Por:
Hannah Dias
Olá, pessoas! Como vocês estão? Como
anda o mundo literário de vocês? Espero (do fundo do meu coração) que esteja
cheio de aventuras!
Esta é minha primeira postagem aqui
no Blog da Liga e é uma honra poder conversar com vocês sobre um tema que tem
muito a ver comigo, mesmo sendo uma pirralha. Na verdade, acredito que, sendo
pirralha, posso falar mais abertamente sobre o que sinto em relação a um dos
grandes problemas da literatura atual, principalmente por ser uma das
protagonistas. Há uma divergência muito grande entre os acadêmicos (vulgo
chefões, letrados, estudados, galera que manda em tudo) e os adolescentes (eu,
tu, nós, vós; os bebês que ainda não entendem muito da vida e adoram gritar
alto) e pessoas "comuns", por causa do grande preconceito existente
entre ambos os lados.
E o que isso tem a ver comigo? Eu sou uma adolescente e meus pais são pessoas desse ramo de chefões, manda-chuvas, doutores em tudo, iluminados pelos seres divinos com uma sabedoria além do normal. Eles sempre incentivaram minha leitura e foi algo que agradeço aos céus por ter acontecido, porém… quando cresci e deixei de ser ignorante (um pouco, apenas), meus pais decidiram que era o momento para deixar as ficções "infantis" de lado e ir para o mundo dos letrados do século XIX e XX. "Há uma diferença entre leitura para prazer e leitura para conhecimento", eles disseram.
Então vamos começar pelo básico do
básico, amiguinhos. O que é "Literatura"? E o que é
"Entretenimento"?
LITERATURA
1.
lit uso
estético da linguagem escrita; arte literária.
2.
lit
conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um
país, época, gênero etc.
ENTRETENIMENTO
- Divertimento; o que diverte e distrai; o que é feito como diversão ou para se entreter: canal de entretenimento; local de entretenimento.
2.
Ação ou efeito de entreter;
ato de se divertir, de se distrair.
Certo, entenderam? Simples, né? Me digam, por qual vocês mais se
atraíram?
O certo não seria dizer: "os dois"? Simples. Porém,
atualmente, o conceito de "literatura" e "entretenimento"
não estão na mesma página. É aquela coisa de "Há tempo para diversão e
tempo para trabalho". Por que não há tempo para os dois juntos? Por que a
linguagem foi colocada como algo predominante nos conceitos acadêmicos, que
apenas um grupo seleto de pessoas conseguem entender de maneira plena? Por que
nós, reles mortais, não podemos ser como eles?
Eu acredito que o julgamento é algo bem comum. Comum demais.
Deixamos que os outros, que nem sabemos quem são, falem o que é um
livro/história boa ou ruim. Deixamos que eles peguem os nossos livros, com um
estrondoso número de vendas, e ditem que é uma literatura barata. Deixamos que
menosprezem os nossos gostos, além de menosprezar autores que dão o sangue para
criar suas obras, que na opinião de um (PEQUENO) grupo elitista é ruim, apenas
por não ter diversos jogos de linguagem e palavras "difíceis", que
demonstram certo tipo, meio deturpado, de genialidade pessoal. Então, essas
mesmas pessoas, criam obras apenas para as críticas e para se classificarem como
uma estirpe iluminada, mas que estão apenas presas num conceito elitista e
pretensioso.
Vamos jogar no ventilador: você passa doze anos na escola e, o
livro que os seus professores colocam na sua mesa é um belo exemplar de
"Memórias Póstumas de Brás Cubas" aos seus treze anos. É um livro
ruim? Obviamente que não. Mas você tem treze anos. Você não quer ler Machado de
Assis, você quer ir para casa dormir. E o que isso faz? Colocamos na cabeça das
nossas crianças e adolescentes que "ler é chato" e jogamos a leitura
em um patamar desnecessário e segregatório. Afinal, quem, me diga quem, com
treze anos consegue entender plenamente um livro de Machado de Assis?
E esse é apenas parte do problema. O
pessoal "superficial" se abstêm desse tipo de livro, mas sempre fala.
O famoso "encher linguiça": "Machado de Assis é
maravilhoso!", porém nunca conseguiu pegar em sequer uma página de um Dom
Casmurro e também não pretende. Prefere ler Harry Potter, mas tem vergonha de
admitir isso, por causa da quantidade infindável de críticas de autores que
apenas estão preocupados com a satisfação de uma vaidade intelectual. O outro
grupo é aquele que fala que nunca leu Machado de Assis, não quer ler, afinal, é
"chato", e prefere John Green e companhia. Os grandes Best-sellers,
capa do The New York Times, o famoso "conteúdo de entretenimento".
Então,
fica a pergunta: quem ganha?
E eu te respondo: ninguém.
Literatura é uma arte e não podemos
rotular arte. Só porque um livro é popular não quer dizer que é ruim. Só porque
a pessoa prefere Harry Potter à Dom Casmurro, não quer dizer que ela não possui
uma habilidade de interpretação. Além disso, as pessoas que preferem Dom
Casmurro à Harry Potter também não são piores. E nem melhores (deixando isso
beeeem claro). Exagerar o lugar da literatura demonstra apenas um pensamento
ignorante e preconceituoso. O século XXI é recheado de talentos e
oportunidades. Ficar preso aos criadores de eras passadas podem nos limitar. E
isso não quer dizer que os grandes escritores devem ser esquecidos, mas sim,
que os grandes escritores de hoje devem ser reconhecidos.
Usa-se o conceito de entretenimento
para diminuir alguma obra. O prazer da leitura deve estar superior a qualquer
tipo de preconceito. As pessoas devem se sentir livres e orgulhosas de bater no
peito e gritar ao mundo que livro elas gostam. É preciso parar com esse
discurso (que já cansou muita gente, diga-se de passagem) de cultura erudita vs
cultura popular. O conhecimento era algo destinado apenas à elite, criando um
conceito de exclusão na literatura. Hoje, porém, temos a tecnologia e a
informação ao nosso favor e, contrário ao que muitos dizem, essa sociedade
atual, graças às grandes invenções digitais, aumentou o gosto pela palavra e
pelo texto. Então, é preciso criar um ambiente que permita a entrada desses
peregrinos ao lado lindo da Força. E isso acontece com aquela palavrinha básica
e muito importante: respeito.
O leitor que não segue um modelo
único NÃO é burro, pouco exigente, ou até mesmo superficial. Ele é apenas um
leitor. Com gostos e desgostos.
Vamos acabar com o conceito de "o que é fácil de ler não tem
valor literário". Tem, sim! Vai continuar tendo. É muito simples escrever
textos para um grupo de pessoas conservadoras, com palavras bonitas e figuras
de linguagem ao extremo. Difícil é escrever fácil e fazer com que o outro se
emocione com a sua escrita. Difícil sempre será emocionar alguém com suas palavras.
Difícil é fazer com que a pessoa se sinta acorrentada à leitura. Difícil é
tocar o coração de alguém. É simples fazer uma interpretação profunda sobre um
livro que todos classificam como "literatura". Difícil é pegar o
livro que todos chamam de "cultura pobre" e levar ensinamentos para o
resto da vida.
E, nas palavras do inesquecível C.S. Lewis (já que nos baseamos em
autores do século passado): "A grande leitura não exige perícia ou força;
exige, ao contrário, desarme e paixão."
Leiam aquilo que vocês são apaixonados. Não importa o que seja. O
gosto não é errado e não deixe que alguém diga o que vocês devem ler, não
importa se é a escola, a faculdade, os pais, os amigos, e etc. Esqueçam o que é
o "dever" e se concentrem no "querer". Diversão e conhecimento
podem estar interligados, é preciso ter apenas o discernimento para fazer isso
acontecer.
E, nas palavras de Felipe Pena, doutor em Literatura, com sei lá
quantas graduações e formações no exterior (porque também nos baseamos em
letrados que nunca sabemos quem são direito. Desculpe, mamãe e papai): "Em
literatura, entretenimento é a sedução pela palavra escrita. É a capacidade de
envolver o leitor, fazê-lo virar a página, emocioná-lo, transformá-lo.".
Adorei! Disse tudo. E sim amo Harry Potter e amo Senhora do josé de Alencar, afinal, gosto é gosto o importante é ser feliz e sentir prazer na leitura!
ResponderExcluirAmei o texto! :)
ResponderExcluirObrigada pelo comentário!
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