Escrevendo Histórias Sobre Esportes - Parte 2/11: Futebol

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Por: Hel

No artigo de hoje teremos:

·         Futebol de campo.

Hello, pessoas, tudo bem com vocês? Tia Hel chegou com mais um artigo no blog, continuando a nossa série sobre como escrever histórias sobre esportes. Conforme o combinado, hoje vamos analisar um pouquinho os três aspectos que envolvem o Futebol na hora de se escrever uma história com esta temática esportiva.
Na parte I, revisaremos o básico sobre como funciona o jogo, na parte II falaremos um pouquinho sobre que tipos de fatores externos podem aparecer lindamente na história de vocês e na parte III veremos sobre o primordial durante a narrativa: o foco nas questões emocionais, tanto da equipe como do protagonista. Para quem quiser detalhes de regras e posições, as referências vão estar todas bonitinhas ao final do texto.

Parte I — Funcionamento do jogo

Fundamentos técnicos do futebol:
·         Passe: é a movimentação de bola entre os parceiros de equipe;
·         Chute: o ato de tocar a bola utilizando o pé, tendo como objetivo principal a realização de um gol;
·         Cabeceio: o ato de golpear a bola com a cabeça;
·         Drible: é a forma como um jogador se esquiva do seu adversário, seja pelo bom manejo de bola, toques, mudança de direção e/ou deslocamento rápido;
·         Voleio: espécie de chute considerado mais pela beleza plástica, feito de maneira bastante específica, no qual o jogador golpeia a bola que está vindo de forma aérea em sua direção antes que ela toque no chão.

Posições genéricas dos jogadores:
·         Goleiro: o único jogador em campo que pode tocar a bola com as mãos, desde que esteja dentro dos limites da grande área do campo. Sua função é evitar o gol dos adversários. Um bom goleiro necessita ter bastante flexibilidade, velocidade de reação e, de preferência, estatura elevada. Por ter de desenvolver habilidades bastante específicas e bastante diferenciadas dos demais jogadores, sua rotina de treinamento costuma ser bastante separada do restante da equipe, tendo um preparador específico também.
·         Zagueiros: esses jogadores ocupam a grande área defensiva e têm como função ajudar no bloqueio dos ataques dos adversários, protegendo assim a área de sua equipe para que não tomem gol. Os zagueiros geralmente são jogadores bastante altos e fortes, embora não lhes seja obrigado ter tanta habilidade de dribles e velocidade como alguns jogadores de outras posições. O fato de os zagueiros geralmente terem grande estatura, auxilia-os no momento em que sua equipe está atacando, pois eles podem partir para a área de ataque também e, estando próximos do gol adversário, possuem grandes oportunidades de cabecear bolas aéreas e fazerem gols.
·         Laterais/alas: atuam pelos lados do campo e fazem a ligação entre a defesa e o meio-campo. Quando estes laterais estão transportados mais para o meio-campo e possuem maior liberdade para atacar, estes acabam sendo chamados de “alas”. Os laterais são jogadores que devem possuir bastante resistência e velocidade. Acabam sendo os jogadores que mais correm durante uma partida, tendo grande desgaste físico, pois percorrem toda a lateral do campo, apoiando tanto jogadores da defesa como jogadores do ataque, realizando cruzamentos, cobrando arremessos laterais, etc. Claro, também podem tentar finalizar jogadas, mesmo não sendo a principal função.
·         Meio-campistas: como o próprio nome sugere, atuam no meio de campo e são peça fundamental dentro do jogo, pois eles que encaminham a bola para alcançar, finalmente, a área de ataque. Dependendo da característica que assumem dentro do jogo, eles devem possuir bastante potência (aceleração) para fazer arrancadas, também ser bastante habilidosos com dribles e ajudar fazendo cruzamentos e finalizando jogadas. Os meio-campistas devem ser jogadores também muito criativos, para ajudar a criar jogadas que conectem a bola aos atacantes, sem que esta seja perdida para os marcadores adversários.
·         Atacantes: jogadores que estão mais perto da área do gol adversário e podem jogar como “pontas” (atacantes que atuam mais pelos lados do campo e que se movimentam mais, tentando penetrar a defesa adversária e muitas vezes também tendo que buscar bola e jogo no meio de campo) ou como centroavante (jogador mais centralizado, que costuma não sair muito da sua área de posicionamento e fica na grande área do time adversário boa parte do tempo). Independente da subdivisão na qual se encontram, os atacantes devem possuir bom chute, finalização, ter boa habilidade para driblar a defesa do outro time e também saber cabecear, pois são eles que estarão sempre mais próximos do gol adversário.

Características e regras básicas do jogo:
·         Oficiais de arbitragem: Num jogo de futebol existe o árbitro principal (que marca todas as jogadas e participa ativamente dentro do campo de jogo); os árbitros assistentes (também conhecidos como bandeirinhas), que ficam nas laterais do campo auxiliando nas marcações de saída de bola pelas laterais e fundos, bem como impedimentos e faltas; e o quarto árbitro, que geralmente é responsável por fiscalizar as substituições das equipes, equipamentos, indicar tempo de jogo adicional, etc.;
·         Quantidade máxima de jogadores titulares em uma equipe: 11 (onze);
·         Quantidade mínima de jogadores em uma equipe para que o jogo ocorra: 7 (sete);
·         Quantidade de substituições por equipe: na maioria dos torneios são 3, mas dependendo do campeonato pode haver até 5 substituições;
·         Tempo de jogo: dois tempos de 45 minutos, sendo que o período de intervalo entre eles não deve exceder 15 minutos; minutos extras poderão ser dados ao final de cada tempo se o árbitro assim achar necessário para compensar momentos em que o jogo teve de ser parado para realizar substituições de jogadores, avaliação de lesões, perdas de tempo, etc.;
·         Início de jogo: é feito por intermédio de sorteio, sendo que a equipe que ganha escolhe a direção para onde quer jogar e a equipe adversária dá o tiro inicial (saída de bola) no meio de campo. No segundo período, as equipes trocam o lado do campo e atacam na direção contrária à do primeiro período (lembrando que no momento da saída de bola, todos os jogadores devem estar no campo de defesa da sua equipe, à exceção do jogador executante do tiro de saída);
·         Bola fora de jogo: sempre que a bola ultrapassar toda a marcação das linhas laterais ou as linhas de meta (de fundo);
·         Arremesso lateral: deve ser cobrado a favor da equipe adversária do último jogador que tocou a bola antes desta sair pela linha lateral. Deve ser cobrado com as mãos;
·         Tiro de canto: também conhecido como escanteio, marcado quando a bola ultrapassa completamente a linha de meta, e tocada por último em um jogador da equipe defensora. É cobrado na área de canto mais próxima;
·         Tiro de meta: cobrado geralmente pelo goleiro, quando a bola ultrapassa a linha de meta de sua própria equipe, sendo a bola tocada por último por um jogador adversário;
·         Tiro livre direto, indireto e penal: também conhecidos como cobranças de faltas: só podem ser marcados por faltas e infrações cometidas quando a bola estiver em jogo. No tiro livre direto, a bola pode ser direcionada diretamente para o gol; no indireto, contudo, a bola não deverá entrar diretamente na meta (gol), tendo de ser tocada por mais algum jogador antes. O tiro penal (pênalti) deverá ser cobrado na marca que se encontra na área penal e será marcado sempre que um jogador  cometer uma infração punível com tiro livre direto dentro de sua própria área penal;
·         Faltas e incorreções: As faltas são marcadas sempre que o árbitro considerar alguma atitude ou jogada imprudente, tais como entradas bruscas em disputadas de bolas, rasteiras, socos, pontapés, toques com a mão, etc. A decisão se a cobrança de falta será por tiro livre direto ou indireto dependerá de qual infração foi cometida pela equipe adversária; dependendo da gravidade das infrações, o jogador pode ser advertido pelo juiz com um cartão amarelo (levar dois cartões amarelos numa mesma partida constitui cartão vermelho mais expulsão) ou cartão vermelho, sendo que este denota que o jogador foi expulso do jogo, deverá sair da partida e se dirigir direto para o vestiário da equipe, sem poder ser substituído por outro companheiro, ficando sua equipe, então, com um jogador a menos;
·         Gol: Só é considerado quando a bola ultrapassa por inteiro a linha de meta entre os postes e por baixo do travessão de uma das equipes;
·         Impedimento: a posição de impedimento ocorre quando qualquer parte de seu corpo (exceto mãos e braços) está mais próximo da linha de meta adversária do que a bola e o penúltimo jogador adversário. Quando o árbitro percebe a posição de impedimento do jogador e este recebe uma jogada de um companheiro da mesma equipe, a infração é marcada e a equipe adversária, ganha, então, um tiro de meta.


Parte II — Fatores externos e como estes afetam o jogo e a narrativa

Rotina de treino: Além do treinamento técnico comandado pelo treinador da equipe, os jogadores também fazem um extenso programa de treinamento, dirigido pelo preparador físico da equipe. Tal rotina envolve treinamento cardiorrespiratório (geralmente feito com corridas), treinamento de força (musculação e treinamento de potência), treinamento de flexibilidade (especialmente para os goleiros) e avaliações físicas esporádicas. Um jogador bem treinado será um jogador bem preparado para jogar. Teu protagonista respeita a rotina de treinamento? E se ele não respeita, que tipos de punições ocorrem? Ele segue uma dieta dirigida por um nutricionista? Ele possui vícios que prejudicam seu rendimento como jogador? Se sim, como a equipe e a imprensa lidam com esta problemática?

Local de jogo: Os jogos de futebol, geralmente, são realizados no estádio da própria equipe ou no estádio da equipe adversária. Por ser um esporte de grande massa, isso tem um peso bastante considerável no jogo em si. Ter o “mando de campo”, ou seja, jogar no estádio da própria equipe, significa ter maioria de torcedores do seu time te apoiando para a vitória e pressionando o time adversário para que a derrota dele ocorra. Por outro lado, jogar no estádio do time adversário significa ter uma parcela mínima de torcedores da própria equipe torcendo por você no momento do jogo, ao passo que a maioria massacrante de torcedores estará apoiando o time adversário. Jogar no campo adversário significa, também, maior desgaste dos jogadores, já que estes, por vezes, devem se deslocar para o local de jogo horas a fio dentro de ônibus, aviões, etc.
Narre o ambiente, descreva como ele se encontra: Há muito barulho acontecendo em campo? Há desentendimentos na entrada do estádio? A torcida está animada ou desanimada? Apoiando o time ou irritada? Há barulhos de fogos? E por aí vai.

Temperatura ambiente: Algo também a se levar em conta na hora da narrativa de um jogo é a temperatura ambiente na qual ele está ocorrendo. Se um jogo ocorre no período da noite, sabe-se que a temperatura estará fria ou amena (na maioria dos casos). Por outro lado, se ele ocorre pela manhã ou principalmente no período da tarde, altas temperaturas podem ser alcançadas facilmente, gerando, assim, maior desgaste para os atletas. Nestes casos, às vezes o árbitro pode até mesmo autorizar uma pequena pausa para hidratação dos jogadores, para que não ocorra problemas sérios. Ainda assim, em jogos realizados em altas temperaturas, o rendimento dos jogadores poderá ficar bastante prejudicado pela perda de líquidos no corpo (que podem causar desidratação).
Pergunte-se: A atmosfera está úmida? Seca? Abafada? Chove e faz frio? Se sim, o campo está encharcado e prejudicando o passe de bola?

Altitude: Um jogo realizado em altitude atmosférica elevada pode gerar certos desconfortos para jogadores que não estão acostumados a jogarem nestes locais. Pode ocorrer falta de ar, tontura e até mesmo uma certa falta de adaptação à velocidade da bola, já que ela provavelmente deslizará mais rápido pelo gramado. É por este motivo que equipes que se deslocam para jogar em cidades com altitudes elevadas costumam chegar alguns dias antes do jogo, para que os jogadores possam se acostumar com a diferença mecânica do jogo e também preparar de maneira melhor o condicionamento físico para o desafio. Se isto acontecer na sua história, narre como os jogadores estão se sentindo, o que mais os está incomodando?

Acidentes/Imprevistos/ Prorrogações: Se, durante um jogo, algo não previsto, tal como uma trombada entre jogadores que cause acidente, ou uma lesão, ou qualquer coisa do tipo ocorrer, isto afetará de maneira significativa o jogo, já que o treinador talvez não tenha na equipe um jogador que possa substituir o outro lesionado com tanta eficiência. Outras questões que se encaixam nos imprevistos podem incluir noites mal dormidas dos jogadores, doença inesperada e prorrogações de jogo, pois estas acontecem num período no qual os jogadores já estão muito desgastados, e problemas como cãibras e lesões podem ocorrer com maior frequência e facilidade.
Você, como autor, pode atentar-se para as seguintes descrições: Qual a intensidade da dor que o seu personagem está sentindo? Ele consegue jogar por mais alguns minutos ou deve ser substituído imediatamente? A equipe fica desestabilizada com a saída dele ou consegue manter a compostura? Seu personagem está sonolento, fraco, exausto? Bem, esperamos que não, não é mesmo?

Parte III — Fatores emocionais/psicológicos e suas manifestações

Baixo rendimento
·         A torcida pode, por assim dizer, ser uma bênção ou uma maldição. Ao passo em que pode, através de gritos, hinos e palavras de apoio demonstrar o seu amor e carinho pelo time de coração, caso este não corresponda às expectativas, pode haver vaias, xingos e tudo isso ter um efeito negativo no jogador, dependendo da sua personalidade. Por exemplo, se um jogador comete um pênalti e sua equipe sofre um gol por conta disso, a torcida da sua equipe pode, no calor do momento, se virar contra ele e direcionar xingamentos e vaias para tal jogador. Isto afeta diretamente o emocional do indivíduo, fazendo com que ele perca o rendimento no restante do jogo;
·         Se o jogo está empatado e a equipe leva um gol, especialmente se for num jogo de caráter eliminatório, tal acontecimento também pode influenciar drasticamente no rendimento da equipe. Quem aqui já conseguiu esquecer o fatídico 7x1 que o Brasil sofreu na Copa de 2014? Hehe;

Alteração do temperamento
·         Da mesma forma, se a equipe está sofrendo uma derrota, o temperamento dos jogadores pode ficar alterado, podendo ocorrer brigas, discussões frequentes, maiores simulações de faltas, fazendo com que o árbitro tenha que tomar atitudes mais enérgicas para não perder o controle do jogo. Alguns países sul-americanos, por exemplo, tendem a causar mais confusões em jogos quando estão perdendo, e “enrolar” o andamento do jogo quando estão ganhando;
·         Jogadores também podem ficar irritados e, por conta disso, cometerem infrações desnecessárias quando sentem que foram prejudicados por alguma marcação do árbitro. Isto pode gerar discussões e até mesmo cartões amarelos ou vermelhos, prejudicando, ao final, a equipe como um todo.

Cobranças de pênaltis
·         Por proporcionar uma chance enorme de gol, há muita pressão colocada sobre os ombros dos jogadores que são designados para cobrarem um pênalti, seja durante o tempo normal de jogo ou seja numa grande final, quando o jogo e o tempo de prorrogação terminaram em empate. Explorar o lado emocional do jogador durante este momento é de suma importância, pois por mais que ele não aparente em seu exterior, um grande medo de errar — e expectativa se será o herói ou vilão — está ocorrendo internamente. O mesmo vale para os goleiros, que apenas com uma defesa podem consagrar seu time como campeão ou como perdedor.

Traumas
·         Se o protagonista sofreu algum trauma em jogos passados, como por exemplo acidentes fatídicos em aviões, lesões ou descontrole emocional, isso pode afetar seu rendimento em jogos futuros, após a recuperação do ocorrido. Não há como simplesmente apagar o passado num passe de mágica, e isto abre margem para uma boa exploração de como seu personagem se sente internamente. Ele ficará aéreo? Errará muitos passes? Não dará o melhor de si?

Lembre-se: Nestes momentos nos quais o emocional está afetado, não escreva simplesmente: “ele está nervoso”. Narre as sensações corporais, os medos internos, os fantasmas de jogos anteriores, lembranças de palavras motivacionais ou desmotivacionais de parentes, amigos e treinadores, etc.
É importante também fazer a seguinte pergunta: haverá consequências pós-jogo por conta de tais atitudes/acontecimentos? Como ficará o relacionamento da equipe? Eles estarão unidos ou começará a haver discussões nos treinos? Como os protagonistas lidarão com essas situações fora do campo?

E, finalmente, por hoje encerramos aqui, pessoal. Espero que este artigo possa ser uma base interessante para quem se interessa em escrever uma bela fanfic futebolística. No final do mês que vem eu volto, dessa vez para falar sobre o vôlei. Beijos e até!


Referências

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