Por: Hairo-Rodrigo
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“ ‘Fuck’ era a melhor palavra. A palavra mais perigosa. Você não podia sequer sussurrá-la. ‘Fuck’ era sempre muito alto, explodia no ar sobre você e caía devagar sobre a sua cabeça, tarde demais para ser impedida. E então vinha o silêncio total, nada além do ‘Fuck’ flutuando para baixo...”
Esse é Roddy Doyle, um escritor irlandês conhecido por seu bom-humor, sua careca lisa, seu par de óculos redondos, além de, é claro, seus diversos livros de sucesso, entre eles “Paddy Clarke Ha Ha Ha” e “The Commitments”, adaptado para o cinema em 1991 e atualmente sendo adaptado para os palcos dos teatros, como um grande musical.
“Eu não sou tão reconhecido assim. Sou apenas um cara careca que usa óculos, e tem um monte desses em Dublin. Seria diferente se eu usasse um moicano...”
Ah, não vem com essa, Roddy! Sem falsa modéstia, que você não é disso. Se bem que um moicano não chamaria lá tanta atenção, principalmente em Dublin, um lugar tão divertido e cheio de vida...
“Isso é tudo uma grande farsa. Nós vendemos o mito de Dublin como um lugar sexy muitíssimo bem; porque é um porcaria de um lixão, na maioria do tempo.”
Espera aí, como assim?! Os seus personagens são tão vivos, tão divertidos e tão charmosos! E a maioria vive aí! Como é que você consegue fazer isso se o lugar é uma “porcaria de um lixão”?
“Eu vejo as pessoas em termos de diálogo e acredito que elas são o que elas falam. A melhor maneira de se revelar o caráter de uma pessoa é fazer com que ela abra a boca.”
É um modo interessante de ver o mundo, com certeza. Mas posso voltar para a sua apresentação? Então... Como eu estava dizendo, esse cara abandonou a antiga carreira para escrever, já publicou diversos livros para públicos de todas as idades e é internacionalmente reconhecido por seu trabalho, tendo vencido diversos prêmios literários e fazendo parte da Sociedade Real da Literatura, uma organização britânica fundada em 1820, pelo Rei George IV.
“Eu não trabalho por comissões. Eu apenas faço o que quero fazer. Meus romances vêm de dentro. São coisas que eu sinto que quero fazer.”
Eu sei, Roddy. Não era isso que eu estava querendo dizer... Só queria que o pessoal entendesse que você é um tipo de autoridade no assunto, antes de falar sobre as regras de ouro que você segue para escrever seus livros. É bem melhor do que simplesmente dizer que você era um professor de colégio, que passava grande parte do dia falando com crianças, entendeu?
“Algumas vezes os adultos parecem ter cortado a ligação com o seu lado infantil.”
“É ótimo conhecer as crianças, porque você nunca sabe o que elas vão dizer”
“Algumas das pessoas que mais parecem normais são, provavelmente, as pessoas mais piradas tentando parecer normais.”
É o que eu percebi hoje... Diz logo as suas regras então, antes que todo mundo aqui acredite que você é maluco.
1. Não coloque uma foto do seu autor favorito na sua mesa, especialmente se o autor é um daqueles famosos que se suicidou;
2. Você pode ser generoso com você mesmo. Encha as páginas o mais rápido possível; use o dobro de espaços ou então escreva pulando linhas. Considere cada nova página como um pequeno sucesso...
3. ...Até você chegar à página 50. Então se acalme e comece a se preocupar com a qualidade. É normal se sentir ansioso. São ossos do ofício;
4. Dê um nome ao seu trabalho o mais rápido possível. Seja dono dele, o visualize. (Charles) Dickens sabia que “Bleak House” (Casa abandonada) iria se chamar “Bleak House” antes de começar a escrever. O resto deve ter sido fácil;
5. Você vai ter que restringir a sua navegação à alguns sites por dia. Não chegue perto das casas de apostas online – a não ser que seja pesquisa;
6. Tenha sempre um thesaurus, mas na estante, nos fundos do jardim, ou então atrás da geladeira. Algum lugar que exija esforço, locomoção. Na maioria das vezes a palavra que lhe vier à cabeça vai servir perfeitamente bem, como “cavalo”, “correu” ou “disse”;
7. Você pode, ocasionalmente, cair em tentação. Lave a cozinha, pendure as roupas lavadas... É tudo pesquisa;
8. Mude de ideia. Boas ideias são constantemente assassinadas por ideias melhores. Eu estava trabalhando em um romance sobre uma banda chamada “The Partitions”. E então eu decidi chamá-los de “The Commitments”;
9. Não procure no Amazon pelo livro que você ainda não escreveu; e
10. Gaste alguns minutos do seu dia trabalhando na biografia de capa – “Ele divide seu tempo entre o Kabul e Tierra del Fuego.” Mas depois volte ao trabalho.
Fontes consultadas:
DOYLE, Roddy; “Roddy Doyle’s Rule for Writers; Publicado em 22 de fevereiro de 2010, disponível em: “http://www.theguardian.com/books/2010/feb/22/roddy-doyle-rules-for-writers"
BROWN, Mark; “The Commitments to be turned into West End Musical”, Publicado em 23 de Abril de 2013; Disponível em: http://www.theguardian.com/stage/2013/apr/23/the-commitments-west-end-musical
FIRETOG, Emily; Interview with Roddy Doyle; Publicado em maio de 2012; Disponível em: http://columbiajournal.org/wp-content/uploads/2012/05/doyle.pdf
???; Roddy Doyle Quotes; Disponível em: http://www.brainyquote.com/quotes/authors/r/roddy_doyle.html
???; Roddy Doyle Quotes; Disponível em: http://www.goodreads.com/author/quotes/10108.Roddy_Doyle
Hahahaha xD isso foi tão divertido de se ler xD. Adorei como misturaste citações com a entrevista, foi muito engraçado x)
ResponderExcluirNao conhecia esse autor, mas agora fiquei com curiosidade e vou pesquisar ^^
E os conselhos foram incríveis <3 :)
Obrigada pelo post*
Ainda bem que gostaste :D
ExcluirA-D-O-R-E-I! hahahaha
ResponderExcluirAinda bem :)
ExcluirNossa, fiquei muito curiosa para ler algum livro do cara, ele parece ser um amor de pessoa. Além de ser irlandês, o que sempre conta, né? Eu adorei as dicas dele, especialmente sobre a biografia de capa. Espero que planejar a sua autobiografia (que só será publicada depois de seus sessenta anos de sucesso) faça parte da décima dica também.
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