Katie MacAlister: o segredo para planejar uma carreira de escritor profissional

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Tradução por: Ann Vinyso

O primeiro passo para o sucesso é elaborar um plano de ação e ter a capacidade de incorporá-lo em nossa vida diária. Propor a si mesmo uma meta, definir um prazo razoável para cumpri-la e – talvez o mais difícil de tudo – pô-la em prática.
Katie MacAlister, autora de Nobre Destino e Dragões de Prata, explica-nos seus 5 passos essenciais para planejar nossas carreiras como escritores profissionais.
  1. Em primeiro lugar, você deve saber claramente quais são suas aspirações.
Responda com toda a honestidade às seguintes perguntas:
- Que tipo de carreira quer seguir? Uma de curto ou longo prazo?
- Você se conformaria em publicar apenas um livro?
- Pensa em escrever uma série ou livros independentes?
- Você prefere desenvolver o seu trabalho dentro de um determinado gênero ou está disposto(a) a abordar múltiplos gêneros?
  1. Seja realista em suas expectativas financeiras.
Você espera ganhar a vida escrevendo ou considerará o dinheiro que pode ganhar como escritor(a) apenas como um complemento ao seu salário?
Além disso, é realmente importante para você ver seus livros nas prateleiras das livrarias? Aceitaria desenvolver a sua carreira através de meios alternativos de publicação (no meio digital, autopublicação, etc.)?
  1. Conheça bem suas habilidades e limites.
Quantos livros pode escreve emr um ano? Quanto tempo você pode se dedicar a escrever sem prejudicar sua vida familiar?
Você é capaz de realizar múltiplas tarefas simultaneamente (exemplo: escrever um original enquanto edita um segundo livro e promove um terceiro)?
  1. Decida se vai contar com a ajuda de uma equipe de apoio.
Tem um agente literário? Você se propõe a encontrar um ou vai se ocupar sozinho(a) na tarefa de divulgar o seu trabalho?
Sua família e amigos estão cientes de seus objetivos literários? Você pretende envolvê-los e contar com a ajuda deles ou prefere mantê-los fora disso?
  1. Defina a sua ideia de sucesso.
Todo mundo tem sua própria ideia de êxito. Quanto mais precisa for a sua ideia, melhor saberá medir o tempo e o trabalho que precisa para materializá-la.
Você considera um sucesso ver seus livros publicados, estar incluído nas listas de autores famosos, ter leitores em todo o mundo, tornar-se um best-seller?

Os níveis de trabalho e persistência variam de acordo com o tamanho dos seus sonhos.
Lembre-se de que todo projeto tem uma data de validade. Atualize seu plano profissional à medida que for alcançando os seus objetivos. Reveja suas ideias, reavalie a direção de seus esforços, se livre do que não lhe serve mais e proponha-se novos desafios.
Mas uma vez que você decidir qual o seu plano, siga-o até as últimas consequências. Essa é a verdadeira chave para o sucesso de qualquer escritor profissional.


ᴥ Publicação original por Lilly Cantara, “Katie Macalister: 5 claves para planear una carrera de escritora profesional”, consultado em abril de 2015. Disponível em: http://www.escriberomantica.com/2010/08/katie-macalister-5-claves-para-planear.html
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Como escrever um crossover bem elaborado

terça-feira, 21 de abril de 2015

Por: MrsPorcelain


Olá, meus anjos. Como vão? Eu espero que bem. Meu nome é Adriana, mas vocês podem chamar-me Angel, Adry, Dri ou qualquer um dos mil variantes que possam surgir.

O tema principal da minha postagem é um gênero de fanfics que muita gente vem adorando (ou abominando) na agora vasta história das fanfics. E, não, minha gente, não é hentai (risos). Hoje vou falar sobre os crossovers.

Há fanfics mal classificadas, quer sejam fanfics que abordem este gênero e não o tenham na classificação ou vice-versa. Existe algo melhor do que o Google para responder a essa pergunta? A Wikipedia define um crossover como:

“Fanfics onde se misturam universos (fandoms) diferentes.”

Parece que optaram por simplificar. De fato, um crossover é, sim, uma fanfic onde dois universos se misturam. Mas será que um crossover é só jogar Harry Potter e Percy Jackson na Arena e esperar os comentários? A página de ajuda do Nyah define um crossover como:

“História que mistura personagens de núcleos diferentes, fazendo-os interagir entre eles.” 

Um crossover é uma fanfic onde você mistura dois ou mais universos diferentes, fazendo-os interagir entre si. Não só os personagens, mas as histórias, os enredos, os acontecimentos e os fatos. Afinal, você espera que seus leitores simplesmente entendam por que raios há mil espécies diferentes de lobisomens se você resolver misturar Crepúsculo, The Vampire Diaries, Harry Potter e Teen Wolf?

O ponto não é só jogar as histórias no caldeirão, mexer um pouco… et voilá. Você tem que encontrar um ponto intermédio entre todas as histórias que faça com que não pareça que você está misturando elas. A ideia de um crossover bem elaborado é que você leia e pense “Poxa, isso poderia mesmo ser assim!”. Se você não achar esse ponto, crie um! Você já deve estar cansado de ouvir que o céu é o limite, não é mesmo? Pois bem, mas tem gente que até já chegou à lua! (admito que peguei essa frase do Facebook –q) Mas pense bem: se uma história (um livro, uma série, etc) já tem milhares de enredos possíveis para você criar e explorar, imagine duas ou três! Você só precisa encontrar um jeito de fundir esses enredos num.

Primeiro, você deve começar decidindo que categorias você vai misturar. A dica é, se este for seu primeiro crossover, não sair misturando mil categorias ou usando-as para cobrir possíveis falhas no enredo. Decidiu que categorias quer no seu crossover? Ótimo. Agora você precisa de uma ideia. Não faça um resumo enorme, não por agora. Estabeleça apenas a base da sua ideia. Não basta dizer “Eu quero misturar essa categoria e essa, e seja o que Deus quiser”. Você não diz “Quero escrever uma fanfic de Harry Potter, e seja o que Deus quiser”, certo? Você precisa de uma ideia base, precisa decidir um tema e criar o seu enredo.

Após decidir a sua ideia base, decida o cenário. Você quer fazer uma fanfic onde Percy Jackson e Hermione Granger ficam juntos, namoram, casam e têm filhinhos? Ótimo, e onde isso acontece? Outra coisa que você tem que decidir e estabelecer é o porquê das personagens estarem nesse sítio. É claro que você não precisa explicar o porquê de Hermione estar em Hogwarts mas, se Percy foi para lá também, como isso aconteceu?

Outro ponto importante do seu crossover serão as personagens. Como elas se vão relacionar? Não basta simplesmente as juntar como se fossem melhores amigas de infância, você precisa explorar pontos da personalidade de cada um, os pontos que podem fazer eles se amarem e os pontos que podem fazer eles se tornarem inimigos mortais.

Se você reparar, na maioria das sagas, as personagens principais têm personalidades semelhantes (a maioria é leal, altruísta e tem complexo de herói). Ninguém está esperando que eles se vão dar bem de cara, na maioria das vezes, personalidades semelhantes chocam, sim. Então explore isso. Explore as diferenças e as semelhanças das personagens, tendo em conta qual você acha que seria a relação deles se os autores realmente os juntassem.

A partir do momento em que você junta dois universos numa fanfic, é um crossover. Você pode até fazer um Talk Show de Percy Jackson e Harry Potter onde a cada duas linhas você vai acrescentar uma (N/A) e uma (N/personagem) que ficará brigando com a autora (você), e será um crossover. Mas esta postagem é sobre como fazer um crossover bem elaborado.

Eu reuni opiniões de algumas autoras amigas. Uma delas me disse que: “Um crossover bom tenho que ter um ponto forte que une as histórias. Que faça ter sentido elas se unirem.” E eu realmente concordo com isso. Não é sobre juntar as histórias e sim sobre criar um sentido para essa junção. Você tem que fazer com que o leitor não sinta que você está misturando as histórias, mesmo que ele saiba, sim, que são histórias distintas.

Deite atenção ao jeito como as personagens de conectam, como os enredos se cruzam e como você vai explicar a junção. Decida as relações entre personagens, crie tramas e desenvolva explicações. Tente não deixar nenhuma ponta solta e explique tudo o que pode confundir os seus leitores ou deixar alguma gafe na história.

Uma boa dica, não só para os crossovers, mas para todas as histórias, é apontar tudo. Se tiver alguma ideia, esteja onde estiver, escreva ela. Desenvolva cada detalhe da sua história e, no final, se coloque no papel do leitor. Você leria aquela história? Se sim, ótimo. Se não, tente ver o que está faltando. Um beta pode te ajudar, apesar de ele não ir decidir nada por você. E, se precisar pesquisar, pesquise. Você pode encontrar ótimas fontes de informação sobre livros, séries e etc na internet, então pesquise. Às vezes, os mínimos detalhes – aqueles que ninguém lembra – podem ser os pontos perfeitos para fundir as histórias.

Um crossover não é diferente de qualquer outro gênero – ou, pelo menos, não devia ser. Alguns gêneros são mais difíceis de escrever que outro, e há sempre pessoas que não gostam deles. Mas assim como não deveria haver “bullying” com hentais ou lemons, também não deveria haver com crossovers. A diferença nem é muita, eles apenas precisam ser bem feitos, no final de contas.

E é isso, eu acho; espero que a postagem te possa ajudar. Até mais!

F O N T E S

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30 dicas bem humoradas para melhorar a sua escrita

quarta-feira, 15 de abril de 2015
Por: Takahiro Haruka



Nenhum de nós nasceu sabendo. O processo de aprendizagem é longo, podendo durar a vida inteira. Uns têm mais facilidade em aprender, outros têm menos, mas o importante é seguir tentando. E existe uma maneira melhor de aprender do que se divertindo? O post de hoje trás 30 dicas bem-humoradas, escritas por João Pedro, professor na UNICAMP, que irão instruí-lo de modo divertido e na prática. Vamos conferir:


1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.

2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.

3. Anule aliterações altamente abusivas.

4. não esqueça as maiúsculas no início das frases.

5. Evite lugares-comuns como “o diabo foge da cruz”.

6. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou? ... então valeu!

9. Palavras de baixo calão podem transformar o seu texto numa m...

10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.

11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem ideias próprias".

13. Frases incompletas podem causar.

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma ideia várias vezes.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação.

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.

21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!”

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!

25. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da ideia nelas contida e, por conterem mais do que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-las nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.

27. Seja incisivo e coerente, ou não.

28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambiguidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza de que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.

29. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras! ... nada de mandar esse trem...  vixi... entendeu bichinho?

30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar, já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

Professor João Pedro da UNICAMP


* Texto betado, corrigido, revisado e adaptado ao Novo Acordo Ortográfico.




Fonte: Jornal Conversa Pessoal – Secretaria de Recursos Humanos do Senado Federal
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Resenha: Meu pequeno demônio

sábado, 11 de abril de 2015

Resenha por Camy


ÁLAMO, Alice – Meu Pequeno Demónio, Paracatu – Minas Gerais, Buriti, 2015

Sinopse: Demônio? Sim, posso chamar assim a vontade que me domina, que me faz desejá-lo mais do que o permitido. A culpa não é só minha. Ele também fez sua parte, contribuiu para que esse sentimento evoluísse, permitiu que eu visse algo além de carinho em seu sorriso. O problema? Ele é meu irmão mais velho.
Resenha: Em "Meu pequeno Demônio", a personagem principal, Lucius, conta, em uma espécie de diário – mesmo que ele se negue a chamá-lo desse jeito –, sobre o relacionamento amoroso com seu irmão mais velho, Micael. É um texto muito bem escrito e intrigante, que quebra muitos dos tabus comuns da sociedade atual. O homossexualismo e o incesto são os principais, entretanto há também a promiscuidade – como diz o próprio personagem – e um relacionamento entre indivíduos de idades diferentes.
O livro é extremamente rápido de ser lido, tanto por não ser muito longo quanto por ser narrado em primeira pessoa. Consequentemente, o texto é quase um monólogo, e os termos utilizados são de fácil entendimento. O mais interessante foi a perspicácia da autora que, além de escrever as cenas de sexo com uma maestria invejável, conseguiu não exagerar. Em alguns momentos a cena era rápida, não mais do que duas ou três páginas; ou seja, indicava que a relação sexual acontecera, mas não que ela fora excepcionalmente importante para a personagem. Em outros momentos, quando acontecia com aquele alguém em especial, a narrativa era mais lenta, indicando que aquele momento era mais importante. Típico de quem escreve, é claro; as cenas mais ansiadas pelo escritor são descritas de maneira mais lenta, como se ele apreciasse cada segundo. Em outros momentos, escreve-se mais rápido, pois anseia-se chegar em outra parte da narrativa. E isso ela passou muito bem. Como o narrador é o Lucius, então é perceptível quando um acontecimento – não necessariamente o sexo – foi (ou deixou de ser) significativo para ele.
Também é válido de nota que o enredo não é nada clichê. O início dá a entender que a personagem vai tomar o rumo que muitos dos protagonistas em histórias heterossexuais tomam, e então a autora mostra que o texto não é nada clichê. As reviravoltas e surpresas que se sucedem no início são de tirar o fôlego, e é incrível como nunca se sabe qual será o próximo acontecimento.
As personagens, à exceção de Lucius, Micael e Adrian ­– padrinho de Lucius – pareceram um pouco superficiais. Provavelmente foi a intenção, pois, em diários, ninguém descreve detalhadamente sobre cada pessoa que lhe rodeia, entretanto, a antagonista deixou um pouco a desejar. Ela não parecia ter um motivo pertinente para fazer tudo o que fez; era como se ela existisse apenas para prejudicar os principais. Amanda não tinha qualidades visíveis, tampouco um contexto para resolver causar todos aqueles problemas. Talvez a própria personagem a visse dessa forma e, por essa razão, a tenha descrito assim. Talvez, mas não há como saber. Um pequeno aprofundamento sobre ela seria necessário.
À exceção disso, o livro é maravilhoso. A escrita é bem-desenvolvida e o texto é coeso, tornando a leitura muito fluida. Recomendado com louvor, diga-se de passagem. Com certeza, esse já está na lista dos favoritos.
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Entrevista: Alice Álamo

segunda-feira, 6 de abril de 2015


Liga dos Betas (LB): Olá, Alice. Antes de mais, obrigada por teres aceitado esta entrevista ao blog da Liga, apesar de desejares manter uma certa reserva em relação a ti mesma. A primeira pergunta tem exatamente a ver com isso: Alice Álamo é um pseudónimo, correcto? Por que decidiste adoptar um?

Alice Álamo (AA): Oi, Liga! Eu que agradeço o carinho de vocês e a entrevista. Sim, Alice Álamo é um pseudônimo. Eu pensei muito antes de tomar essa decisão, para ser sincera. Apesar de querer muito o meu verdadeiro nome no livro e quase não conseguir conter a vontade de dizer para todo mundo que tinha escrito um, eu realmente notei que o pseudônimo me daria mais liberdade para tratar de temas polêmicos sem ter que me justificar para amigos ou familiares.

LB: Esses temas polémicos que são tratados no teu livro, Meu Pequeno Demónio, são yaoi e incesto, correcto? Já ficou evidente o que esperarias de amigos e familiares caso soubessem, mas qual a recepção que esperas ter do público em geral?

AA: Sim, os temas polêmicos do livro são o Yaoi e o Incesto entre irmãos. Eu espero, acho, o que todo autor deseja: despertar o sentimento. Curiosidade, incredulidade, aceitação, negação. Eu espero, por meio de um romance, trazer uma reflexão ao leitor, fazer com que ele ao menos pense nesses temas com uma visão diferente do senso comum. Quanto ao que esperava dos meus amigos e parentes, fui totalmente equivocada. Todos aceitaram muito bem a notícia e ficaram orgulhosos de mim (se bem que ainda nenhum deles leu o livro ~risos~).

LB: É das coisas boas de trazer os nossos trabalhos à luz do dia, acabamos por nos surpreender com o apoio que recebemos. Recuando agora um pouco às origens, por que começaste a escrever?

AA: Totalmente influenciada pela minha irmã. Minha irmã lia fanfics de Harry Potter e eu sempre fiquei curiosa sobre isso. Comecei então a ler fanfic. Quando ela escrevia os seus textos, eu sempre lia e acabei querendo escrever também. Entretanto vi que não tinha nenhum talento para fanfics de Harry Potter. Essa época coincidiu com a estreia de Naruto na televisão, e eu me identifiquei com o fandom. Acho que em 2008 eu lancei minha primeira fic de Naruto no site NarutoImagensV3. Eu nem sabia da existência do Nyah ainda! (risos)

LB: Ainda te lembras da sensação de quando publicaste essa primeira fic de Naruto? Como se compara com a sensação que tens hoje, a publicar as tuas histórias no Nyah, e agora também o teu livro em mercado editorial?

AA: A sensação da primeira fanfic nunca se esquece, né? Era uma história bobinha, mas que foi muito bem aceita. Eu lembro que o site era pequeno, então todo mundo lia e comentava as fics de todo mundo. Foi uma das fics mais divertidas de se escrever. Hoje a sensação é diferente. Continua sendo uma maravilha escrever, receber comentários e responder, interagir com os leitores sempre foi a parte que eu mais gostei. Porém acho que as fanfics criaram uma importância maior, eu levo mais tempo para desenvolver o enredo, me preocupo mais com o psicológico das personagens. Coisas em que você não pensa muito na sua primeira fanfic. O livro dá medo. Acho que essa é a sensação mais forte quando se ingressa no mercado editorial. É medo de recusarem, da editora mudar de ideia, de não conseguir uma capa boa, de decepcionar os leitores, dentre outros! Mas ainda assim é maravilhoso o sentimento de realização, de vitória.

LB: Quase parece que houve uma gradação de sentimentos à medida que avançavas enquanto escritora. E como foi o processo de tornar a fiction que tinhas publicada no Nyah num livro? Houve apoio da editora, a Buriti, tanto nessa transformação, como mais tarde, com o processo de publicação em si?

AA: Acho que foi sim uma gradação. Gosto disso. A fic Meu Pequeno Demônio me chamou muito a atenção. Eu não tive a ideia de publicá-la como livro até que o número de comentários, visualizações e recomendações extrapolaram muito as minhas expectativas. Quando eu percebi, a fic já tinha mais de 10.000 visualizações e umas nove recomendações! Eu nunca achei que conseguiria tanto. Comentei com a minha irmã sobre a ideia de publicar, e ela, que é uma pessoa super crítica, adorou a ideia. Nisso, eu revisei a fic, alterei os nomes e fiz pequenas modificações estruturais. Mandei para quatro editoras, se eu não me engano. Mais uma vez, fiquei chocada com o resultado quando três delas aceitaram. A Buriti foi a escolhida porque foi a editora que me deu mais liberdade: pude usar o pseudônimo e escolher eu mesma a capista. O processo de publicação foi simples e muito bem feito. Assim que assinei o contrato, o texto passou por uma revisão (a qual, pelo contrato, estava proibida de qualquer tipo de censura ou alteração não autorizada por mim) e depois disso, quando a capa feita pela capista Marina Ávila estava pronta, começou a diagramação. O processo todo levou cerca de apenas três meses! No começo de Janeiro, eu soube que o livro já entraria em pré-venda.

LB: Existe alguma diferença significativa entre tu escritora-de-fics e tu escritora-de-livros?

AA: Acho que não. Muitos me aconselharam a alterar muitas coisas no livro porque eram "aceitáveis só nas fanfictions", mas ignorei todos (risos). Não acho que fanfics e livros sejam tão diferentes. Já li fanfics melhores que muitos livros e não eram da categoria "Originais". Creio que quem altera a própria obra por isso está se censurando, querendo se enquadrar no que imagina ser mais aceito pela sociedade. Como eu disse, quis incomodar, e sei que, para os não acostumados com Yaoi, vai ser sim um incômodo, o meu livro.

LB: Focando-nos agora mais no processo de escrita, houve momentos complicados durante a escrita de Meu Pequeno Demónio? Costumam ser gerais à tua escrita, ou prenderam-se com esta história em específico?
AA: Sim, houve dificuldades. Eu não imagino a escrita sem dificuldades. Teve momentos em que eu simplesmente não sabia mais que rumo dar à história e cheguei a ficar meses sem postar um novo capítulo. Entretanto eu li uma entrevista, não me lembro do autor agora, em que o escritor disse que nunca estava inspirado para escrever seus livros. Adicionou ainda que dava mais valor aos capítulos que escrevia contra sua vontade do que aos que escrevia inspirado, pois dos capítulos movidos por surtos criativos ele não se lembrava depois de uma ou duas semanas, mas daqueles em que perdera horas tentando escrever ao menos mil palavras, desses ele se recordava e se orgulhava de ter escrito. Adotei esse estilo! Em todas as minhas histórias, eu tenho momentos de bloqueio. É algo muito comum para mim, porém agora eu simplesmente continuo escrevendo até fechar o capítulo.

LB: E o processo de revisão? Preferes fazer tudo sozinha, ou costumas recorrer a um beta ou a um revisor?

AA: Depende muito. Eu reconheço, e muito, o trabalho de um beta e um revisor. Eu gosto de recorrer aos betas para as fics one-shots. Para as long-fics, eu sofro. Toda vez que precisei de um beta para fandom Naruto, gênero Yaoi com Incesto, nunca achei alguém disponível. Mas eu aprecio muito ter minhas fics betadas! Acho maravilhoso postar um texto limpo, sabe? Apesar dos puxões de orelha da minha querida Anne L, eu adorava quando ela betava minhas fics!

LB: E a tua faceta como leitora? Gostas de ler fanfics?

AA: Sou apaixonada. Meu pai sempre achou que fosse algo passageiro, mas não consigo parar de lê-las. Eu considero um site de fanfics uma escola de artes. Ele abre possibilidades, eu acho que nunca saberia que podia escrever se eu não tivesse começado pelas fanfics. Além disso, acho incrível como o ser humano pode criar tantas situações e universos diferentes! Eu sempre me surpreendo lendo, vendo enredos que eu nunca seria capaz de desenvolver, sabe? Sem contar nos mais diferentes pontos de vista com os quais entramos em contato. Ler fanfics para mim é sempre divertido e impressionante.

LB: Chegou a vez da última pergunta: que conselho tens para aqueles que pretendem tornar as suas fics em livro físico?

AA: Não pensem duas vezes. Sempre que essa ideia aparece na cabeça do autor, ele se pergunta se a história está realmente boa para isso e tem medo de ser rejeitado. O meu conselho é: tentem. Revisem a história, veja uma editora que tenha uma linha editorial semelhante à da sua história (isso realmente é importante) e arrisquem! É importante também ser paciente, as editoras demoram para dar uma resposta, seja positiva ou não, então esperem porque de fato vale a pena.

LB: Mais uma vez, muito obrigada pelo tempo e paciência despendidos, Alice. Esperamos que as vendas corram sobre rodas, e que os leitores se sintam demonizados. ;)

A resenha de Meu Pequeno Demónio, de Alice Álamo, será publicada na próxima Quinta-feira, aqui no blog da Liga. Caso desejem adquirir o romance, poderão fazê-lo no site da editora, aqui.
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As imagens que servem de ilustração para o posts do blog foram encontradas mediante pesquisa no google.com e não visamos nenhum fim comercial com suas respectivas veiculações. Ainda assim, se estamos usando indevidamente uma imagem sua, envie-nos um e-mail que a retiraremos no mesmo instante. Feito com ♥ Lariz Santana