RESENHA: "Contos Peculiares", de Ransom Riggs

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Por: Rebel Princess
Perfil: https://fanfiction.com.br/u/474498/


Para leitores singulares, resenha de “Contos Peculiares”, Ransom Riggs
            Mais um nome novo para o rol de resenhistas da Liga: olá! Sou a Íngrid, também estreante na categoria de resenhas do blog da Liga dos Betas, na qual estou há alguns meses já a todo vapor ^^
            Para meu primeiro trabalho aqui no blog, escolhi um livro que primeiro me ganhou com a capa, depois fui eu que o ganhei como presente, e o conteúdo foi só sucesso. Como o próprio “editor” do livro deixa claro em nota inicial, o compilado de contos fora feito apenas para olhos peculiares, então é justo que a resenha também seja para tal público.
Não se preocupe! Você pode ser um leitor peculiar ou que tem autorização para conhecer esse mundo e não sabe ainda, então chegue mais para entender como funciona esse livro nem tão “de adolescente” assim.
Você pode se perguntar “já não vi algo de “contos” em algum lugar?” Se você é leitor afinco, ou ao menos acompanha as literaturas de ficção desse mundão, provavelmente sim, ainda mais se está familiarizado com spin-off’s, universos alternativos recontando histórias famosas; enfim, “Contos Peculiares”, de Ransom Riggs, é dessa natureza. Aqui estamos falando, enquanto original, da série “O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares”, do mesmo autor, composta por três livros (com capas que podem até te dar um sustinho de início); o primeiro ganhou adaptação para o cinema em 2016 com Eva Green e Asa Butterfield no elenco, e foi a partir daí que conheci a saga e cheguei ao livro da resenha de hoje.
            “Calma aí! J.K. também lançou Os Contos de Beedle e…”, lançou sim, amigos! Uma ideia genial para expandir nosso acesso ao universo e temos quase o mesmo com “Contos Peculiares”, pois é por meio deles que conhecemos alguns dos primeiros peculiares que existiram e como lidavam com sua condição de fora da casinha na época em que lugares como o orfanato ainda não existiam para acolhê-los.
            Primeiros peculiares? Senta aí que lá vem o resumo maroto do assunto geral dos contos e um foco especial no maravilhoso “A menina que domava pesadelos”, meu preferido e que nem de longe é só uma história para passar o tempo.

Personagens que são autores no seu próprio mundo
            Os contos, em linhas gerais, narram histórias situadas antes da trilogia original, são histórias de origem e folclóricas, como o conto “A primeira ymbryne” e “A princesa da língua bifurcada”, personagens definidos como os primeiros peculiares do mundo de quem se teve notícia e que se viraram para sobreviver, uma vez que eram “a novidade” em meio aos humanos.
            Chegamos, daí, a parte bacana que é o indivíduo para quem é atribuída a edição das histórias em um compilado de contos: Millard Nullings ou, para quem conhece as crianças do orfanato da Srta. Peregrine, o menino invisível. Isso mesmo, o personagem é o dito responsável pelo recolhimento das histórias, e pelas páginas até encontramos suas notas e observações sobre os primeiros peculiares. O autor real original — Riggs — dá voz a um de seus personagens para ele ser o organizador das histórias coletadas da tradição dos peculiares!
            [Pausa para o processamento dessa ideia xD]
            Com certeza, um dos pontos fortes desse livro é essa característica de um personagem ter papel na autoria. Se todo ser humano tem seu lado apreciador de fantasia e imaginação, a imersão que “Contos Peculiares” proporciona com isso é maravilhosa, você se sente próximo de quem está te guiando pelos termos estranhos do mundo dos peculiares, mundo esse que se torna até mais crível por essa autonomia dos personagens, sem deixar seu lugar de fantasia, obviamente.
            Enfim, para os que ainda não conhecem um peculiar, vamos conferir a história de Lavinia ou, como ficou conhecida em sua época, “A menina que domava pesadelos”. Não se preocupe, spoilers estão reduzidos ao mínimo e o que vou apresentar é o necessário apenas para cutucar a curiosidade ^^

O que todo mundo realmente quer saber — um pouquinho do enredo de um dos “Contos Peculiares”
Em “A menina que domava pesadelos” [foco na foto com essa ilustração e projeto gráfico divos!], conhecemos uma menina de onze anos, filha de um médico e que também quer ser médica, porém ela está em um EUA que ainda não aceita que as mulheres façam muito mais que assistirem aulas de tricô na escola. As perspectivas de Lavinia se tornam mais otimistas quando, auxiliando o pai em um exame a Douglas, seu irmão, ela descobre uma massa escura no ouvido do menino e consegue puxá-la para fora, assim acabando com os pesadelos que tiravam as noites de sono de seu irmão. Mesmo com a repressão do pai, Lavinia se empolga com o que ela julga “descoberta científica” e, dentre uma ou outra pessoa que ela ajuda a se livrar dos pesadelos, sua fama se espalha no lugar onde morava. De brinde, Lavinia acaba sendo alvo de ciúme do próprio pai, que a proíbe de exercer seu dom de todas as formas possíveis.
            É claro que a história não acaba por aí, já que nossa protagonista ganha um tempo sozinha devido a uma viagem do pai ao exterior, e com isso forma sua clientela e uma bola de fios de pesadelo negros se torna seu bichinho de estimação, Baxter. Em meio ao processo de sonhar com um mundo sem pesadelos e, com a volta do pai, esconder a grande bola de fios dele, Lavinia descobre que também pode colocar de volta os pesadelos na cabeça das pessoas, e essa será uma solução para o erro que comete com seu último “cliente” que acaba não sendo uma criança indefesa que tem pesadelos com a morte dos pais.
            [Prendendo o ar para não soltar spoiler]. O final é do tipo que chamamos de feliz, de certo ponto de vista. Em nota final, o “editor” explica que é uma história do folclore que passou por vários finais, já que o original implicava na morte de Lavinia e até destinos piores, eternamente ligada à bola de pesadelos. De qualquer forma, tanto o assunto abordado e algumas partes da narração que podem ser consideradas violentas confirmam que o conto não é simplesmente uma história para entretenimento e com interpretação restrita; todos os contos do livro, de alguma forma, conseguem trazer nas entrelinhas questões para pensarmos, tudo com o toque de universo ficcional tão caro aos leitores do gênero.
            Pessoas, espero que tenham gostado do que apresentei e, se tiverem a oportunidade, não deixem de conferir alguns dos “Contos Peculiares”! É um livro para se apreciar desde a capa (quem ama livro de capa dura e acaba só admirando na livraria na maioria das vezes porque é caro levanta a mão o/) até o enredo somado as ilustrações e projeto gráfico a la manuscrito antigo com letras floreadas. Logo abaixo tem a referência completa do livro ^^
            Saudações a todos os peculiares <3

Algumas imagens das artes do livro:



RIGGS, Ransom. Contos Peculiares. Tradução de Edmundo Barreiros. 1ª ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. 208 p.

Um comentário:

O blog da Liga é um espaço para ajudar os escritores iniciantes a colocarem suas ideias no papel da melhor maneira possível.



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