Resenha: O Teorema de Katherine

terça-feira, 19 de julho de 2016


Por: Rodrigo Caetano

Nerdfighters, olha o livro que apareceu aqui esse mês! Para quem não sabe o que é um Nerdfighter, não tema, pois vou explicar.

Você talvez conheça o nome John Green (ou João Verde, fique à vontade) como o autor daquele livro que virou filme, sobre a menina e o menino com câncer. Aquele chamado “A culpa é das estrelas”. Então, antes disso, ele escreveu um monte de outros livros, incluindo esse aqui. E, além disso, ele começou, em 2007, um canal no youtube com seu irmão, o Hank Green (ou Hank Verde), chamado vlogbrothers.

Juntos, nesse canal, eles construíram uma comunidade e são dois dos principais expoentes do youtube americano, com diversos canais e milhões de seguidores, incluindo o canal “Crash Course” — um canal educativo que dá aulas online de maneira bem simples e acessível sobre diversos temas, como biologia, história mundial, economia, física, filosofia e até propriedade intelectual.

Essa comunidade passou a ser chamada de Nerdfighters, mas não são pessoas que lutam contra os nerds. São nerds autoproclamados que lutam contra a crescente presença das coisas que são um saco (the word “suck”).

Então eu achei interessante trazer o último livro que li do John Green, justamente sobre um nerd assumido, e apresentar para vocês essa comunidade. Já deixei os links pelo texto, e, por fim, vou deixar uma pequena seleção de vídeos recentes e interessantes do canal original deles, e, se vocês quiserem, recomendo seguir pelo youtube. Sempre vale a pena.

Agora, vamos à resenha!E DFTBA (Don’tforgettobeawesome)!


Título Original: An abundance of Katherines

Título Brasileiro/Português: O Teorema Katherine

Autor: John Green

Editora: Intrínseca

Tradutora: Renata Pettengill


Sinopse: Se o assunto é relacionamento, o tipo de garota de Colin Singleton tem nome: Katherine. E em se tratando de Colin e Katherines, o desfecho é sempre o mesmo: ele leva o fora. Já aconteceu muito. Dezenove vezes, para ser exato.

Depois do mais recente e traumático término, ele resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e um melhor amigo bem fora de forma no banco do carona, o ex-garoto prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar pés na bunda, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.

Uma descoberta que vai mudar para sempre a história amorosa do mundo, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.


Resenha:

Essa é (mais) uma história sobre corações partidos, mas é sobre tantas outras coisas também... Colin Singleton é um adolescente que, como tantos outros, acha que tudo gira em torno de sua vida amorosa, e, quando esta vai por água abaixo, ele passa a questionar toda a sua vida e todas as decisões que toma.

E é isso que torna a coisa mais interessante. Porque apesar dessa coisa de corações partidos soar clichê, é justamente essa capacidade de um coração partido tem de levantar tantas questões diferentes que torna essas histórias tão interessantes. E, nesse caso, o coração partido pertence a um garoto bastante inteligente, que passou a vida sendo considerado um garoto prodígio, até que, de repente, percebeu que, como estava crescendo e não era mais um “garoto”, isso significava que ele não continuaria a ser um “garoto prodígio”.

Assim, buscando a grande ideia que o transformaria de prodígio em gênio de fato, ele observa parte em uma aventura para conseguir transformar todos os relacionamentos em que já esteve em uma única equação matemática, que preverá quando e quem irá por fim a qualquer relacionamento que você queira estudar.

Eu não vou dizer se ele consegue ou não, mas eu vou dizer que, apesar do tema, a matemática do livro é muito pouca, e você não precisa nem saber somar dois mais dois para entender.

Tá, talvez dois mais dois você precise saber para entender, mas você também precisa saber para viver...

O livro é interessante e, apesar de não ser surpreendente — como é “A culpa é das estrelas” —, esse livro é extremamente bem construído, e John Green com certeza sabe usar bem a linguagem na hora de escrever.

É interessante observar a simplicidade com que ele incorpora um sotaque diferente em palavras escritas e como isso é eficaz em ambientar a história em uma pequena cidade do interior. E é incrível como ele consegue brincar com anagramas — nosso protagonista é fascinado por eles — e com fatos históricos aleatórios — nesse caso, o autor é fascinado por eles —, sem torná-los chatos ou deixar o livro pesado.

Por sinal, uma crítica comum ao livro é como ele pode fazer com que você se canse de anagramas ou fatos históricos, ou como Collin pode ser irritante às vezes. Mas a verdade é que os anagramas e a personalidade fechada e específica do Collin são partes tão importantes do livro quanto às cenas mais agitadas e românticas. A brincadeira que eles têm em julgar o que é ou não é interessante é uma das questões mais importantes do livro, que nos ajuda a ver como o relacionamento que temos com um grupo ou uma comunidade, muitas vezes, é radicalmente mais complexa do que julgamos, e muitas vezes o fato de não nos darmos bem não é culpa nossa ou culpa dos outros. 

O fato de sermos considerados ou não interessantes pelos outros não necessariamente significa que você não é interessante para alguém, ou para outras pessoas; e, ainda assim, o fato de que aquelas pessoas que lhe acham desinteressantes não é necessariamente culpa delas. Na verdade, melhor dizendo, você não pode ser interessante ou desinteressante, mas as coisas são interessantes ou desinteressantes para pessoas diferentes. E você pode ter amigos e se dar bem com todo mundo mesmo que você goste de muitas coisas consideradas desinteressantes.

Apesar disso, o livro é relativamente lento, em comparação a outros livros que já li, e algumas das viradas da trama me pareceram mais convenientes do que naturais. E, pessoalmente, achei que o final ficou um tanto quanto desnecessário. Acho que o livro teria mais impacto caso Collin tivesse voltado à sua rotina no final.

Talvez seja uma questão minha, mas, apesar de concordar que a jornada do herói clássico está repetitiva, ela foi estudada justamente porque ela é repetitiva. Há milênios. Em culturas diferentes. E ela o é por um motivo.

Eu senti falta do retorno de Collin, da fase em que ele, após passar pelas fases, retorna ao ponto de partida, já evoluído e tendo vencido todas as suas batalhas.

Porém, ainda gostei muito do livro, e ainda o recomendo. Dos três livros que li de John Green, esse é o que menos gostei, mas ele ainda é um ótimo livro, e eu gostei tanto que fiz questão de vir contar a vocês sobre ele. 

Por enquanto é só! Até a próxima, galera!

P.S.: Não posso deixar de reconhecer aqui o lindo trabalho de tradução desse livro. Um livro cheio de anagramas e brincadeiras linguísticas que deve ter sido bem complicado de traduzir, e o resultado ficou muito legal. Quando lerem, prestem atenção nesse detalhe e vocês vão entender como esse trabalho é importante!

2 comentários:

  1. Ahhh que pena que é o que você menos gosta entre os livros do verdão, porque no meu caso é totalmente o contrário, esse é o meu favorito dele.
    A trajetória do Collin parecia ser mais interessante do que nos outros livros, até a sinopse o deixa curioso, afinal, ELE ADORA KATHERINES com K, e eu adorei todas aquelas parábolas e seus cálculos doidões para justificar suas faltas com as katherines, não focou *totalmente* num amorzinho chatinho que é típico do verdão (aqueles que o maldito se apaixona pela moça fodo...Gostoson... Bonitona... E o livro se resume a perseguir ou entender o que tem dentro da cabeça delas.), claro claro, cada um tem sua opinião!
    E eu adorei essa resenha!

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