Mostrando postagens com marcador Entrevistas: Escritores. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Entrevistas: Escritores. Mostrar todas as postagens

Entrevista: Larissa Lima, vencedora da 2ª edição do “UFC Fanfics”

sábado, 30 de junho de 2018



A Liga dos Betas está sempre tentando criar meios para promover a interação entre betas, autores e leitores, e para tanto, possui no Facebook o grupo SBLAN – Sociedade dos Betas, Autores e Leitores do Nyah!
Desde 2016, durante o mês de julho, dentro do grupo acontece o torneio UFC FANFICS — uma competição de escrita na qual, até as últimas duas edições, os participantes se enfrentavam em chaves de disputa, tendo que escrever um capítulo em cada rodada seguindo à risca as regras e desafios propostos. Para este ano, porém, o formato da competição foi modificado visando maior interatividade e participação.
A escritora Larissa Lima (Mare di Stelle) foi a campeã da edição passada do UFC e, por isso mesmo, convidamos a grande vencedora para falar um pouquinho sobre a sua experiência. Acompanhe conosco:

Liga dos Betas (LB): Enquanto autora, o que você sentiu que mudou depois do UFC?
Em termos de escrita, você, por exemplo, tinha alguma dificuldade de escrever algum tipo de gênero ou particularidades de enredo? Coesão e coerência, descrição de cenários, etc.?
Larissa Lima (LL): Sempre tive uma dificuldade de acreditar naquilo que escrevia como bom o suficiente para que alguém lesse. Na competição, eu consegui superar meus próprios limites, principalmente na rodada final! O UFC me deixou muito mais confiante na minha escrita e na forma como ela pode tocar as pessoas. Eu, como romântica incurável, sou adepta aos contos de fadas e finais felizes. Escrever algo com tom mais sério ou sombrio é bem difícil pra mim, e foi justamente o que eu fiz com Abiodun. Uma história sobre a dor e o sofrimento de um escravo no Brasil Colônia? Não imaginei que meu estilo fofinho e água com açúcar pudesse se adaptar a isso. Eu estou me esforçando ainda, mas sempre fico com o pé atrás.

LB: Que legal, Larissa! Isso te fez produzir mais, consequentemente? Muitas vezes deixamos de postar uma história que amamos escrever por falta de confiança.
LL: Sim! Eu perdi o hábito de sair perguntando se alguém leria uma história com enredo X antes de postá-la, inclusive. Só postava e deixava pra medir consequências depois.

LB: Eu também sou puro fluffy. E depois disso, você se arriscou em novos gêneros?
LL: Sim, vários. Já escrevi contos de terror, microcontos (graças às 100 palavras do primeiro capítulo), comecei vários projetos envolvendo assuntos que eu sempre quis tratar mas não sabia como: relacionamentos abusivos, bullying, suicídio... Acho que quebrei essa trava dentro de mim, por mais que ainda ame um romancezinho de vez em quando, haha!

LB: Ah, que legal! Estou até com inveja — branca, é claro. E, me conta com sinceridade: Você achou justo os termos de avaliação? Qual a sua opinião sobre a staff do projeto?
LL: Olha, eu lembro que fiquei com uma raivinha da primeira avaliação... Eles só descontaram alguns décimos da minha nota, mas na descrição dos avaliadores afirmaram não ter grandes erros, daí minha alma “treteira” aflorou. Depois que eles explicaram onde viram os erros, eu vi que estavam certos e baixei a minha bolinha, haha! Fora isso, só a vontade básica de matar todo mundo quando faziam suspense pra revelar o vencedor da rodada, mas isso eu já perdoei. Ou quase...

LB: Sabemos que você participou das duas edições da competição: a primeira em 2016 e a segunda em 2017. Na sua opinião, o que você sentiu que houve de diferente no seu desenvolvimento nas duas edições do UFC, e neste último, qual foi o maior desafio que você enfrentou referente às rodadas?
LL: Como eu saí logo na primeira rodada, não posso comentar muita coisa do primeiro, mas eu me senti bem mais confiante na segunda edição. Sabe aquela sensação de já ter estado lá e conhecer o mecanismo? Foi isso que me deu o impulso que eu precisava para começar.
Meu maior desafio, sem dúvida, foi o tempo! Nunca trabalhei bem com prazos e entreguei quase todos os capítulos nos últimos minutos disponíveis, principalmente durante a Final, quando eu enfrentei uns problemas em relação à escola. No fim, deu tudo certo, mas eu passei a prestar mais atenção aos prazos de entrega (não só em relação a escrita, isso me afetou inclusive com os meus trabalhos e estudos)!

LB: Você poderia comentar um pouquinho mais sobre o enredo das histórias que você teve de escrever para a competição do ano passado?
LL: Eu escrevi duas histórias para a competição:

Abiodun, que permaneceu intocada lá no site e é sobre a experiência de um escravo no período colonial do Brasil — como ele fugiu de seus captores e o que aconteceu depois disso. É uma história bem curta e eu coloquei minha alma inteirinha nela! Foi bem difícil de escrever, mas eu amo cada palavra.
Resiliência, que começou como uma história de três capítulos e agora é uma one-shot. Ela conta a curta jornada de uma mulher, a libertação de suas angústias e o primeiro passo dado em frente depois de tantos anos com a vida estagnada.

LB: Para finalizar: Qual a importância, na sua opinião, de existir esse tipo de interação entre escritores como a competição do UFC Fanfics, e se você tivesse que falar algo para alguém que sempre fica indeciso se deve ou não participar, o que você diria?
LL: Ah, esses programas ajudam a gente a se aproximar de outros escritores (e dos betas, também) e conhecer trabalhos incríveis. Tem pessoas que eu sigo desde o primeiro UFC, me apaixonei pelo trabalho delas e agora não sei viver sem!
Para quem estiver em dúvida, a experiência é incrível. A correria e o desafio para escrever, a ansiedade esperando os resultados, a torcida pelos seus candidatos favoritos... Sério, não dá pra perder! Eu mesma só deixo de participar se for proibida!

LB: Larissa, agradecemos imensamente pela sua participação nessa entrevista e desejamos a você boa sorte no torneio deste ano. E para você, leitor que estiver lendo isso ainda no dia do lançamento desta entrevista, ainda dá tempo de se inscrever na competição! Basta fazer parte do grupo do SBLAN (https://www.facebook.com/groups/sblan/) e ler o regulamento da competição para poder preencher o formulário de inscrição, ambos no post fixado do grupo. Por que não tentar desafiar a própria escrita nessas férias, enquanto se diverte e faz novos amigos?
0

Entrevista: Evelyn Santana

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Evelyn Santana se apaixonou ainda bem cedo pela literatura, mas foi apenas quando conheceu o autor Sidney Sheldon que decidiu entrar para o mundo da escrita. Escreveu seu primeiro livro com 16 anos de idade e hoje, aos 22, cursa Letras e trabalha como revisora. Doce Amargo é seu romance de estreia.

Liga dos Betas (LB): Antes de mais, obrigada por teres acedido a esta entrevista! Começando pelos inícios… Por que começaste a escrever? Quando começaste a partilhar as tuas histórias na Internet?
Evelyn Santana (ES): Eu comecei a escrever romances (histórias mais longas) em 2009. Estava passando por uma fase complicada e escrever foi um escape maior que a própria leitura. Pela primeira vez, eu pude controlar o curso da vida e me senti bem com a sensação.
Só fui compartilhar minhas histórias na internet, no entanto, alguns anos depois, em 2013.

LB: Mudou muito desde essa altura até agora, que acabas de publicar o teu primeiro romance, Doce Amargo? Como compararias as duas alturas?
ES: Mudei, sim. Doce Amargo é meu sexto romance, então a escrita é bem diferente da de antes, mas sinto que a essência é a mesma. Meus personagens cresceram junto comigo também, o que achei bem legal. No meu primeiro livro escrito, por exemplo, a proagonista é uma adolescente e tínhamos a mesma faixa etária. Em Doce Amargo, os protagonistas são adultos e mais velhos que eu.

LB: Como costuma ser o teu processo criativo? És a arquitecta que projecta os planos antes de começar, ou a jardineira que lança a semente e vai desenvolvendo conforme? Ou um pouco de ambos?
ES: Ah, amei a analogia! Posso utilizar no próximo livro? Hahahaha
Bem, quando começo, sempre quero dar uma de arquiteta e planejo tudo. Mas a jardineira em mim exclui a arquiteta da história. É sempre assim. No final, a história é 30% do que planejei e 70% do que os personagens fizeram com que fosse.

LB: Alguma vez, durante esse processo, tiveste de lidar com bloqueios criativos?
ES: Quase todos os dias Sim! Alguns dizem que é frescura esse lance de bloqueio, ou mesmo falta de interesse. Mas olha… não é! Os personagens mandam mesmo na história, então às vezes a gente fica sem rumo mesmo. Acho que isso é normal, nunca conheci um autor que não tivesse seus momentos complicados com o capítulo seguinte.

LB: E a revisão? Sabemos que é uma etapa que não ignoras, trabalhando tu mesma como revisora ou beta-reader de outros autores, mas como funciona quando estás do outro lado e a autora és tu?
ES: Pelo trabalho que tenho, sei bem a importância de um beta-reader durante o processo de escrita. Era minha beta, a Maira (que conheci lá no Nyah!, através de suas próprias histórias), que me ajudava a passar pelos momentos mais críticos de bloqueio criativo. Lembra que eu disse que a história é 30% do que planejei e 70% do que os personagens quiseram que fosse? Vou retificar essa proporção: 30% planos da autora, 25% planos da beta e 45% dos personagens. Hahahahaha
A Maira teve um peso enorme para DA ser como é hoje. Ela me dissuadiu de mil e uma ideias absurdas e me mostrou muitos caminhos a serem explorados. DA não seria o que é hoje sem ela.
Agora, revisão… hahahahaha
DA foi revisado 5 vezes antes de ir para a editora. Lá, ele passou pela revisão maravilhosa da Isie Fernandes, uma colega de trabalho maravilhosa em quem confio plenamente.
Revisão nunca é demais. Estou feliz por ter tirado o meu tempo e ter lido e relido o texto tantas vezes em vez de me precipitar e publicá-lo logo de uma vez.

LB: A ideia geral é que um autor é sempre um leitor… Que histórias, ou autores, podes dizer que mais te influenciaram? Ou simplesmente que mais gostas? (Nota: tanto livros quanto fics =) )
ES: Nossa, eu leio demais! Hahahahahaha
Por incrível que pareça, romance nem é meu gênero favorito, apesar de ser o que mais escrevo. Os meus queridinhos aqui na estante são Harlan Coben, Sidney Sheldon e Eduardo Spohr! Eu admiro muito o trabalho desses três!
Recentemente eu me vi engolfada por livros nacionais. Hahahaha Não li um único livro estrangeiro esse ano, apenas obras brasileiras, e isso trouxe mais uma autora ao hall de favoritos: Camila Pelegrini. Ela é incrivelmente perfeita.
No âmbito Nyah!/autores que conheci por lá: Tem a Maira, minha beta maravilhosa! A escrita dela é impecável e foi isso que me fez querê-la para me ajudar com DA. Olivia Vert, uma autora de romance policial que… uau! A maturidade da narrativa é impressionante, poucas pessoas escrevem tão bem quanto ela. E a Clara de Assis, coleguinha de Liga, que conheci pelo Nyah! também, mas já li quase todos os livros que ela publicou (até revisei alguns deles). Ela é incrível, detalhista e os diálogos que escreve são sagazes a um nível sobre-humano.

LB: Além de livros, tens também o hábito de ler fanfics?
ES: Acho que respondi lá em cima. Hahahahahaha’
Eu tenho, sim! Nos últimos tempos, com o trabalho e os projetos de livros, estou meio em off no Nyah!, mas tenho fanfics que acompanho, comento e recomendo, sim! Adoro aquele site e não consigo mesmo largá-lo.

LB: Este ano foi possível encontrar-te com o teu romance de estreia na Bienal… Como foi a experiência? Podes falar um pouco sobre Doce Amargo?
ES: Foi uma experiência maravilhosa! Foi quando eu me senti autora de verdade. Uma moça entrou no estande, se interessou pelo meu livro, comprou e depois tocou o meu braço com um: “Moça, acabei de comprar o seu livro, será que você pode autografar pra mim?”
Eu sequer sabia o que escrever. Hahahahaha’ Mas foi perfeito. Eu adorei cada leitor novo que conquistei e a oportunidade de, pela primeira vez, poder abraçá-los em vez de apenas trocar umas palavras pela internet.
Fui a São Paulo sem esperar muita coisa, mas olha… eu me surpreendi de forma inenarrável. Conheci pessoas maravilhosas e fiz amigos que levarei para a vida.

LB: Por fim, há algum conselho para os restantes autores que desejam publicar os seus manuscritos?
ES: Escrevam e revisem incansavelmente! Nenhum texto é tão bom que não possa ser melhorado e nenhum autor é tão bom que não possa ser ajudado. Ter um beta é muito importante, ouvir a opinião de outras pessoas para nosso amadurecimento… Eles nos preparam também, com as críticas, para receber um “não gostei” que sempre vai ver de um leitor ou outro.
Nunca iremos agradar a todos, mas todo autor tem sem público.

2

Entrevista: Natália Marques

quarta-feira, 3 de agosto de 2016


Minibiografia: Natália Marques nasceu no interior de São Paulo e atualmente estuda Direito. Seu primeiro livro, “A Infiltrada – Infiltrando-se na NSA”, publicado em 2011 pela Editora Lio, é seu primeiro romance a alcançar o grande público. A sequência, “A Infiltrada – Infiltrando-se em seu coração” foi publicada recentemente na Amazon.



Liga dos Betas (LB): Primeiramente, gostaríamos de agradecer o tempo que você dispôs para dar esta entrevista. Muito obrigado. Então, podemos iniciar por uma pergunta, em sua essência, simbólica. O que te trouxe para o mundo da escrita? De que forma isso te afetou?

Natália Marques (NM): Eu quem agradeço a oportunidade de conversar um pouco com vocês. Creio que o que me levou ao mundo da escrita tenha sido o mesmo que levou a todos: o mundo da leitura. Com o tempo, apenas me contentar com a história dos outros não mais me bastava e eu precisava arquitetar as minhas próprias histórias. As fanfictions foram um caminho estimulante para começar a acreditar em meu potencial.

LB: O mundo das fanfics serve como primeiro palco para muitos autores, os auxilia no processo de escrita e dá acesso e contato com leitores. Você, tendo publicado no site Nyah! Fanfiction, levou a experiência adquirida para o mercado editorial?

(NM): Comecei a escrever fanfics sem qualquer pretensão. Era até uma surpresa, para mim, perceber o quanto minhas histórias eram queridas. Para mim, as fanfics permitiram que eu efetivamente continuasse a escrever, pois havia estímulo para ficar horas refletindo e horas escrevendo um capítulo para ser postado. Antes, tinha ideias, começava a escrever e parava porque acabava sem ver muito sentido em continuar. De certa forma, precisava de alguém que quisesse ler e que me desse o feedback. Com certeza, a interação que conquistei com os leitores continuou quando “A Infiltrada” foi publicada.

LB: Seu livro de estreia — A Infiltrada — foi, no princípio, uma fanfic de uma saga muito famosa. Como se deu o processo de adaptação dessa história para o livro? Foi complicado? Quanto tempo levou?

(NM): Eu recebi o convite da Editora mais ou menos no mês de fevereiro de 2011 e em julho de 2011 eu o entreguei. Não foi complicado. Algumas partes foram suprimidas, os nomes substituídos, mas a história em si tinha pouco em comum com a saga, usando apenas os nomes mesmo. Então foi bem tranquilo.

LB: Quanto ao seu processo criativo, costuma arquitetar tudo na hora ou prefere ter todo um arcabouço definido antes de escrever? E no momento antes do registro, tem algum hábito ou ritual?

(NM): Gosto de ter esqueminhas sobre o que pretendo ao longo do livro inteiro, mas não há algo extremamente definido para cada capítulo ou cada cena, porque grande parte da inspiração e criatividade vem enquanto se escreve. É como fazer uma caminhada pelo parque. Você sabe os pontos onde há bebedouros e você precisa parar em todos eles, mas o parque é cheio de trilhas, entretenimentos e outros fatores que podem fornecer um caminho melhor para o próximo ponto de bebedouro. O importante, no entanto, é sempre saber o que se quer na essência, senão o conteúdo pode ficar sem sentido, não amarrado, algo com aparência de ter sido feito a esmo.

LB: Aproveitando que já foi citado seu livro, A Infiltrada, você poderia falar um pouco sobre ele? Há uma continuação lançada recentemente, certo? O que podemos esperar?

(NM): A Infiltrada foi minha quarta fanfic e a que mais teve sucesso, tanto na rede social onde era publicada quanto nos sites, inclusive o Nyah! Conta a história de uma mafiosa italiana, chamada Claire. Por ter origens norte-americanas, ela é convocada por seus chefes a se infiltrar na Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), com duas missões a serem cumpridas: a primeira era permitir que, após um ano, um dos maiores carregamentos de narcóticos da história conseguisse atravessar as fronteiras sem ser identificado. A segunda delas era matar o Generalíssimo Alan Beckert, que não é lá a pessoa mais aprazível do mundo. Claire, então, se infiltra como novata no treinamento militar da NSA, mas enfrenta toda sorte de percalços enquanto tenta alcançar seus objetivos, incluindo o próprio Beckert, que parece saber quem ela é. É uma mistura de amor, suspense, drama, tudo junto. Eu queria uma história completa, real, com personagens complexas e acho que A Infiltrada é tudo isso.
A segunda temporada, e final, foi lançada recentemente pela Amazon. Encerrei meu contrato com a editora por questões financeiras e a continuação será em formato digital. Meus leitores agora podem perceber toda a miscelânea que compõe essa história desde o início e espero que gostem do final pelo qual tanto esperaram!

LB: Quando você trilhava o início da sua trajetória como autora, seus amigos e família sabiam que você escrevia? De que maneira eles encararam isso?

(NM): Eu comecei a escrever muito cedo, com meus 13, 14 anos. Na época, ainda havia uma grande restrição ao uso do computador, por ter apenas um na casa. Então, por ser a irmã caçula, era a última na lista de preferências para usar, e, mesmo que eu argumentasse que estava escrevendo, isso era visto como “coisa de criança” e sem muita importância. Acho que foi um susto quando disse que uma editora me fizera um convite para publicação!

LB: Partindo agora para a sua faceta de leitora, quais gêneros e obras que mais te agradam? O que te influencia?

(NM): Eu sou bastante eclética. Adoro romances, adoro ficção, adoro livros chick-lit, adoro séries que envolvam temas “sobrenaturais”, adoro clássicos, enfim, de tudo um pouco.

LB: A interação com leitores da internet é mais rápida e comum do que com o público de livros publicados. No entanto, você costuma estabelecer esse contato? De que maneira você pode receber um feedback?

(NM): Sim, tenho uma página no Facebook sobre o livro e um grupo secreto, que faz às vezes de comunidade do Orkut, onde tudo começou. A interação é bem próxima e não abro mão disso. O feedback de leitores de fanfic é inigualável e creio que não conseguiria escrever sem tê-lo.

LB
: Foi um convite feito por uma editora que te levou à sua primeira publicação. Uma situação um tanto atípica, suponho. Como você reagiu a esse pedido?

(NM)
: Foi uma baita surpresa, porque não tinha pretensões de publicar e, ainda que algumas leitoras falassem que AI tinha potencial, eu nunca dei bola, justamente porque via como várias pessoas sofriam para conseguir algo e, se conseguissem, era pago. Então demorou um pouco para cair minha ficha, mas aceitei de pronto.

LB
: Para finalizar a entrevista, um questionamento tradicional: você teria algum conselho para dar aos escritores que pretendem se lançar no mercado editorial?

(NM): Eu não tenho experiências no sentido de procurar editoras interessadas na publicação de livros, mas creio que contar com um público fiel antes de se aventurar a uma publicação, principalmente se for independente, é essencial. Hoje em dia estou bastante afastada do mundo das fanfics, mas sei que alguns autores publicam até mesmo originais que estão tendo boa aceitação em alguns sites voltados para isso. Conquistar os outros com a sua escrita também dará ao autor uma grande oportunidade de crescimento, porque é ao longo do tempo e com o conhecimento do gosto dos leitores que se arquiteta uma história de sucesso. Mas, lembre-se, mantenham-se fiéis ao que você quer. Nas minhas fanfics anteriores a AI, acabava escrevendo e, principalmente, terminando as histórias de modo previsível e de um jeito que sabia que todos aprovariam. Com AI eu me propus a fazer diferente. Queria uma história que fosse reflexo do que eu gostava de ler, agradando ou não alguns leitores. O relacionamento das personagens principais é de extremo amor e ódio ao longo do livro, muito mais ódio que amor. Eu não queria que fosse como aquelas histórias em que o “ódio” é resolvido em dois capítulos, sendo que, na verdade, esse ódio nada mais era do que um amor reprimido e daltônico. Não, eu queria que o ódio realmente fosse ódio e com razões contundentes para ser assim e que, se evoluísse para amor, deveria também contar com uma lógica por trás, o que, claro, demanda tempo. Alguns leitores, no começo, não queriam aceitar esse “tempo”. E eu persisti no que queria. Deu certo.

2

Resenha: Outubro

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016


Por: Humberto Cotrim

Olá, pessoas. Tudo certo? 
Bom, como é de praxe, o Blog da Liga trouxe a resenha sobre o livro de nossa última entrevistada. 

Titulo: Outubro
Autor: Kamile Girão
Editora: Independente
Ano: 2014
Formato: Livro digital (disponível atualmente na Amazon)

Sinopse: 

"Você sabe o por quê das folhas caírem no Outono?"
Shau desconhecia a resposta para aquela pergunta - até conhecer Kaero Morgan. E, naquele outubro de 2004, ele encontrou, no auditório da escola, aquela que lhe mostraria não apenas a razão pela qual as folhas abandonam suas árvores durante a estação que precede o inverno, mas que, também, ensinaria o rapaz de roupas largadas e desânimo constante a virar um homem.
Outubro, 2013. Para Felipe Alves, seria somente mais um dia de árduo trabalho no hospital. Contudo, ao entrar no quarto 706, o jovem enfermeiro percebeu que aquele não seria um mês comum. Após tantos anos, a vida finalmente lhe deu a chance de retificar os erros do passado e de livrar-se, finalmente, das folhas velhas que persistiam na árvore da sua vida.

Resenha: 

A história é contada em tempos distintos, alternando-se entre os anos de 2004 e 2013. Em ambos, os personagens principais são Felipe Alves e Kaero Morgan. No passado, o rapaz, também conhecido por Shau, era um adolescente despreocupado, sem ambições e que ligava pouco para seu modo de vestir. Possuía uma namorada, mas ela não parecia se importar em se assumir o relacionamento deles. Já Kaero era uma jovem madura, apesar de seus dezessete anos, conseguiu a vaga de professora substituta de piano e auxiliava no coral da escola; possuía seu futuro traçado e uma viagem marcada para Inglaterra. 
Foi ao adentrar o ensaio na sala de música que Shau viu Kaero, a garota de traços joviais, porém com uma maturidade tão aparente que lhe fez se sentir simplório e medíocre. Dali também nasceu uma admiração, que tenderia a evoluir, e que o fez voltar para assistir aos ensaios periódica e furtivamente. 

Nos dias atuais, o enfermeiro Felipe Alves reencontra aquela que marcou sua adolescência, sendo novamente atingido pelos sentimentos antigos, os mesmo que não trouxeram somente coisas boas. Ver Kaero hospitalizada o fez querer consertar todos os erros (e imposições do destino) ocorridos. 
A narração ocorre sob a perspectiva pessoal de Kaero, quando no passado, ao exibir o seu diário; e utiliza um narrador onisciente para tratar tanto sobre os momentos presentes quanto sobre os de 2004, abordando o desenrolar da história. Esta foi uma opção válida e que pôde aprofundar cada detalhe da história, porém não se engane, mesmo tudo sendo devidamente explicado, nada vem antes da hora. Por mais que você pense que determinado detalhe foi negligenciado, ele virá no momento exato. O que provoca certo mistério e aumenta mais a velocidade da leitura, embora isto só tenha ocorrido comigo a partir do meio da história. 
Aproveitando o gancho, digo que o começo da narrativa tem seu impacto, mas resolve diminuir bastante seu ritmo e evolução, podendo provocar uma perda momentânea de interesse no leitor, mas se você seguir, não haverá motivos para se arrepender.
Tenha em mente que Outubro é um romance que aborda a história de um casal e diversos temas da adolescência, mas não se tornando previsível e clichê. Trata aquilo que se propõe a trazer de maneira madura e com um quê de filosofia. As personagens são desenvolvidas, mesmo apresentando certas instabilidades. Talvez por própria vontade da autora. Em certos momentos, alguns personagens secundários pareciam se tornar meras ferramentas para a continuação da história. Seus diálogos pareciam não condizer com suas respectivas personalidades. Há um ponto na narrativa em que a avó de Kaero tem uma fala fria sobre um assunto muito sensível, isto causa impacto no leitor, porém não encaixa com a avó maternal que nos é brevemente apresentada anteriormente. Existem também momentos em que outros personagens parecem verdadeiros filósofos e capazes de tal discernimento sobre a vida que causaria inveja a qualquer um. Aponto que essas falas podem pesar negativamente, mas não posso deixar de afirmar que os diálogos entre os personagens principais são ótimos, nos fazem acreditar na relação deles, possuem carisma.
É valido destacar que a revisão do livro deixou passar meia-riscas, pontos equivocados, falta de hifens, entre outros escorregões, contudo não afirmaria que este é um ponto negativo, afinal, a transmissão de ideias não é prejudicada. Os deslizes não comprometem o andamento do enredo. Já sobre a escrita da autora, poderia dizer que ela se rebusca demais em certos momentos, existem palavras incomuns do vocabulário de jovens, além de uma colocação pronominal tão polida que soa estranha em um ambiente contemporâneo e new adult que a história aborda.

Em suma, Outubro provoca uma ótima leitura. É agradável aos olhos de quem gosta de romance, mas saberia conquistar os não adeptos. Trata sobre amadurecimento e nos leva a pensar que o cair das folhas é tão necessário para as árvores quanto para as pessoas.
0

Entrevista: Kamile Girão

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016


Kamile Girão é uma estudante cearense de Design Gráfico e Letras Português/Inglês. Nascida no início da década de 90, começou a escrever ainda na infância, quando comprava brochurinhas para descrever suas brincadeiras no colégio e de boneca. Com o advento da pré-adolescência, a então diversão virou hábito. Inventou várias histórias, transformou outras em livros. Vive criando mundos paralelos e realidades alternativas nos percursos de ônibus que faz pelas ruas de Fortaleza.

Liga dos Betas (LB): Estudante de Letras e Design Gráfico, criadora do blog Café da Kami, autora de dois romances publicados, Yume (2011) e Outubro (2013), além do conto O Eco dos Sinos; e revisora. Obrigado por ceder um pouco do seu tempo para nós. Bom, para iniciarmos nada melhor do que saber sobre as origens do seu interesse pela escrita. Como começou a escrever? Você se lembra da primeira coisa que escreveu e o que te inspirou a fazê-la?

Kamile Girão (KG): Minha história com a escrita é engraçada. Veja bem, eu fui uma criança solitária. Não podia sair muito de casa e só tinha minhas amigas da escola para brincar (e não era sempre que elas vinham para a minha casa). Então, meu refúgio e minha diversão sempre foram os livros. Minha mãe lia muitas histórias para mim e isso me influenciou a querer escrever minhas próprias aventuras (principalmente, porque eu tinha dois primos mais novos e queria ler para eles também). Então, eu pedia para os meus pais comprarem caderninhos e escrevia lá as minhas brincadeiras no colégio, sempre acrescentando algum elemento fantasioso. Era a minha diversão: escrever sempre foi, acima de tudo, minha maneira de me divertir sozinha.

LB: É sempre bom ver o quanto a escrita e a leitura, acima de tudo, podem acrescentar a nossa vida. Então, enquanto autores, é natural recebermos diversas influências. Quais você pode mencionar como primordiais para aquela jovem escritora? E quais aquelas que te acompanham até os dias de hoje?

KG: Eu sinto que minhas influências variam conforme vou ficando mais velha e minha experiência como leitora cresce. Por exemplo, quando eu tinha 12 anos, era muito influenciada pela Flavia Bujor (autora de "A Profecia das Pedras") e pelas garotas que escreviam fanfics de Naruto (Neji x Tenten). Atualmente, sinto que aprendo com cada novo autor que entro em contato. No momento, as meninas dos meus olhos são Jane Austen e Caitlín R. Kiernan (A Menina Submersa). Mas coloco no pódio do meu coração Anne Rice, Neil Gaiman, Bran Stoker e Oscar Wilde. Aprendi muito com eles. Também posso dizer que fui muito influenciada pelas mangakas Naoko Takeuchi (Sailor Moon) e as garotas do CLAMP. Elas me influenciaram (e influenciam) até hoje.

LB: Já que mencionou as fanfics, vamos para seguinte pergunta. Pode-se afirmar que o site Nyah! foi o palco para as sua primeiras histórias disponíveis ao público? Suas fanfics ajudaram a te moldar como autora?

KG: Claro! Eu era muito tímida para mostrar meus escritos para alguém, então o Nyah! foi uma ótima forma de superar minha timidez e ganhar alguma confiança como escritora. Minha webnovel "Inevitável" foi bem aceita na época em que publiquei (meados de 2009), e isso me deixou segura para continuar a escrever.

LB: E sobre o seu processo de criação, costuma deixar a história fluir naturalmente ou prefere partir de uma base bem estruturada? Há algum ritual na hora de escrever?

KG: Eu passo um tempo ruminando a história e monto o roteiro dela. Mas não tenho nenhum ritual para escrever, além de olhar pro computador e pensar: "Eu deveria estar escrevendo, né?"

LB: Você poderia falar de seus dois romances publicados? Sobre o que fala Yume e Outono?

KG: Yume (que no momento está fora de circulação) fala sobre sonhos. A Nadia, uma garota alemã, recebe a proposta de desenhar um personagem dos seus sonhos por 1000 euros. Ela topa a oferta e começa a se forçar a sonhar com um rapaz que, ao contrário do que ela acredita, mora no Brasil e se chama Adrien. Por causa disso, ele também começa a sonhar com ela, e daí a história se desenrola.
Outubro já é um drama/romance/new adult ambientado em dois tempos. No presente, nós temos o enfermeiro Felipe Alves reencontrando o amor de sua adolescência e tentando acertar os erros do passado com ela. Já no passado, a gente vê a história deles se desenrolando cronologicamente. Um período intercala o outro e ambos se completam para narrar a história de Kaero e Felipe.

LB: Yume foi publicado primeiramente pela Editora Dracaena, enquanto Outono teve distribuição feita através da Amazon. O que você pode destacar como pontos positivos e negativos destas duas formas de publicação?

KG: Ah, Outubro também entrou em uma editora por demanda. Mas confesso que pesco poucos pontos positivos nessa forma de publicação. Tive muitas chateações, principalmente com a falta de profissionalismo com os editores. Então, posso dizer que foram experiências ruins.
Mas, com a publicação independente, a coisa melhorou de rumo. Consegui alcançar mais leitores e divulgar melhor o meu trabalho. Isso foi ótimo! O livro, com um preço mais acessível, foi adquirido por mais gente, fato que não consegui nas editoras pagas. Porém, o índice de pirataria subiu também. Já cheguei a ver gente vendendo o ebook de Outubro no Mercado Livre (na maior cara de pau mesmo). Já teve site distribuindo o ebook sem meu consentimento e se negando a apagar o livro mesmo com minha pressão. É algo bastante chato, mas consegui resolver. Inclusive, já vi gente publicando o livro (novamente, sem meu consentimento) integralmente em plataformas como o Wattpad.

LB: Seja qual for a forma de publicação é essencial a revisão da história. Você, ao ter seus textos finalizados, procura a ajuda de um beta reader, ou revisor? Ou opta por fazer a revisão de forma independente?

KG: Opto pelos dois. Eu já tive experiências infelizes em publicar algo sem antes submetê-lo ao crivo de um beta. Revisão também é essencial. Embora eu trabalhe com isso, prefiro ter um outro olhar sobre meus textos e contrato revisores. Eles podem perceber erros que não notei por já estar viciada e acostumada com o texto. É mais seguro passar por esse processo.

LB: Enquanto aos novos projetos, tem algo preparado para lançamento futuro?

KG: Tenho um livro no momento que está passando por uma leitura crítica, porém não tenho data de lançamento. Estou mais focada agora em concluir minha faculdade (me formo em Design agora em 2016, no meio do ano). Por isso, é provável que eu não divulgue novidades até conseguir o meu diploma...

LB: Ah, claro. Um projeto deve requerer tanto tempo e energias quanto a conclusão de um curso superior. Então, no mundo das fanfics a interação com o leitor é muito mais simples, acontecendo através de reviews e recomendações. Já no mercado editorial isto muda de figura. Como você obtém o feedback de seus leitores?

KG: Através de resenhas. Eles também entram em contato comigo pelas redes sociais, porém não é com a mesma velocidade que chegam as reviews das fanfics (risos).

LG: Para provar que a sua relação com as fanfics não podia ser mais real, existe uma fanfic postada no Nyah! de um de seus livros. Você sabia? Como se sente em relação a isto?

KG: Sim! Foi da super querida Milla Felacio! Eu fiquei muito honrada quando ela me falou que escreveu algo sobre Outubro. Como eu sou cria de fanfic, ver que alguém fez uma do meu livro me deixa honrada demais. Dá um sentimento quentinho no coração!

LG: Estamos chegando no fim de nossa entrevista. Mas, para encerrar em definitivo, um último questionamento. Tendo publicado seu primeiro romance aos dezoito anos, pode-se dizer que você possui conhecimento e experiências dentro do mercado editorial, não? Portanto, qual conselho poderia dar para aqueles autores de fanfics que almejam ter sua obra publicada?

KG: Primeiro de tudo: perseverança. Escrever um livro é, acima de qualquer coisa, um ato de persistência e dedicação.
Segundo: sempre procure um bom beta-reader. Por mais que seja complicado, a gente precisa entender que nossos manuscritos precisam passar por ajustes. Eles não saem perfeitos assim que terminamos de escrever, então é necessário fazer essa lapidação.
Terceiro: paciência, jovem padawan! Antes de lançar seu livro, pesquise sobre mercado editorial, analise qual alternativa de publicação é mais adequada ao que você deseja. Converse com autores, leia blogs, mantenha-se informado. Isso é muito importante.

Boa sorte a todos!
2

Entrevista: Taty Lima

terça-feira, 6 de outubro de 2015


Taty Lima nasceu em 16/02/1993 em Almenara – MG. Cresceu na Bahia e vivia uma vida quase cigana sempre se mudando entre três cidades. Aos 13 ou 14 anos descobriu o universo das Web Novelas através de um fórum espanhol, onde escritores virtuais da América Latina se concentravam e produziam suas “novelas” para um público bastante diversificado. Certo dia, com a intenção de conhecer mais sobre aquele mundo novo, descobriu um espaço para isso no Orkut, até o momento, a melhor e mais famosa rede social no Brasil. Lá ela fez amigos fakes, iniciou sua carreira como web noveleira e não largou mais.
Perfil no Nyah: https://fanfiction.com.br/u/359801/

Liga dos Betas (LB): Olá, Taty, e obrigada por teres aceitado esta entrevista para o blog da Liga. Como alguns já devem saber, além de escritora e leitora, és também blogger, mantendo o Manias de Escritor, onde além de resenhas se procura também fornecer artigos úteis para a generalidade dos escritores. Como é manter um equilíbrio entre estas facetas? Há influências de umas para outras?

Taty Lima (TL): Eu que agradeço o espaço e a atenção. Sim, o Manias de Escritores é um site voltado para escritores e leitores e tem sido um desafio equilibrá-lo com minha vida profissional e pessoal. Para manter tudo em ordem, hoje ele possui, aproximadamente, oito redatores esforçados e muito presentes que me ajudam bastante, então o equilíbrio está aqui, no trabalho em equipe. Influencia muito pelo fato de que eu acabo aprendendo muito quando estou pesquisando para o conteúdo do Manias e descubro que nem tudo o que eu achava era daquele jeito. Além do fato de eu levar minhas experiências para o próprio site.

LB: O teu livro Namorados por Coincidência foi publicado pela Editora Lâmpada, e a revisão foi consideravelmente mais longa que a escrita, correcto? Como decorreu o processo de publicação? Há muitas diferenças em relação à escrita e revisão de fanfics? E em relação ao feedback?

TL: Correto. Se formos levar em consideração a minha revisão e a da editora, levou o dobro de tempo. Mas é válido lembrar que eu o escrevi em vinte e oito dias em um frenesi de inspiração, então havia muito o que corrigir. Geralmente a revisão leva, em média, dois meses se focarmos só nela. O processo de publicação foi bem simples até. A editora cuidou do ISBN, capa, diagramação e auxiliou na revisão. Estavam sempre dispostos a responder minhas dúvidas e tudo o mais. Mas demorou um pouco devido à troca de gráfica.
Sim, há diferenças muito grandes. Quando você está revisando sua fic, você revisa capítulo por capítulo e seu foco acaba sendo apenas para aquele capítulo. Mas quando se está somente escrevendo, tudo tem que ser levado em consideração, mesmo se estiver na metade da história. Não que na fanfic não seja assim, mas seus leitores estão ali para te lembrar onde ficou sem nexo, no processo de escrita do livro é você e você somente. O feedback é bem assustador para quem está acostumado com o mundo das fics. Você só sabe o que as pessoas pensam se elas resolverem resenhar o livro ou se elas te procurarem e falar. A maioria não fala o que achou, não estão acostumadas a falar de um livro diretamente com o autor.

LB: Como foi o começo de tudo isso? Qual foi a primeira coisa que te lembras de ter escrito, e qual a primeira que publicaste no Nyah!? Com certeza a sensação de então e de agora mudou um pouco, não?

TL: Eu comecei no finado orkut lá para 2008, comecei novinha, até, rsrsrsrs. Então sim, a mentalidade mudou muito de lá para cá e, consequentemente, as sensações também. Eu comecei levando já um tapa na cara, não tinha o hábito de ler e escrevia muito errado. Então as primeiras críticas que recebi foram duas destrutivas que me arrasaram e pensei em parar. Mas minhas leitoras não permitiram e finalizei a primeira, a segunda, a terceira... Não sei quantas foram até agora. A primeira coisa que escrevi foi um texto pequeno em espanhol (muito ruim, por sinal) e nunca terminei. Devo ter ele guardado em algum lugar por aí... Escrevi em espanhol por ser fã do RBD, e era estourado na época, eu queria aprender espanhol, rsrsrsrs. No Nyah! eu comecei em 2013, criei a conta somente para ler, mas acabei postando Segredos de um Namoro Fajuto. Não está mais lá. A sensação de postar algo hoje é muito mais tranquila e "seja o que Deus quiser" do que quando postei em 2008. Naquela época era "será que vai dar certo? Estou com tanto medo!"

LB: O teu processo criativo tem-se mantido desde então? Pertences ao grupo que prefere planear primeiro, ao que vai planeando conforme escreve ou mesmo a ambos?

TL: Meu processo criativo me leva pela mão e tem sido assim desde sempre, rsrsrsrs. Sou do tipo que só planeja a essência, a ideia eu vou escrevendo. Fico quase como uma leitora descobrindo o que vai acontecer só na hora de escrever.

LB: A primeira edição de Namorados por Coincidência já se encontra esgotada, e além duma segunda edição, já estás a preparar um novo livro, que será lançado em ebook, correcto? A que atribuis essa rapidez de vendas?

TL: Acho que as pessoas gostam de ler livros com temáticas atuais. Namorados por Coincidência é um livro abordado nos dias atuais e é mais dia a dia. Talvez, não tenho certeza, talvez seja este um dos motivos. Mas ele é o tipo de livro divisa águas: ou você gosta ou você não gosta. Já vi uma pessoa dizer que detestou, já vi outras pessoas dizerem que adoraram e leriam qualquer outra história minha sem nem pensar no assunto. Talvez este também seja um fator, quem sabe?

LB: Podes ainda falar-nos um pouco desse próximo livro?

TL: Inicialmente chamado de Segredos de um Namoro Fajuto (pensando em mudar por ser muito longo), conta a história de um rapaz de vinte e quatro anos que cursa Desenho. Tudo na vida dele dá errado e as pessoas adoram rir disso. Algumas chegam a passar a perna nele. Um dia ele chega em casa e descobre sua namorada transando com seu melhor amigo, e isso é a gota d'água para ele resolver mudar. E é aqui que nossa personagem entra, como sua namorada falsa, mesmo sem ela saber disso. O livro é quase 100% narrado pelo personagem principal e como é comédia, flui bem fácil.

LB: Sabemos já que Namorados por Coincidência passou por um longo processo de revisão: como funciona esse processo? Preferes fazer tudo sozinha, ou usufruis da ajuda de revisores ou beta readers?

TL: A primeira revisão foi quase inteiramente por mim, a editora não cobriu isso. Mas é importante você ter outra pessoa revisando, pois pode haver erros que seus olhos cansados não verão. É por isso que nesta segunda edição e nos próximos livros o cuidado será muito maior.
Beta é sempre bom.

LB: E enquanto leitora de fanfics? Porquê ler fanfics? Que principais diferenças encontras entre a leitura de livros e a leitura de fanfics?

TL: Leio por gostar de como os fãs apresentam aquele mesmo mundo que conheço, mas de formas diferentes. E também para saciar o desejo de ver meu ship, mesmo que só em fanfic, rsrsrsrs.
A principal diferença é a estrutura. Nos livros você não só sabe, como sente a linha tênue em que foi construída. Nas fanfics pode haver lapsos ou buracos bem profundos no enredo.

LB: Tens alguma história que te tenha influenciado ou seja particularmente querida?

TL: Quando escrevo drama, acabo pegando um pouco da influência de O Fantasma da Ópera, mas não sei o motivo, não é exatamente o meu livro favorito. Para comédias só escrevo aquilo que gosto de ler mesmo. Minha história favorita é um livro chamado A Sangue Frio.

LB: Por fim: qual o teu conselho para escritores que querem tornar as suas histórias em livros físicos?

TL: Que estejam preparados para todo tipo de situação. Você não vai vender muito logo de cara, vai levar um tempo, sim, e precisa aprender a ter paciência. Tem gente que larga o emprego por causa disso, não faça isso. Invista em publicidade, logo, vai precisar ter dinheiro mesmo que se publique por uma editora que não pediu investimento algum.

LB: Mais uma vez, muito obrigada pelo tempo despendido e pela disponibilidade.
A resenha de Namorados por Coincidência será publicada no blog da Liga na próxima Quinta-feira.
0


As imagens que servem de ilustração para o posts do blog foram encontradas mediante pesquisa no google.com e não visamos nenhum fim comercial com suas respectivas veiculações. Ainda assim, se estamos usando indevidamente uma imagem sua, envie-nos um e-mail que a retiraremos no mesmo instante. Feito com ♥ Lariz Santana