Por: Rebel Princess
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O mês do Halloween acabou de
passar. É história de terror daqui e dali, e conto de leitura obrigatória, que,
por incrível que pareça, me conquistou como leitora... que tal falarmos um
pouquinho sobre essa obra incrível do senhor supremo do suspense Edgar Allan
Poe?
Como
eu disse, esse conto intitulado “O Coração Delator” (The Tell-Tale Heart no título original, 1843) foi uma das minhas
leituras obrigatórias para a aula de literatura inglesa da faculdade, e um
pequeno spoiler para vocês: leitura obrigatória não me conquista facilmente, ou
nem chega a isso. Entretanto, lá no comecinho do ano, a professora anunciou que
iríamos estudar uma obra do Allan Poe, então conhecemos esse narrador do conto
totalmente louco e foi assim que não reclamei da matéria até o final de junho.
Fim.
Vamos
ao que interessa, que é o resuminho desse enredo bem curto e que pode ser encontrado
em várias das seleções de contos do Allan Poe; a minha versão é a “Edgar Allan
Poe - Histórias extraordinárias”, da editora Companhia das Letras (referência completa
logo ali embaixo!).
Como já se dizia, “não confie nem no próprio coração”
Já é conhecido
do povo que o autor da história que vou comentar aqui se consagrou pela
abordagem de temas góticos e de mistério, e talvez não exista uma alma que já
não tenha ouvido falar ou leu O gato
preto ou O corvo, principais
histórias referenciadas quando se ouve o nome de Poe. (Fugindo do conto da
resenha, uma dica para você que acabou de pensar “nossa, nunca li nenhum desses
dois”: LEIA!). “O Coração Delator” vai pelo mesmo caminho de mistério, no qual
não sabemos muita coisa, só o que é dito pelo narrador, e acaba de forma
mórbida.
Pela
extensão do conto, apenas dois personagens nos são apresentados, sem qualquer nome.
Um deles é nosso narrador – só sabemos o que ele nos conta da história – e o
outro é aquele que ele chama de “o velho”. As poucas páginas são narradas com
certa tensão por parte do narrador, e suas descrições são tão convincentes para
nós leitores que nos vemos compartilhando dessa angústia que ele sente. Como é
típico de Poe, a narração em 1ª pessoa nos dá um personagem que quase de cara identificamos
como não muito estável psicologicamente, e a maior sacada é a construção dessa
personagem de “O Coração Delator” que tenta se convencer a todo o tempo que seu
crime foi perfeito. Acontece que o leitor é envolvido a ponto de se ver sendo
convencido também pelo personagem; sem ao menos prever, você está pensando
“verdade, ele não deixou nenhuma pista, foi o crime perfeito”.
E
qual é esse crime? O de matar o velho, obviamente. É claro que o enredo não ia
morrer desse jeito, com um assassinato sem brechas até o culpado, e é aqui que
entra a parte estranha de Poe para que um coração que delata um crime seja
criado. Como já podemos notar pela maneira de narração, o personagem narrador é
compulsivo por certos detalhes (dá uma olhadinha no conto e me diga depois se
você acha normal a fixação dele por um olho xD) e, quando a polícia chega à
casa na qual foram ouvidos gritos, a melhor opção do nosso assassino é esconder
o corpo, mas quem disse que realmente já era um cadáver? De acordo com o
narrador, “era um som fraco, rápido e surdo, semelhante ao tique-taque de um
relógio enrolado em algodão” que queria delatá-lo aos policiais de qualquer
forma.
Creio
que você terá que ler para descobrir se o coração conseguiu realmente delatar
nosso assassino, ~risada maligna~. É uma história bacana de se conhecer, ainda
mais se você tem afinidade com o gênero e curtiu algumas outras histórias de
Allan Poe. “O Coração Delator” está cheio de simbologia, conforme é típico do
autor, e a obsessão do narrador com o velho junto à complexidade de emoções,
que podemos perceber por sua narração tumultuada e não muito sã, é um prato
cheio para os amantes de contos mórbidos.
Pulo do gato para
preguiçosos/apressados/sem tempo: https://www.youtube.com/watch?v=6D7aUJToxDg
Esse vídeo é uma animação do
conto que inclui a narração de alguns trechos do livro, mas é uma adaptação com
vários cortes do original. Pode assistir sem culpa, mas confira depois o conto,
só lendo é que conseguimos um vislumbre da situação por completo em que se
encontrava mais um dos assassinos de Poe.
Até mais e dê muito amor aos
gatinhos pretos que aparecerem perto de você! :v
POE, Edgar Allan. Histórias extraordinárias. Seleção,
apresentação e tradução de José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras,
2008.
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