As colunas são parte da programação semanal do Blog da Liga dos Betas, são artigos de opinião em que colunistas fixos e convidados discorrem sobre os mais variados temas no mundo da escrita, literatura e fanfic. Agradecimentos especiais ao colunista convidado, Kyran, pelo excelente texto!
Olá, leitores da Liga dos Betas. Como é a primeiríssima vez que nos encontramos, acho que vocês precisam saber que meu nome é Kyran — escritor, revisor, opinador e fotógrafo nas horas vagas quando preciso pôr o pão na mesa. Também faço parte da equipe de dois administradores do grupo LGBTemas, onde também publico alguns contos e aterrorizo outros escritores e leitores. ♥
Hoje estou aqui à convite da minha amada Carol, que me deu a liberdade de tagarelar sobre qualquer tema que eu acredite ser relevante pra escritores que estão se empenhando no próprio desenvolvimento. Como eu também já costumava produzir artigos sobre escrita pro meu próprio site, vocês vão encontrar este mesmo texto por lá também.
Como eu disse, sou revisor do grupo LGBTemas. Eu e o Natan revisamos lá com, talvez, uma precisão ainda maior do que revisamos os trabalhos pagos, no intuito de ajudar mesmo os autores a enxergarem problemas no texto e apontar o que não tá dando certo e o que eles sabem fazer de melhor.
E estar mais ativo como revisor nos últimos anos me mostrou e me ensinou muita, muita coisa. Então eu sempre tenho várias ideias sobre o que discorrer.
Daí eu me peguei pensando: “De tudo isso que aprendi, o que eu considero o mais essencial em relação à escrita? O que todos os autores experientes e inexperientes têm ou não tem? Qual é a base de um ‘bom’ texto?”
Na minha opinião, se trata da responsabilidade.
É curioso como o único livro que me fez espumar de raiva, de tão chato que consigo torcer o nariz pra ele até hoje, me trouxe uma das melhores frases sobre escrita que já li em toda a minha vida:
"Todo autor deveria escrever seus livros como se fosse ser decapitado no dia em que o terminasse.”
— Scott Fitzgerald, Este Lado do Paraíso (pág. 310, ed. Cosac Naify, 2013)
É uma frase que podemos interpretar como sendo sobre responsabilidade. Se na conclusão de um texto estivéssemos sendo condenados à guilhotina e nossas palavras fossem responsáveis pra nos livrar desse espetáculo sanguinolento, que palavras seriam essas?
Pode parecer um exemplo exagerado, engraçadinho, agressivo até — mas quando escrevemos e publicamos, não estamos levando nossa reputação a um palco? Pra um monte de desconhecidos ver e julgar se merecemos ou não os likes, os comentários e, principalmente, os compartilhamentos?
Toda vez que, revisando, eu questiono um autor sobre aquilo que eu considero inapropriado num texto, sou obrigado a escutar a mesma frase:
“Mas eu só escrevo por diversão/hobby!”
Ou:
“Eu escrevo só pra mim! Não me importa se os outros vão ler nem o que pensam!”
Desde o começo dos anos 2000 (que é quando eu entrei nesse mundo de escrita de internet e autopublicação).
E aí essas pessoas colocam o textos em plataformas públicas, onde sabem que há leitores; colocam as hashtags mais populares pra chamar mais gente, divulgam nas redes sociais, mandam mensagens privadas inconvenientes nas redes de desconhecidos pedindo “Leiam o meu livro!”, publicam na Amazon, procuram editoras e fazem dias de autógrafos...
Vamos de dicionário? O meu Houaiss (Editora Objetiva, 2009) diz que “publicar” é:
- tornar (algo) público, amplamente conhecido; divulgar, propagar;
- levar (algo) ao conhecimento do público;
- reproduzir (obra escrita) por meio de impressão ou outro meio; dar à luz, editar;
- fazer imprimir e pôr à venda ou distribuir gratuitamente (trabalho escrito, desenho, gravura, pintura etc.)
Etimologia: lat. publìco (...) 'fazer público, dar ao público, deixar-se ver, mostrar-se em público'
Os outros dicionários em que dei uma olhada estão de acordo. E “público” nunca é uma ou duas pessoas, é “subs.: conjunto de pessoas, o povo; adj.: relativo ou pertencente a um povo, a uma coletividade, que é aberto a quaisquer pessoas” (Houaiss).
Logo, podemos presumir que quem publica quer ser visto pelo povo, certo? Ou todo mundo vai ter que procurar alguma outra palavra muito específica para: “colocar minha obra num site onde todo mundo vê e onde eu posso ganhar likes e comentários mas fingindo que eu escrevo exclusivamente pra mim mesmo e nada mais importa”.
Se um autor publica porque quer ser lido — porque esse é o sentido da palavra e do próprio ato de colocar algo onde todo mundo possa ver e interagir —, por que ele acha que ainda está escrevendo “pra si mesmo”? E aqui não estamos falando de “Escrevo sobre esse e esse tema porque me satisfaz”, não. Estamos falando de postar algo propositalmente pra ser lido, comentado e adorado, mas quando há uma crítica construtiva ou uma repercussão negativa o autor se contradiz ao próprio ato de publicar falando que só escreve pra ele mesmo e não quer/não precisa da opinião de mais ninguém.
De todas, creio que essa é a maior irresponsabilidade de um autor, e infelizmente a mais comum e a mais difícil de remediar, porque quem dá esse tipo de resposta é porque não quer ouvir nada “negativo”, nem uma mísera crítica construtiva ou mais técnica sobre um texto que ele criou só por “diversão/hobby”.
Tudo
bem. Eu entendo que escrever pelo prazer de escrever é maravilhoso. Ninguém
aqui está dizendo que se deve escrever tão a sério quanto um acadêmico, ou a
própria reencarnação de James Joyce (embora haja muitos autores de internet que incrivelmente alcançaram
esse patamar sem ter lido mais de cinco livros na vida). Eu também entendo
que as pessoas nunca querem combinar “diversão” com “responsabilidade” — porque
a palavra “responsabilidade” carrega o peso
do esforço, da racionalidade, da disciplina
e do comprometimento. Então é como se
não pudéssemos nos divertir (livremente) enquanto somos responsáveis
(limitados). Água e óleo.
Mas
pensem bem: Se vocês têm uns seis anos e estão aí num parquinho, normalmente vocês já foram educados a
respeitar os coleguinhas, esperar direitinho na fila do escorregador, evitar
bater ou pisotear o castelinho de areia de alguém, não sujar o lugar, não comer
areia porque faz mal, etc. Não devemos fazer com os outros o que não queremos
que façam conosco, e não devemos inutilizar um espaço do qual usufruímos.
Quando tem fogo no parquinho, quem é que consegue se divertir com os
brinquedinhos? (Hahahahaha Sorry,
eu tinha que...—).
Por que a literatura geral e, principalmente, a literatura de internet corresponde a essa analogia do parquinho? Porque estamos lidando com um ambiente considerado, majoritariamente, divertido, mas que também envolve outras pessoas.
O autor responsável deve ter consciência de que: além de ele estar transmitindo suas ideias e emoções pra várias pessoas ao mesmo tempo, que podem ser influenciadas por aquilo que ele expressa, ele também está escrevendo sobre pessoas. Então, vamos tratar disso em tópicos!
1. A responsabilidade com o público.
“Nenhum filme pode ser feito sem a compreensão das reações e antecipações do público. Você deve moldar seu filme de maneira que ele tanto expresse sua visão quanto satisfaça os desejos do público. O público é uma força tão determinante para a criação da estória quanto qualquer outro elemento. Pois sem ele, o ato criativo não tem sentido.”
— Robert McKee, Story – Substância, estrutura, estilo e os princípios da escrita de roteiro (pág. 21, ed. Arte & Letra, 2013)
Eu lembro que quando eu tinha uns onze anos eu já entrava em site pornô.Sem meus pais saberem, é claro.
Classificação etária pra quê? Um indicador de idade ou de temas não barra ninguém de ir lá e ver um conteúdo considerado inapropriado. Hoje em dia os sites até tentam, existem bloqueadores, mas pra um bloqueador funcionar alguém de maior e responsável pelo indivíduo de menor tem que ir lá ajeitar tudo bonitinho, e monitorar o que os filhos estão vendo. Meus pais até tentavam: Queriam saber com quem eu conversava, mas não viam o que eu via na internet, porque de dia eu brincava em sites de vestir bonequinhas e depois da meia-noite, quando a internet discada era de graça, até filme pornô no Kazaa eu baixava e ninguém sabia de nada. Eu, ninja virtual do novo milênio, não deixava rastros.
O que eu quero dizer é que: neste exato momento, há menores de idade fazendo exatamente isso. Se eu fuçava essas coisas e, é claro, consumia fanfics pornográficas nessa idade, e meus amigos também, quantos mais não faziam/fazem/farão isso?
É claro que existem coisas que são de fato inofensivas, mas a maioria, na verdade, só parece ser. A quantidade de estórias românticas e sexuais consumidas e escritas por menores de idade é enorme. Quando você dá essas estórias para seres humaninhos que ainda estão literalmente desenvolvendo o cérebro, querendo ou não você está dando uma ideia e uma influência sobre certas questões nas vidas deles. Não culpam tanto as princesas antigas da Disney por disciplinar meninas a esperarem por príncipes encantados? Será que nós, autores, estamos fazendo algo diferente disso? Os príncipes hoje podem não vir a cavalo e nem ser do sexo oposto pra uma relação normativa (de acordo com o que a sociedade espera), mas não estamos criando personagens lindos, ricos, inteligentes e, portanto, desejáveis e inalcançáveis de qualquer maneira?
Vocês já viram a quantidade de estórias no Wattpad em que uma garota adolescente se apaixona pelo “dono do morro”? Dono esse que também nem precisa ser maior de idade, mas além de beleza, dinheiro e armas, ele já tem um poder sobre um espaço geográfico inteiro. De onde essas autoras (porque a maioria são meninas adolescentes) tiraram essa ideia de que se envolver com marmanjo barra pesada é legal? Elas chegaram nessa ideia sozinhas, ou elas consumiram alguma obra escrita, cinematográfica, musical, etc., que as fizeram pensar que esse é o conto de fadas moderno? Entendem o que quero dizer? Alguém começou com isso, e pode ter sido até alguém com uma vivência pessoal e mais madura sobre o caso — mas foi parar na internet, digamos, e uma adolescente leu, achou empolgante, escreveu a própria romantização dela sobre o assunto, daí outra adolescente leu e resolveu escrever também, por aí vai.
Isso quer dizer que toda pessoa que lê esse tipo de coisa vai ser influenciada a fazer a mesma coisa na vida real? Não.
Mas vocês perceberam que uma grande parte acaba sim perseguindo esse tipo de coisa fora da ficção?
“Ah, Kyran, mas aí você tá falando de adolescentes ingênuas! O meu público é adulto!”
E por que raios um adulto é menos influenciável? Ou vocês se esqueceram que uma adulta escreveu a Saga Crepúsculo, e outra adulta escreveu uma fanfic BDSM dessa saga que ficou tão popular que ela teve que mudar de título e chamar de Cinquenta Tons de Cinza? Daí foi aquele burburinho de que o BDSM tava todo errado, que era absurdo a Anastasia se submeter daquele jeito, que o livro reforçava um monte de coisas negativas, blá, blá, blá.
Vocês já ouviram aquela coisa de que: quando você aponta um dedo pra julgar outra pessoa, você está apontando mais quatro pra você mesmo?
Eu conheço muitos autores que se juram muito distantes e muito melhores que as autoras das obras citadas acima — mas que só escrevem com personagens ricos, independentes, sarados, magros, de olhos claros, pele branca, características norte-americanas/européias, bons de cama, dos quais a jornada do herói se resume a vilões (geralmente mulheres) tentando destruir o relacionamento atual deles ou que todo o objetivo da trama é o protagonista acasalar com o outro protagonista num final que é sempre fechadinho e feliz eternamente.
E quantos desses elementos fazem parte da vida real? Às vezes uma pessoa tem toda essa aparência considerada perfeita, mas é uma abusadora, narcisista, o escambau — assim como uma pessoa sem essas “qualidades” reverenciadas pode ter muito mais caráter. Além disso, nossas vidas são uma grande história que compila várias outras pequenas histórias, e nem todas essas histórias têm finais felizes e fechamentos. De quantas situações a gente já não se afastou sem saber como poderia ter terminado? Mais ainda: Quantas vezes não tivemos que pagar um preço alto pra ter exatamente aquilo que tanto queríamos? E o fim é um alívio com um gosto amargo.
Fora a idolatria ao sexo. Não basta o mundo inteiro hoje em dia falar de sexo direta ou indiretamente nos filmes, nas músicas — eu creio que uma maioria de estórias publicadas por crianças, adolescentes e adultos nesses sites que nós sabemos quais são trata o sexo como prioridade de vida. Entende? Todo o propósito da trama é os protagonistas transarem, esse é o ápice. E eu não estou nem falando dos contos eróticos, estou falando de contos e romances cujas sinopses prometem um desenvolvimento hollywoodiano.
Quem me conhece sabe que eu sou a última pessoa que poderia pedir pra “acabar” com isso (nem tem como acabar, anyway) — mas, pra quem aqui não me conhece, eu sou a pessoa que faz todo mundo passar raiva com o maldito do Madeleine, que é putaria rolando solta à sombra das santas. E eu vejo ali que tem menores de idade lendo os absurdos que escrevi. Fora isso, eu também já tive minha época em que todos os meus contos tinham que ter uma cena de sexo ou desenvolver uma situação até o momento do sexo, mesmo que esse sexo não fosse descrito.
Então, pelas minhas façanhas literárias e as dos outros, eu comecei a perceber que muitos leitores levam sim toda essa questão pro lado pessoal: cria-se esse pensamento de que sexo é a coisa mais importante e ninguém pode viver sem, que se você não transa você tem algum problema, você é atrasado, você não é bonito o suficiente, você é infantil e sei lá mais o quê. E como essa mensagem não está inclusa apenas em estorinhas de internet, mas em todo tipo de coisas que consumimos diariamente, a gente ainda tem pessoas com baixíssima autoestima porque não se sentem boas o bastante pros outros, meninas ainda engravidando cedo independente da condição financeira da família, o crescimento absurdo da AIDS nos últimos anos…
O entretenimento ainda é o que prescreve e perpetua nossos gostos e nossas escolhas. E o maior perigo disso é justamente porque ele chega sem te dizer: “Quero te convencer dessa ideia!” Não. Você nem pode negar, porque não foi proposto um debate, você nem se dá conta de que está se entregando à influência de algo. Ele vai simplesmente mostrar coisas com as quais você sonha, se identifica, tem curiosidade; mostrar situações possíveis que te façam desejar viver ou não viver aquilo, ou até tentar te impor um modo de vida. É tão sutil que a gente nem percebe — ou a gente finge que não percebe, mas se alguém vem perguntar “Quais livros mais te inspiraram?” ou “Qual filme que mais te marcou na sua vida?” a gente sempre vai ter a resposta na ponta da língua.
Daí você tem adolescentes sonhando com o “dono do morro” e querendo transar desesperadamente antes dos 15, mulheres hetero com Christian Grays mais egoístas e violentos além do fetiche, homens hetero com mulheres peitudas e bundudas na mesa do café e do almoço e da janta, mulheres lésbicas com outras mulheres hiper femininas, transonas e românticas, homens gays com o aquele baguete de 30 cm que nunca vem...
Mas, considerando o fato de que sempre vamos estar influenciando alguém sobre uma ideia ou uma atitude, a gente nem deveria estar escrevendo. É isso?
Claro que não.
Porque o entretenimento, as artes, e todas essas coisas que consumimos pelo nosso emocional e nossa razão também influenciam positivamente, educa, levanta discussões, mostra o bom e o ruim de uma mesma situação. Como estamos falando de textos aqui, é um meio mais vívido e muitas vezes convincente de exemplificar a vida de outras pessoas ou situações metafóricas por meio de personagens, ou construções estéticas, e, sobretudo, desenvolver a interpretação que está diretamente ligada a como vemos e lidamos com a vida no dia a dia.
E isso nos leva à representação de personagens.
2. A responsabilidade com as pessoas.
“Os autores costumam dizer coisas das quais não se dão conta; apenas depois da reação de seus leitores é que eles descobrem o que haviam dito.”
— Umberto Eco, Confissões de um jovem romancista (pág. 45, ed. Cosac Naify, 2013)
Se você também está vivendo nesta época de militância virtual, com certeza você já deve ter dado um puta de um gatilho em alguém.
Como eu disse lá no começo, enquanto escritores de ficção nós não estamos apenas escrevendo para pessoas, mas também sobre pessoas.
Por mais mirabolante que seja uma estória, todo esse universo e todos os seus personagens são baseados, inspirados em coisas e pessoas que nós conhecemos. É quase impossível inventar algo do zero. Se não temos referências artísticas, temos científicas (como a gravidade, a terra, as plantas, o céu, etc.), além de vivermos em sociedade e sabermos pelo contato direto ou indireto quem são as pessoas e de que maneira elas se comportam. Se vocês vão escrever sobre o tal do dono do morro, é claro que vocês fazem isso porque sabem que existem rapazes em favelas/comunidades que se comportam de tal jeito e fazem isso e aquilo, ainda que na sua ficção haja exagero, romantização, o que for — ou seja: ainda que você aprimore, inverta, degrida, repinte por inteiro com o seu imaginário essa sua base realista.
Se inevitavelmente escrevemos sobre personagens que representam pessoas e vivências reais, é óbvio que isso vai afetar o discernimento de quem lê — principalmente aquelas pessoas que não tem um conhecimento prévio sobre a questão retratada ali, e que nem se dispõem a procurar por conta própria informações mais consistentes e até acadêmicas do que leram num texto de ficção.
Sério. Se as pessoas hoje têm preguiça até de procurar no Google alguma coisa, não abrem nem um dicionário virtual pra pesquisar sobre uma palavra em inglês ou português, ou perguntam “Qual é a cor do boto?” num post em que já está escrito que o maldito do boto é cor-de-rosa, sinceramente não é possível que a gente teime em acreditar que, se elas leram nossas estórias e só estórias como as nossas, essas pessoas vão atrás de pesquisar sobre algo que você inseriu no seu texto pra saber o que é real ou o que é ficção.
É claro que nem todos os leitores são assim, mas não tem como a gente fingir que em minoria ou maioria não há leitores com esse perfil.
Voltando lá ao exemplo das representações masculinas em estórias escritas por e/ou pra mulheres: Existe um grande número de adolescentes fascinadas por bad boys e que se deixam cair em todo tipo de buraco com esses caras, assim como mulheres maduras que acham que um homem bonito é tudo que elas precisam, e que o ciúme doentio é uma prova de amor, que se ela apanhou é porque ela mereceu ou vai acabar em sexo. Por aí vaí. Porque não faltam estórias nessa internet onde o par romântico é um grande filho da puta nas atitudes, mas a putaria dele cheira a rosas mesmo com um caráter tão podre.
Mas essa é só a ponta do iceberg.
Nós ainda temos muita exclusão de pessoas negras e gordas nas mesmas estórias de pessoas que no Twitter cancelam tudo e todo mundo quando os outros não colocam representatividade nas coisas. E cito aqui especificamente pessoas negras e gordas porque vocês não precisam de dias de pesquisas, mil links de artigos e uma pilha de livros pra colocar um personagem desses nas estórias de vocês se os enredos forem só uns romancinhos mel-com-açúcar, encontros sexuais, ou quaisquer outros tipos de coisas que não envolvam as histórias e as discussões de grupos sociais marginalizados.
E se por um lado temos a exclusão de certos tipos de pessoas e assuntos, por outro também temos autores que acham que nasceram sabendo de tudo e podem falar sobre as vivências dos outros.
Eu, me considerando parte do T e do Q de LGBTQIA+, sinceramente já vi cada bizarrice, de autores que nem são T nem Q, tratando do assunto com todo aquele desejo de ser militante ou se provar pros outros como militante e sem perceber (por falta de autocrítica ou descaso mesmo) que pode ter passado alguma informação errada ou incoerente. Por exemplo? Esses dias li uma estória de um cara trans que circulava sem camisa por aí no meio das pessoas e ninguém percebia que ele era trans. Se o autor prestasse um pouco de atenção em homens trans que estão espalhados em todas as redes sociais hoje, perceberia que a mastectomia (cirurgia que remove completamente os seios) deixa cicatrizes que às vezes nem tatuagens conseguem esconder direito — mas não, no conto que eu li não tinha nem tatuagens pra cobrir as cicatrizes. Tudo bem se a passabilidade do homem trans era alta, só que é estranho ninguém nem perguntar que cicatrizes eram aquelas. E, véi, é difícil pra porra clarear e tirar essas cicatrizes.
Outro caso envolvendo pessoas trans, desta vez mulheres transexuais e travestis, é que elas sempre têm umas estórias tristes pra caralho, de ninguém aceitá-las nunca, cheias de depressão e desgraças e sei lá mais o quê — e, apesar de a realidade pra mulheres trans e travestis realmente ser muito dura, nem todas são rejeitadas nos meios em que vivem, e a passabilidade de algumas permite que elas circulem por aí sem serem identificas como trans.
Terminando de descer desastrosamente pelo arco-íris e rolando de volta pro começo: Quem não conhece o protagonista machista escroto violento ciumento que é assim porque, coitadinho, ele teve um trauma ter-rí-vel no passado?! Os pais dele sofreram um acidente de carro quando ele ainda era muito jovem. Aí ele resolveu se revoltar com o mundo. Então ele vira um coitadinho, porque ele tem problemas psicológicos. A protagonista humilhada e trouxa é a pessoa que nos dois últimos capítulos percebe que é só estalar os dedos que ele muda.
Bom, há várias razões pelas quais uma pessoa pode ser assim, e algumas delas estarem mesmo ligadas a traumas do passado. Há vários tipos de problemas referentes a agressividade e falta de empatia na psicologia. O fato é que não há cura pra maioria desses problemas, é preciso acompanhamento, remédios, limitações. E o tratamento pra uma bipolaridade não pode ser o mesmo pra uma psicopatia, ainda mais porque cada indivíduo desenvolve o problema à sua maneira.
A gente pode falar de culturas também. Tem gente que ainda hoje acredita que os celtas eram canibais, porque isso foi reforçado no boca a boca e no imaginário ocidental romano e cristão durante muito tempo. Quem é gamer sabe que saiu Assassin’s Creed Valhala e um monte de macho começou a choramingar que entre os vikings não existia mulheres guerreiras, sendo que os vikings eram uma cultura também de mulheres guerreiras. Há estórias que se passam em 1920, época de ouro das melindrosas (flappers) e do Charleston, da sensualidade e da liberdade feminina, mas ou elas aparecem vestindo roupas que as cobrem do pescoço aos pés em espartilhos apertadíssimos, ou usam aquela tiara com peninha na cabeça e vestidos de lantejoulas com biquinho de Betty Boop — mas se você jogar “1920 Fashion” no Google imagens você pode encontrar isso aqui.
Resumindo todos os exemplos: nós também somos responsáveis por transmitir conhecimentos e a imagem positiva ou negativa de algo ou alguém.
Mas isso poderia ser resolvido com o quê?
Com a boa e velha pesquisa.
3. A responsabilidade com a informação
“Aprendi algumas coisas enquanto escrevia meu primeiro romance. Primeiro, que ‘inspiração’ é uma palavra ruim que autores manhosos usam a fim de parecerem artisticamente respeitáveis. Conforme o velho adágio, a genialidade é composta de dez por cento de inspiração e noventa por cento de transpiração. (…)”
— Umberto Eco, Confissões de um jovem romancista (págs. 13, ed. Cosac Naify, 2013).
Deu pra perceber que todos os exemplos acima poderiam oferecer uma representação melhor com um mínimo de pesquisa? Tipo olhar as fotos de pessoas em 1920 no Google, ou assistir uns canais de pessoas trans no Youtube pra saber as diversas realidades trans que existem.
Eu estava na internet no ano 2000 e estou na internet agora em 2021, e talvez algumas pessoas (principalmente aqueles que nasceram em 2000) não tenham noção de como a quantidade de conteúdo online sobre todos os tipos de assuntos foi de “um monte” pra “infinito”. Se você sabe inglês ou se dispõe a usar tradutor pra pesquisar em outros idiomas, aí você consegue mais coisas ainda!
Exemplo disso é: Apesar de eu não ser uma pessoa negra/preta (vou deixar os dois porque sei que tem gente que prefere um ou outro), eu sempre me interessei por outras culturas, e algumas delas são de descendência africana espalhadas pelo mundo, ou de culturas dentro da África. Foi uma das maiores dificuldades que eu passei na minha vida, tentando caçar material. Todos os livros falavam só da escravidão aqui no Brasil, nas américas, mas eu não queria saber mais sobre escravidão, eu queria conhecer outras culturas de lá, os conflitos internos, as tribos, os reinados, os idiomas, as mitologias. Eu cheguei a me arriscar a fazer um rascunho de uma estória, um primeiro capítulo acho, mas minha melhor amiga disse que não gostou, não estava emocionante, não tinha nada do que eu tinha prometido, e perguntou o que eu realmente queria com aquela estória, o que eu queria expressar através dela. Aí eu pus a estória na gaveta, e fui tentando coletar mais e mais material. Passou uns anos e finalmente as pessoas de descendência africana estavam tomando todos os cantos, e aí vieram livros e mais livros e eu “AAAAAHH!!”.
No meio disso tudo, é claro, acabei descobrindo que eu já tinha uma base consistente pra escrever sobre afrodescendentes nos Estados Unidos, até porque eles sempre tiveram um movimento mais visível, e todo esse conteúdo apareceu online antes e em maior número do que certos tópicos daqui do Brasil. Digo, é tão detalhado o que eles fizeram ali que você consegue seguir os passos contados de uma pessoa negra na época da segregação. Fora as representações visuais que foram feitas desde muito tempo, boas ou ruins, que também compõem o trajeto da discussão.
Mas vejam bem: Eu preferi cancelar um projeto do que me arriscar a escrever algo que não só estava vazio de conteúdo, como certamente passaria ideias erradas e contrárias ao meu próprio propósito, além de me fazer ser acusado de racismo. Porque nossas boas intenções não curam as feridas dos outros. (E não me arrependo não. A ideia em si era ruim mesmo, a escrita pior ainda.)
É claro que esse recuo pode me fazer escrever com mais personagens brancos, por exemplo, porque essa é a minha realidade. Eu prefiro não escrever sobre algo do que publicar uma ideia ruim sobre algo que está lutando pra conquistar seu espaço de direito, porque também é assim que eu me sinto em relação às coisas que consumo. Não quero prejudicar nem ser prejudicado. Por outro lado, mesmo não escrevendo tanto sobre as culturas afrodescendentes do mundo como eu gostaria, eu acabo escrevendo muito sobre outros grupos sociais que se encontram em desvantagem, problemas emocionais e psicológicos, etc.
Entendem o que quero dizer? Nós não precisamos anunciar por meio da escrita o quão militante nós acreditamos que somos. Às vezes a gente só quer escrever mesmo putaria com os nossos fetiches ou um romancinho bobo pra dar uns suspiros, e deixar a militância pra vida real, ou nem militar, mas continuar sobrevivendo e respeitando, compreendendo e auxiliando o próximo. Até porque, quanto mais você afirma que é algo, menos parece que você é esse algo (o BBB 2021 nos deu bons exemplos disso). É por isso que eu visivelmente não tenho muita paciência com autores que querem colocar militância e representatividade em todos os textos, até porque nem sempre o conteúdo é realmente informativo, ou até distorce as coisas. Fora que falar de muitas coisas ao mesmo tempo pode significar que não se é aprofundado em nada. Acreditem: depois de anos lendo e revisando, eu garanto que dá pra saber muito do autor pela ficção que ele escreve.
Mas eu não sei o que diabos acontece que os mesmos autores que querem ser populares nesses sites de publicação e vender livros tendem, em maioria (pelo menos do meu ponto de vista nesses anos e nessas redes todas), a não só se recusarem a pesquisar e ler, como ainda se ofendem quando são corrigidos numa boa, quando você oferece ajuda. Eu já cheguei a ficar uma madrugada inteira revisando e escrevendo um textão sobre como resolver os problemas do texto do Fulano, com um monte de fontes e exemplos e livros e tudo, pro indivíduo chegar e dizer que não precisa disso, que sequer leu a minha revisão cheia de material pra ele.
A esse ponto eu não me pergunto mais que tipo de autores essas pessoas querem ser, mas sim que tipo de pessoas eles são. Porque se aquilo que tá no texto é o ponto de vista deles sobre aquele assunto, sem desenvolvimento, sem embasamento nenhum, então eu fico realmente assustado com esse comportamento deles como indivíduos na sociedade também. E eu não estou falando sobre discordância com os meus pontos de vista, e sim, por exemplo, sobre a descrição caricata de algum tipo de pessoa como personagem, ou mesmo a romantização de atos imperdoáveis.
Hoje em dia existem mil formas facilitadas de pesquisa: além dos livros e textões de sempre, tem canais especializados em temas no Youtube ou pessoas interessadas nesses mesmos temas discorrendo resumidamente sobre, fora essa moda dos podcasts que tá aí pra gente ouvir enquanto fazemos qualquer outra coisa. Ademais, se vocês escrevem coisas mais simples, podem chegar em algum conhecido ou algum desses grupos em várias redes e perguntar, tirar suas dúvidas. Se você não sabe por onde começar, sempre vai ter alguém num Facebook ou Reddit da vida atendendo seu pedido de socorro e mandando um monte de material ou divagação sobre o tema.
Eu fico me perguntando se vale mesmo a pena essa birra de “não preciso aprender mais nada” só porque alguém disse que a coisa está incompleta, errada, ininteligível. Porque o prejuízo definitivamente não está em quem te criticou: A pessoa simplesmente vai parar de ler as suas coisas. São vocês que, cedo ou tarde, vão ter que lidar com as consequências de transmitir aquilo que não é. Hoje pode estar tudo ok, mas uma hora o bicho pega.
E eu estou sendo propositalmente abrangente nisso de “transmitir aquilo que não é” porque tem pessoas que chegam a se recusar a ler livros porque elas já têm milhões de seguidores e de comentários, e essa falsa popularidade que a internet oferece as faz acreditar que isso é fruto do dom delas, que elas nasceram assim e, portanto, estão acima dessas outras pessoas reclamonas que estão com inveja da sua capacidade de escrever e ser adorada por tanta gente.
Minha teoria é a de que: por terem muitas ideias e conseguirem escrever desenfreadamente essas ideias (já que a escrita não é considerada uma arte de fácil construção, principalmente num país onde colégios particulares caros ainda formam analfabetos funcionais), empolgadíssimos, esses autores parecem acreditar que a ideia em si é o suficiente, o verdadeiro valor da obra, porque eles a enxergam claramente na própria cabeça, e vêem a escrita só como um meio de dar vazão a ela, compartilhá-la com os outros.
Ou seja: “Minha ideia é tão boa mas tão boa que logicamente o meu texto vai sair automaticamente como a minha ideia!”
Eu tenho uma notícia muito triste pra dar: o fato de você conseguir visualizar a sua ideia com tamanha perfeição, porque ela está na sua cabeça, não significa que as suas palavras estejam representando fielmente as suas ideias e, portanto, que as outras pessoas vão ver a sua estória como você a vê — porque as outras pessoas não estão na sua cabeça, oras. Principalmente se você não tem vocabulário o suficiente, não conhece e nem entende os porquês das regras gramaticais, não sabe interpretar o peso, o clima, enfim, a expressão individual que cada palavra carrega em si.
Eu tenho uma notícia mais triste ainda pra dar: mesmo os escritores mais experientes hoje em dia, mesmo os grandes escritores da história, enfim, têm/tinham que ficar pesquisando, se contorcendo, lutando, choramingando, pra conseguir desenvolver meios ideiais (sim, plural) pra expressarem aquilo que eles querem/queriam.
E vamos de exemplo: certa vez eu estava revisando um texto de uma amiga. A protagonista era muito delicada, certinha, intelectual, formal — do tipo que não faz movimentos bruscos, não fala alto nem nada, divaga bastante. A autora tinha usado sempre adjetivos assim, “suaves”, que deram a entender todas essas características que citei antes. Até que, quando a personagem estava chorando, a autora disse que ela usou os “dedões” para enxugar as próprias lágrimas. Óbvio que eu falei que a menina parecia que tinha uns dedões desproporcinais ao resto do corpo inteiro, porque “dedão” é aumentativo de qualquer dedo que seja, embora normalmente a gente use pra falar dos polegares. Mas é uma palavra que denota algo grande e pesado, por causa desse “-ão” aí, que além de tudo faz a gente produzir um som mais forte com a boca. Se todos os adjetivos antes não tinham nem aumentativos nem diminutivos, dá-se a entender que ela tinha proporções comuns, nada que chamasse atenção. Um simples “dedão” quebra não só o tipo dos adjetivos dados às características dela, como dessoava com toda a narrativa do texto que tinha uma pegada poética contemporânea e romântica.
Elaborando agora o exemplo: Se você diz que “Ela andava com seus pezinhos descalços pelo jardim de mil cores, o vento soprando seu vestidinho branco e florido de piquê enquanto ela tentava segurar seu chapéu de abas longas. Parecia uma pluma dançando pelo céu azul…” — “pezinhos” no diminutivo ou se refere a pés pequenos ou pés de criança; “descalços” sugere que ela tem em si uma rebeldia inocente, infantil e despreocupada; “vestidinho branco e florido de piquê” deve ser um vestido curto, e reforça os aspectos anteriores, além de representar feminilidade e fragilidade (porque flores são bonitas e frágeis); um “chapéu de abas longas” pode fazer uma pessoa parecer menor; “pluma dançando pelo céu azul” fala de leveza, de uma “agitação tranquila”, num dia tão bonito que pode ficar marcado na memória como se fosse uma pintura rococó. Tudo isso pra dizer que a personagem é uma pessoa delicada — seja por afirmação de um narrador impessoal em 3ª pessoa ou pela visão fascinada de outro personagem em 1ª pessoa.
Se eu tivesse escrito “Ela, que era toda delicada, estava andando alegremente pelo jardim.” causaria a mesma sensação? Tudo bem, a palavra “delicadeza” objetivamente diz que a personagem é delicada, e essa é uma informação importante sobre ela neste momento; mas a palavra “delicadeza” carrega sozinha a importância que essa delicadeza da personagem tem na narrativa? Principalmente se esse for o ponto de vista de outro personagem, a descrição enfirulada pode sugerir que ele a vê como modelo viva brincando numa pintura rococó — e ele ver ela assim mostra o grau de fascinação e idealização que ele tem por ela, tornando a personagem mais onírica, ao mesmo tempo em que parece pesar no que ele sente por ela. Com ou sem esse outro personagem, esse efeito vai pro leitor, que capta a composição dessa descrição e visualiza sozinho essa personagem dos sonhos, e é um trecho que pode ficar marcado como lembrança imagética da obra em questão.
Entendem? Existem várias maneiras de expressar uma ideia. Expressar por meio da escrita é muito diferente de simplesmente escrever as palavras que significam isso e aquilo. A poesia, por exemplo, não é estética só porque é bela — ela é bela porque ela tenta usar de palavras pra transmitir emoções e sensações.
Filosofando um pouco mais, o que seriam essas emoções e sensações? Não seriam reações àquilo que transpõe o corpo físico e nossa razão, fazendo a gente sentir no peito e no tato? E por que a gente sente essas coisas que chegam até nós a partir de um simples texto?
Porque o texto conseguiu entrar em nós graças a uma composição certa de palavras, ou porque previamente nos identificamos com a emoção, sentimento e/ou ideias gerais que o texto está nos narrando, declamando ou cantando. Porque um texto nunca vem vazio: Ou ele vem com emoções, sentimentos e ideias de um autor a respeito de algo, com o contexto de vida desse autor, ou nós o interpretamos com os nossos próprios sentidos, nossos próprios contextos.
É por isso que, no seu Dicionário Filosófico, ao falar sobre Beleza, Belo, Voltaire conta que foi assistir uma peça na companhia de um filósofo, e o filósofo todo “Oh! Como isto é belo!”; e Voltaire, por ser Voltaire e chato como só ele, perguntou onde estava a beleza nisso. O colega filósofo dele disse que era porque a peça tinha atingido sua finalidade. Depois, o filósofo tomou um purgante e Voltaire teve a pa-chor-ra de dizer que aquele era um “belo purgante”, porque tinha atingido sua finalidade. Aí o filósofo teve que concordar que ele tinha achado a tal da peça tão bela porque tinha proporcionado nele admiração e prazer — ou seja, emoções/sentimentos.
4. Responsabilidade sobre as responsabilidades.
“Em geral, estudantes e estudiosos de todos os tipos e de qualquer idade têm em mira apenas a informação, não a instrução. Sua honra é baseada no fato de terem informações sobre tudo, sobre todas as pedras, ou plantas, ou batalhas, ou experiências, sobre o resumo ou o conjunto de todos os livros. Não ocorre a eles que a informação é um mero meio para a instrução, tendo pouco ou nenhum valor por si mesma (...)”
— Schopenhauer, A Arte de Escrever (pág. 20, ed. L&PM,2019)
A questão não é pararmos de escrever, não é pararmos de publicar: É assumirmos as nossas responsabilidades por aquilo que dizemos, escrevemos e transmitimos por aí.
E estar atento às outras pessoas — aos leitores e pessoas que inspiram nossos personagens — não é apenas uma responsabilidade com a nossa própria reputação ou uma responsabilidade social, mas também é uma questão de empatia.
É claro que não podemos nos anular porque uma ou outra pessoa ficou engatilhada com nossos temas, porque uma ou outra pessoa achou ruim. Mas é bom a gente sempre parar pra ouvir e refletir sobre como a gente pode melhorar na escrita, na expressão escrita, pra conseguir representar situações não só mais realistas, como também mais humanizadas (solidárias), além de apresentar ideias bem desenvolvidas ou suscitar a discussão de novas ideias.
É isso. Como sempre espero ter ajudado, e qualquer dúvida ou debate eu vou estar respondendo nos comentários.
Até logo!
Esse texto ficou incrível... É fascinante ver essa preocupação quando se lê um texto, e foi exatamente isso que senti aqui. O tempo todo que o autor mostrou como funciona a responsabilidade entre texto, autor e pessoas, ele também foi extremamente responsável.
ResponderExcluirMuito obrigada por esse texto incrível, eu amei! ♥
Eu que agradeço! Fico muitíssimo feliz de saber que compartilhar minhas experiências e meus estudos consegue alcançar e ajudar alguém! x3 ♥
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