Figuras de Linguagem

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

*Nota: as resenhas do 5º e 6º lugares do desafio do Nyah! Fanfiction deveriam ser postadas hoje, mas resolvemos passar o post para segunda.



Por: Sahky Uchiha (Liga dos Betas)


Olá, queridos autores, eu sou a Sahky Uchiha e entrei recentemente na Liga dos Betas. Hoje vou compartilhar com vocês um assunto que eu verdadeiramente adoro. Sim, foi amor à primeira vista, e espero que eu possa despertar o interesse de vocês.


O meu tema amado são as figuras de linguagem. 


Mas por que elas despertam tanto o seu interesse, Sahky?


É simples, gente, as figuras são algo que nós dizemos constantemente, mesmo não percebendo. Ainda estão confusos? Vamos lá, quem nunca, pelo menos uma vez na vida, foi irônico? Vocês sabiam que a ironia é uma figura de linguagem? E quando nós exageramos e falamos, por exemplo: “Ah! Eu chorei rios de lágrimas”? Sim, isso também é uma figura de linguagem. Até o rei Roberto Carlos usou uma, quando falou em uma de suas músicas: “Meu cachorro me sorriu latindo”.

Ah! Agora vocês perceberam por que elas são tão importantes, não é? Estão no nosso dia-a-dia, em cada momento de nossas vidas, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Nossa, acho que me empolguei, isso soou como os votos do casamento e até nesses votos nós temos uma figura de linguagem.


Mas, afinal, o que é essa tal de linguagem figurada?


São construções que transformam o significado da palavra para tirar dela um maior efeito ou para construir uma mensagem nova. Elas são usadas para dar maior ênfase a uma determinada construção.

As figuras se subdividem em quatro grupos. Estes são:



1. Figuras de pensamento

São conhecidos por esse nome os recursos estilísticos utilizados para incrementar o significado das palavras no seu aspecto semântico. Elas são:


  • Prosopopeia ou Personificação ― Consiste na atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais ou inanimados. 

Ex: O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia.

  • Gradação ― Consiste em dispor as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente. Quando a progressão é ascendente, temos o clímax; quando é descendente, o anticlímax. 

Ex.: "Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor." (Olavo Bilac)

  • Hipérbole ― Expressão intencionalmente exagerada com o intuito de realçar uma ideia, proporcionando uma imagem emocionante e de impacto.

Ex.: “Sonhava com milhões de estrelas iluminando a tua casa” (Clarice Lispector)


  • Ironia ― Consiste em exprimir, seja por meio do contexto, pela contradição de termos ou pela entonação, o contrário do que realmente se encontra demarcado no discurso, cuja intenção é a de tão somente satirizar ou ridicularizar um dado pensamento.


Ex.: Aquele garoto é um anjo, vive arrumando confusões e se metendo em encrencas.

  • Eufemismo ― Consiste em empregar uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante.


Ex.: Ele foi para o reino de Deus.
>>> Note que essa frase foi uma atenuação da expressão: “Ele morreu”.

  • Antítese ― É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. O contraste que se estabelece serve para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos, o que não ocorreria com a exposição isolada dos mesmos.

Ex.: Viverei para sempre ou morrerei tentando.


  • Paradoxo ― É uma proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo.

Ex.: "Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer"
(Camões)


  • Apóstrofe ― Essa figura é demarcada pela invocação de uma pessoa ou algo, sejam estes reais ou imaginários. Sintaticamente falando, representa o vocativo, cuja manifestação confere um caráter enfático ao discurso.

Ex.: "Deus! ó Deus! Onde estás, que não respondes?" (Castro Alves)



2. Figuras de som


São as figuras cujos efeitos se voltam para a repetição de sons, como, por exemplo, a repetição de uma vogal ou de uma consoante, ou ainda quando a intenção é imitar os sons produzidos por coisas ou seres.


  • Aliteração ― Consiste na repetição proposital e ordenada de sons consonantais idênticos ou semelhantes. O efeito serve para reforçar a ideia que se quer transmitir.

Ex.: “Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
(Cruz e Souza)
>>> Neste exemplo percebemos a repetição do fonema sonoro “V”, que nos remete a ideia do sussurro do vento.


  • Assonância ― Consiste na repetição de sons vocálicos em sílabas tônicas de palavras distintas ou naquelas contidas numa mesma frase, cujo intuito é provocar efeitos de estilo.
Ex.: “A linha feminina é carimá
Moqueca, pititinga, caruru
Mingau de puba, e vinho de caju
Pisado num pilão de Piraguá”
(Gregório de Matos)
>>> Perceba que, além da aliteração, existem sons vocálicos usados repetidamente: a,i, u.


  • Paronomásia ― É o uso de sons semelhantes em palavras próximas.

Ex.:“Aquela cativa
que me tem cativo,
porque nela vivo
já não quer que viva.”
(Camões)


  • Onomatopeia ― É a representação de certos sons produzidos por animais ou coisas, ou mesmo de certos sons humanos. É amplamente utilizada em histórias em quadrinhos e poemas.

Ex.: Os apaixonados amam escutar o tum-tum do coração do ser amado, mas não suportam ouvir o tic-tac indicando que o tempo está passando, e não se ouve nem o triiimm do telefone, nem o blin blong da campainha. Nesta hora, as lágrimas são inevitáveis e o buááá é ouvido de longe. Entretanto, basta um biii biii, que o coração já faz hahaha.. E o final da cena, todos conhecem, um beijo apaixonado chuac.


3. Figuras de palavra


As figuras de palavras (ou tropos) se caracterizam por apresentar uma mudança, substituição ou transposição do sentido real da palavra, para assumir um sentido figurado mediante o contexto.


  • Comparação ― Consiste em identificar dois elementos a partir de uma característica comum.

Ex.: “Meu primo é belo como um Adônis.” (Lygia Fagundes Telles)
“Tio Dácio parecia bravo que nem fera.” (Alcântara Machado)


  • Metáfora ― É o resultado de uma comparação mental. Nela não aparece termos de comparação (como, que nem, feito) explícito.

Ex.: “Meu primo é um Adônis.”
“Tio Dácio era uma fera!”


  • Catacrese ― Costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original.

Ex.: Asa da xícara.
Pé da mesa.
Batata da perna.


  • Metonímia ― Consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo:

1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) 
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.) 
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.) 
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.) 
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno.) 
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.) 
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.) 
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores.) 
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente.) 
10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.) 
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.) 
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone.) 
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.)


  • Perífrase ― Consiste no uso de uma expressão que designa um determinado ser por intermédio de alguma de suas características ou por meio de um determinado fato que o fez ser conhecido entre todos.

Ex.: Hoje a cidade-luz estava ainda mais radiante.

>>> Perceba que quando se diz “cidade-luz” está se referindo a Paris.



4. Figuras de construção ou sintaxe

São assim chamadas por que apresentam algum tipo de modificação na estrutura da oração.

  • Anáfora ― se caracteriza pela repetição intencional de um termo no início de um período, frase ou verso.

Ex.: “Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.”
(Manuel Bandeira)


  • Polissíndeto ― Consiste na repetição de uma conjunção (quase sempre a aditiva e) no inicio da oração.

Ex.: Vão-se as nuvens da aurora
e só ficam as palhas
e os espinhos das rosas.
Ai, que berram as cabras,
e não posso feri-las,
e não posso enxotá-las”
(Cecília Meireles)


  • Assíndeto ― Diferentemente do que ocorre no polissíndeto, manifestado pela repetição da conjunção, no assíndeto ocorre a omissão deste.

Ex.: Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
"Vim, vi, venci." (Júlio César)

  • Anacoluto ― Se caracteriza pela interrupção da sequência lógica do pensamento, ou seja, em termos sintáticos, afirma-se que há uma mudança na construção do período, deixando algum termo desligado do restante dos elementos. 

Ex.: “A filha dele, a mãe era muito mais alta e mais encorpada.” (José Lins do Rego)

Hipérbato ou Inversão ― Consiste na inversão da ordem direta dos termos da oração.


Ex.: “Tão fatigada vinhas e tão cansada” (Olavo Bilac)

(Ordem direta = Vinhas tão fatigada e tão cansada)



  • Pleonasmo ― É a repetição de um termo para reforçar seu significado.

Ex.: “A mim resta-me a derrota.
Os despojos eu os guardei zelosamente numa urna.” (Pedro Nava)


  • Elipse ― Caracteriza-se pela omissão de um termo na oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente identificado pelo contexto.

Ex.: Fomos à tarde, chegamos de noite.
>>> Veja que houve a omissão do “nós”. A frase sem a figura ficaria: “Nós fomos à tarde, nós chegamos de noite”


  • Zeugma ― Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão de um termo já expresso no discurso.

Ex.: Maria gosta de matemática, eu, de português.
>>> Perceba que houve a omissão do verbo gostar. (Maria gosta de matemática, eu gosto de português).



É isso, gente, espero que tenham gostado. Agora é só incrementar seus textos com as figuras de linguagem. Cuidado, como tudo na vida, apliquem-nas com moderação.

Até a próxima!


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Material utilizado:

CAMPEDELLI, S. Y.; SOUZA, J. B. Literatura, Produção de textos & Gramática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática contemporânea: teoria e prática. 1. Ed. São Paulo: Escala educacional, 2006.

DUARTE, V. Figuras de pensamento. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/gramatica/figuras-pensamento.htm>. Acesso em: 28 jan. 2014.

DUARTE, V. Figuras de som ou de harmonia. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/gramatica/figuras-som-ou-harmonia.htm>. Acesso em: 28 jan. 2014.

DUARTE, V. Figuras de construção ou sintaxe. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/gramatica/figuras-construcao-ou-sintaxe.htm>. Acesso em: 28 jan. 2014.

PAVAN, M. G. R. Onomatopeia. Disponível em: < http://www.portugues.com.br/gramatica/onomatopeia.html>. Acesso em: 28 jan. 2014.

SANTOS, P. P. Figuras de palavra. Disponível em: < http://www.infoescola.com/portugues/figuras-de-palavras/>. Acesso em: 28 jan. 2014.

Só Português, Figuras de linguagem. Disponível em: < http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.php>. Acesso em: 28 jan. 2014.

SANTIAGO, E. Figuras de pensamento. Disponível em: < http://www.infoescola.com/portugues/figuras-de-pensamento/>. Acesso em: 29 jan. 2014.

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