Olá, pessoal. Como estão? Espero
que bem e escrevendo bastante.
Hoje trago mais um post que levei
originalmente para o meu blog,
mas é uma discussão interessante que eu acredito que deva chegar a mais pessoas.
E vamos de debate (hehe).
Há algum tempo (não lembro
quanto, minha noção de tempo está meio bugada com essa quarentena), surgiu no
grupo do Nyah no Facebook uma discussão sobre se escrever seria um dom ou fruto
de muito trabalho.
Como eu não posso ver um tema
passível de discussão que já quero brotar e deixar minha opinião, óbvio que fui
lá deixar meus dois centavos de ideias sobre a questão e depois expandi para
uma postagem inteira a respeito.
O debate não é novo e podemos
resumi-lo na existência daqueles que acreditam que escrever é um dom, um
talento nato, e outros dizendo que é tão somente resultado da persistência e de
muitas horas de prática de estudo. Para um lado, há aqueles que nascem com a
capacidade natural de escrever e de quem as palavras parecem fluir como um rio.
E para o outro, com muita força de vontade qualquer um seria capaz de escrever
qualquer coisa.
Como também já era de se esperar,
no meio do caminho, há ~euzinha~; que acredito que nenhum dos dois lados da
discussão carrega a verdade verdadeira sobre a questão. Para mim, a
escrita de qualidade e fluida é resultado da dedicação com a aptidão.
Explico: é óbvio que estudando,
pesquisando, praticando e sempre buscando melhorar, qualquer pessoa pode se
tornar um escritor competente. Sobretudo se estamos falando de questões
técnicas.
Porém só isso não parece explicar
aquelas pessoas que possuem mais facilidade para se expressar do que as outras.
Isso fica mais evidente quando observamos gêneros literários. Alguns escritores
são divinos escrevendo ficção científica, outros não conseguem escrever nada
bom nesse estilo mesmo que gostem dele e consumam muito material a respeito.
Romance, suspense, terror,
comédia, ficção histórica, fantasia... Cada um tem mais facilidade com um
estilo do que com outro. Eu mesma não consigo gostar de minhas histórias
centradas em romance e meus contos de terror são uma derrota. Acho que me saio
melhor na fantasia urbana e no suspense. Você que me lê ao do outro lado pode
ser o exato oposto. Não é apenas estudo que responde por que isso acontece.
Alguns de nós possuem, também,
mais facilidade em escrever na terceira pessoa em ponto de vista profundo.
Outros não trocam a primeira pessoa por nada. Há quem ame escrever sob o ponto
de vista de múltiplos personagens e quem ache isso um pesadelo completo. Alguns
querem ser o novo George Martin. Outros, dariam um braço para ser metade da
escritora que foi a Jane Austen. Também não é mera dedicação que nos explica o
motivo disso.
Por razões que me são misteriosas
por completo, alguns escritores parecem já vir programados de fábrica para
escrever de certas maneiras, enquanto muitos de nós nem penando muito consegue
fazer algo bom. É a mesma dúvida de porque alguns nascem sabendo cantar, com
vozes divinas, e outros odeiam até se ouvir falando (eu mesma, não sei como
vocês me aguentam no meu podcast
hahaha). Ou porque alguns de nós ama jogar futebol, enquanto outros correm
disso como um vampiro das antigas correria de alho.
Claro que estudando muito a gente
consegue escrever uma boa cena de beijo mesmo quando romance não é a nossa
praia, mas não é nada comparado a quem ama o estilo e tem mais facilidade com
ele. A fluidez, a qualidade da cena, a chance de cativar o leitor logo de cara
é bem maior nesse segundo caso.
MAS ESPERE!
Não estou escrevendo nada disso
para desmotivar você. Sei que parece que estou dizendo que ainda que você
estude muito e pesquise, jamais será capaz de escrever bem determinado estilo
ou algo do tipo; mas a ideia aqui é outra.
Volte comigo a seus anos de
escola. Tenho quase certeza de que, assim como eu, você não era muito bom em
exatas, e que, assim como eu também, você se sentia a estupidez com pernas por
não entender como os números funcionavam e interagiam (sobretudo, quando metiam
letras no meio do negócio). Deve ser a mesma sensação de querermos escrever uma
boa história de drama quando não sabemos muito bem como fazer isso.
E do mesmo jeito que não saber
matemática não faz ninguém burro porque a aptidão daquela pessoa pode ser, por
exemplo, português; não saber escrever determinado gênero ou não ter muita
familiaridade com ele não te faz um escritor incompetente.
Você só precisa parar de bater a
cabeça na parede e descobrir sua aptidão.
De repente, você não consegue
escrever fantasia clássica capa-e-espada porque seu estilo fluiria melhor se
você estivesse tentando contar um romance histórico. Ou sua história contada em
terceira pessoa parece sem sal porque você é melhor em escrever em primeira
pessoa. Talvez até escrever com um personagem só deixe a impressão de estar te
limitando porque tudo caminharia melhor para você com múltiplos pontos de
vista.
A boa notícia é que cada um de
nós tem seu cantinho no mundo da escrita. A ruim é que você vai ter que sair
viajando por ele até descobrir se seu lugar é em uma vila medieval, uma
floresta cheia de fadas e elfos, uma cidade cinzenta e chuvosa dominada pela
criminalidade ou um complexo futurista coberto de neon de alguma megacorporação
qualquer.
Aqui vai minha dica final: se
teste sempre, experimente largar textos que pareçam sem graça e sem emoção para
explorar novas formas de contar histórias. Descobrir qual sua forma de
escrever, como você se expressa melhor e do que você realmente gosta vai fazer
uma sensação muito gostosa se apoderar de você; que é a de finalmente adquirir
autoconhecimento nesse mundinho literário e escrever as histórias que você
ainda não viu em nenhuma estante.
Estude, pratique e pesquise
SEMPRE, claro, mas tudo isso será tempo perdido se você não souber para que
estilo e para qual história você está fazendo isso.
Vai por mim: vai te fazer um bem
enorme.
Por hoje é só, pessoal. Beijos, espero
que tenham gostado e nos vemos novamente em uma próxima oportunidade :*
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O blog da Liga é um espaço para ajudar os escritores iniciantes a colocarem suas ideias no papel da melhor maneira possível.