Ficha técnica
Título: Mulan
Direção: Niki Caro
Baseado em: Mulan
de Hua Mulan
Elenco: Liu Yifei
(Mulan), Donnie Yen (Comandante Tung), Gong Li (feiticeira
Xianniang), Jet Li (O Imperador), Jason Scott Lee (Bori Khan), Yoson
An (Chen Honghui – baseado no personagem Li Shang do desenho animado).
Distribuição: Walt Disney
Studios; Disney+
Lançamento: 4 de setembro
de 2020
Eu
digo “soldados!”, vocês respondem “Sim, my lady!”
Olá, amados, tia Rebel está de volta com uma resenha para
causar aquela discussão pacífica (se quiserem guerra, batam boca, mas se lembrem
de não partir para a violência física, obrigada) entre os amantes do
cinema/animações/remakes/filmes nostálgicos, enfim, acho que vocês entenderam.
Venho até vossas pessoas falar sobre essa produção que
deu pano pra manga, pois dividiu dois exércitos de fãs: os que amaram o resgate
da história e os que odiaram e soltaram aquele “por favor, outro remake
não!!!”.
Pois bem, vamos nos deitar no divã e observar uns pontos
importantes. Muita gente já conhece a história do desenho animado, e poucas
coisas de enredo mudam para essa adaptação live-action, entãooooo gostaria de
levar até vocês outros fuxicos além da sinopse para pensar.
A
decisão de qual exército será seu aliado, soldado, é totalmente sua, mas sempre
digo: veja o filme para falar bem ou mal com propriedade!
Fale bem ou fale mal do
filme, mas exalte Fa Mulan
Isso é fato em muitos sentidos: a
história de Mulan foi precursora nos desenhos para muito do que conhecemos de
emancipação feminina. Considerando a cultura chinesa na qual Mulan e sua
família está inserida, sua atitude em assumir o lugar do pai na guerra
contrariou não só a casamenteira, mas também todos os estereótipos de que
“lugar de mulher” era o de esposa educada e limitada às atividades domésticas.
Tem algo de errado nisso? De jeito nenhum, de nenhum dos
dois lados! A beleza do que fica para nós do filme e de muita coisa que ele nos
faz pensar é essa: o poder da escolha. Assim como Mulan decide se empenhar em
treinamentos de suas habilidades físicas desde criança, sua irmã sempre sonha
em se casar com um bom rapaz que a ame, não totalmente ilesas da cultura em que
viviam, mas conseguindo decidir aquilo que querem para suas vidas.
Tudo isso justifica todas as ações de Mulan? Talvez não,
afinal, a lealdade ao imperador e ao país eram características essenciais a
qualquer cidadão da época, e em nenhum momento a protagonista renuncia a isso,
pelo contrário, por manter-se leal ao imperador enquanto cumpria o dever do pai,
Mulan respondia ao soberano e ao seu coração, que lhe dizia que era certo
proteger a família da desonra.
Desonra?
~Voz do Mushu~ pra toda sua família!
Desonra pra tu, pra tua vaca!
Pois é, sou do time que chorou amargamente pela falta do
dragãozinho conselheiro da Mulan, o Mushu. Nesse live-action, ele foi
substituído pela figura da fênix, símbolo da família Fa e que atua como o
protetor espiritual de Mulan.
Mesmo machucando o sentimento de nostalgia para aqueles
que prezavam uma “fidelidade” do live-action para com o desenho, a substituição
não atrapalha o fluir do filme, uma vez que se justifica e mesmo se atribui
funções importantes à fênix, de forma que ela se torna mais que um termo
acessório para a narrativa.
Das releituras de 1998
para 2020
Entre críticas aqui e ali, bem como
entre as avaliações, profissionais ou não, que li pela web afora, uma das que
mais me chamou a atenção foi a do site Omelete, que não considerava o
live-action um remake, mas sim uma releitura da cultura chinesa. Sem
precisarmos ir a fundo em teorias da comunicação, dessa opinião se entende que,
se encararmos o filme de 2020 como uma leitura diferente daquela que o desenho
de 1998 fez da história de Mulan, ele serviu muito bem ao propósito,
adequando-se aos critérios de uma produção cinematográfica de fantasia e
aventura.
Também é legal pontuar que podemos apreciar ou avaliar
certo filme/série para muito além da simples comparação entre uma adaptação
precedente, pois toda a galera espectadora, bem como os indivíduos envolvidos e
os esquemas mercadológicos do cinema (para nossa alegria/tristeza) afetam como
o negócio vai sair no final, certo?
No
meio dos prós e contras, o live-action de Mulan não deixa de ser aquele filme
coringa, que serve para assistir com a família no fim de semana e, ao mesmo
tempo, pode nos ajudar a pensar muito da representação feminina e as diferenças
entre culturas de tempos e lugares diferentes.
E
aí, de qual exército você é, soldado? Conte pra gente suas impressões do filme
e, se não assistiu, dá aquela chance, viu?
Beijos
da tia Rebel.
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