Juliana
Leite nasceu em 15 de abril de 1988, na cidade de Campina Grande,
Paraíba. Hoje reside na capital João Pessoa. Apenas na adolescência
veio a paixão pela literatura graças aos livros de J. K. Rowling.
Paixão que a fez cursar Letras com habilitação em Língua Inglesa
pela UFCG. Casada desde 2011, divide a casa com seu esposo e seus
amados cães. Trabalhou como professora por quatro anos até decidir
por cursar Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Mesmo mudando tão
radicalmente de área, não abandonou o gosto pela escrita e em 2014
retomou a escrever a saga que havia começado há mais de dez anos.
“Entre Vidas” possui forte influência da obra de Marion Z.
Bradley e mostra mais duas paixões da autora: História e outras
culturas e religiões. Começou a escrever a história que não
encontrava para ler: que envolvesse misticismo, batalhas, com uma
escrita dinâmica e leve.
Perfil
no Nyah: https://fanfiction.com.br/u/434064/
Liga
dos Betas (LB): Antes
de mais, muito obrigada por teres acedido em dar esta entrevista à
Liga dos Betas. E nada mais simbólico do que começar pelos inícios:
Como começaste a escrever? Coincidiu com a altura em que começaste
também a postar as tuas histórias no Nyah? Sentes muita diferença
desde essa altura para cá?
Juliana
Leite (JL): Eu
que agradeço. Bem, eu comecei a escrever com dezasseis anos. Isso
faz onze anos, (risos) (entregando a idade). Na época, só colegas
de classe liam o que eu escrevia. Kiara
foi escrito entre 2005 e 2006 e ficou todos esses anos guardado no
meu computador. Apenas ano passado conheci o Nyah! e resolvi postar
lá.
E
existe muita diferença. Eu sofro de disortografia (um tipo de
dislexia), mas quando adolescente nem imaginava... Escrevia MUITO
mal. Melhorei 90%, digamos, porque hoje aprendi a lidar mais com o
problema.
LB:
Que obstáculos implica a disortografia?
Como aprendeste a lidar com isso?
JL:
Uma das características do problema é associar letras aos
fonemas... Então saber se é C ou SS pode virar uma tortura.
Se
você ler muito, se alguém te perguntar como escreve a palavra você
sabe dizer. Mas na hora de escrever vira uma tortura. Quando entrei
no curso de Letras e descobri a existência do problema, me vi em
todas as características. E uma especialista na área realmente
atestou que eu tinha.
Eu
tenho que revisar várias vezes o que escrevo. E hoje com Word, com
Google, com Chrome, me ajuda demais. Umas das características é que
o problema só ocorre com a língua materna: Em inglês não tenho
essa questão.
Às
vezes ainda me pego escrevendo alguma atrocidade. Mas diminuiu muito
mesmo.
LB:
O
teu primeiro livro da saga “Entre Vidas”, Kiara,
já vai para a segunda edição. Mas como referiste, já esteve
postada no Nyah!. Como foi o avançar desse processo? Há muita
diferença entre a recepção do, e relação com, o público do
Nyah! e os leitores que tens agora?
JL:
Eu
nunca fui famosinha no Nyah!. Ainda hoje posto uma fic e só tenho
três leitores. Escrevi toda a saga (quatro livros) e postei no Nyah!
com pouquíssimos leitores.
Agora,
com o livro, vendemos bem na pré-venda e estamos acima das
expectativas, minhas e da editora. Penso que por sempre escrever
pensando como um livro, não é o que os leitores de fics esperam
exatamente.
Mas
isso é só uma teoria.
LB:
Como
é o teu processo criativo? Preferes planear tudo com antecedência,
ir escrevendo ao sabor do vento, ou uma mistura das duas?
JL:
Acho
que uma mistura. Eu escrevo alguns tópicos do que pretendo com a
história, algumas informações básicas dos protagonistas... Mas a
escrita mesmo, os romances, os diálogos, vão ocorrendo ao sabor do
vento, rs.
Às
vezes me sinto escrevendo uma psicografia, não tendo controle algum
sobre meus personagens.
LB:
E
a revisão? Preferes fazê-la tu própria ou recorrer a auxílio
exterior, seja na figura do beta reader, do revisor…?
JL:
De forma alguma posso revisar sozinha. Tenho consciência disso. Não
nego que no Nyah! acabo não me preocupando muito com isso, mas para
o livro preciso de outra pessoa para revisar, sem dúvidas. Acho
importante o escritor conhecer seus pontos fortes e seus pontos
fracos.
LB:
Aproveitando
que já falamos sobre a “construção” do dito, queres falar um
pouco sobre Kiara
e o projecto da saga em geral? O que te levou a optar por escrever
dentro da Fantasia?
JL:
Eu amo histórias de Fantasia. Quando li “As Brumas de Avalon”
enlouqueci. Sempre gostei muito de História também. E fiquei
viciada nas lendas que permeiam os celtas. Só que não encontrava
nada na época sobre o assunto em forma de ficção. E li que existe
uma lenda de que os celtas vieram dos atlantes, então comecei a
escrever Kiara.
Depois veio a ideia de escrever uma saga onde cada livro seria uma
reencarnação dos protagonistas em épocas diferentes. Então
comecei a escrever Lise,
que é a segunda história. Só que na época não consegui
desenvolver a história, acho que por ser uma protagonista muito
problemática, não sei. E fiquei nove anos sem escrever.
Ano
passado concluí Lise
e escrevi as duas outras partes da saga. Kiara
se passa em 1.200 a.C., Lise
64 d.C., Ruby
em 999 d.C. e Justine
em 1890. O que liga as histórias é o romance e a religião dos
antigos celtas.
LB:
Enquanto
autores, é natural recebermos as nossas influências. Já
mencionaste “As Brumas de Avalon”, mas que outras consideras
fulcrais na tua carreira?
JL:
Eu
gosto muito de filmes épicos. Já me disseram que minha escrita
parece um roteiro de filme, porque realmente penso na cena e vou
descrevendo. Filmes como Gladiador,
Tróia,
sei que influenciam. Sei que na parte do romance não consigo fugir
na influência de Jane Austen. E acho que escrever em terceira
pessoa, mas com o foco em uma personagem, vem muito da J.K. Rowling,
que tem a escrita que mais gosto de ler.
LB:
Após
(mais uma) afirmação internáutica de que homens não sabem
escrever romance e mulheres não sabem escrever fantasia (cenas de
batalha em particular), iniciaste, junto com a autora Lais Lacet, o
blog Taverna
das Escritoras, de forma a demonstrar exactamente o inverso,
correcto? Mas podemos dizer ser essa apenas a semente do blog? Que
outras ideias pretendem vincular através do Taverna das Escritoras?
JL:
Com
certeza a semente é essa mesma. Pretendemos escrever dicas sobre
Fantasia em geral, que, claro, podem ajudar escritoras, mas também
escritores. Mas nosso foco será mostrar trabalho de escritoras,
famosas ou não, que escrevem sobre Fantasia. E pretendemos mostrar
que temos várias autoras nacionais desse gênero.
LB:
Abordando
um pouco mais a tua faceta enquanto leitora, qual a tua opinião
sobre fanfictions, fictions, e sites como o Nyah!?
JL:
Já li fics mais bem escritas e histórias melhores que muito livros
publicados. Acho que é bastante válido para escritores. E como
leitora, podemos encontrar coisas que muitas vezes o mercado ainda
não se interessa, como também encontrar histórias que se passam
com personagens que já amamos de livros e filmes. Muitas vezes como
fãs precisamos de mais histórias daquele universo.
LB:
Por
último, a pergunta da praxe: Algum conselho a outros autores que
desejem pegar na sua história e publicá-la?
JL:
Entender
o mercado. Pergunte a outros escritores como eles publicaram. Se
independente, se com editora pequena ou grande. Muitas vezes
aceitamos a primeira proposta que nos aparece e nem sempre é a
melhor para nós. Existem muitas formas de publicar, e todas as
formas têm vantagens e desvantagens. Então é bom estar ciente
delas antes de entrar.
LB:
Mais uma vez, obrigada pela entrevista concedida. Esperamos que as
respostas tenham elucidado ou empolgado os possíveis leitores, e que
as perguntas tenham contribuído para isso.
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