As Oito Expressões Mais Utilizadas em Fics

terça-feira, 17 de novembro de 2015
 Por: NamelessChick
(https://fanfiction.com.br/u/576086/)
 
 
Olá, pessoas! Tudo bem com vocês?

Bem, é a segunda vez que dou minha cara a tapa aqui no Blog, e dessa vez vim trazer mais uma sugestão dada por vocês, que é sobre “expressões mais utilizadas em fics”.

Para início de conversa, é sempre algo muito vago pegar as coisas que julgamos “mais comuns” e simplesmente montar uma espécie de listinha e pronto. Então, para este artigo, eu achei mais interessante não só citar, mas também comentar um pouco dessas ditas expressões comuns. Ou como alguns preferem chamar: clichês.

Antes de mais nada, quero que saibam que em nenhum momento existiu a intenção de ofender alguém ou criticar essa ou aquela história. O artigo tem mero intuito esclarecedor e nada além disso, certo? Certo.

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O mais curioso quando fui pensar sobre “as coisas que mais aparecem nas histórias” é que, por mais que você leia gêneros diferentes, de autores diferentes, das mais diversas faixas etárias, pode-se encontrar, sem muita dificuldade, alguns elementos que estão, de certa forma, cristalizados no mundo das fanfictions e, até mesmo, originais. Chega até ao nível cômico, porque parece que você lê e lê e por mais que veja plots (enredos) completamente diferentes, bem como a forma de escrita, sempre vai encontrar aquele elemento comum nas mais variadas histórias.
Notei que a grande maioria das “expressões comuns” se concentram muito em cenas de descrição de personagens, cenas românticas e/ou eróticas, o que, de certa forma, facilitou no processo de montagem da lista. Embora algumas expressões sejam de fato pequenos erros dos autores — sobretudo no que diz respeito as cenas mais eróticas —, outras são meramente cópias do mundo das fics de maneira geral.
Se você, caro leitor, ainda estiver “boiando”, te proponho esse pequeno desafio: vá até o Nyah! Fanfiction e leia algumas histórias. Escolha aleatoriamente. Note que, em algumas delas, poderão ser encontradas certas formas de descrever muito semelhantes — para não dizer idênticas —, ou outros elementos que são, de certa forma, comuns. E o mais interessante é que as histórias não são plágios, cópias, etc.
O que você pode observar não passa de meras repetições descritivas que há muito se fixaram no universo das fics.

Algumas pessoas não veem problema algum nisso, do contrário, até gostam. Outras já são mais radicais, pendem para a crítica e dizem não gostar de tais expressões. Como tudo nessa vida, é apenas mais uma questão de gosto, e enquanto existem aqueles que assim que batem os olhos em um elemento “x” ou “y” de uma fanfic (ou original) já desistem da história, existem os que amam e só leem aquilo por existir tal elemento. Vamos somente nos atentar aos erros e deixar de repeti-los, porque, por mais que possam soar como algo legal, é sempre um problema reproduzi-los, pois sempre dão uma falsa impressão da realidade e aí vem aquela montanha de decepções.

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Fiz uma breve pesquisa, li muitas histórias e também perguntei a várias pessoas sobre as expressões mais comuns das fics e depois de uma análise, aqui vos apresento uma listinha das oito expressões mais comuns nas fics:

1) Em primeiríssimo lugar:

E as línguas travaram uma batalha em que não importava o vencedor”; “A língua de fulano pediu permissão/acesso e esse foi concedido”; “As línguas disputavam a dominância” e suas variantes.

Meus queridos, esse lance da língua lutadora chove mais nas fics que água na Amazônia. É impressionante. Eu confesso que da primeira vez que li, achei uma descrição de beijo inusitada, mas depois, quando fui lendo mais histórias, notei que é algo tão comum, mas tão comum que já se cristalizou em forma de clichê. Não sei vocês, mas depois de um tempo, a ideia de duas línguas “brigando” passa a ser engraçada, e acaba com aquele clima que o autor está tentando passar com a cena. Também tendem a relacionar muito esse lance da língua com uma espécie de jogo de poder na relação das personagens envolvidas, algo meio “passivo x ativo”, ou coisas do tipo. O cúmulo mesmo é ler uma longfic e perceber que em quase todos (senão todos mesmo) os beijos de determinado casal (ou qualquer beijo de qualquer personagem) rola esse lance das línguas. Gente, além de ser algo extremamente cansativo para o leitor de ver tamanha repetição, demonstra uma falta de criatividade do autor, torna a história desinteressante e até um tanto surreal. Queridos, sejamos sinceros, ninguém aguenta SÓ dar beijos de língua O TEMPO TODO em outra pessoa. Selinhos, beijos na bochecha, mordidinhas etc, estão aí no quotidiano, clamando para serem explorados.
Um beijo, meus amores, pode ser descrito das mais diferentes formas, com as mais diversas variações. Você não precisa se prender ao que está acontecendo dentro das bocas das personagens — até porque, na vida real, as pessoas não param pra pensar sobre o que a língua de um está fazendo na boca de outro (nojinho, ew) —, para narrar uma cena que exista o beijo. Se é uma cena mais romântica, ou erótica, ou simplesmente um beijo corriqueiro, você pode descrevê-lo como o simples ato, sem mais detalhes ou ainda, se focar nos sentimentos e emoções dos envolvidos — que é o que mais importa, afinal de contas.

2) Segundo lugar:

E os dois gozaram juntos”

Ok, esse aqui já é bastante problemático. Não sei se já leram os lindos artigos aqui do blog que discutem os erros mais comuns nas cenas +18, mas lá esse aspecto é abordado em detalhes, explicando tudo direitinho e recomendo a leitura. Retirando um trechinho de lá mesmo do artigo, posso explicar de forma bem clara a vocês o problema dessa expressão, que despenca nas fics mais que mol em prova de química:
Para um casal vivenciar um momento assim [gozarem juntos], os dois lados precisam não apenas se conhecer bastante como também possuírem muito autocontrole. E mesmo que eles cumpram esses “requisitos”, gozar juntos não é algo que acontece o tempo todo, porque por mais que uma pessoa saiba quando está perto de ter um orgasmo, ela nunca vai ser capaz de adivinhar o momento exato. E se até para um casal que já se conhece há anos esse é um feito que exige muito esforço — e que pode até mesmo nunca acontecer —, isso é algo literalmente impossível para virgens e pessoas inexperientes.

É claro, pode acontecer. Mas isso é algo tão escrito em fanfics por aí que acaba sendo melhor fazer com que os participantes da cena tenham orgasmos separados. Ainda assim, se você quer usar esse recurso na sua cena, use, mas saiba que isso é algo raríssimo de acontecer e que fica melhor sendo usado uma única vez do que em todas as cenas de sexo da sua fanfic.”
Mais claro impossível, não? :D

            3) Terceiro lugar:

E o ruivo fez isso, e a morena fez aquilo, mas o loiro fez outra coisa.”

            Sim, eu sei que na hora de nos referirmos a alguém queremos sempre evitar ao máximo a repetição para não tornarmos a leitura cansativa, mas chegar ao ponto de só se referir ao seu personagem a partir da cor de cabelo dele é um saco. Já cheguei ao nível de ler uma cena com dois personagens de mesma cor de pele e cabelo e acabar me perdendo na narrativa sobre quem estava fazendo o quê. É um desastre. Vamos sempre estudar os pronomes, consultar o dicionário ou aquele site de sinônimos que eu sei que você acessa quando dá um aperto (risos).
            É legal sempre reler o trecho em questão, ver se não tem mesmo alguma outra forma de se referir a determinado personagem. Apelidos, sobrenomes, estatura, massa corporal, enfim, existe um leque de possibilidades super amplo de como falar diretamente de algum personagem. O segredo está em não se viciar em apenas uma dessas tantas formas, e sim, variar e brincar com essa grande quantidade de formas.
            Usar algumas vezes tal referência, tudo bem. Somente ela? Acho melhor não, hein?

            4) Quarto lugar:

Aquelas orbes (insira uma cor aqui)”

            Essa expressão pode parecer algo mais original, mas na verdade é uma expressão relativamente comum nas histórias em que o autor tenta sair um pouco do mar de clichês e se aventurar em descrições “mais poéticas”, porém acaba caindo aqui. Caberia uma pequena crítica de que as orbes têm a incrível tendência de adquirirem a cor azul, ou verde, mas não vou entrar nesse mérito aqui porque essa discussão é pra outro artigo.
            Segundo o Priberam, orbes significam “corpo esférico ou circular, bola, esfera, globo; esfera celeste ou terrestre; mundo, universo; qualquer corpo celeste; área de atividade.” Como podem ver, essa palavra tem toda uma pegada mais puxada para a astronomia, e não para uma descrição mais poética sobre os olhos de alguém. Uma descrição de olhos que mais gosto é a de ninguém mais ninguém menos que o nosso grande Machado de Assis, que arrasou em seu livro “Dom Casmurro” descrevendo os olhos de Capitu como “oblíquos e dissimulados” e também como “olhos de ressaca”.
            Claro, você não precisa “ser um Machado de Assis”, mas o meu ponto é: na hora de descrever algo, o céu é o limite. Você pode estimular sua criatividade através da leitura e perceber que existem muitas coisas legais nesse mundo da escrita. Cada pessoa tem seu modo singular de descrição. A percepção humana é ímpar, cada pessoa tem sua única impressão sobre o mundo. Qual o sentido em se limitar às expressões super batidas que existem por aí?

5) Quinto lugar:

Quando os dois se tocaram, foi como se uma corrente elétrica tivesse passado pelo corpo dela/dele/dos dois”

            Essa expressão aqui é muito vista em romances (sobretudo nos que envolvem adolescentes), naquele momento “tcham” em que o casal tem o primeiro (de às vezes, muitos) “encontros ao acaso”. Aquele esbarrão, ou um tocar acidental de mãos e aí aparece esse “choque”. Eu diria que é até fofinha essa ideia de que ao se tocarem os dois sentiram algo diferente, mas… Poxa, a ideia de um choque não é lá muito romântica. Choques não são agradáveis. São incômodos, machucam, irritam, assustam. E ninguém em sã consciência ao ter um pequeno contato físico com alguém vai sentir “uma corrente elétrica passando dentro de si”, como muitas vezes é colocado. Mais uma vez, se quer dar um ênfase tão grande em momento tão corriqueiro (ainda que outros pontos pudessem ser mais explorados, como se a pele do outro estava gelada ou não, o tempo de duração do toque, se aquela situação incomodou a personagem ou não etc.), outras estratégias descritivas poderiam ser utilizadas. Cabe a você ler um pouco mais e forçar a própria criatividade para fugir dessa coisa excessivamente romantizada e até previsível para dar um “quê” a mais nesse momento particular na sua história, para que ela não seja vista como apenas mais um clichê do imenso mar de fanfics do nosso amado Nyah.

            6) Sexto lugar:

Só nos separamos quando o ar se fez necessário” e suas variantes.

            Caraca, essa expressão aqui é outra quebradora de recordes desse mundo de histórias. Geralmente vem após o duelo de línguas e tende a estar presente em TODOS os beijos mais “profundos”. É impressionante a falta de fôlego desses personagens ou a intensidade monstruosa de todos os beijos ao ponto de chegar ao nível de “parar o beijo para respirar”. Brincadeiras à parte, sim, é possível termos esses beijos arrasadores de pulmões, mas… Todas as vezes não, né? Cada beijo é de um jeito, com uma intensidade, duração, intenção e milhares de outros pequenos fatores que podem ser pensados na hora de se escrever. É, novamente, uma questão de pensar. Você quer demonstrar que aquele beijo foi intenso? Que ele foi daqueles de cinema, ou o melhor beijo da vida do seu personagem? Ótimo. Mas que tal pensar em alguma forma diferente de se falar isso, ultrapassando esse lance da falta de ar?

            7) Sétimo lugar:

E a dor se transformou em prazer”

            Ahá, essa expressão aqui é famosa em cenas de sexo, mais precisamente, nas que envolvem a primeira vez de algum personagem. Muito recorrente em lemons (sexo explícito entre dois homens), mais até que em hentais, essa descrição tem por objetivo maior dar aquela continuidade na cena, porque, sim, escrever cenas de sexo sem que fiquem muito curtas/cansativas tem um certo grau de dificuldade ou, então, tem a finalidade de dar um “twist” mágico entre o incômodo da “primeira vez” e o prazer do ato sexual.
            Em primeiro lugar, sexo não é algo muito simples de se escrever. Embora esteja banalizado e muitos achem que sexo é sempre sexo e será escrito essencialmente da mesma forma, não é bem assim, sobretudo, no que diz respeito à primeira vez. Sempre busque, ao escrever esse tipo de cena, pesquisar sobre o assunto, discutir em grupos de escritores, utilizar das próprias experiências (se for o caso) ou até mesmo conversar com alguém sobre. Sexo é algo que envolve muitas sensações, emoções e tem infinitas possibilidades de se utilizar para descrever. Além disso, cada relação sexual é única. Mesmo se forem os mesmos envolvidos, a relação será diferente. Então querer jogar um “e a dor se transformou em prazer” nesse tipo de cena é algo muito limitador, sendo que muitos outros pontos poderiam ser trabalhados. Existem relatos de relações sexuais em que a mulher não sentiu dor na sua primeira vez, sabiam, queridos? E aí, vão pesquisar mais sobre o assunto? Acho que deveriam. Uma excelente dica é a leitura dos três artigos sobre “erros mais comuns em cenas de sexo”, daqui do blog, como recomendei antes.


            8) “A rosada/a castanha/a achocolatada”

            Não exclusivas ao gênero feminino, essas expressões aqui são frequentemente utilizadas para se referir a cor da pele da personagem. Soando mais como eufemismo desnecessário que romantização, essas expressões acabam se tornando um vício na descrição de muitos autores.
Penso que este seja um mecanismo descritivo buscado pela grande maioria dos autores, para que não soem “preconceituosos” em sua história, mas adivinhem só uma coisa: falar pele negra, branca, parda, o que for, não é errado. Nem feio. Nem ofensivo.
É muito complicado você querer fugir desse tipo de descrição, porque ela é real. Ela existe. No nosso cotidiano vemos e convivemos com pessoas negras, brancas, pardas e etc. Não tenham medo em escrever dessa forma mais “direta”, porque deixa a sua história mais real, mais vívida, e quem sabe, com um quê de representatividade.

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            Para finalizar, reforço a ideia de que este artigo não tem a intenção de ofender ninguém. Além disso, se você por acaso já tiver usado alguma dessas expressões e quiser mudar isso (se não quisesse, creio que não estaria lendo até aqui), não se desespere. As mudanças vem com o tempo, gradualmente. De início, recomendo, se possível, a releitura de suas histórias que tenham uma ou outra expressão. Note em que momento ela foi colocada, e qual era sua intenção por trás da utilização dela. Entenda a sua escrita, para que possa modificá-la. É um processo de amadurecimento muito íntimo, e é trabalhoso. Vai valer a pena no futuro? Sem dúvidas. É sempre um crescimento se desvencilhar de “coisas prontas” e criar as suas próprias. Uma dica seria buscar a ajuda de um leitor beta, que tem a capacidade de auxiliar nesse processo.
            Agora, se quiser continuar a utilizar as expressões, pois afinal, a história é sua e escreve como bem entender, tudo bem também. Contudo, tenha sempre em mente que aquela expressão não acrescenta na sua história, na verdade, torna-a mais comum, e, com isso, seu grau de dificuldade em criar algo que possa se destacar nesse oceano de fics fica consideravelmente maior.

            Até a próxima!
http://ligadosbetas.blogspot.com.br/2013/08/erros-comuns-em-cenas-de-sexo-parte-13.html
http://ligadosbetas.blogspot.com.br/2013/10/erros-comuns-em-cenas-de-sexo-parte-2.html
http://ligadosbetas.blogspot.com.br/2015/10/erros-comuns-em-cenas-de-sexo-parte-3.html
https://www.priberam.pt/

4 comentários:

  1. E o coque frouxo? A passadinha de sempre no Starbucks? Porque honestamente, já cheguei a conclusão que não existe mais nenhum tipo de penteado/cafeteria nesse mundão de fanfics *Risos*
    Gostei bastante, vi errinhos que eu cometia sem nem perceber ~oi orbes brilhante e correntes elétricas~ e, francamente, sobre as correntes eu nunca tinha parado para pensar de verdade. Quem em sã consciência ficaria feliz/ansioso para que isso acontecesse de novo? Olha, eu não.
    Eu estou lendo artigo seguido de artigo e amando loucamente. Parabéns!

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    1. Obrigada pelo comentário! <3 Ainda bem que gostas do nosso blog! :D
      Beijos

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  2. Sobre o corrente elétrica, passa mais como uma metáfora, não um sentimento real, entende? É como se o toque daquele ser humano a deixasse num êxtase. Creio que sim, se tornou algo cansativo por constantemente ser usado em fanfic e todo esse processo banal. Mas acho que isso vale mais como interpretação de texto do próprio leitor, pela mensagem que o autor quis passar, afinal, metáforas existem para quê, não é?

    Beijos, adoro o blog <3

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