Sinopse: Nessa obra, Kafka descreve o caixeiro viajante Gregor Samsa, que
abandona as suas vontades e desejos para sustentar a família e pagar a
dívida dos pais. Numa certa manhã, Gregor acorda metamorfoseado num inseto
monstruoso.
Editora: Via
Leitura
Páginas: 96
Oi, pessoal!
Estou de volta com mais uma resenha, e dessa vez para falar de um livro que
mexeu muito comigo: A Metamorfose.
Bem, sem
mais delongas, o livro conta a história de um caixeiro viajante chamado Gregor
Samsa, numa manhã comum de trabalho este jovem acorda e se encontra no corpo de
uma barata. Nojento, não é? Só piora a partir daqui.
Já até
gostaria de falar que, se você tem fobia de barata, não é uma leitura muito
agradável de ser feita, inclusive nem se você não tiver medo de barata é uma
leitura muito agradável.
Enfim, nós
ficamos sabendo praticamente tudo sobre a vida do Gregor, principalmente seu
trabalho e suas condições de vida. De cara dá pra perceber que ele tem um
trabalho muito estressante, sempre viajando de cidade em cidade e mal parando
em casa, além disso, ele é a única renda da família dele que consiste no pai, a
mãe e uma irmã.
Também fica
claro o quanto o Gregor se importa com a família, até porque uma de suas
maiores angústias ao lidar com a “vida nova” no “novo corpo” é o fato de ele
estar se tornando um fardo para os seus pais e sua irmã, já que mal podia se
mover e tampouco voltar ao trabalho.
O enredo em
si é, a primeira vista, bem simples: estamos observando a metamorfose de Gregor
em um inseto completo. Porém, quando eu parei para pensar na história como um
todo, vi que vai um pouco mais além que isso. Não é apenas Gregor que sofre uma
metamorfose na história, sua família também.
Para
começar, eles são obrigados a abandonar o conforto em que viviam e arranjar
empregos, já que Gregor estava incapacitado. E você percebe, ao longo do livro,
como eles se tornam pessoas completamente amargas com isso e, ao invés de serem
minimamente gratas a todo o esforço que o filho havia feito para banca-los até
o momento, eles o ressentem por não poder fazer nada.
Em vários
momentos durante a minha leitura eu parei para pensar: será que o Gregor
realmente virou uma barata ou seria isso apenas uma metáfora para depressão? De
qualquer forma, a mensagem, pra mim, é a mesma. O livro tenta mostrar a forma
como seres humanos conseguem descartar tão facilmente alguém quando essa pessoa
torna-se “inútil”.
Assim que o
Gregor não foi mais capaz de prover para sua família, estes o consideraram
completamente deplorável e indigno de atenção e afeto. E quantas vezes não
vemos casos como esse acontecendo na “vida real”?
Pegue como
exemplo o caso dos idosos: assim que param de trabalhar ou ser útil, e começam
a “dar trabalho”, são deixados de lado pela família e postos num asilo (claro
que esse não é o caso de todos, mas há várias pessoas nessa situação por aí).
Vou encerrar
por aqui a fim de não dar muito spoiler. Você provavelmente vai se sentir
bastante desconfortável com esse livro, mas recomendo fortemente a leitura,
tenho certeza que vai te fazer pensar sobre muita coisa. Inclusive, acho que o
fato de nos deixar desconfortáveis é bom, pois é difícil entender alguns tipos
de angústias sem vê-las de perto.
obg
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