Escrevendo Histórias Sobre Esportes - Parte 1/11

segunda-feira, 20 de agosto de 2018


Por: Hel
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No artigo de hoje teremos:

·         Introdução ao tema: uma visão geral sobre a série que se inicia.


Introdução

Olá, pessoal, tudo bem com vocês? Algumas semanas atrás eu recebi um pedido para iniciar aqui no blog uma série a respeito de como escrever sobre esportes, pois apesar de já termos um post aqui que aborda um pouco do tema, ele não é direcionado a nenhum esporte específico (apesar de dar dicas valiosas). Pois bem, depois de um bom tempo sem escrever para vocês, aceitei o desafio e cá estou, unindo o útil (ser formada em Educação Física) ao agradável (ser uma beta reader, claro, rs). Bem, vamos ao que interessa.
Quando falamos sobre histórias cujo universo se passam num ambiente esportivo, algumas coisas precisam ser levadas em consideração:

1ª e mais importante: você precisa conhecer muitíssimo bem sobre o esporte (ou esportes) que estará inserido no enredo, ao passo que os leitores não precisam saber de quase nada.
~Pera, como assim, tia Helen? Tá doida?
Não. Ou sim, mas não vem ao caso agora. Pense da seguinte forma: Assim como em qualquer outra história que é ambientada num lugar que você não conhece, você tem que fazer uma boa pesquisa sobre o local, costumes e etc., assim também se dá a respeito de um esporte — por mais que você já conheça um pouco sobre ele.
Isso porque uma coisa é ter conhecimento para si próprio sobre um tema, outra bem diferente é ter conhecimento para repassá-lo para outra pessoa, ainda mais dentro de uma narrativa, que irá ser lida por um público que talvez seja bastante heterogêneo com respeito ao assunto em questão. Alguns podem saber mais, outros podem saber menos, e você tem que pensar nos dois tipos de pessoas no momento em que estiver escrevendo a história.
Levando isso em consideração, é importante conhecer termos técnicos, características do local de jogo, materiais, posições e assim por diante, mas isso é importante para que você tenha a imagem do jogo muito bem delineada na sua mente na hora de narrá-lo.
Uma das dificuldades que os leitores mais possuem na hora de ler uma história esportiva é o fato de o narrador não conseguir narrar a cena de maneira bem ordenada e explicativa, fazendo com que eles não consigam imaginar de maneira satisfatória o que está acontecendo no momento do jogo. Porém — e aqui encontra-se o “pulo do gato” —, na hora de passar todo o seu conhecimento para o papel ou computador, deixe a narrativa dos fatos o mais simples possível:
ü  Utilize termos técnicos apenas quando extremamente necessário, e ainda assim, se o fizer, explique o significo dentro da própria narrativa mesmo, de preferência;
ü  Não transforme a cena numa narração de locutor esportivo. Por mais que o esporte tenha papel fundamental na sua história, transformá-la numa descrição maçante do que acontece lance por lance fará com que o leitor perca o interesse pelo que realmente deve ser levado em conta, que é como a situação está afetando os protagonistas da sua história. E falando nisso, vamos para o segundo ponto a ser considerado.


2ª coisa mais importante: uma história com enredo esportivo não é, em hipótese alguma, feita apenas de cenas de jogos com narração mecânica e sem sentido. Muito pelo contrário. Ela é feita como todas as outras — com problemas reais que existem “fora das quadras” e que afetam o arco histórico:

Quais são os problemas que o protagonista enfrenta dentro e fora do jogo?
O que ele faz quando não está competindo?
Ele possui uma rotina de treino? O que acontece durante ela?
Ele gosta do esporte que pratica ou está infeliz?
Ele está saudável, lesionado, fora de ritmo?
Como os adversários o afetam dentro e fora do jogo?

Não sei nem como frisar isso o suficiente: faça uma narrativa de jogo desconectada do universo psicológico/emocional dos seus personagens e com certeza terá a receita para o fracasso. A sua história precisa saber transmitir uma mescla de acontecimentos externos com acontecimentos internos/intrínsecos ao personagem, pois sem isso os leitores não conseguirão ser afetados pelo que acontece nas cenas, especialmente quando estas precisam transmitir uma atmosfera tensa, competitiva ou mesmo sentimentos como nervosismo, raiva, descontrole, e por aí vai.
Façamos uma síntese dos problemas mais comuns que podemos encontrar ao ler uma história sobre esporte:
ü  Diversas cenas de jogos que são extremamente parecidas em construção de narrativa, o que deixa a leitura repetitiva e maçante. Sabe aquele pessoal que narra beijo sempre do mesmo jeito? Então, o problema aqui é basicamente o mesmo;
ü  Cenas que narram apenas os movimentos mecânicos do esporte, em vez de mesclarem tais coisas com a descrição do estado emocional de quem está jogando;
ü  Falta de enredo externo (fora dos jogos);
ü  “Mal de Alzheimer” — que é quando a pessoa diz que a história é sobre esporte, mas esquece-se completamente de inseri-lo na história ou só o menciona muito vagamente, focando apenas no enredo externo, fora dos treinos e competições (vamos combinar, tem que haver um meio termo, tia Helen agradece o bom senso);
ü  Excesso de termos técnicos ou menção de tais termos sem a explicação deles;
ü  Previsibilidade dos acontecimentos. A história vai ter o protagonista como campeão? Então como deixá-la, de certa forma, imprevisível e emocionante para os leitores? E se a história não vai ter o protagonista como campeão, quais serão as tramas por detrás dos bastidores? Tudo isso são coisas a se pensar. E é claro, existem 1001 maneiras de se reinventar uma temática na hora de escrever, seja inserindo um segredo que influenciará a história dentro e fora das quadras, ou trabalhar com duas equipes rivais, mas ambas carismáticas e que encantem o leitor, etc.

Por conta dessas questões, a série que se inicia hoje analisará diversos esportes individualmente, sob três aspectos:
·         O funcionamento do jogo em si;
·         Fatores externos e como estes afetam o jogo em questão e, consequentemente, a narrativa da sua história;
·         Fatores emocionais/psicológicos e como eles se manifestam nos jogadores; consequentemente, como podem ser demonstrados dentro da narrativa.

A ordem dos esportes a serem estudados será a seguinte:

1.    Futebol de Campo;
2.    Voleibol;
3.    Basquetebol;
4.    Tênis de Campo/ Tênis de Mesa;
5.    Natação;
6.    Ginástica Artística;
7.    Patinação Artística/ Dança no Gelo;
8.    Beisebol (Baseball);
9.    Hóquei no Gelo (Ice Hockey);
10. Futebol Americano (Football).

E enfim, por hoje é isso, galera. No próximo artigo da série vamos falar daquilo que o povo gosta e já começar chutando com o pé direito (esquerdo no meu caso, porque eu sou canhota quando o assunto é futebol, rs). Não percam, a caminhada é longa, mas devagar a gente chega lá. Beijos na bochecha e até loguinho!

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