Baixa Autoestima Literária e Suas Consequências

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017


Por: Sthefany Beatriz

Olá, gente! ~euzinha outra vez.

Eu pensei muito sobre como seria a melhor forma de começar este post, mas, no fim, resolvi que iria contar este fato a vocês, porque nosso assunto é um pouco denso pra eu ficar colocando questões filosóficas. 

Acho que eu nunca desclassifiquei uma fanfic por gênero, até pelo fato de ser uma fã assumida de clichês seja como leitora ou como escritora, todavia, vejo ataques constantes a ideias “batidas”, como se as pessoas fossem obrigadas a ter interesse em uma obra só porque ela foge dos padrões.

Quando comecei a pensar o porquê a história alheia causa tanto incômodo, percebi que os motivos seguem quase que o mesmo padrão do poste anterior. E que é uma mescla de frustração e até desespero por não ter o próprio trabalho reconhecido. Sabe o que eu concluí?

Um dos grandes motivos que isso acontece é porque nos colocamos no centro do mundo.

Talvez você esteja fazendo uma careta e me chamando de louca depois dessa minha conclusão, porém é verdade. Nem todas as pessoas inferiorizam por causa disso, só que uma grande parte faz.

A gente sabe que não é o centro do mundo propriamente dito, entretanto, achamos que somos o centro do mundo de alguns/alguém (pai, mãe, avó, etc.) ou que fazemos parte do mundo de alguém. Vejam a lógica: mesmo que meu trabalho não seja bom, as pessoas que me amam irão valorizá-lo, dizendo que amou e que vou melhorar ainda mais e tals. Alguns amigos vão falar, com tato, que isso ou aquilo pode melhorar, sempre com otimismo. Só porque eu me esforcei, fui recompensada, fui reconhecida mesmo, talvez, não tendo feito algo tão bom.

Por quê? Porque eu faço parte do mundo de alguém, sou o centro do mundo dos meus pais de certo modo. E eu esperei muitas vezes que as pessoas me recepcionassem assim... pois, oras, eu me esforcei.

É algo natural achar que vai ser recompensada depois de fazer esforço. Vivem nos dizendo isso em todos os locais: na escola, em casa, na rua, nos programas de TV. Bem, se você já foi estagiário ou é um assalariado certamente vai ser mais realista — vamos marcar pra beber e reclama dessa mentira :) —, só que isso é o que achamos natural.

E a nossa frustração é essa, sabe? Precisamos entender que as pessoas não são obrigadas a nada, absolutamente nada. E não vale dizer algo parecido da boca pra fora, pois eu já fiz isso muitas vezes e era só dela pra fora mesmo.

Muitas vezes, não temos um nome real ou um rosto, somos só um nickname que fez uma história brotar no site de fanfics. Parece meio cruel tudo que eu estou falando, não é? Uma pena que é verdade.

Estatisticamente, você vai encontrar inúmeras pessoas que preferem um clichê adolescente a um mistério da senhora Christie. Que preferem Percy Jackson — insira qualquer infanto-juvenil — a Allan Poe. A vida já é tão difícil pra gente ter que estar bolando enredos complexos e que demandam tempo e paciência, ou lendo algo que exige muita concentração, conspiração e sofrimento. As pessoas querem aventuras bobas e sorrisos por beijos na chuva. Não todas, é claro, mas é assim comigo na maioria dos dias e com a maioria dos meus amigos também.

Eu não gosto de ser taxada de burra ou de ter um gosto menos refinado por isso. Na verdade, eu amo ler livros assim, principalmente porque não estou estudando e só trabalho meio período agora. Quando eu estudo é diferente. HEHE 

Foi horrível perceber que o mundo não tem obrigação nenhuma comigo, porque eu me enxerguei como um ponto pequeno no meio da galáxia — muito dramática — e, por um tempo, cheguei a ficar bem perdida. A vida não é um espinho pra cada mil pétalas; é uma pétala a cada um milhão de espinhos.

Ficar exaltando sua história porque ela é “diferente” e depreciando as outras não te torna um autor torturado que só vai ser apreciado depois da morte — mesmo que você tenha certeza disso, as pessoas só vão te achar louco, então... —,  só te torna chato e estigmatizado de invejoso ou prepotente. Talvez você não se importe, hein?

Sei que você está sendo narcisista pela euforia de achar que melhorou extremamente depois de toda frustração e negação que teve, mas isso ainda é inveja, viu? Também é algo natural e faz parte de tornar-se um escritor pra alguns, porém... nem tudo que é natural é bom.

Vou cutucar mais a ferida e te alertar que sua história pode não ser tão boa assim. Ou ela pode ser incrível e flopar por N fatores que não estão no seu controle, o que ainda não dá o direito de esnobar a escrita e o gosto alheio. É raríssimo ter uma ideia original, afinal, quantas coisas ainda não passaram pela imaginação do ser humano?

Muitas pessoas não são tão seguras como você se diz ser, muitas pessoas ficam mal vendo sua diversão sendo tão inferiorizada. Eu e muitas outras estamos escrevendo para fugir um pouco desta vida tão apressada, não almejamos ser autoras(es) profissionais — digamos que não é nossa prioridade, mas se aparecer, que bom! — e exigimos respeito.

O problema de quem faz isso é baixa autoestima e nenhuma outra pessoa deve pagar por esse problema, salvo quem sente. É horrível ter isso, eu já tive e sei. E mais triste ainda é perceber o quanto de merda já fizemos por causa dela. Não seja mais assim. Se não pelo outros,  faça por você.

Agora, fiquem refletindo com Poseidon.

Até mais.

2 comentários:

  1. Já escrevi fanfics e sei, realmente, do que está falando, Sthefany.
    Que bom que existem pessoas como você, que se ligaram que o caminho para a felicidade não se construirá retirando pedrinhas do caminho alheio.

    Foi um ótimo texto, que agora, certamente me deixou refletindo um pouco com Poseidon. rs
    Obrigada! (:

    Ps. Descobri o blog hoje e estou com um sério problema em comentar sobre tudo de bacana que estou lendo aqui. Logo, serei taxada como Spam! hahahaha Beijos!

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