Por: Rebel Princess
Perfil: https://fanfiction.com.br/u/474498/
Para leitores singulares,
resenha de “Contos Peculiares”, Ransom Riggs
Mais um nome novo para o rol de
resenhistas da Liga: olá! Sou a Íngrid, também estreante na categoria de
resenhas do blog da Liga dos Betas, na qual estou há alguns meses já a todo vapor
^^
Para meu primeiro trabalho aqui no
blog, escolhi um livro que primeiro me ganhou com a capa, depois fui eu que o
ganhei como presente, e o conteúdo foi só sucesso. Como o próprio “editor” do
livro deixa claro em nota inicial, o compilado de contos fora feito apenas para
olhos peculiares, então é justo que a resenha também seja para tal público.
Não se preocupe! Você pode ser um leitor
peculiar ou que tem autorização para conhecer esse mundo e não sabe ainda,
então chegue mais para entender como funciona esse livro nem tão “de
adolescente” assim.
Você pode se perguntar “já não vi algo
de “contos” em algum lugar?” Se você é leitor afinco, ou ao menos acompanha as
literaturas de ficção desse mundão, provavelmente sim, ainda mais se está
familiarizado com spin-off’s,
universos alternativos recontando histórias famosas; enfim, “Contos Peculiares”,
de Ransom Riggs, é dessa natureza. Aqui estamos falando, enquanto original, da
série “O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares”, do mesmo autor,
composta por três livros (com capas que podem até te dar um sustinho de
início); o primeiro ganhou adaptação para o cinema em 2016 com Eva Green e Asa
Butterfield no elenco, e foi a partir daí que conheci a saga e cheguei ao livro
da resenha de hoje.
“Calma aí! J.K. também lançou Os
Contos de Beedle e…”, lançou sim, amigos! Uma ideia genial para expandir nosso
acesso ao universo e temos quase o mesmo com “Contos Peculiares”, pois é por
meio deles que conhecemos alguns dos primeiros peculiares que existiram e como
lidavam com sua condição de fora da casinha na época em que lugares como o
orfanato ainda não existiam para acolhê-los.
Primeiros peculiares? Senta aí que
lá vem o resumo maroto do assunto geral dos contos e um foco especial no
maravilhoso “A menina que domava pesadelos”, meu preferido e que nem de longe é
só uma história para passar o tempo.
Personagens que são
autores no seu próprio mundo
Os
contos, em linhas gerais, narram histórias situadas antes da trilogia original,
são histórias de origem e folclóricas, como o conto “A primeira ymbryne” e “A princesa da língua
bifurcada”, personagens definidos como os primeiros peculiares do mundo de quem
se teve notícia e que se viraram para sobreviver, uma vez que eram “a novidade”
em meio aos humanos.
Chegamos, daí, a parte bacana que é
o indivíduo para quem é atribuída a edição das histórias em um compilado de
contos: Millard Nullings ou, para quem conhece as crianças do orfanato da Srta.
Peregrine, o menino invisível. Isso mesmo, o personagem é o dito responsável
pelo recolhimento das histórias, e pelas páginas até encontramos suas notas e
observações sobre os primeiros peculiares. O autor real original — Riggs — dá
voz a um de seus personagens para ele ser o organizador das histórias coletadas
da tradição dos peculiares!
[Pausa para o processamento dessa
ideia xD]
Com certeza, um dos pontos fortes
desse livro é essa característica de um personagem ter papel na autoria. Se
todo ser humano tem seu lado apreciador de fantasia e imaginação, a imersão que
“Contos Peculiares” proporciona com isso é maravilhosa, você se sente próximo
de quem está te guiando pelos termos estranhos do mundo dos peculiares, mundo
esse que se torna até mais crível por essa autonomia dos personagens, sem
deixar seu lugar de fantasia, obviamente.
Enfim, para os que ainda não
conhecem um peculiar, vamos conferir a história de Lavinia ou, como ficou
conhecida em sua época, “A menina que domava pesadelos”. Não se preocupe, spoilers estão reduzidos ao mínimo e o
que vou apresentar é o necessário apenas para cutucar a curiosidade ^^
O que todo mundo realmente
quer saber — um pouquinho do enredo de um dos “Contos Peculiares”
Em “A menina que domava pesadelos” [foco
na foto com essa ilustração e projeto gráfico divos!], conhecemos uma menina de
onze anos, filha de um médico e que também quer ser médica, porém ela está em
um EUA que ainda não aceita que as mulheres façam muito mais que assistirem
aulas de tricô na escola. As perspectivas de Lavinia se tornam mais otimistas
quando, auxiliando o pai em um exame a Douglas, seu irmão, ela descobre uma
massa escura no ouvido do menino e consegue puxá-la para fora, assim acabando
com os pesadelos que tiravam as noites de sono de seu irmão. Mesmo com a
repressão do pai, Lavinia se empolga com o que ela julga “descoberta
científica” e, dentre uma ou outra pessoa que ela ajuda a se livrar dos
pesadelos, sua fama se espalha no lugar onde morava. De brinde, Lavinia acaba
sendo alvo de ciúme do próprio pai, que a proíbe de exercer seu dom de todas as
formas possíveis.
É claro que a história não acaba por
aí, já que nossa protagonista ganha um tempo sozinha devido a uma viagem do pai
ao exterior, e com isso forma sua clientela e uma bola de fios de pesadelo
negros se torna seu bichinho de estimação, Baxter. Em meio ao processo de
sonhar com um mundo sem pesadelos e, com a volta do pai, esconder a grande bola
de fios dele, Lavinia descobre que também pode colocar de volta os pesadelos na
cabeça das pessoas, e essa será uma solução para o erro que comete com seu
último “cliente” que acaba não sendo uma criança indefesa que tem pesadelos com
a morte dos pais.
[Prendendo o ar para não soltar spoiler]. O final é do tipo que chamamos
de feliz, de certo ponto de vista. Em nota final, o “editor” explica que é uma
história do folclore que passou por vários finais, já que o original implicava
na morte de Lavinia e até destinos piores, eternamente ligada à bola de
pesadelos. De qualquer forma, tanto o assunto abordado e algumas partes da
narração que podem ser consideradas violentas confirmam que o conto não é
simplesmente uma história para entretenimento e com interpretação restrita;
todos os contos do livro, de alguma forma, conseguem trazer nas entrelinhas
questões para pensarmos, tudo com o toque de universo ficcional tão caro aos
leitores do gênero.
Pessoas, espero que tenham gostado
do que apresentei e, se tiverem a oportunidade, não deixem de conferir alguns
dos “Contos Peculiares”! É um livro para se apreciar desde a capa (quem ama
livro de capa dura e acaba só admirando na livraria na maioria das vezes porque
é caro levanta a mão o/) até o enredo somado as ilustrações e projeto gráfico a la manuscrito antigo com letras
floreadas. Logo abaixo tem a referência completa do livro ^^
Saudações a todos os peculiares
<3
Algumas imagens das artes do livro:
RIGGS,
Ransom. Contos Peculiares. Tradução
de Edmundo Barreiros. 1ª ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. 208 p.
Obra fantástica...
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