enredo futuro.
Exemplo: Em “Titanic”, o objetivo principal do filme é achar o maldito diamante que todos achavam que tinha se perdido para sempre na imensidão azul. Claro que tudo foi esquecido a partir da primeira cena de Jack e Rose. Até que já estamos nos anos 90 e, de repente, somos transportados de volta a 1912, onde vemos Rose mexer em seu bolso e achar o diamante. Uma cena tão sutil que mudou o rumo da história (para os telespectadores, é claro, já que não faz muita diferença para aquele cara que gastou milhões procurando uma pedra para desistir quando ela finalmente foi lançada ao mar)..
d) Narrador não-confiável: Ele está narrando a história em primeira pessoa, então é a única fonte de informação do público. O choque da reviravolta aqui é salientado pelo narrador se dar muito bem/muito mal, mesmo não merecendo. Afinal de contas, ele manipulou toda história a seu favor, deixando difícil para os leitores decidirem o que realmente acham de sua índole.
Exemplo: Citando Machado de Assis novamente, temos a discussão mais acalorada por todo ensino médio. Em “Dom Casmurro”, deveríamos ler apenas uma história cotidiana de romance, que virou uma tragédia devido à “infidelidade” de Capitu. Contudo, o narrador da história é o próprio Bento, e nunca ficamos sabendo se ele estava mentindo ou não.
e) Chekhov's gun: é um princípio narrativo que diz que tudo que é colocado em uma narrativa tem um propósito. Em meio a um plot twist, o chekhov's gun pode ser qualquer elemento (desde uma personagem até um objeto), que irá ser relevante para o clímax da história.
Exemplo: No filme* “Um porto seguro” temos a personagem Jo, que se torna amiga de Erin. As duas ficam cada vez mais próximas, e Jo passa a dar várias dicas de relacionamento para que Erin perca seu medo e Alex e ela sejam felizes juntos. No fim descobrimos que Jo é a falecida esposa de Alex, que tirou férias do céu e permaneceu por ali só para ter certeza de que seu amado e filhos teriam um bom futuro.
*(não li o livro, então não posso dizer se a narrativa se repete)
f) Descoberta: A última e não menos importante subcategoria do plot twist, é a descoberta (ou anagnórise). Nesse caso, a personagem faz uma descoberta sobre si (ou de outro personagem) que muda o rumo da narrativa.
Exemplo: Em “O sexto sentido” Bruce Willis está morto. O filme inteiro. O que difere, no entanto, com o plot twist Red herring demonstrado em “Os outros”, é o fato de que a narrativa girava em torno do menino, Cole. Então a descoberta nos faz ver que o protagonista nunca foi Cole, e sim Malcolm (por protagonista, falo daquele que precisava “fechar” um ciclo). Claro, temos algumas dinâmicas Red herring (de deixar pistas soltas que indicavam a morte do psicólogo), mas o choque nesse caso é justamente a mudança súbita da natureza do protagonista.

Ótimo, agora eu tenho muitas referências. Mas como eu utilizo essas dinâmicas no meu texto?
Não existe uma fórmula mágica que faça plot twists funcionarem. O grande segredo para uma reviravolta ser bem executada, é ela ter coerência e casar com o texto.
Com isso quero dizer: não force a barra para usar um plot twist. Criar uma história mirabolante só para inserir uma ideia que cause choque no leitor não é uma boa ideia.
Além do mais, fazer de plot twists uma assinatura sua pode tornar-se, por incrível que pareça, previsível demais.
Um exemplo simples que nem chega a ser um spoiler: George R. R. Martin adora matar suas personagens. O primeiro “protagonista” que morreu causou um tremendo choque e comoção. Mas agora, mesmo ferindo sentimentos alheios, as mortes são apenas o caminho necessário para o decorrer da narrativa. Ou motivo para piada no Facebook. De qualquer forma, aquele choque que sentíamos nos primeiros livros/temporadas de Game of Thrones, agora já passou.
Temos também o diretor de cinema Shyamalan. Depois de “O sexto sentido”, vimos “Sinais” e “A vila” serem vendidos como filmes de finais surpreendentes. Mas basta perceber como ambos não geraram polêmica pelos seus finais para saber que eles talvez não tenham surpreendido tanto assim.

Conclusão
Reviravolta é um elemento que pode lançar sua narrativa para o sucesso. Tendo um bom enredo e um final surpreendente, é quase impossível a história não receber comentários positivos.
O problema é que a única forma de saber o que funciona e o que não funciona é testando.
Gostaria então, de deixar um site muito interessante, que pode ajudar muito aqueles que querem ter ideias para plot twist (seja para incorporar em suas histórias ou apenas para treinar seu poder narrativo). Estou falando do Plot Twist Generator. O site é em inglês, mas seu objetivo é dar uma frase de reviravolta para que o autor possa se inspirar e incorporar aquilo à sua história.

Espero então que toda a informação acima auxilie vocês na hora de escolher o tipo de plot twist que mais se encaixa com sua história.
Links consultados:




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Cenas dramáticas na história

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Por: Senhorita Ellie
A palavra drama tem diversos significados. Em uma visão mais literal, podemos vê-la como um “texto em prosa, escrito para ser encenado”, mas ainda há a concepção mais comum que temos, onde drama é “qualquer narrativa no âmbito da prosa literária em que haja conflito ou atrito”. Em ambos os significados, há o sentido comum de ação e intensidade emocional.
Amplamente, o drama é associado ao teatro, mas também há aparições dele na nossa literatura de prosa, sobretudo em nossas fanfics, onde a manifestação de cenas dramáticas é bastante comum. Contudo, há boas cenas de drama e há cenas ruins de drama; esse post tem a intenção de ajudar você a diferenciá-las e escrever passagens cada vez melhores.
  1. Pergunte a si mesmo: essa cena realmente é necessária? É realmente muito excitante a ideia de escrevermos cenas dramáticas todo o tempo, mas é preciso pensar na história como uma cadeia de fatos, onde um leva ao outro e todos estão interligados. Por isso, todos os acontecimentos devem estar lá por um motivo. Uma cena não pode acontecer simplesmente por acontecer. Ela deve ter, pelo menos, alguma ínfima importância no amadurecimento de seu personagem, alguma influência em algum grande acontecimento futuro... Por mais que ela pareça ótima na sua cabeça, uma cena que não acrescenta nada à história é apenas desperdício de tempo e esforço, tanto seus como do leitor.
  2. Quem são as personagens da sua cena? Elas são realmente necessárias? Novamente: sua história não deve ter muitos excessos. Qual é o sentido de fazer uma cena com foco em dez personagens, sendo que apenas três delas são importantes? Quando for escrever sua cena, pense em quem é importante para ela; os acontecimentos se focam em quem? A cena precisa das personagens para andar, afinal, são elas que agem (e a essência do drama é a ação, lembra-se?), mas quanto mais figuras você acrescentar, mais perdido você tem a chance de ficar.
Ah, Ellie, mas aí vai parecer que a minha história só tem cinco personagens!”... Não, não vai. Sua história pode ter quantas personagens você quiser, a única coisa que você precisa fazer é escolher o seu foco. Não há nada que te impeça de acrescentar mais figuras, mas pense nelas como figurantes.
  1. Qual é o conflito? Qual a sua origem, como será seu desenvolvimento, qual será o desfecho? Como também já foi dito lá em cima, o drama se sustenta em cima de um conflito. Assim, quando você for pensar na sua cena, tenha em mente que ela deve girar em cima de uma razão, de uma necessidade, e que, no fim, essa necessidade deve ser conduzida ao fracasso.
Ué, vou ter que fazer meu personagem sofrer em todos os capítulos?” Não. Existe aquilo que chamamos de capítulos de transição, que ajudam a construir a expectativa para um clímax, mas deve-se tomar muito cuidado para não entediar seu leitor. Pode parecer difícil, mas não é! Saber qual será o seu conflito — quais são os motivos, qual será o clímax de sua cena, quais serão as conseqüências dela — tornará você seguro do que está escrevendo e, consequentemente, passará essa segurança para o leitor.
  1. Não dê todas as informações de cara para o seu leitor. Essa parece fácil, mas quando vamos pensar, não é. Obviamente, não se deve dar todas as informações logo de início, pois qual é a graça de ler uma história onde já se sabe de tudo? Mas também, com isso, surge a questão: quando revelar fatos importantes da história para o meu leitor?
Isso não é algo padronizado, cada história tem suas perguntas e as respostas serão demandadas de acordo com o desenrolar do enredo. Contudo, para você se orientar melhor, é sempre recomendável fazer um esquema — não é necessário ser nada elaborado, apenas um esqueleto do que você está pretendendo fazer — e usá-lo para saber quais acontecimentos são importantes para certas alturas da história. Por que revelar no início da história detalhes sobre um acontecimento que, de acordo com o seu esquema, só virá no final? De acordo com essa “linha do tempo”, você pode administrar melhor as informações que serão reveladas ao leitor, mantendo o mistério que o faz ir adiante e sem deixá-lo frustrado.
  1. Dê voz e ação para as suas personagens. Drama é ação e, o núcleo da ação, está nas personagens. É nelas que reside o conflito, o desenvolvimento, a história, os diálogos... Tudo. Então, o mínimo que você pode fazer é não deixar suas personagens caírem na apatia.
Ellie, minhas personagens são apáticas?” Se elas não despertam sentimentos em quem lê, se as interações entre elas parecem desinteressantes, se elas não agem... Sim! É muito importante se preocupar com o cenário onde a sua história vai acontecer, mas seu foco para o drama deve estar sempre nas personagens. Faça-as sentir, enfoque sua linguagem corporal, dê personalidades para elas, crie personagens que poderiam ser qualquer pessoa: um amigo seu, uma vizinha, você. Porque é essa empatia que vai fazer o leitor continuar e que vai dar verossimilhança para suas passagens.
Mas como assim? Se minhas personagens fazem coisas, elas agem, não? Então elas não são apáticas.” Sim e não. Eu posso dizer que minha personagem acordou, levantou-se da cama, vestiu roupa, comeu um pão de queijo e foi trabalhar e isso, em termos, é ação, mas não é uma ação que desperta sentimento algum em quem está lendo. Não há emoção no agir e é isso que faz dela apática. Pegue, por exemplo, duas pessoas brigando (uma cena muito comum em fanfics e na nossa vida, também): elas não ficam paradas e gritando, apenas. Elas gesticulam, franzem as sobrancelhas, mudam o tom de voz, caminham para um lado e para o outro, reviram os olhos, passam a mão pelos cabelos...
Enfim, faça seus personagens agirem, dê voz para os sentimentos deles e, consequentemente, o leitor vai sentir também.

Essas são apenas algumas dicas. O drama explora a dinâmica das relações entre as pessoas e, sendo as pessoas multifacetadas, há mil possibilidades para você experimentar. Conheça seus personagens, goste deles, não tenha medo de tentar! A abundância de probabilidades é apenas uma ferramenta que você pode usar a seu favor e um dos motivos pelo qual a literatura é tão vasta, maravilhosa e variada. Outras pessoas tentaram e deram certo. Você pode conseguir também. 

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