Marina: uma resenha

segunda-feira, 7 de agosto de 2017
 
Por: Raven Hraesvelg
Perfil: https://fanfiction.com.br/u/334899/
Olá! Todos aproveitando as férias de julho? Espero que sim.
Na resenha deste mês, decidi falar sobre a minha mais nova descoberta do ano: Carlos Ruiz Zafón. Escritor espanhol, começou a carreira com contos infanto-juvenis, e é um desses contos que eu trago aqui. Marina foi publicado em 1999 e foi, de acordo com o próprio autor, o último livro desse gênero que ele escreveu (após isso ele deu início à sua série O Cemitério dos Livros Esquecidos, que estou louca para ler). Mas vamos ao que interessa, sim? 

Autor: Carlos Ruiz Zafón
Título Original: Marina
Tradução: 192 páginas
Editora: Suma de Letras
Sinopse: Na Barcelona dos anos 1980, o menino Óscar Drai, um solitário aluno de internato, conhece Marina, uma jovem misteriosa que vive num casarão com o pai idoso. Em passeios pela cidade, os dois presenciam uma cena estranha num cemitério e se envolvem na resolução de um mistério que remonta aos anos 1940. Numa tentativa inútil de escapar da própria memória, Oscar abandona sua cidade. Acreditava que, colocando-se a uma distância segura, as vozes do passado se calariam. Quinze anos mais tarde, ele regressa à cidade para exorcizar seus fantasmas e enfrentar suas lembranças — a macabra aventura que marcou sua juventude, o terror e a loucura que cercaram a história de amor.

Resenha:
Como eu disse na introdução, o livro é voltado ao público juvenil. Dizem as más línguas que de juvenil só tem a idade dos personagens, mas eu discordo disso, apesar de reconhecer a abordagem mais séria que o livro tem. Eu diria que é um infanto-juvenil bem ao estilo de Coraline, de Neil Gaiman — onde você só consegue se perguntar se o objetivo do autor era traumatizar criancinhas. Certo, não é para tanto.
Eu comecei a ler sem muitas expectativas e, apesar de ter me desapontado um pouco com a história, eu completamente amei a escrita do Zafón. A narrativa é poética e cheia de figuras de linguagem, e ele tem uma simplicidade ao escrever que dá aquele toque de fluidez na coisa toda e você se sente lendo música. É aquele tipo de autor que te faz sentir confortável com as palavras dele. Enredo a parte, eu leria o livro só pela narração.
Fiquei encantada com as descrições que ele faz das ruas e das construções de Barcelona. Aliás, descrição é algo que o Zafón faz muito bem, tanto do ambiente quanto dos personagens. Não é superficial e raso, como também não é monótono e extenso. Fica ali, bem entre esses dois extremos.
A construção do mistério é maravilhosa, a narração traz a carga certa de suspense para deixar o leitor curioso e as cenas de horror são narradas para causar desconforto. Porém, chegando nas soluções do mistério, achei tudo muito previsível.
Todo aquele mistério em torno de Marina, que começou interessante, no fim era só suspense porque não tinha mistério nenhum. O final, em relação à Marina, foi mais previsível e clichê o possível. Não gosto desse recurso trágico e dramático que insistem em usar como se fosse algo mirabolante (estou olhando para vocês, John Green e Nicholas Sparks). Estou sendo bem vaga aqui porque senão vou acabar entregando o final, o que na verdade é um cuidado meio desnecessário porque é bem provável que vá ser adivinhado logo no início do livro.
E o outro mistério, envolvendo o cemitério e a marca da borboleta, acabou sendo nada do que eu já não tenha visto ou lido. Adicione isso ao fato de que quando esses suspenses e mistérios acabam sendo ficção científica, eu costumo ficar decepcionada (só que aí já é problema meu, podemos dizer). Eu ainda me permiti ter esperanças de haver algum plot twist bem louco ou coisa do tipo, mas não, não teve nada. Volto a dizer, porém, que apesar dos finais previsíveis, a construção do mistério é muito boa.
O livro é bem curtinho, li em uma sentada só, mas o melhor é que você não sente o tempo passar. Então fica aí a indicação para aquela leitura a caminho da aula ou trabalho!

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