Resenha: The Medium, o enredo por trás do jogo

domingo, 7 de março de 2021

 

Por: Mariana Cunha
 

As resenhas compõem o gênero mais tradicional de artigos no Blog da Liga dos Betas, sempre feitas por betas da Liga ou convidados especiais. Agradecemos a Mariana pela resenha desta semana!

 

O enredo para jogos não se difere muito de um livro ou filme, porém existem alguns mecanismos que precisam ser bem elaborados para este tipo de escrita. No recém jogo lançado “The Medium” trabalha bem sua jogabilidade que relembra os antigos jogos de Survivor Horror junto à estrutura de um enredo adaptado para tal.

Os antigos jogos de terror usavam o enredo como tática para alcançar mais pessoas, já que antigamente a tecnologia dos desenvolvedores não era tão alta e esses jogos precisavam, de alguma forma, entrar no mercado. Resident Evil, Silent Hill, The Clock Tower, entre outros, apostaram em histórias grandes com enredos bem elaborados com personagens marcantes que impactassem o jogador e o fizessem continuar a história apesar dos sustos e da aflição a cada capítulo. Vários jogos se perderam nesta primeira aposta e hoje preferem focar em jogabilidade. The Medium conseguiu reconectar toda a estrutura, que embora muito útil, estava meio perdida a tantos outros novos jogos com bom enredo que não apostavam no terror, baseando-se perfeitamente bem nos jogos acima citados.

Começamos o jogo com Marianne quebrando a quarta parede, sendo a narradora personagem onisciente que não se lembra de seu passado. Não se sabe muito da história até então, ela apenas nos diz que “Tudo começou com uma garota morta” e assim, começamos a jogar em 3ª pessoa com ela, no que parece o passado.

Este mecanismo é interessante, trabalhando o Tempo do enredo, criando suspense e faz o jogador/leitor imergir dentro da história, recriando junto a personagem. Os pedaços perdidos da memória da personagem são organizados junto ao espectador trazendo já de antemão empatia para com ela.

Um mecanismo utilizado em jogos, é a contação dos detalhes importantes em arquivos (filers) durante a jogatina. Ele é usado porque diferente de filmes ou livros, o diálogo com personagens ou a imersão apenas na trama do(a) principal estraga a experiência do jogador em relação à jogabilidade, afinal, se fosse para ver filme ou ler um livro, ele não estaria ali, não é? Muitos destes arquivos não são tão importantes em relação ao jogo em si, mas para quem quer entender o que está acontecendo a leitura é crucial. Em “The Medium”, este mecanismo é interessante, já que as colocações destes arquivos são mostradas em relação a cada personagem ou situação que vamos conhecendo, este “background”, particularmente, acho bem válido, pois enriquece o enredo, sendo mais difícil a história se perder, já que jogos de terror tem essa breve fama por causa de monstros, fantasmas ou criaturas que por muitas vezes são apenas jogadas para dar susto, sem ter a devida importância, o que não acontece em The Medium. O mais interessante, é que as criaturas ao longo do jogo têm suas histórias exploradas ao mesmo tempo que se juntam de alguma forma com a história principal de Marianne.

The Medium possui temas pesados que podem ser gatilhos e não há tanto filtro por se tratar de um jogo de terror psicológico. Há partes da trama que realmente incomodam ao mesmo tempo que deixam o jogador reflexivo. É preciso cautela ao colocar alguns assuntos e não há delicadeza ao aprofundarem nestes assuntos, o que pode ser um ponto negativo para alguns, mas são detalhes que constroem camadas de alguns personagens.

Falando sobre personagens, alguns se perderam durante a trama, um ponto negativo, apesar da incerteza de uma parte dois do game para o futuro. Já outros foram se encaixando de forma gradativa durante a trama, sendo bem conduzidos.

Marianne é inserida com participação ativa já no 1º Ato do enredo, sendo peça chave para toda a história, porém no meio para o final, por causa de outras aparições, sua história fica um pouco de lado e faltou um pouco de aprofundamento sobre seus sentimentos a cada nova descoberta dos mistérios que rondam sua vida.

O final do jogo abre portas para uma continuidade, há questionamentos sobre o que realmente aconteceu, porém, ouso dizer que o final foi um teste dos desenvolvedores para saber se é rentável uma nova franquia de jogos de Survivor Horror. Vale dizer que o jogo foi desenvolvido pela empresa Bloober Team que já teve um sucesso no retorno de jogos de terror com “Layers of Fear”.

Mesclando a jogabilidade dos clássicos de terror com um enredo composto por backgrounds de personagens, fenômenos misteriosos mostrados nos locais em que o jogador avança e uma história principal cheia de mistérios e reviravoltas, The Medium conseguiu trazer a temática para os jogos com êxito, precisando apenas aprimorar alguns mecanismos de jogabilidade, buscando personagens mais ativos e carismáticos para ingressar nos mistérios junto à Marianne.

2 comentários:

  1. Particularmente não sou muito fã de jogos de Survival Horror, entretanto o arquivo me deixou curioso para conhecer a história de Marianne.

    Ob.: O artigo está duplicado.

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