A Regra dos Porquês

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Por: Anne Evelin
A Regra dos Porquês 
     Então você tem dificuldade com a regra dos porquês? Esse post é pra resolvê-la. Não sou nenhuma especialista, mas a ideia é ajudar-te a entender a regra de uma forma mais simples. Explicarei da forma que aprendi. Acredite: antigamente, achava que nunca ia aprender, mas com uma associação prática e fácil, sempre dá pra saber qual “porquê” utilizar.
     Vamos por tópicos, ok? 
·         Porque: 
   “Gosto de você porque me faz bem”.  Utilização correta!
  “Ana não pôde ir porque sua mãe não concedeu permissão”.  Utilização correta!
  “Ela ama Rodrigo? Não sei porque.”   Utilização errada!
        Como pode perceber nos exemplos acima, o “porque” junto e sem acento é utilizado exclusivamente para explicações. Quando a intenção é dizer o motivo de algo ter ocorrido, é o “porque” que se deve usar. Se alguém perguntar o porquê de Ana não ter ido, você responderá (dando uma explicação) com o “porque… e prossegue a explicação”. Agora, no último exemplo, o emprego do porque junto e sem acento está errado. Alguém sabe me dizer por quê? Ok, eu digo! Sabe esse “por quê” que acabei de utilizar? Bom, era ele que deveria ter sido posto aí, nessa última frase. Mas isso é assunto pra outro tópico, e pra outro tipo de porquê. Por ora, espero que tenha entendido que o “porque” (junto e sem acento) equivale a conjunções de explicação, como “pois”, “já que” etc. Caso você consiga substituir o “porque” por alguma dessas conjunções, o emprego do mesmo está correto. Caso não, está errado. Observe que, no último exemplo, se eu substituir o “porque” pelo “pois”, vai ficar totalmente sem sentido, e é exatamente por isso que o “porque” junto e sem acento não cabe ali.
         Então, espero que tenha entendido, porque esse é simples. 
 ·         Porquê 
      Também é muito simples entender a utilização desse porquê. Não muito diferente do porque junto e sem acento, esse porquê também dá a entender que há uma causa, uma razão para algo. A única diferença é que o “porquê” geralmente será acompanhado de um artigo, como “o” ou “um”. Ou seja: não se pode utilizar “porquê” junto e com acento nas mesmas circunstâncias em que utiliza-se o “porque” junto e sem acento, e o porquê disso é simples: ele é um substantivo, e não uma conjunção explicativa. Ao invés de substituí-lo pelo “pois”, e “já que”, que são os que combinam com o “porque”, para provar que o seu porquê tem sentindo, basta substituí-lo por “motivo”. Ex.:
        Você sabe o porquê de Ana não ter ido à escola?  O motivo de Ana não ter ido.
       Quero um porquê de ela não ter ido!  Um motivo para ela não ter ido.
       Porquê ela não foi  Utilização errada. Veja que, se substituirmos “porquê” por “motivo”, “razão”, a frase não terá nenhum sentido. 
·         Por que 
          Apesar de a maioria das pessoas achar que esse “por que” separado e sem acento só é utilizado em tom de questionamento, ele, na verdade, tem duas formas (corretas) de utilização. Uma delas é interrogativa. Observe:
         Por que Ana não foi à escola?
       Utilizar esse “por que” é a mesma coisa de se perguntar “por qual motivo”, e é exatamente por isso que ele é correto para interrogações. Vê como é simples? Sempre que quiser questionar alguma coisa, veja com qual porquê ela se encaixa. Ex.:
      “Sabe porque Ana não foi à escola”?  Ficará sem sentido pelo fato de o “porque” junto e sem acento ser o mesmo de “pois” e “já que”, ou seja, a frase não terá caráter interrogativo se ele for utilizado.
     “Sabe porquê Ana não foi à escola?”  Esse “porquê” desacompanhado numa frase interrogativa também não terá sentido, já que ele é a mesma coisa de “motivo”. Ficaria “Sabe motivo Ana não foi à escola?”. Para tomar sentido com esse “porquê”, ele teria que vir acompanhado de algum artigo, e então ficaria: “Sabe o porquê de Ana não ter ido à escola?”  O motivo de Ana não ter ido.
     “Sabe por que Ana não foi à escola?”  Agora sim! Sem precisar de acompanhamentos nem fazer a frase perder seu sentido original, esse “por que” está devidamente correto! Seria o mesmo de perguntar “Sabe por qual motivo Ana não foi à escola?”.
         E então, você entendeu a primeira utilização do “por que”? Lembre-se de tentar substituí-lo por “por qual motivo” para ver se ele tem coerência numa frase interrogativa .
      
       A segunda utilização do “por que” vem em frase não-interrogativas. Mesmo quando não há a intenção de perguntar o motivo de algo, esse “por que” pode vir a calhar. Como? Simples. Novamente, ele vem com o mesmo significado de “por qual motivo”, então, caso queira ver se ele tem sentido, é só substituir pelo mesmo. Para esclarecer melhor, vamos a alguns exemplos:
        “Eu sei por que Ana não foi à festa.”  É o mesmo de se dizer “eu sei por qual motivo Ana não foi à festa”. 
      Já vi muitas pessoas utilizando, em frases desse tipo, o “porque” junto e sem acento, mas isso é incoerente, viu? Se você sabe por qual motivo Ana não foi à festa, você sabe por que ela não foi, e não porque. Vamos a mais um exemplo do “por que” utilizado fora de frases interrogativas:
      “Eu queria saber por que ela não gosta de mim”.   O mesmo sentido seria alcançado se você dissesse “Eu queria saber o porquê de ela não gostar de mim” (como eu já disse, no caso do porquê, seria “o motivo de ela não gostar de mim”). Só que utilizar o “por que” é muito mais prático e fácil. É só ter em mente que ele não serve para explicações, que nem o “porque”, e nem é a mesma coisa que “motivo” ou “o motivo”, e sim “por qual motivo”.
         Agora, vou utilizar todos os porquês que já tratei num diálogo, para você frisar o que já aprendeu:
Eu não sabia por que¹ Ana me odiava, mas imaginava que o porquê² disso tinha a ver com meu jeito de me vestir. Mas por que¹ alguém se importa tanto com isso? Pra mim, é porque³ são pessoas fúteis e sem valor.
 
   ¹ = Por qual motivo.
  ² = Motivo ou o motivo.
 ³ = Pois ou qualquer outra conjunção explicativa.
      Veja que, se substituirmos esses porquês pelos afins que coloquei no “índice” acima, a frase continuará a ter sentido. 
·         Por quê
 Muito parecido com o por que separado e sem acento, “por quê” também é o mesmo de “por qual motivo”, e também pode ser utilizado tanto em frases interrogativas quanto não. A única diferença entre esse “por quê” e o “por que” é que, esse, com acento, será utilizado quando vir junto ao ponto de interrogação ou ao ponto final. A primeira utilização dele, em frases interrogativas:
        “Ana não foi à festa. Por quê Observe que o que interfere no acento é o “por quê” estar junto ao ponto de interrogação.
       Outra utilização muito frequente desse “por quê” é quando alguém nos diz, por exemplo:
    “Não gosto da Ana”, e nós perguntamos:
   “Por quê?”.  Sempre que estiver junto ao ponto de interrogação, terá acento circunflexo.
      Agora, a outra utilização de “por quê”, que também é muito simples:
    “Ana não gosta de mim? Eu daria tudo pra saber por quê.”  Por qual motivo. Observe que ele está fazendo exatamente o mesmo papel do “por que” separado e sem acento, mas, como está no fim da frase e junto ao ponto de interrogação, toma um circunflexo.
         Fácil, né?
         ~ * ~
     Bom, é isso! Espero que tenha sido útil e que você tenha aprendido a utilizar todos os porquês. Eu aprendi por força do hábito e pelos termos em comum; sempre substitua seus porquês pelos termos que têm o mesmo significado que eles, pois isso ajuda muito na hora de ver se a frase realmente tem coesão com aquele porquê utilizado.
     Caso não tenha ficado muito claro ainda, acesse algum desses sites e veja mais maneiras de aprender a utilizar os porquês:
     Foi um prazer!




2 comentários:

  1. Eu tenho uma duvida. O "por quê" é usado também em final de frases terminadas com pontos de exclamação?

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