Resenha
por Camy
ÁLAMO, Alice – Meu Pequeno Demónio, Paracatu – Minas Gerais, Buriti, 2015
Sinopse:
Demônio? Sim, posso chamar assim a vontade que me domina, que me faz
desejá-lo mais do que o permitido. A culpa não é só minha. Ele
também fez sua parte, contribuiu para que esse sentimento evoluísse,
permitiu que eu visse algo além de carinho em seu sorriso. O
problema? Ele é meu irmão mais velho.
Resenha:
Em
"Meu pequeno Demônio", a personagem principal, Lucius,
conta, em uma espécie de diário – mesmo que ele se negue a
chamá-lo desse jeito –, sobre o relacionamento amoroso com seu
irmão mais velho, Micael. É um texto muito bem escrito e
intrigante, que quebra muitos dos tabus comuns da sociedade atual. O
homossexualismo e o incesto são os principais, entretanto há também
a promiscuidade – como diz o próprio personagem – e um
relacionamento entre indivíduos de idades diferentes.
O
livro é extremamente rápido de ser lido, tanto por não ser muito
longo quanto por ser narrado em primeira pessoa. Consequentemente, o
texto é quase um monólogo, e os termos utilizados são de fácil
entendimento. O mais interessante foi a perspicácia da autora que,
além de escrever as cenas de sexo com uma maestria invejável,
conseguiu não exagerar. Em alguns momentos a cena era rápida, não
mais do que duas ou três páginas; ou seja, indicava que a relação
sexual acontecera, mas não que ela fora excepcionalmente importante
para a personagem. Em outros momentos, quando acontecia com aquele
alguém em especial, a narrativa era mais lenta, indicando que aquele
momento era mais importante. Típico de quem escreve, é claro; as
cenas mais ansiadas pelo escritor são descritas de maneira mais
lenta, como se ele apreciasse cada segundo. Em outros momentos,
escreve-se mais rápido, pois anseia-se chegar em outra parte da
narrativa. E isso ela passou muito bem. Como o narrador é o Lucius,
então é perceptível quando um acontecimento – não
necessariamente o sexo – foi (ou deixou de ser) significativo para
ele.
Também
é válido de nota que o enredo não é nada clichê. O início dá a
entender que a personagem vai tomar o rumo que muitos dos
protagonistas em histórias heterossexuais tomam, e então a autora
mostra que o texto não é nada clichê. As reviravoltas e surpresas
que se sucedem no início são de tirar o fôlego, e é incrível
como nunca se sabe qual será o próximo acontecimento.
As
personagens, à exceção de Lucius, Micael e Adrian –
padrinho de Lucius – pareceram um pouco superficiais. Provavelmente
foi a intenção, pois, em diários, ninguém descreve detalhadamente
sobre cada pessoa que lhe rodeia, entretanto, a antagonista deixou um
pouco a desejar. Ela não parecia ter um motivo pertinente para fazer
tudo o que fez; era como se ela existisse apenas para prejudicar os
principais. Amanda não tinha qualidades visíveis, tampouco um
contexto para resolver causar todos aqueles problemas. Talvez a
própria personagem a visse dessa forma e, por essa razão, a tenha
descrito assim. Talvez, mas não há como saber. Um pequeno
aprofundamento sobre ela seria necessário.
À
exceção disso, o livro é maravilhoso. A escrita é
bem-desenvolvida e o texto é coeso, tornando a leitura muito fluida.
Recomendado com louvor, diga-se de passagem. Com certeza, esse já
está na lista dos favoritos.
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