Não se Pressione Para Ser um Bom Escritor

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Por: Sthefany Beatriz

“Dedico minhas vitórias a serie de fracassos de outrora”. Eu acho que esta frase é perfeita para começarmos a nossa sincera e necessária conversa.
Bem, mas primeiro vou me apresentar devidamente: meu nome é Sthefany, sou uma beta do Nyah!, e também sou uma leitora e autora, que entende um pouco seus anseios.
Sempre que eu penso sobre ser uma boa autora, reflito muito todo o percurso que fiz até chegar aqui — apenas no meio do caminho, rs — e em como eu me cobrava de modo extenuante. Eu vou dividir este post em quatro partes para melhor compreensão, tudo bem? Serão frustração, comparação, inveja e desgosto. Entretanto, quero falar um pouco sobre minha história antes disto.
Vamos falar da euforia de escrevermos nossas primeiras fanfics ou originais e da forma como encaramos o modo como elas foram desenvolvidas. Eu, por exemplo, não consigo recordar em nada, pois era muito nova e já faz certo tempo.  E, sim, como vocês devem imaginar, foi horrível. Meu domínio sobre à norma culta do português era irrisório, tornando a leitura quase incompreensível, e vendo que eu não tinha o domínio necessário sobre o enredo, parei de escrever e só tornei a tentar há cerca de um ano e meio.
E quando eu voltei, fui ficando cada vez mais frustrada com o nível das minhas fanfics. Eu não sabia narrar de formar natural e mesclar a narração de acontecimentos com a narração de pensamentos. Tentar em primeira pessoa? Há, um verdadeiro suplício.
Nada saia do jeito que eu queria, sempre parecendo mecânico demais, confuso ou qualquer outro adjetivo que você possa imaginar. Veio, então, a comparação com as minhas autoras favoritas (coloquei no feminino porque eram autoras mesmo, tá?). 
Eu comparava com a escrita delas, com o alcance das historias delas e olhava pra minha e juro que me batia uma sensação horrível de desespero. Não era possível que eu escrevesse tão mal a ponto de não receber nem mesmo um acompanhamento. Minhas histórias flopavam muito, muito MESMO. E não havia nada que eu fizesse que desse um resultado diferente.
Aí ei comecei a ter inveja do sucesso delas. Algumas vezes, no auge da minha raiva, eu chegava a ser um pouco venenosa demais. É bem desconfortável falar sobre o assunto assim, então espero que este post sirva para vocês.
E o desgosto veio logo depois, onde eu quase apaguei meu perfil e todas as fics pelas quais eu tinha tido tanto trabalho. Quando eu falo assim, parece apenas birra de criança... e eu sei que alguns de vocês irão pensar a mesmíssima coisa.
Agora, que falei um pouco sobre meus sentimentos, vamos falar tópico por tópico de uma maneira realista. Quero dizer pra vocês que não quero ser pessimista ou otimista, apenas argumentarei porque se pressionar tanto e de maneiras tão tóxicas só vai os atrapalhar. Vamos lá!
Frustração: ela é uma coisa que, normalmente, chega por causa do baixo resultado esperado depois de postarmos uma história com toda empolgação do universo. Gente, nenhum escritor é imune a este sentimento. J.K. Rowling teve frustrações antes de ser uma referência para quase toda uma geração. Por quantas editoras ela passou antes de conseguir uma chance? Só lembro que quase não dá para contar nos dedos.
Eu entendo que vocês se sintam frustrados e xinguem muito todas aquelas pessoas sem rostos do contador. “Poxa, nenhum comentário? Sacanagem. Bando de...”  Perdi as contas de quantas vezes eu fiz isso. HAUHAUHAU
E que a vontade de pegar aquele que acompanhou ou favoritou e dizer que não vai continuar nada sem nenhuma crítica é intensa. Ajuda aí, amigo. Todavia, é uma coisa muito okay de sentir. É ruim? É, mas não existe escritor sem frustração.  Quase nada na vida, na verdade.
Pensem toda vez naquelas inspirações de vocês, coloquem quadros, frases, citações. Façam tatuagens ~ brincadeira...ou não.
Muitas vezes o que precisamos é de uma dose de animação e encontrar ou ter como referência alguém que passou pela mesma coisa é reconfortante.
Comparação: juro que, pra mim, é o pior sentimento. Comparar os seus trabalhos com o do outro é desleal com vocês e com eles. Porque essa atitude nega toda singularidade e meio de vida de cada um.
Eu sou eu porque vivi determinadas coisas, assim como acontece com vocês ou com aquele autor que tanto admiram.
Não podemos negar as vivências alheias, entende? Isso é quase um crime, galera!
“Ah, mas aquele tal autor escreve divinamente desde sempre”. Tá, vamos entender alguns dos possíveis motivos pra isso acontecer:
1. Ele(a) pode ter começado depois de já estar na faculdade e ter um domínio maior da escrita, principalmente se cursar letras ou algum curso de comunicação/humanas. Acreditem em mim, ajuda bastante.
2. A preparação para fazer a primeira fanfic pode ter sido enorme. Essa pessoa pode ter feito enumeras pesquisas, lido artigos, deixado à escrita afiada — tanto gramaticalmente quanto coerentemente — e escrito milhões de vezes sem ter postado.
3. Pode ser uma pessoa com facilidade na escrita... quando tudo que escreve é fluido e bom. Da uma certa raivinha, mas isso não quer dizer nada. ~ Alô, Maito Gai, verdadeiro herói de Naruto. E ter facilidade não quer dizer não precisar fazer nenhum esforço. Não confundam, por favor.
4. Pode escrever há anos e ter apagado suas histórias que considerava mal escritas. Eu vim descobrir esses dias que uma autora que curto muito está prestes a completar uma década escrevendo. Ela excluiu quase cinco anos de fanfics.
Eu enumerei alguns que julgo serem mais comuns, porém a lista é infinita. Ter contato com pessoas que são boas também ajuda, porque sempre que rolar aquela dúvida vocês têm a quem recorrer.
Inveja: Um tema bem delicado pra maioria, quase um tabu. Todas as vezes que tentei conversar sobre o assunto ou fui recriminada ou concordaram falando coisas bem absurdas.
Primeiro, saibam que inveja é algo normal e todo mundo têm. Todo mundo mesmo. Alguns têm mais outros têm menos, mas ninguém está imune. Logo, eu acho um absurdo as pessoas ficarem horrorizadas se é uma coisa que não beira a psicopatia.
Muitas vezes um pouco inveja nos faz correr atrás do nosso melhor, porque admiramos e queremos ser tão bons quanto. Analisamos de forma mais crítica e extraímos o que achamos ser o diferencial daquela escrita. E, quando enxergamos com uma perspectiva mais madura, nosso coração vai sentir apenas admiração, todavia, este processo pode ser lento, então tomem seu tempo e reflitam.
O que não podemos é querer desmerecer e buscar defeitos naquilo que NÓS gostamos para minimizarmos nosso complexo de inferioridade. Vejam bem: se vocês adoraram aquela obra e depois ficam procurando uma forma de rebaixar aquela escrita, estão rebaixando o bom gosto que têm... Irônico, né? E é uma coisa que acontece que uma frequência um pouco chata. Na verdade, existem milhões de post’s assim no grupo oficial do Nyah! no Facebook.
Desgosto: É meio que uma junção de todos os outros tópicos, certo? Mescla a frustração com os resultados e as dúvidas com suas escritas, a comparação de como deveria ser e a inveja por não conseguir mesmo tentando.
É horrível a sensação de desmotivação ao sentar e tentar colocar suas ideias em prática, eu sei. E para alguns é ainda pior, pois seus sonhos precisam que isso não aconteça. Ser um autor não é fácil.
Ver aquele plot que você achou maravilhoso relegado ao esquecimento...não é só sobre escrita, é sobre algo que te dá prazer e depois só raiva e tristeza. A maioria das pessoas escreve fanfics apenas por prazer e ver isso acabando pode te fazer desistir por um tempo, até mesmo para sempre.
Não posso dizer como vocês vão reagir, se é melhor desistir ou se afastar um tempo pra voltar mais tranquilo e focado.
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Tá, mas vocês só escreveu o óbvio.  Talvez eu tenha escrito, mas só pra dizer uma coisa: é normal.
Assim como a hipercorreção depois de um tempo de análise, onde tudo que fazemos é procurar defeitos, deixando de apreciar nossa própria obra pra virar um corretor/crítico ambulante. Assim como um narcisismo exacerbado ao ver resultados depois de tanto sofrimento. Esses sentimentos são o que nos faz humanos.
Aceitem todas essas fases com paciência; elas passarão. Tudo passa.
Vocês farão obras incríveis e depois voltarão com algo meia boca não tão bom, acontece com Neil Gaiman, com Allan Poe, com Rick Riordan, com Jane Austen — há quem discorde de mim, é claro —, porque ninguém é uma maquina pra produzir só coisas primas.
Quem sabe vocês não serão Best-seller algum dia? Se este post ajudar, não se esqueçam de mim. :)
Uma série que começou em uma fanfic, pra muitos um clichê mal escrito, virou uma das melhores obras adultas que li. Comecei a ler a fanfic quando tinha 11/12 anos e me apaixonei pelo clássico “Chefe x Secretária” no melhor estilo cão e gato. Claro que o livro consertou muitas coisas que não eram pertinentes, mas o livro não é marcante para mim, apenas engraçado e um pouco saudosista. No segundo livro, a melhora foi evidente; no terceiro... nossa senhora, um dos meus livros preferidos.  A qualidade do quarto não foi tão boa, mas o quinto voltou com tudo. Vocês devem estar familiarizados com esta série, se chama “Cretino Irresistível” e o terceiro livro é “Playboy Irresistível”. Inclusive, recomendo muito a leitura pra quem gosta do gênero.
Viram aí o que eu mencionei?
É tudo sobre analisar com outros olhos e não desistir pelas coisas que sempre vão acontecer, porque isto é a vida, não o The Sims. Não dá pra deixar tudo pré-programado, né?
Uma gramática impecável é essencial? Depende do seu ponto de vista, porém tornará a leitura mais agradável e prende a atenção dos mais exigentes, além de te ajudar em muitos aspectos da vida, inclusive num emprego.
O essencial é conseguir transmitir emoção em cada palavra, então procurem a melhor fórmula calmamente, tomando um bom chá — café, suco, smoothie — e sempre atentos.
Gostaria de escrever mais detalhadamente, mas não quero fazer disto um TCC, então, até mais.
Fiquem com Rikudo e Athena. ♥

(Mas se ‘cês quiserem, eu escrevo detalhadamente, viu? Só falar nos comentários! ;)

2 comentários:

  1. Eu estou nessa detestável fase de auto pressionar-me. Como dito nesse post, nada está convencendo quando escrevo, mesmo mostrando para conhecidas e tendo comentários positivos, ainda acho que tudo está um cocô.

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    1. Desejo-te muita sorte, então! Espero que esta fase acabe rápido!

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O blog da Liga é um espaço para ajudar os escritores iniciantes a colocarem suas ideias no papel da melhor maneira possível.



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