Recomendações de Leitura Dia da Mulher [03/04]

sexta-feira, 25 de março de 2016

“Precisamos Falar Sobre Kevin”, Lionel Shriver
(Giulia Correia)

Antes de mais nada, gostaria de falar que esse livro é um livro polêmico. Ele conta a história de Kevin Khatchadourian, um daqueles adolescentes americanos que a gente vê na TV que vão para a escola com uma arma e atiram nos estudantes. Ao contrário do que se pode esperar, porém, não é ele quem conta a história: é a mãe dele, Eva Khatchadourian, por meio de cartas ao pai dele, Franklin.

Sim, a história toda é contada por cartas <3. Elas nos fazem entrar na cabeça da Eva e entendê-la enquanto ela própria tenta compreender o que levou seu filho a fazer isso ao mesmo tempo em que tem que, sozinha, arranjar uma maneira de lidar com a situação que foi jogada em seu colo e a culpa que a sociedade lança sobre ela por ser a mãe de um monstro.

Eva nos leva ao começo de tudo (quando começou a namorar com Franklin) e caminha conosco por toda a trajetória dela como mãe: o momento em que engravidou, o nascimento, a infância e a adolescência de Kevin, tudo isso para tentar responder a questões sobre culpa e responsabilidade, consciência e alienação.

A história por si só é maravilhosa, mas a caracterização da personagem e, mais importante, a imersão que você tem nela é muito rara de se achar. Tem momentos na história que um outro personagem joga a opinião dele sobre um determinado acontecimento e você fica genuinamente surpreso e, muitas vezes, tão ofendido quanto a Eva. Você acaba se apegando às opiniões dela sobre todo mundo e tudo o que acontece, quase como se ela estivesse certa sempre.

Talvez não seja o livro perfeito para se ler no dia da mulher, nem o livro que demonstra o feminino de forma lisonjeira, mas é um livro que retrata uma personagem tão completa e tão multifacetada que poderia até existir de verdade, e que merece ser lido e relido e, principalmente, refletido e discutido.

“A Menina que Roubava Livros”, Marcus Zuzak
(Rodrigo Caetano)

Um livro que encanta pela personagem e pelo narrador. Nele encontramos a história de uma menina durante a Segunda Guerra Mundial. Abandonada pela mãe judia durante a fuga, Liesel Meminger é adotada por uma família alemã. Com uma narrativa forte, conduzida pela própria figura da morte, o livro nos conta a vida de Liesel durante a Guerra, e nos apresenta uma visão diferente e uma nova perspectiva de um dos períodos mais sombrios da História da Humanidade. Tudo enquanto nos mostra o poder da palavra, dos livros, e como, muitas vezes, eles podem representar a esperança e a persistência, algo essencial para enfrentar desafios como aqueles. Um livro forte e que recomendo a qualquer um.

“Mansfield Park”, Jane Austen
(Enrique Buendía)

Livro da querida Jane Austen, a personagem principal de Mansfield Park não é aquilo que se pode chamar de mulher bem resolvida, acredito até que a Fanny esteja muito mais próxima da Macabea do que da Tereza, mas, enfim, o que eu achei interessante nessa história é que, diferente de clássicos que costumam ser repletos de personagens masculinos, o livro traz várias mulheres e todas diferentes entre si, tem tia mesquinha, tem tia tranquila, tem sobrinha apática, tem filhas que aprontam, adultério por parte de uma mulher casada, outra mulher mais esperta e interessada no dinheiro. Mansfield é uma residência que traz várias mulheres, Fanny é um pedaço delas, a principal, mas torna-se muito interessante ver todos os componentes agindo juntos, principalmente as mulheres.

Saga “Divergente”, Veronica Roth
(Pedro)

Essa saga é uma daquelas que ajudam a quebrar paradigmas. Resolvi indicá-la devido à personagem principal, Tris.

Há uma questão, bastante metafórica, no primeiro livro da série que é bastante interessante: a personagem se vê dividida entre seguir um caminho que lhe agrada e um caminho que lhe é esperado. Ela pondera sobre o eventual desgosto de sua família, dependendo de sua escolha.

É um livro que traz nuances sobre questões importantes, como a liberdade de escolha. E como toda boa distopia, é recheado de críticas discretas à sociedade e aos moldes sociais que ela possui.

“Se Houver Amanhã”, Sidney Sheldon
(Enrique Buendía)

Os livros do Sidney Sheldon sempre trazem mulheres incríveis e inesquecíveis, sagazes, inteligentes, dominantes, poderia recomendar vários livros dele, principalmente “O reverso da medalha”, que traz uma das personagens femininas mais impressionantes que eu já vi, mas “Se Houver Amanhã” retrata não só o poder de uma mulher, mas também a vida simples que ela levava, a humilhação sofrida e amostras do sistema presidiário estado-unidense, como OITNB. Tracy é uma personagem determinada que vai atrás e faz coisas inimagináveis.

“A Guardiã da Minha Irmã”, Jodi Picoult
(Rodrigo Caetano)

Retratando um caso fictício, porém imensamente interessante, esse livro apresenta diversos questionamentos éticos e morais sobre a doença e a família. Com uma filha diagnosticada com leucemia, um casal procura fazer uma inseminação artifícial, para gerar uma criança geneticamente compatível com a primeira, de modo que possa lhe servir de doadora. Porém, a nova criança, uma menina, quando completa dez anos, procura um advogado para defender o seu direito de não doar sangue ou material biológico para a irmã doente, se preciso impondo aos pais a perda de sua guarda. A trama gira em torno de como a família é construída e desconstruída, e como cada um dos membros lida com os desafios da doença, enquanto tentam permanecer unidos e provar o seu amor um pelo outro.

Trilogia “Sevenwaters”, Juliet Marillier
(Elyon Somniare)

Escolher entre os livros da Juliet Marillier revelou-se um desafio, pois as razões que tenho para recomendar esta trilogia são bastante gerais a todas as suas obras. Com um ou duas excepções, Marillier segue uma narrativa centrada na mulher e na primeira pessoa. Misturando o romance com o fantástico, dá a conhecer ao leitor os momentos mais cruciais das suas personagens, perfazendo um arco estrutural em que é possível ver o avançar da história (nada no final é como no início) e o crescimento das personagens. Usualmente cada livro seu é centrado numa mulher diferente, e esta trilogia não é diferente. Em cada um dos seus títulos temos uma mulher única, com uma história única, mas com duas características em comum: à sua maneira, são todas mulheres fortes e complexas (pois nem sempre a mulher forte tem de ser a badass que faz girar um machado. Nada contra, gosto, mas gosto ainda mais de ver a diversificação na representação da personagem feminina), e todas merecem os finais respectivos: tudo o que alcançam é devido a elas, às suas escolhas por aquilo que é verdadeiro a elas mesmas, aos seus princípios e aos seus sentimentos, bem como à sua resiliência para ultrapassar as dificuldades que lhes são colocadas.

Optei por esta trilogia (agora saga) por ser tanto a que tornou a autora famosa, como aquela que me deu a conhecer Marillier (tem um spot duradoiro nas minhas recomendações), mas realmente não me parece que alguém fique defraudado por começar por qualquer outro livro da autora.

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