Resenha: The Importance of Being Earnest

domingo, 17 de novembro de 2019




Por: Íngrid Lívero
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Olá, meus consagrados! Hoje, trago uma resenha um pouco diferente e que, por livre e espontânea pressão, levará vocês a apreciarem um pouquinho do teatro inglês. Vim para falar sobre uma peça de teatro com o título, livremente traduzido, A importância de ser honesto, e começo perguntando: já tentaram levar uma vida dupla alguma vez? *risada irônica*

Para entendermos legal essa peça (bem curtinha, 3 atos apenas que você lê em um piscar de olhos), é preciso lembrar do contexto em que foi escrita: a Era Vitoriana na Inglaterra. Como se sabe, rainha Victoria era um pouco (lê-se bastante) conservadora e, logo, a alta e média sociedade eram fanáticas por seguirem a moral e os bons costumes. *Pausa enfática* MAS é claro que muitos não resistiam aos prazeres da vida e criavam “personas”, ou falsas identidades, para se aventurarem pelas diversões obscuras de Londres, e é isso que Wilde vai criticar nessa comédia bem-humorada que faz rir pelos absurdos que coloca a nossa frente.

Os caras mais honestos que já se viu — o enredo
                Basicamente, The Importance of Being Earnest segue as peripécias de Jack e Algernon, dois amigos consideravelmente abastados que, como descobrimos mais tarde, possuem identidades diferentes na cidade e na casa de campo: Jack “tem” um irmão a quem deu o nome de Ernest e sempre dá a desculpa que esse indivíduo se mete em confusões (nas quais, na verdade, é ele quem se mete), e Algernon “cuida” de um certo Sr. Raposo, muito doente e que mora longe, logo é a oportunidade perfeita para que também curta a vida noturna de Londres sem ser descoberto.
                Os dois amigos levam muito bem essa double life, e as coisas começam a se complicar apenas quando duas jovens se envolvem, Gwendolen e Cecily, as quais são fissuradas pelo nome “Ernest” e sonham em se casar com alguém chamado assim. Gwendolen é a típica filha da alta sociedade londrina, tem uma mãe que é a figura prototípica da matrona que cuida da casa e do casamento dos filhos (e crê em muitos absurdos relacionados à moralidade, para mais, leiam a entrevista que ela faz com Jack no ato I!), mas a moça em si também se desvia, com Jack (quem ela acha que se chama Ernest), em vários momentos do que sua mãe consideraria um bom comportamento vitoriano. Cecily, por outro lado, é uma figura mais infantil que vive escrevendo coisas em seu diário, inclusive um relacionamento completo — com brigas, declarações apaixonadas, términos e reencontros — com Algernon, por quem nutre uma paixão puramente ficcional na qual acredita piamente.
                A base de todo o enredo é essa comédia de enganos, na qual Gwendolen e Cecily acreditam estarem envolvidas com o homem perfeito chamado Ernest, mas que na verdade são Jack e Algernon. Entre as tentativas desses últimos de conseguirem a mão das jovens em casamento estão as manobras para manterem a vida dupla em segredo. Ao final¼ vocês podem descobrir por si mesmos se os dois malandros serão descobertos ou não.

Opinião, pulo do gato para não fluentes em inglês, etc.
                Essa peça, caso você venha a ler sem compromisso de analisa-la literariamente (como foi meu caso xD), é uma boa opção para uma leitura de comédia leve, sem maiores complexidades além de memorizar quem são as personas de quem e toda a história que Cecily inventa sobre ela e o grande amor de sua vida, Algernon, a quem nunca havia visto antes de escrever a história. A linguagem que o Oscar Wilde utiliza para as falas dos personagens é repleta de trocadilhos e umas sacadas geniais, então, se te dá um quentinho no coração quando lê um texto bem escrito e que você fica “entendi a referência!”, The Importance of Being Earnest é uma ótima leitura (repare no trocadilho no próprio título com o nome “Ernest” e o verbo “earn” que, em inglês, significa “merecer”). Para bons analistas de obras literárias também, é um prato cheio pelo criticismo à Era Vitoriana e simbolismo que remete aos pontos mais intrínsecos do ser humano — honestidade ou falta dela, relações sociais e amorosas, apetites das mais diversas naturezas.
                Para a infelicidade de nossos bolsos de leitores que contêm só 2 reais, a tradução oficial não se encontra em pdf na internet, apenas pelo livro físico por aproximadamente 30 mangos. Mas é claro que temos o pulo do gato! Se ficou curioso(a) com a história, é possível encontrar a versão em inglês e uma tradução razoável pelo site Spark Notes e, aos leitores menos rápidos, temos a versão cinematográfica intitulada Armadilhas do Coração, bastante fiel à peça e que permite um acompanhamento visual das reviravoltas das double lifes de Jack (seria esse mesmo o nome dele?) e Algernon.
Um cheiro e um beijo para vocês, e sejamos honestos quando se convém, please! xD

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