Figuras de Linguagem

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

*Nota: as resenhas do 5º e 6º lugares do desafio do Nyah! Fanfiction deveriam ser postadas hoje, mas resolvemos passar o post para segunda.



Por: Sahky Uchiha (Liga dos Betas)


Olá, queridos autores, eu sou a Sahky Uchiha e entrei recentemente na Liga dos Betas. Hoje vou compartilhar com vocês um assunto que eu verdadeiramente adoro. Sim, foi amor à primeira vista, e espero que eu possa despertar o interesse de vocês.


O meu tema amado são as figuras de linguagem. 


Mas por que elas despertam tanto o seu interesse, Sahky?


É simples, gente, as figuras são algo que nós dizemos constantemente, mesmo não percebendo. Ainda estão confusos? Vamos lá, quem nunca, pelo menos uma vez na vida, foi irônico? Vocês sabiam que a ironia é uma figura de linguagem? E quando nós exageramos e falamos, por exemplo: “Ah! Eu chorei rios de lágrimas”? Sim, isso também é uma figura de linguagem. Até o rei Roberto Carlos usou uma, quando falou em uma de suas músicas: “Meu cachorro me sorriu latindo”.

Ah! Agora vocês perceberam por que elas são tão importantes, não é? Estão no nosso dia-a-dia, em cada momento de nossas vidas, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Nossa, acho que me empolguei, isso soou como os votos do casamento e até nesses votos nós temos uma figura de linguagem.


Mas, afinal, o que é essa tal de linguagem figurada?


São construções que transformam o significado da palavra para tirar dela um maior efeito ou para construir uma mensagem nova. Elas são usadas para dar maior ênfase a uma determinada construção.

As figuras se subdividem em quatro grupos. Estes são:



1. Figuras de pensamento

São conhecidos por esse nome os recursos estilísticos utilizados para incrementar o significado das palavras no seu aspecto semântico. Elas são:


  • Prosopopeia ou Personificação ― Consiste na atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais ou inanimados. 

Ex: O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia.

  • Gradação ― Consiste em dispor as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente. Quando a progressão é ascendente, temos o clímax; quando é descendente, o anticlímax. 

Ex.: "Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor." (Olavo Bilac)

  • Hipérbole ― Expressão intencionalmente exagerada com o intuito de realçar uma ideia, proporcionando uma imagem emocionante e de impacto.

Ex.: “Sonhava com milhões de estrelas iluminando a tua casa” (Clarice Lispector)


  • Ironia ― Consiste em exprimir, seja por meio do contexto, pela contradição de termos ou pela entonação, o contrário do que realmente se encontra demarcado no discurso, cuja intenção é a de tão somente satirizar ou ridicularizar um dado pensamento.


Ex.: Aquele garoto é um anjo, vive arrumando confusões e se metendo em encrencas.

  • Eufemismo ― Consiste em empregar uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante.


Ex.: Ele foi para o reino de Deus.
>>> Note que essa frase foi uma atenuação da expressão: “Ele morreu”.

  • Antítese ― É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. O contraste que se estabelece serve para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos, o que não ocorreria com a exposição isolada dos mesmos.

Ex.: Viverei para sempre ou morrerei tentando.


  • Paradoxo ― É uma proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo.

Ex.: "Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer"
(Camões)


  • Apóstrofe ― Essa figura é demarcada pela invocação de uma pessoa ou algo, sejam estes reais ou imaginários. Sintaticamente falando, representa o vocativo, cuja manifestação confere um caráter enfático ao discurso.

Ex.: "Deus! ó Deus! Onde estás, que não respondes?" (Castro Alves)



2. Figuras de som


São as figuras cujos efeitos se voltam para a repetição de sons, como, por exemplo, a repetição de uma vogal ou de uma consoante, ou ainda quando a intenção é imitar os sons produzidos por coisas ou seres.


  • Aliteração ― Consiste na repetição proposital e ordenada de sons consonantais idênticos ou semelhantes. O efeito serve para reforçar a ideia que se quer transmitir.

Ex.: “Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
(Cruz e Souza)
>>> Neste exemplo percebemos a repetição do fonema sonoro “V”, que nos remete a ideia do sussurro do vento.


  • Assonância ― Consiste na repetição de sons vocálicos em sílabas tônicas de palavras distintas ou naquelas contidas numa mesma frase, cujo intuito é provocar efeitos de estilo.
Ex.: “A linha feminina é carimá
Moqueca, pititinga, caruru
Mingau de puba, e vinho de caju
Pisado num pilão de Piraguá”
(Gregório de Matos)
>>> Perceba que, além da aliteração, existem sons vocálicos usados repetidamente: a,i, u.


  • Paronomásia ― É o uso de sons semelhantes em palavras próximas.

Ex.:“Aquela cativa
que me tem cativo,
porque nela vivo
já não quer que viva.”
(Camões)


  • Onomatopeia ― É a representação de certos sons produzidos por animais ou coisas, ou mesmo de certos sons humanos. É amplamente utilizada em histórias em quadrinhos e poemas.

Ex.: Os apaixonados amam escutar o tum-tum do coração do ser amado, mas não suportam ouvir o tic-tac indicando que o tempo está passando, e não se ouve nem o triiimm do telefone, nem o blin blong da campainha. Nesta hora, as lágrimas são inevitáveis e o buááá é ouvido de longe. Entretanto, basta um biii biii, que o coração já faz hahaha.. E o final da cena, todos conhecem, um beijo apaixonado chuac.


3. Figuras de palavra


As figuras de palavras (ou tropos) se caracterizam por apresentar uma mudança, substituição ou transposição do sentido real da palavra, para assumir um sentido figurado mediante o contexto.


  • Comparação ― Consiste em identificar dois elementos a partir de uma característica comum.

Ex.: “Meu primo é belo como um Adônis.” (Lygia Fagundes Telles)
“Tio Dácio parecia bravo que nem fera.” (Alcântara Machado)


  • Metáfora ― É o resultado de uma comparação mental. Nela não aparece termos de comparação (como, que nem, feito) explícito.

Ex.: “Meu primo é um Adônis.”
“Tio Dácio era uma fera!”


  • Catacrese ― Costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original.

Ex.: Asa da xícara.
Pé da mesa.
Batata da perna.


  • Metonímia ― Consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo:

1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) 
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.) 
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.) 
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.) 
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno.) 
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.) 
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.) 
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores.) 
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente.) 
10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.) 
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.) 
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone.) 
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.)


  • Perífrase ― Consiste no uso de uma expressão que designa um determinado ser por intermédio de alguma de suas características ou por meio de um determinado fato que o fez ser conhecido entre todos.

Ex.: Hoje a cidade-luz estava ainda mais radiante.

>>> Perceba que quando se diz “cidade-luz” está se referindo a Paris.



4. Figuras de construção ou sintaxe

São assim chamadas por que apresentam algum tipo de modificação na estrutura da oração.

  • Anáfora ― se caracteriza pela repetição intencional de um termo no início de um período, frase ou verso.

Ex.: “Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.”
(Manuel Bandeira)


  • Polissíndeto ― Consiste na repetição de uma conjunção (quase sempre a aditiva e) no inicio da oração.

Ex.: Vão-se as nuvens da aurora
e só ficam as palhas
e os espinhos das rosas.
Ai, que berram as cabras,
e não posso feri-las,
e não posso enxotá-las”
(Cecília Meireles)


  • Assíndeto ― Diferentemente do que ocorre no polissíndeto, manifestado pela repetição da conjunção, no assíndeto ocorre a omissão deste.

Ex.: Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
"Vim, vi, venci." (Júlio César)

  • Anacoluto ― Se caracteriza pela interrupção da sequência lógica do pensamento, ou seja, em termos sintáticos, afirma-se que há uma mudança na construção do período, deixando algum termo desligado do restante dos elementos. 

Ex.: “A filha dele, a mãe era muito mais alta e mais encorpada.” (José Lins do Rego)

Hipérbato ou Inversão ― Consiste na inversão da ordem direta dos termos da oração.


Ex.: “Tão fatigada vinhas e tão cansada” (Olavo Bilac)

(Ordem direta = Vinhas tão fatigada e tão cansada)



  • Pleonasmo ― É a repetição de um termo para reforçar seu significado.

Ex.: “A mim resta-me a derrota.
Os despojos eu os guardei zelosamente numa urna.” (Pedro Nava)


  • Elipse ― Caracteriza-se pela omissão de um termo na oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente identificado pelo contexto.

Ex.: Fomos à tarde, chegamos de noite.
>>> Veja que houve a omissão do “nós”. A frase sem a figura ficaria: “Nós fomos à tarde, nós chegamos de noite”


  • Zeugma ― Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão de um termo já expresso no discurso.

Ex.: Maria gosta de matemática, eu, de português.
>>> Perceba que houve a omissão do verbo gostar. (Maria gosta de matemática, eu gosto de português).



É isso, gente, espero que tenham gostado. Agora é só incrementar seus textos com as figuras de linguagem. Cuidado, como tudo na vida, apliquem-nas com moderação.

Até a próxima!


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Material utilizado:

CAMPEDELLI, S. Y.; SOUZA, J. B. Literatura, Produção de textos & Gramática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática contemporânea: teoria e prática. 1. Ed. São Paulo: Escala educacional, 2006.

DUARTE, V. Figuras de pensamento. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/gramatica/figuras-pensamento.htm>. Acesso em: 28 jan. 2014.

DUARTE, V. Figuras de som ou de harmonia. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/gramatica/figuras-som-ou-harmonia.htm>. Acesso em: 28 jan. 2014.

DUARTE, V. Figuras de construção ou sintaxe. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/gramatica/figuras-construcao-ou-sintaxe.htm>. Acesso em: 28 jan. 2014.

PAVAN, M. G. R. Onomatopeia. Disponível em: < http://www.portugues.com.br/gramatica/onomatopeia.html>. Acesso em: 28 jan. 2014.

SANTOS, P. P. Figuras de palavra. Disponível em: < http://www.infoescola.com/portugues/figuras-de-palavras/>. Acesso em: 28 jan. 2014.

Só Português, Figuras de linguagem. Disponível em: < http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.php>. Acesso em: 28 jan. 2014.

SANTIAGO, E. Figuras de pensamento. Disponível em: < http://www.infoescola.com/portugues/figuras-de-pensamento/>. Acesso em: 29 jan. 2014.
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CLUBE DELEITURA: 8A RODADA

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Por: LucianoInfanti


Vamos abrir a oitava rodada do Clube de Leitura!

A fanfic sorteada nessa rodada foi a de número 5:


A Terceira Noiva escrita por Elyon Somniare


"Sinopse: o grito soprou pelos raios dourados da madrugada, silencioso aos recantos do som, vigoroso aos sentidos internos cuja existência se julgava extinta, incógnita, desaparecida Os pêlos humanos arqueavam-se perante o horror do mesmo, pressentindo a dor que fechava consigo. A alma clamava misericórdia pela dor da criatura que o corpo acabara de chacinar."

Classificação: Livre

Categorias: Drácula 

Gêneros: Angst, Darkfic, Death Fic, Fantasia



Para participar da próxima rodada do Clube de Leitura, as resenhas deverão ser enviadas para o e-mail ligadosbetas@gmail.com, em arquivo .doc ou no próprio corpo do e-mail, e deve conter os seguintes dados:

• Seu nick
• Link do seu perfil no Nyah
• Sua resenha
• O link da sua one-shot ou short fic (concluídas e postadas no Nyah)

O prazo limite para o envio de resenhas é até: 15/02/2014

(Não serão aceitas resenhas enviadas para qualquer outro lugar que não seja o email)

Boa leitura!
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RESENHAS - DESAFIO DE FÉRIAS DO NYAH! (2/6)



3º lugar - Investigação Natalina, por LilakeLikie


Resenha por Esparta


De início, me desmotivei um tanto com essa fanfic. Ao ler o título, pensei: essa história, com certeza, será igual as outras. O nome dado a ela não me cativou, não deu aquela impressão de que a história “prometia”; não me empolguei. Do título, fui para a sinopse, e a impressão começou a mudar para melhor, mas só um pouco. O pezinho continuava lá atrás.

Sem muita fé, para ser sincera, iniciei a leitura.

Minha ideia de que a fic seria mais um clichê a ser lido morreu logo no começo. Fui surpreendida por um casal aposentado, mas não aqueles velhinhos da terceira idade, que há muito não deveriam estar trabalhando como detetives, que imaginei; e, sim, esposos relativamente jovens, com um passado penoso por um motivo que me assombrou e um talento nato para desvendar “mistérios”, o que todo detetive que se preze deve ter.

Miranda e Dan são personagens únicos, que logo de cara foram tirados de sua zona de conforto. Ir em busca do Papai Noel trouxe dolorosas lembranças à Miranda, como a de ser taxada de louca, ser internada por anos em um sanatório e só ter Dan como companheiro fiel durante essa dura jornada. Isso a deixou resistente em aceitar o pedido do marido para irem em busca do desaparecido. Mas nossa autora a fez mudar de ideia por uma causa muito nobre: mesmo não crendo na existência do velhinho, ela se dispôs a salvar a crença das crianças nele.

A cumplicidade do casal tornou a investigação muito mais interessante, cada um com habilidades exclusivas buscavam pistas e informações que poderiam ajudá-los a achar o bom velhinho. Logicamente, com inúmeros detetives no Polo Norte, alguém iria aparecer para impedi-los de fazerem seu trabalho. Discretamente, esse vilão foi trabalhando contra o casal, de forma astuta e invisível na história, maravilhoso. Mas os bons detetives não se deixaram abater, mesmo sendo apunhalados na cabeça, sequestrados e passando uns dias comendo apenas barrinhas de cereais, eles conseguiram salvar a si próprios e ao querido Noel.

A autora soube desenrolar a história formidavelmente. Suspense, tensão, alegrias e tristezas bem descritos é o que vão encontrar nessa fanfic. A impressão ruim foi embora tão rápido quanto veio. A história foi fantástica, entrou para minhas favoritas e a autora também! Recomendo a leitura e espero que esse casal tão lindo cative aqueles que lerem da mesma forma que me cativou.    


4º lugar - De Nicolau, para o mundo, por Luz


Resenha por Herácles


O tema principal deste conto pode ser a fantasia, porém, o destaque é a realidade por trás de tudo. Ao mesmo tempo que a figura do Papai Noel é central, juntamente com a referência a criaturas como renas e duendes, situações sérias são mostradas, tudo num contexto bastante equilibrado. A história fala das justificativas que Nicolau deu a todos devido ao seu desaparecimento, comentando sobre seus pesares e eventuais impotências em meio a alguns pedidos. Tudo isso foi relatado numa carta, fato que achei bastante interessante e original.

A maioria das histórias que falam sobre o Natal, em algum momento, mostra as transformações no ser humano, seu apego ao dinheiro e outras coisas materiais, em vez de se preocupar com sentimentos e laços familiares. “De Nicolau, para o mundo” é diferente. Quando li o trecho “Percebi atentamente a transformação no ideal das pessoas e em suas maneiras de agir e pensar”, já imaginei que a história poderia se tratar disso, o que não aconteceu. A autora segue outro caminho. Em meio à rotina do Papai Noel, ele recebe uma carta um tanto diferente. Ao contrário de um brinquedo, a criança pedia o fim da guerra em seu país, Afeganistão. Isso provocou uma mudança em Nicolau, e a partir daí, outras cartas parecidas foram enviadas, com pedidos impossíveis para ele.

A história em si é muito bem feita. Muito bem escrita, com um vocabulário equilibrado, nunca redundante. Fiquei bastante cativado. O texto é completamente narrativo e, sem diálogo algum, soube cativar os leitores. A mensagem final é ótima, aquela velha história sobre os problemas mundiais e como a união pode mudar tudo. Uma boa reflexão. A parte de Nicolau desejar outro rumo para o mundo foi algo bastante interessante, principalmente quando ele diz: “O Natal, meus amigos, é um dia com vinte e quatro horas como qualquer outro.” 

Em suma, é um texto cativante, profundo e altamente recomendável.  


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Eu odeio os betas!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Por: Carol Ferreira*
(Liga dos Betas)


Olá, olá. A postagem de hoje não tem fins didáticos e, sim, de discorrer um pouco sobre um tema polêmico que rondou minha timeline do Facebook no último mês. O conteúdo abaixo expressa única e exclusivamente minha opinião, que provavelmente irá divergir da de outros betas. Finalizado o disclaimer, vamos ao que interessa. Sou o tipo de pessoa que adora participar de grupos de interação social. Se eu fosse uma personagem dos anos 90, com certeza seria a Marla de “Clube da luta”. Porém, como não há essas reuniões onde vivo, me contento em participar ativamente de milhares de grupos no Facebook. Nos últimos meses, entrei em uma onda de grupos de fanfics e tudo estava indo muito bem. Até que alguns amigos que fiz na Liga comentaram que certo grupo não aceitava betas como membros. Achei chato, mas não reclamei, pois se o grupo é particular, é direito de seus moderadores só aceitarem os membros que coadunem com o grupo.  


Então, semana passada estava conversando com um grupo de meninas que eu conheci por intermédio de um grupo de fanfics do Nyah!; e, em certo momento, enquanto trocávamos links de nossas fanfics, elas descobriram que eu era da Liga. Uma das meninas fez um comentário que chamou minha atenção: “Nossa, você é da Liga dos Betas? Mas você é tão legal!”. Pedi para ela me explicar essa afirmação, afinal, não entendia a ligação entre não ser legal e ser um beta. Durante as duas horas seguintes, eu tive que ouvir que meus colegas eram arrogantes, prepotentes, grosseiros, presunçosos, insira aqui outra ofensa de sua preferência... Curiosa para saber se o caso era isolado ou geral, fui conversar com mais pessoas, para saber o que elas pensavam a respeito e, quase sempre, a resposta era a mesma: arrogantes, grosseiros, dá até medo de visualizar o perfil. Uma afirmou categoricamente: “EU ODEIO OS BETAS!” (em caixa alta e com exclamação). Decidi então que precisava desmistificar esse preconceito, e fiz questão de que as meninas me contassem o que exatamente elas não gostavam nos betas. Abaixo vou listar os cinco maiores motivos de ódio errôneo direcionado aos betas.


 1) “Eu não gosto dos betas, porque eles excluíram minha fanfic.” Sinto lhe dizer meu caro jovem, mas os betas não têm esse poder grandioso de excluir ou não uma fanfic. Quem cuida dessa parte são os staffs do site, que vale a pena lembrar, só excluem fanfics que infringem alguma regra de postagem ou conduta.


 2) “Ok, quem excluiu minha fanfic foram os staffs, mas tenho certeza de que foi um beta que denunciou!” As denúncias são feitas de maneira anônima, então, não, você não pode ter absoluta certeza de que foi um beta que denunciou. Quero ressaltar também que não existe peso maior: uma denúncia feita por um usuário do Nyah! vale e será devidamente respondida, do mesmo jeito que a de um beta. E, voltando para o item acima, só são excluídas as fanfics fora das regras.


 3) “Por que os betas não aceitam betar a minha fanfic?” Temos várias hipóteses aqui, mas vamos para a principal: você está fazendo isso correto? Tem certeza? Ao fim do artigo, deixarei o link do “Guia básico para encontrar um beta”, desenvolvido pela staff (e não beta) Kori Hime. Lá está tudo escrito bem bonitinho e, se você tiver paciência para ler, verá que algo estava errado das outras vezes que você enviou a MP.Vale a pena lembrar que um beta pode negar sua fanfic,simplesmente por achar que não combina com ele (por mais que todas as especificações de sua fanfic batam com as do classificado dele).


 4) “Os betas são arrogantes demais, nunca falaram comigo, não respondem minhas MPs, nunca me convidaram para jantar…”A Liga dos Betas é composta por quase 100 membros. Agora, pense em sua sala de aula. Se com quarenta pessoas é difícil se identificar e fazer amizade com todos, imagine em um site com o tamanho do Nyah!. Gostaria também de lembrar que nós da liga realizamos betagens, além da inúmeras atividades que já temos em nossas vidas, sendo assim, não ficamos 24h por dia online, fazendo amizades site afora. Mas, particularmente, não me importo de responder pessoas que falam comigo por MP. Provavelmente a maioria dos betas também não vão comer seus dedinhos à noite se você o fizer.


 5) “Tenho muito medo dos betas. Acho que, se for falar com eles, eles irão me humilhar ou excluir minha conta ou fanfic.”Não para todas as afirmações acima. A faixa escrita “Liga dos Betas” só nos dá habilitação de betar fanfics no site. Se cometemos irregularidades, somos punidos da mesma forma que qualquer usuário do site. Ou seja, esse medo é totalmente infundado. Novamente, excluir fanfics está fora do nosso poder. Quanto à humilhação, nenhum usuário do Nyah! tem esse direito. E, se um beta o fez, você deve relatar isso aos coordenadores da Liga. Só pedimos discernimento, pois uma denúncia é algo muito sério, e só deve ser feita se realmente necessária.


 Fazendo um resumo de tudo acima, a Liga dos Betas não é um conjunto de monstros canibais que querem exterminar todos os usuários do site. Nós somos monstrinhos legais, que só desejam o bem para sua estória. E, diferente do rótulo que temos hoje, somos super sociáveis, amigáveis e, esporadicamente, podemos até ser engraçados.



Links para consulta: Guia básico para encontrar um beta - http://fanfiction.com.br/noticia/256/guia_basico_para_encontrar_um_beta/ 

*Edição feita para trocar o nome do autor. Equivocadamente pensei que fosse a Elyon, mas na verdade foi a Carol F. Desculpem-me
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Resenhas - Desafio de férias do Nyah! (1/6)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014


No fim de 2013, foi feito um desafio natalino no Nyah! Fanfiction. Como prometido, a Liga dos Betas fez uma resenha para cada história no top 10 (além das duas menções honrosas) e elas serão postadas duas a duas, a partir de hoje. Recomendamos que leiam e comentem em todas. As histórias são ótimas!



1º lugar — Gaunt, por Lorde Noah

Resenha por Elyon Somniare 

Neste conto de Fantasia, Lorde Noah apresenta ao leitor uma alternativa ao mundo que conhecemos, onde criaturas míticas como o Pai Natal, fadas, cavalos-voadores, Coelho da Páscoa, entre outros não são apenas histórias contadas às crianças, mas, sim, factos cuja existência é de conhecimento geral. Este conceito como worldbuilding pode ser dos mais utilizados, mas nem por isso perde os seus encantos, especialmente quando é bem moldado e trabalho. E, aqui, podemos considerar que foi. O autor não apenas soube utilizar os elementos mitológicos certos no momento certo, como os fez credíveis e manejou para misturar o real com o imaginário. Pegando num excerto como exemplo, é possível ver que em “Quando sentiu fome, Grant [o cavalo alado] pediu que [Gaunt, o menino] arrancasse um único fio de sua crina prateada e o comesse. Quando Gaunt o arrancou, o fio tornou-se róseo e dourado, e quando o engoliu sua fome e sede desapareceram” temos elementos directamente tirados de contos de fadas. Não apenas o cavalo alado em si, mas a própria viagem na garupa do mesmo, assim como a ideia de “um único fio de sua crina” servir de alimento. Simultaneamente, na frase seguinte temos um reflexo das preocupações e prioridades de uma realidade capitalista: “Por isso que os cavalos alados eram tão admirados e respeitados pela indústria alimentícia mundial.” Um elemento intercala-se com outro. Dá-lhe seguimento e transporta uma sensação de verossimilhança ao leitor.

Este worldbuilding, contudo, não se limita apenas a ambientar a história. Além de o fazer, também se encontra directamente relacionado com o enredo: invejosos do sucesso do Pai Natal com os seres humanos, muitas das outras criaturas começam a sabotar os feriados, até os próprios, com intenção de culpabilizar o dito. Como consequência, a Existência é afectada pelos constantes desequilíbrios, e os Anciões, representados no conto por Alathea, veem-se na iminência de provocar o apocalipse e recomeçar do zero. Gaunt é o menino de dez anos a quem é dada a missão de levar uma caixa-mistério até ao Polo Norte antes do dia 14 de Janeiro, quando o apocalipse acontecerá. Uma vez tendo as premissas básicas do enredo, o leitor acompanha Gaunt na sua viagem. É, portanto, um conto de quest. Estrutura-se em torno de uma viagem-missão, algo também típico não só de contos de fadas, como de outros géneros literários – épicos, por exemplo –, onde usualmente o herói é ajudado por personagens secundárias (no caso, criaturas mitológicas) durante as diferentes etapas, e que no fim se conclui com um crescimento pessoal do herói.

Em relação às personagens, começarei pelo protagonista. Gaunt peca por um factor: nada nele indica, quer explícita quer implicitamente, o porquê de ser ele o escolhido. Simplesmente foi, o que leva à questão “por que ele e não outro?” Tirando este detalhe, um que cada vez mais se torna recorrente em ficção especulativa, Gaunt encontra-se bem construído. A sua caracterização é essencialmente implícita, o leitor compreende-o pelos seus actos e pelos seus pensamentos, sendo uns e outros consistentes com as suas falas. Comporta-se como alguém mais maduro do que uma criança de dez anos, mas sem ultrapassar os limites credíveis a uma criança que seja, de facto, madura para a idade.

As restantes personagens são essencialmente personagens planas. Encontram-se a representar algo ou um grupo em específico – neste caso, um grupo específico de criaturas míticas. Não demonstram uma evolução, e os seus sentimentos são relevados para segundo plano, expostos apenas quando e se necessário justificar algum comportamento ou reacção. Não quer isto dizer que falham na construção: qualquer um que tenha prestado atenção às aulas de Português sabe que uma história necessita sempre de dois tipos de personagens, as planas e as redondas. O ponto fulcral é que umas e outras cumpram a sua função na história, enquanto distraem o leitor da “falta de sal” que essa mesma função pode parecer ter quando se encontra demasiado evidente que a personagem se encontra no texto especificamente para isso. Em “Gaunt”, as personagens cumprem as suas funções enquanto divertem o leitor. O pouco que é dito sobre elas é o suficiente para lhes dar forma e consistência, tornando-as apreciáveis para a leitura – o chamado likable, do Inglês to like, gostar.

Por fim, a narrativa. Nas notas finais, o autor alega que a história é toda narrada pela Anciã Alathea. Vários autores recorrem a esse sistema, contudo, isso não impede que o ponto de vista mude, assim como o tipo de narrador. Deste modo, o começo e o fim da história encontram-se narrados na primeira pessoa, num narrador homodiegético, personagem da história mas não protagonista, enquanto no desenvolvimento da história o narrador é na terceira pessoa, heterodiegético. Em comum em todas as partes, temos a omnisciência do narrador. Ele sabe tudo o que se passa, inclusive mais do que o protagonista.

Excluindo uma ou duas gralhas, a escrita está genericamente boa. O autor sabe equilibrar os vários elementos de um texto de ficção, alternando entre diálogos, descrições e narração. A informação é doseada e dada em boa altura, evitando-se os blocos de informação cujo efeito se realiza mais em aborrecer o leitor do que em o informar. Os vocábulos são diversificados, não sendo demasiado rebuscados, nem demasiado simplistas. Aquilo que é dito e aquilo que é demonstrado ao leitor sobre o enredo, worldbuilding e personagens encontra-se doseado, sem cair em nenhum dos extremos.


Concluindo, é uma leitura que se recomenda. 



2º lugar — Pole of the Dead, por Goldfield

Resenha por LindaLua

Uma história narrada pelo ponto de vista do símbolo natalino mais conhecido do mundo: Papai Noel. Em uma espécie de diário, ele relata a vontade de mudar os conceitos dessa data, transformando o caráter materialista em algo voltado aos sentimentos, à realização de sonhos e à felicidade interior de cada pedido feito. Com esse pensamento, o “bom velhinho” usou das doações que recebeu em dinheiro durante todo o ano para contratar uma equipe de cientistas que tinha como objetivo descobrir uma espécie de “elixir da vida” capaz de reviver células mortas, reatar pontes de neurônios, eliminar tumores malignos e várias outras enfermidades cuja ciência ainda não é capaz de curar. Na noite de Natal, percorreria todos os hospitais, presenteado os enfermos.

Porém, um incidente com um frasco que continha uma substância nomeada de “Projeto X-MAS” foi derrubado acidentalmente por um dos cientistas. A substância se espalhou matando duendes para depois fazê-los ressurgir como zumbis que invadiram a mansão, mesmo estando protegidas pelos duendes sãos. Dentro da casa, tudo havia sido tomado e o único protegido dentro de um armário velho, acovardado demais para lutar, era Papai Noel.

O socorro chegou apenas no dia do Natal através de uma duende, Varna, que sozinha, em posse de uma arma de guerra poderosa, aniquilou alguns zumbis e foi ao encontro do velhinho, para em seguida pedirem resgate a OTAN.

Os dias foram passando, o ano novo chegou e ambos aguardando o socorro chegando até mesmo a lutar contra as renas infectadas pelo vírus para manterem-se vivos.

Uma narrativa completamente diferente do universo natalino que estamos acostumados a ler. Uma trama que envolve um mundo paralelo à realidade dos contos de Natal onde podemos nos envolver em um enredo que, ao mesmo tempo que arrepia, nos deixa apreensivos para o seu desenrolar. O que no início é apenas uma simples ideia de salvar pessoas, reconstruir família e trazer um novo sentido a data, se torna uma cena de horror e devastação tanto para o personagem principal da história, Papai Noel, quanto para o leitor.

O autor usa de pontos fortes em sua história, não esquecendo o contexto adulto para o qual foi escrita. O “bom velhinho” se derretendo de desejos pela bela figura da duende que salvara sua vida não é algo comum. E o restante de seus pequenos ajudantes virando monstros prontos para acabar com sua vida? E as renas dóceis que se tornaram animais desfigurados prontos para matar?

Envolvente e cheia de mistérios o texto prende a atenção do leitor do seu inicio até o final, e a leitura se torna uma prazer inigualável. 
  


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Dicas para escrever um bom drama, terror e angst [1/3]

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Por Holly Robin (Liga dos Betas)


Olá, queridinhos da Tia Holly! Estou aqui para guiá-los no entendimento de três gêneros que muitos escritores arrancam os cabelos para conseguir escrever. Terror, drama e angst. Pensei inicialmente em começar pelo terror, o favorito de muitos, mas, como o melhor sempre deve ficar para o final... Começaremos pelo drama. Então, preparados? Vamos lá!

No universo literário, uma boa história de drama é aquela onde os personagens não são apresentados na cena, eles atuam entre si e desenvolvem tudo através do diálogo. Seus fracassos a cada tentativa de resolver seus problemas é o que dá vida à história!

Compreendido o que é um drama e ultrapassado este pequeno obstáculo, vamos às dicas.


a)     Alguém tem que fazer a cena ficar dramática: Uma cena dramática não é aquela em que a garotinha perde o seu belo cachorrinho e começa a chorar. Não! Vamos pensar na cena dramática como aquela em que o personagem, não só o principal, mas qualquer outra pessoa, deve ter uma vontade simples, uma razão para aparecer na cena. Essa razão e necessidade precisam conduzir ao fracasso. Mas eu preciso fazer o meu personagem sofrer todo final de capítulo? Não, você pode colocar um equilíbrio entre cada cena, mas que todos os acontecimentos se sustentem de uma forma que não vá entediar o leitor. E esse é o assunto do nosso próximo bloco.

b)     Não deixe o leitor entediado: Mas como fazer isso? Muito simples, vamos evitar cenas em que dois personagens falam de um terceiro. Isso chateia o leitor, todo mundo. Não transformem suas histórias em um conto mexicano, onde todos se interessam mais pela vida de fulano ou beltrano.

c)     Não dê todas as informações de bandeja para o seu leitor: Um drama precisa ser seguido de uma boa pitada de suspense; não só o drama, qualquer gênero precisa disso para se sustentar. Ninguém irá querer ler algo em que ele já sabe o que irá acontecer. Atice a curiosidade das pessoas! Faça-as terem um motivo para gostarem do que leem.

d)     Quando for escrever, tente seguir três regrinhas básicas: Sei que cada um tem a sua forma própria de escrever, mas quando se trata de um drama, precisamos pensar em três perguntas básicas.

1 – Quem quer o quê?
2 – O que acontecerá se não o conseguir?
3 – Por que neste momento?

Estas três perguntinhas são uma boa base para o roteiro do seu capítulo e pode evitar possíveis furos e inconsistências no que escrevem. Nada pior do que passar horas escrevendo para, no fim, ver que a verossimilhança foi para o espaço.

e)     Fujam dos clichês! Nada pior do que ler uma história clichê e sem inovações. Tentem ser originais, óbvio que não dá para fugir de certas situações clichês que o público ama, mas isso não significa que toda a sua história precisa ser repetitiva.


    Espero que estas dicas ajudem vocês na construção de uma boa história de drama. Até a próxima, meus queridos. Na nossa próxima seção de dicas, teremos angst!

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Material consultado:

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Canetas vazam

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Por: Hairo Rodrigo



Seguindo o exemplo do meu ultimo post, que trouxe o escritor americano Elmore Leonard, venho agora trazer a vocês as regras para um escritor da renomada escritora canadense Margaret Atwood. Ela foi uma das escritoras que o jornal americano “The Guardian” entrevistou em 2010, pedindo que desse as suas próprias regras para escritores, em uma série de artigos inspirados pelas regras que eu trouxe da ultima vez. 

Seguindo o exemplo do “The Guardian” e com a benção da Liga dos Betas, esse é mais um de uma série de posts que busca trazer para vocês essas regras, que mais são dicas e ideias do que regras em si. É muito interessante observarmos como cada autor se porta perante essa arte que é escrever, e como cada um encara esse desafio. É legal entender também, que com cada lista de regras, eles acabam por provar que, na verdade, cada um de nós deve procurar as nossas próprias regras, com muita tentativa e experiência. 

Dessa vez Margaret nos mostra um pouco de seu estilo nos dando dicas diretas e práticas, assim como dicas filosóficas e até alarmantes para alguns. Para quem não a conhece, segue uma pequena introdução. 

Nascida em 1939, em Ottawa, Canadá, Margaret já publicou mais de setenta livros em sua longa carreira, e é reconhecidamente uma das mulheres romancistas mais influentes na literatura canadense, americana e inglesa. Escritora, poetisa, roteirista, contista e critica literária, sua obra é tão extensa quanto a sua lista de prêmios literários. Seu talento foi tão reconhecido que seu nome consta em uma seleta lista de canadenses a receber a “Ordem do Canadá”, nada menos do que a mais alta distinção existente naquele país. Atualmente ela vem trabalhando em algo que nunca antes tentou: uma ópera, que está marcada para estrear em 2014, tocada pela orquestra de Vancouver. 

Segue então a minha humilde tradução das regras e dicas que essa experiente e talentosa mulher deixa para nós. Espero que possam aproveitá-las tanto quanto eu: 



“1 – Tenha um lápis para escrever em aviões. As canetas vazam. Mas se um lápis quebrar, você não vai poder aponta-lo no avião, porque você não pode levar nenhum tipo de lamina com você. Logo: Tenha dois lápis. 

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2 – Se os dois lápis quebrarem, você pode tentar apontá-los com um cortador de unhas de metal ou de plástico. 

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3 – Leve alguma coisa em que possa escrever. Papel é bom. Num momento de necessidade, pedaços de madeira ou o seu braço servem. 

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4 – Se você está usando um computador, sempre salve uma cópia do seu texto em um pen-drive. 

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5 – Faça exercícios para as costas. A dor distrai. 

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6 – Prenda a atenção do leitor (isso tende a funcionar melhor se você conseguir prender a sua própria atenção). Mas como você não sabe quem é o leitor, é como tentar matar um peixe com um estilingue no escuro. O que fascina A vai encher o saco de B. 

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7 – Você provavelmente vai precisar de um thesaurus, um livro de gramatica básica e os dois pés fincados no chão. Esse ultimo quer dizer: Não tem comida de graça. Escrever é um trabalho. Também é uma aposta. Você não ganha uma aposentadoria. Outras pessoas até podem te ajudar um pouco, mas essencialmente você está por sua conta. Ninguém está te obrigando a fazer isso. Você escolhe, então não reclame. 

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8 – Você nunca vai poder ler o seu livro com o sentimento de ansiedade inocente que vem com aquela deliciosa primeira pagina de um livro novo, porque você escreveu aquilo. Você esteve nos bastidores. Você viu como que os coelhos foram colocados dentro das cartolas. Logo, peça para um amigo ou dois darem uma olhada no seu trabalho antes de dar a alguém para publicá-lo. Esse amigo não deve ser alguém com quem você tenha um relacionamento romântico, a não ser que você queira terminar. 

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9 – Não pare e sente no meio da floresta. Se você está perdido na trama ou sente um bloqueio, refaça os seus passos até encontrar onde errou. E então vá por outro caminho. E/ou mude a pessoa. Mude o tempo verbal. Mude a primeira pagina. 

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10 – Rezar pode ajudar. Ou então ler alguma outra coisa. Ou a constante visualização do Santo Graal que é a versão terminada e publicada do seu maravilhoso trabalho.” 

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Fontes consultadas: 

ATWOOD,Margaret; “Margaret Atwood’s rules for writers”; TheGuardian; publicado em 22/02/2010; Disponível em: http://www.theguardian.com/books/2010/feb/22/margaret-atwood-rules-for-writers

???; “Margaret Atwood Biography”; Bio USA.; Publicado em 2013; Disponível em: http://www.biography.com/people/margaret-atwood-9191928



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