Como melhorar sua história antes de encontrar um beta

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Por: Gabriela Petusk 
(Team Liga dos Betas)


Olá, queridos! Vocês já devem estar cansados de me ver... Bem, espero que não. Ainda vou aparecer muito. Adoro escrever posts, assim como o formato de tópicos, e é com esse molde que este aqui vai sair.

Algumas vezes não damos sorte na vida, real ou virtual. Se você, autor, escreve em uma categoria pouco popular, sobre uma obra muito recente ou não consegue contato de ninguém, pode estar sem um leitor beta por enquanto. Eu mesma passei boa parte da vida escrevendo sozinha. Isso não quer dizer que é impossível crescer sendo solitário; claro que ter um beta para te aconselhar é ótimo, mas existem coisas que você pode aprender por conta. As dicas contidas aqui também podem servir caso você já tenha um beta e queira mandar para ele ou ela um texto mais limpo. Convenhamos, ele/a não comenta sua história à toa e quer ver seu desenvolvimento. Enviar um capítulo escrito de qualquer jeito e só recebê-lo arrumado não é uma atitude legal.


Aqui vamos nós!


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Nos bastidores 1: Anote e salve sempre as ideias que tiver

Caderno, agenda, ponta de folha, guardanapo, celular, palma da mão. Rascunhos podem render bons frutos, mesmo que escritos de forma livre, amadora até. Registrar para não esquecer é um segredo antigo que pode se tornar um hábito de ouro. Só tenha o cuidado de rascunhar num formato ou linguagem que você entenda depois. É uma anotação boba, mas você vai ter que decifrá-la na hora do “vamos ver”. Já ouvi várias histórias de gente que rabiscou ideias excelentes antes de dormir e viu hieróglifos no papel ao acordar.


Nos bastidores 2: Planejar faz bem e não é tão difícil

Deixar de planejar pode provocar uma onda de furos e partes mal explicadas. Esteja você escrevendo um conto, uma história curta ou longa, um esquema vai ajudar. Apaixonada por tópicos que sou (tão práticos e organizados ♥), gosto de colocar os acontecimentos do enredo em ordem assim. Uma linha do tempo também pode ajudar. Fichas de personagens, listas de possíveis nomes para lugares, o que mais for necessário. Tudo salvo e guardado, é claro.



Na hora da escrita 1: Não custa repetir: corretor ortográfico não morde

Ele está aí como sempre esteve. Mesmo escritores mais experientes cometem erros, e esta maravilhosa ferramenta vive a postos para dar uma mão. Fique atento, pois alguns erros não são detectados pelo corretor, como uma palavra que existe tanto com quanto sem acento ("manga" e "mangá", por exemplo). Para isso, uma leitura atenta e consulta a um dicionário vão resolver.



Na hora da escrita 2: Pontuação é importante, não a ignore

Vírgulas, pontos e parágrafos são responsáveis pelo ritmo de uma história. Frases muito longas podem ficar confusas e muito curtas dão impressão de uma cena pausada, lenta, a não ser que essa seja a intenção. Uma dica para saber qual é a medida certa é ler o trecho em voz alta e prestar atenção na pausa, na entonação, no tom... Sinta-se o narrador fazendo isso, é demais.


Na hora da escrita 3: Vocabulário faz diferença, sim

Repetição de palavras é uma das coisas mais irritantes em um texto. Apesar disso, não existem sinônimos perfeitos. Um dos bons motivos para enriquecer o vocabulário é o som de cada uma: substituir essa ou aquela numa frase pode evitar uma cacofonia chata. Para completar, mesmo que duas palavras compartilhem uma definição, existem todas as outras secundárias. Algumas vezes, você pode trocar uma e conseguir uma frase melhor do que antes. Vamos ver como isso funciona. 

“Encolhido sob a marquise, o cão se escondeu da chuva.”
“Encolhido sob a marquise, o cão se escondeu da tempestade.”



Sabemos que tempestade é um tipo de chuva, isso é fato. Porém, a segunda frase dá a impressão de que está desabando água de verdade não uma chuva como qualquer outra, além de envolver raios, trovões, talvez até vento forte. Para mais explicação sobre repetir palavras, meu post histórico (só que não) pode ajudar.


Etapa de correção 1: Escrito o rascunho do capítulo, deixe-o quieto por um tempo (dois, três dias costumam bastar)

Inspiração é uma criatura com vontade própria. Vem e vai quando está a fim e não dá satisfações. Por esse motivo, quando aparece, algumas vezes chega e nos faz escrever como loucos, sem parar, no impulso mesmo. A sensação é maravilhosa, reler e se sente orgulhoso. Que escritor nunca teve um momento do tipo? Você fecha o caderno com a autoestima nas nuvens, vai dormir e sonha com o dia em que dará autógrafos para filas quilométricas.

Então, no dia seguinte, você resolve dar uma olhada e quase volta no tempo para se dar um peteleco. “Como eu fui capaz de deixar essa cratera na trama? Pior: como eu consegui adorar esse capítulo? O que eu tinha na cabeça, deuses?” Calma, meu jovem. Isso pode ser bom para você, é sério.

Aquele fogo repentino para escrever tem um efeito colateral chamado “calor do momento”. De tão motivados e cheios de ideias, eu, você e qualquer escritor no mundo ignoramos várias coisas, deixamos passar. Em um momento de calma, é bem mais fácil detectar onde você errou. Aproveite o surto de autocrítica para executar a dica seguinte.


Etapa de correção 2: Releia o capítulo depois de terminado. Releia. E releia. De novo.

Ao repassar tudo, é maior a chance de não deixar para trás alguma palavra sobrando, um erro ortográfico despercebido e qualquer coisa do tipo. Coisas nos escapam, é perfeitamente normal. Depois da segunda ou terceira releitura, o trabalho vira uma coisa mais automática, e isso não é ruim nesse caso: não é raro escrevermos “no calor do momento” e só repararmos em uma bobagem no texto depois de esfriar os ânimos. Costumo ter como mínimo o número de cinco releituras antes de considerar uma versão pronta. Uma para palavras repetidas e pontuação, coisas mais técnicas. A segunda para apagar excessos. Depois, para ver se não me esqueci de alguma coisa, os chamados buracos. A quarta serve de vistoria. A quinta é meu truque de mestre. Preparem-se para a dica abaixo.


Etapa de correção 3: Faça o teste de pensar como o leitor mais chato que você já teve

Não, eu não estou brincando. Ajuda muito, e eu vou ensinar como se faz.

Depois de feitas as primeiras correções e você considerar a primeira versão do texto pronta, arrume um jeito de acalmar os ânimos. Uma hora sem gente em casa, com um lanche delicioso do lado, roupa confortável, música boa (de preferência calma), o que mais te deixar em um estado de concentração Aí, abra seu capítulo e encarne o leitor inconveniente. Foque-se no seguinte: você, nesse exercício, é um leitor que adora aquele gênero e nunca viu aquela história na vida. Leia fazendo todas as perguntas possíveis, procurando todas as falhas, pensando se aquela personagem tem falas de acordo com a personalidade dela, se aquela cena meio sem graça foi mesmo necessária. Por fim, tente escrever um review para você mesmo dizendo tudo isso.

Pensando como esse leitor, você deve ter notado mil coisas a mais do que usando seu ponto de vista. Corrija o que tiver te desagradado. Acredite: colocar a sua história à mostra significa se sujeitar ao risco de topar com gente assim, e pessoas do tipo com certeza não vão ser só elogios. Como eu disse em um post anterior, ser crítico não justifica grosseria de nenhum tipo, coisa que eu ressalto aqui e sempre, mas postar esperando que todo mundo ame tudo não é realista.


Dica adicional 1: Procure ler histórias e livros semelhantes à sua

Comparar nem sempre é ruim. Quantas vezes já entrei em desespero por não conseguir desenvolver certa parte de uma trama minha e, como num milagre, outro escritor tinha uma cena bem parecida com aquela exata coisa? É aí que vem aquela percepção súbita: “Eu posso fazer algo do tipo!” Lembrando que a palavra aqui é inspiração, não cópia, então, adicione seu toque pessoal, faça um pouquinho diferente. 


Dica adicional 2: Amigos são para todas as horas

Caso você tenha um amigo ou amiga que conheça a obra da fanfic ou goste do gênero, que tal pedir para ele/ela ler o capítulo? Dando certo a parceria, você pode ganhar um beta, principalmente se ele/ela for do tipo sincero e tiver experiência com leitura.

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Pessoal, o que acharam das dicas? Alguém experimentou e gostou? Digo aqui que ser seu próprio professor e se corrigir com o tempo podem ter resultados excelentes, mas nada como o olhar de outra pessoa, distante do seu ponto de vista, para notar o que você não notou. Uma combinação dos dois é melhor ainda. Boa semana a todos e que a inspiração esteja sempre com vocês!

2 comentários:

  1. Bom post! :)
    Acho que nunca se deve parar de ressaltar a importância do trabalho de revisão de um capítulo. Pessoalmente, acho que cinco é um número muito grande XD , mas isso é porque eu não conto as vezes que o faço; provavelmente será um número idêntico, ou mesmo maior, de revisões...

    A sugestão (SIGAM-NA, POR FAVOR!) de deixar o capítulo assentar durante uns dias antes de voltarmos a pegar nele é infalível: quando relemos as coisas que escrevemos passado um tempo, estamos com uma perspectiva completamente diferente sobre elas e, assim, conseguimos analisar as coisas mais "friamente", não tão agarrados ao orgulho que sentimos ao escrever aquilo "no calor do momento". Comigo, funciona que é uma maravilha! :P Corto muita coisa ridícula desta maneira, haha'

    Gostei muito do post, beijinhos*!

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  2. Eu e meus amigos são quase beta readers uns dos outros, eu mando os capítulos pra eles antes de postar e eles fazem o mesmo, afinal, eu sou sincera quanto a isso e acaba sendo bom.

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O blog da Liga é um espaço para ajudar os escritores iniciantes a colocarem suas ideias no papel da melhor maneira possível.



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