Na primeira parte do artigo refletimos sobre consciência criativa e em como esse aspecto da nossa cognição influencia na nossa maneira de escrever sem que, necessariamente, percebamos. Esta segunda parte tratará dos aspectos da memória criativa, ou seja, as informações que nos cercam e como a aplicação disso tudo funciona (ou pode funcionar).
Entendemos como memória criativa todas as informações que adquirimos ao longo do dia, da vida, basicamente tudo que nos cerca, seja ou não de nosso conhecimento. No artigo anterior falamos da consciência criativa, sobre ela agir conforme ou não nossa vontade; a memória trata justamente do conteúdo que encaixamos, conscientemente ou não.
E como captamos isso? Para que isso nos serve?
Às vezes vemos uma propaganda legal, lemos um texto interessante, ouvimos uma música mais intensa, atividades que nos estimulam a pensar e, posteriormente, ter ideias. Às vezes também acontece simplesmente de estarmos num ambiente propício a nos fazer refletir e relembrar situações, ou passar a notar certos detalhes não percebidos antes, tudo isso representa nossa memória criativa.
Em outras palavras, nossa memória criativa está diretamente associada àquilo que conhecemos como inspiração.
O que nos cerca e nos inspira são coisas armazenadas nessa memória, que vemos ao longo da nossa vivência e, de repente, lembramos para determinado efeito. A diferença é que podem ser lembranças bem específicas e precisas ou meros detalhes de coisas que você não faz ideia de que viu (como um cachorro na rua, por exemplo). Tudo que costumamos escrever provém desta fonte.
Quando utilizamos o inconsciente criativo é mais comum que trabalhemos mais com a parte inconsciente da memória, isto é, geralmente esses detalhes que não costumamos lembrar muito, que muitas vezes sentimos até como uma espécie de intuição. Por isso, como dito no artigo anterior, é importante termos noção da consciência criativa, pois trabalhando nossa mente de forma consciente faz com que essas memórias sejam melhor aproveitadas.
Daí vem aquela nossa inspiração de se basear em alguém que gostamos muito, querer retratar um ambiente que presenciamos, ou até mesmo usar palavras (ou termos, às vezes até frases) que sentimos trazer um determinado poder (o famoso soar bem ou ter uma boa mensagem) e que combina com o texto pretendido.
Tá, mas como eu uso essa memória em meu favor, Tio Edgar?
Sabe quando você deseja assistir, ouvir, ler algo ou entrevistar alguém para conseguir grandes inspirações para o seu texto? Então, aproveite muito bem essa experiência, não faça simplesmente por fazer. Também não faça só para ter um amontoado de informação e se iludir achando que é bom e o suficiente.
A memória tem que ser aquilo que te desperta interesse e inspiração, algo que te sirva de recurso natural, não como uma planilha a que você sempre tem acesso e tem tudo esquematizado de forma exata e concreta; isso desvia dos valores reais de uma inspiração, de uma memória, pois se torna um roteiro, um esquema de seguimento obrigatório. Tais esquemas não são ruins, só não fazem parte do processo criativo.
Refletindo todo o processo até então, temos a consciência criativa, que transporta as ideias da sua memória criativa, que é adquirida ao longo dos seus conhecimentos diários, e que podem ser usadas de forma consciente ou não. Parece um ciclo quase se fechando, mas ainda falta o último item: o potencial criativo, que consiste em como utilizar recursos para construir esse material que você possui naturalmente, de forma totalmente consciente (diferente da consciência e da memória, que podem atuar inconscientemente também).
Entretanto, isso é assunto para o próximo artigo!
REFERÊNCIAS:
http://www.mariosantiago.net/textos%20em%20pdf/criatividade%20e%20processos%20de%20cria%C3%A7%C3%A3o.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212009000300017
http://www.espacoacademico.com.br/052/52silvafilho.htm
http://www.intelliwise.com/seminars/criativi.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O blog da Liga é um espaço para ajudar os escritores iniciantes a colocarem suas ideias no papel da melhor maneira possível.