Resenha por Elyon Somniare
MENDES, Luiz Fabrício de Oliveira – O Legado de Avalon: o Garoto, o Velho e a
Espada, Paracatu - Minas Gerais, Buriti, 2014
Sinopse: Quando
a lenda termina, a aventura começa. Desde que a feiticeira Morgana Le Fay
passou a perseguir e aniquilar os poucos descendentes do Rei Arthur, a Ordem de
Excalibur encarregou-se de espalhá-los pelas colônias e países amigos do antigo
Império Britânico, incluindo o Brasil do Segundo Reinado. Mais de 150 anos mais
tarde, Aurélio Britto, garoto morador da periferia do Rio de Janeiro, fã de
futebol de botão e games de estratégia, é atacado na casa do avô por um
misterioso homem-onça. O dono do antiquário da esquina, senhor Campbell,
revela-se na verdade o milenar mago Merlin, prestes a apresentá-lo a uma
arriscada jornada de herói: sobreviver às investidas dos seguidores de Morgana
e reencontrar a espada Excalibur, desaparecida nas mãos da Dama do Lago há mais
de mil anos. Junto com a implicante Gui (e ai de quem chamá-la pelo nome
inteiro, Guilhermina!), o fã de rock, Gabriel, o pessimista Bruno e o primo
deste, Junior, além do avô Genaro é formado um pacto em torno de uma mesa de
parquinho redonda, visando o objetivo de restaurar o sonho de Camelot na pessoa
de seu último herdeiro.
Resenha: Virado
para um público juvenil, O Legado de
Avalon destaca-se no uso dos mitos, da acção e da aventura. Ao longo da sua
leitura, são notados dois elementos muito comuns à literatura de fantasia: o
jovem “Escolhido” e a estrutura da “Jornada do Herói”, cunhada por Campbell.
Clichés, talvez, mas nem por isso negativos. O autor não só demonstra ter
conhecimento sobre os mesmos (inclusive inserindo “Mr. Campbell” na narrativa),
como uma capacidade em os utilizar a favor da sua narrativa.
Uma outra área em que o conhecimento do autor vem ao
de cima é a histórica. Não são raras as ocasiões em que informações sobre a
História brasileira são contextualizadas. Abrangendo locais, pessoas ou
acontecimentos, os detalhes são inseridos de forma credível no enredo,
ligando-se de alguma forma ao protagonista, ou à lenda de Arthur. Deste modo, o
que poderia tornar-se num infodump,
apresenta-se como um dosagem moderada de curiosidades, que ascendem a
necessidade pelo contexto.
Esta capacidade de contextualização e ligação
encontra-se ainda em evidência numa outra área: a fusão, chamemos-lhe assim,
dos mitos arturianos com o folclore brasileiro. Torna-se difícil alongar muito
nesta questão sem entregar spoilers,
mas não haverá problemas em afirmar que o autor pegou nos elementos que existem
em comum, e os trabalhou de forma que o leitor não estranhasse a presença de
mitos da Inglaterra de séculos passados, no Brasil contemporâneo.
Como referido no início da resenha, o público-alvo
do romance é o juvenil. Em consonância com essa faixa etária, a narrativa é
acessível e perceptível sem, contudo, infantilizar os possíveis leitores. Um
reparo a fazer prende-se, no entanto, com a pontuação: o excesso de
reticências. Estas são usadas com uma abundância desnecessária, e que passou
despercebida na revisão.
Apesar de o enredo apresentar um arco completo –
princípio, meio e fim –, o livro acaba deixando mistérios e questões
suficientes para o conectar com uma continuação, se não mesmo pedir por ela. O Legado de Avalon é, portanto, o
primeiro de uma série, que pelo bem dos leitores, se espera continuar a ser
publicada.
Perfil Nyah!: http://fanfiction.nyah.com.br/goldfield
Contacto com o autor: https://www.facebook.com/goldfieldwriter?fref=ts
Muito apropriado um novo escritor casa-branquense. Vem demonstrado nesse seu trabalho que em Casa Branca os escritores ainda florescem, em um narrativa contagiante e envolvente. nesse novo talento Luis Fabrício de Oliveira Mandes será um nome a não esquecer.
ResponderExcluirObrigada pela leitura!
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