Por: Anne Evelin
A
Regra dos Porquês
Então
você tem dificuldade com a regra dos porquês? Esse post é pra
resolvê-la. Não sou nenhuma especialista, mas a ideia é ajudar-te
a entender a regra de uma forma mais simples. Explicarei da forma que
aprendi. Acredite: antigamente, achava que nunca ia aprender, mas com
uma associação prática e fácil, sempre dá pra saber qual
“porquê” utilizar.
Vamos
por tópicos, ok?
· Porque:
“Gosto
de você porque me
faz bem”. Utilização
correta!
“Ana
não pôde ir porque sua
mãe não concedeu permissão”. Utilização
correta!
“Ela
ama Rodrigo? Não sei porque.”
Utilização
errada!
Como
pode perceber nos exemplos acima, o “porque” junto e sem acento é
utilizado exclusivamente para explicações. Quando a intenção é
dizer o motivo de algo ter ocorrido, é o “porque” que se deve
usar. Se alguém perguntar o porquê de Ana não ter ido, você
responderá (dando uma explicação) com o “porque… e prossegue a
explicação”. Agora, no último exemplo, o emprego do porque junto
e sem acento está errado. Alguém sabe me dizer por
quê?
Ok, eu digo! Sabe esse “por quê” que acabei de utilizar? Bom,
era ele que deveria ter sido posto aí, nessa última frase. Mas isso
é assunto pra outro tópico, e pra outro tipo de porquê. Por ora,
espero que tenha entendido que o “porque” (junto e sem acento)
equivale a conjunções de explicação, como “pois”, “já que”
etc. Caso você consiga substituir o “porque” por alguma dessas
conjunções, o emprego do mesmo está correto. Caso não, está
errado. Observe que, no último exemplo, se eu substituir o “porque”
pelo “pois”, vai ficar totalmente sem sentido, e é exatamente
por isso que o “porque” junto e sem acento não cabe ali.
Então, espero que tenha
entendido, porque esse
é simples.
· Porquê
Também
é muito simples entender a utilização desse porquê.
Não muito diferente do porque junto e sem acento, esse porquê
também dá a entender que há uma causa, uma razão para algo. A
única diferença é que o “porquê” geralmente será acompanhado
de um artigo, como “o” ou “um”. Ou seja: não se pode
utilizar “porquê” junto e com acento nas mesmas circunstâncias
em que utiliza-se o “porque” junto e sem acento, e o
porquê disso
é simples: ele é um substantivo, e não uma conjunção
explicativa. Ao invés de substituí-lo pelo “pois”, e “já
que”, que são os que combinam com o “porque”, para provar que
o seu porquê tem sentindo, basta substituí-lo por “motivo”.
Ex.:
Você
sabe o porquê de
Ana não ter ido à escola? O
motivo de Ana não ter ido.
Quero
um porquê de
ela não ter ido! Um
motivo para ela não ter ido.
Porquê
ela não foi Utilização
errada.
Veja que, se substituirmos “porquê” por “motivo”, “razão”,
a frase não terá nenhum sentido.
· Por
que
Apesar
de a maioria das pessoas achar que esse “por que” separado e sem
acento só é utilizado em tom de questionamento, ele, na verdade,
tem duas formas (corretas) de utilização. Uma delas é
interrogativa. Observe:
Por
que Ana
não foi à escola?
Utilizar
esse “por que” é a mesma coisa de se perguntar “por qual
motivo”, e é exatamente por isso que ele é correto para
interrogações. Vê como é simples? Sempre que quiser questionar
alguma coisa, veja com qual porquê ela se encaixa. Ex.:
“Sabe
porque Ana não foi à escola”? Ficará
sem sentido pelo fato de o “porque” junto e sem acento ser o
mesmo de “pois” e “já que”, ou seja, a frase não terá
caráter interrogativo se ele for utilizado.
“Sabe
porquê Ana não foi à escola?” Esse
“porquê” desacompanhado numa frase interrogativa também não
terá sentido, já que ele é a mesma coisa de “motivo”. Ficaria
“Sabe motivo Ana não foi à escola?”. Para tomar sentido com
esse “porquê”, ele teria que vir acompanhado de algum artigo, e
então ficaria: “Sabe o porquê de Ana
não ter ido à escola?” O
motivo de Ana não ter ido.
“Sabe
por que Ana não foi à escola?” Agora
sim! Sem precisar de acompanhamentos nem fazer a frase perder seu
sentido original, esse “por que” está devidamente correto! Seria
o mesmo de perguntar “Sabe por qual motivo Ana não foi à
escola?”.
E então, você entendeu a
primeira utilização do “por que”? Lembre-se de tentar
substituí-lo por “por qual motivo” para ver se ele tem coerência
numa frase interrogativa .
A
segunda utilização do “por que” vem em frase
não-interrogativas. Mesmo quando não há a intenção de perguntar
o motivo de algo, esse “por que” pode vir a calhar. Como?
Simples. Novamente, ele vem com o mesmo significado de “por qual
motivo”, então, caso queira ver se ele tem sentido, é só
substituir pelo mesmo. Para esclarecer melhor, vamos a alguns
exemplos:
“Eu
sei por
que Ana
não foi à festa.” É
o mesmo de se dizer “eu sei por qual motivo Ana não foi à
festa”.
Já
vi muitas pessoas utilizando, em frases desse tipo, o “porque”
junto e sem acento, mas isso é incoerente, viu? Se você sabe por
qual motivo Ana não foi à festa, você sabe por
que ela
não foi, e não porque.
Vamos a mais um exemplo do “por que” utilizado fora de frases
interrogativas:
“Eu
queria saber por
que ela
não gosta de mim”. O
mesmo sentido seria alcançado se você dissesse “Eu queria saber
o porquê de
ela não gostar de mim” (como eu já disse, no caso do porquê,
seria “o motivo de ela não gostar de mim”). Só que utilizar o
“por que” é muito mais prático e fácil. É só ter em mente
que ele não serve para explicações, que nem o “porque”, e nem
é a mesma coisa que “motivo” ou “o motivo”, e sim “por
qual motivo”.
Agora, vou utilizar todos os
porquês que já tratei num diálogo, para você frisar o que já
aprendeu:
Eu não
sabia por
que¹
Ana me odiava, mas imaginava que o porquê²
disso tinha a ver com meu jeito de me vestir. Mas por
que¹
alguém se importa tanto com isso? Pra mim, é porque³
são pessoas fúteis e sem valor.
¹
= Por qual motivo.
²
= Motivo ou o motivo.
³
= Pois ou qualquer outra conjunção explicativa.
Veja
que, se substituirmos esses porquês pelos afins que coloquei no
“índice” acima, a frase continuará a ter sentido.
· Por
quê
Muito
parecido com o por que separado e sem acento, “por quê” também
é o mesmo de “por qual motivo”, e também pode ser utilizado
tanto em frases interrogativas quanto não. A única diferença entre
esse “por quê” e o “por que” é que, esse, com acento, será
utilizado quando vir junto ao ponto de interrogação ou ao ponto
final. A primeira utilização dele, em frases interrogativas:
“Ana
não foi à festa. Por
quê? Observe
que o que interfere no acento é o “por quê” estar junto ao
ponto de interrogação.
Outra
utilização muito frequente desse “por quê” é quando alguém
nos diz, por exemplo:
“Não
gosto da Ana”, e nós perguntamos:
“Por
quê?”. Sempre
que estiver junto ao ponto de interrogação, terá acento
circunflexo.
Agora,
a outra utilização de “por quê”, que também é muito simples:
“Ana
não gosta de mim? Eu daria tudo pra saber por quê.” Por
qual motivo. Observe que ele está fazendo exatamente o mesmo papel
do “por que” separado e sem acento, mas, como está no fim da
frase e junto ao ponto de interrogação, toma um circunflexo.
Fácil, né?
~
* ~
Bom,
é isso! Espero que tenha sido útil e que você tenha aprendido a
utilizar todos os porquês. Eu aprendi por força do hábito e pelos
termos em comum; sempre substitua seus porquês pelos termos que têm
o mesmo significado que eles, pois isso ajuda muito na hora de ver se
a frase realmente tem coesão com aquele porquê utilizado.
Caso
não tenha ficado muito claro ainda, acesse algum desses sites e veja
mais maneiras de aprender a utilizar os porquês:
Foi
um prazer!
Eu tenho uma duvida. O "por quê" é usado também em final de frases terminadas com pontos de exclamação?
ResponderExcluirNo final sim, no início não :)
Excluir