Como Escrever BDSM

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Por: Lady Lovegood



Hullo, jovens padawans, como estão? Então, eu sou a Lady Lovegood,  uma  Beta aqui da Liga que teve a brilhante ideia de se sacrifi-, digo, *cof cof*, candidatar, para escrever o artigo de hoje para vocês! Antes de qualquer coisa, eu devo avisá-los de que nada aqui foi escrito com base em experiências próprias, com base em experiências visuais ou algo semelhante. Eu realmente sou apenas uma leitora ávida que lê bastante sobre BDSM e curte o gênero. Então, se algo não é como vocês sabem que é ou imaginam, me desculpem, eu tentei ao máximo escrever algo que poderia ajudá-los a construir cenas que envolvem BDSM. 

Aviso: vocês, jovens -18, que eu sei que estão lendo esse artigo, por favor, não tentem reproduzir nada daqui em casa. Nem na escola. Ou no supermercado. Ou em banheiros públicos.
Definitivamente não em banheiros públicos. 

O que é BDSM?

Se você for um dos muito curiosos que veio aqui ler só pelas siglas estrangeiras, mas realmente não sabe o que é BDSM, a tia vai explicar para vocês. (A Wikipédia vai, para ser mais precisa.)

BDSM é um acrônimo para Bondage e DisciplinaDominação e SubmissãoSadismo e Masoquismo. O BDSM tem o intuito de trazer prazer sexual através da troca erótica de poder, que pode ou não envolver dorsubmissãotortura psicológica, cócegas e outros meios. Por padrão, a prática é aplicada por um parceiro(a) em outro(a).
O conceito fundamental sobre o qual o BDSM se apoia é que as práticas devem ser SSC (Sãs, Seguras e Consensuais). Atividades de BDSM não envolvem necessariamente penetração, mas, de forma geral, o BDSM é uma atividade erótica e as sessões geralmente são permeadas de sexo. O limite pessoal de cada um não deve ser ultrapassado, assim, para o fim de parar a sessão/prática, é utilizada a Safeword, ou palavra de segurança, que é pré-estabelecida entre as partes.

Amém, Wikipédia.
Agora prossigamos.

BDSM NA LITERATURA
Personalidade dos Personagens

Sobre o BDSM em si, a primeira coisa que vocês devem levar em consideração é que é apenas mais uma ação que seus personagens irão realizar, ou seja, vocês não podem, em momento algum, fugir do caráter dos seus personagens. Só porque eles vão praticar atividades sexuais mais criativas ou diferentes, isso não significa que de repente eles irão se tornar estrelas de filmes eróticos. Se eles são alguém naturalmente tímido, é claro que, mesmo ansiando por praticar BDSM, sua personalidade ainda fará com que eles se sintam acanhados em praticar, dizer ou experimentar certas coisas. Se eles são pessoas mais aventureiras e descontraídas, isso também deve ser mostrado.
Não façam com que seus personagens sejam apenas duas bonecas infláveis que anseiam apenas sangue, dor e prazer. Eles também são pessoas e sentem uma infinidade de coisas — mas ainda chegaremos nessa parte.

Experiência
O que nos leva a outra ponto. Ao escrever uma cena de BDSM, você deve deixar seu leitor ciente, além da personalidade dos personagens, também o nível de experiência que eles possuem, e se manter coerente com isso. Se alguém está praticando BDSM pela primeira vez, como submisso, por exemplo, é natural que eles sintam apreensão ou medo de serem machucados. Mesmo se for um submisso que está com fire in the rabo e louco para levar umas chicotadas, citar certo nível de apreensão se for a primeira vez que ele fará isso torna o personagem mais real. Mas claro, se sua intenção é realmente criar um personagem o mais libertino possível, que gostaria de ver sua própria pele sangrar e não se importa com nada, você também pode muito bem fazê-lo.
Essa questão da experiência está intimamente ligada a questão das personalidades. Para vocês entenderem, darei alguns exemplos.
Imaginem que temos o personagem Harry, que será nosso dominante, e ele tem muita experiência, e nosso outro personagem, Draco, será nosso submisso, e ele nunca fez isso antes. Draco, apesar disso, possui uma personalidade muito forte e é orgulhoso, enquanto Harry é mais amável. Em uma prática de BDSM entre os dois, Draco, o submisso, apesar de estar em posição considerada “inferior”, não seria o tipo de personagem que aguentaria calado enquanto outra pessoa faz o que quiser com ele.
“Mas a submissão total não seria a ideia aqui, tia?”
Em tese? Talvez. Mas você está trabalhando com personagens que, eu acredito, você gostaria de tornar o mais próximo possível de reais. E pessoas reais ainda sentem medo, dor ou indignação. E são justamente seus personagens, com os sentimentos e emoções deles, que criam sua história, que moldam suas ações e seu enredo.
Não seria muito divertido ler algo totalmente estereotipado, não é mesmo?
Voltando para o exemplo agora. Muito bem, enquanto Draco seria alguém indignado e meio arrogante, também seria sua primeira vez praticando e, sob a camada de orgulho, ele ainda estaria com medo ou nervoso. Quanto ao Harry, mesmo já tendo chicoteado muita gente por aí, sua personalidade amável e preocupada ainda apareceria.
Você percebe? Não é apenas fazer seu personagem pegar um chicote e açoitar (a não ser que você esteja escrevendo um PWP e, ainda assim, seria preferível citar todas essas informações), você também tem que fazer com que seu leitor sinta empatia e consiga sentir e viver as emoções e ações da história.
E sim, caso vocês estejam perguntando, eu curto Yaoi/Slah e shippo Drarry. Beijos de luz.

Confiança
Este tópico também está ligado aos outros dois — personalidade e experiência.
Uma das principais coisas que seu personagem deve ter é confiança, seja nele mesmo ou em seu parceiro. Nele mesmo para saber que tomou a decisão correta ao querer praticar, e confiança em seu parceiro para saber que ele não faria nada que não foi acordado com antecedência. Um submisso, por exemplo, deve confiar que seu dominante não o machucará além do que ele permitiu, e o dominante, em contrapartida, deverá confiar que seu submisso o avisará caso ele se exceda.
O que nos leva a um subtópico: As palavras seguras.
Essas são palavras pré-acordadas que servem para o Submisso comunicar ao Dominante se ele se sente confortável com o “jogo” apresentado, se ele se sente levemente desconfortável, mas mesmo assim concorda, se ele não permite fazer tal coisa ou se ele quiser parar imediatamente. Enfim, as opções são várias. Cabe você escolher o que se encaixa melhor na situação dos seus personagens, contudo, há uma preferência para o uso de cores para indicar as situações.
Agora, voltando ao entrelace de confiança, personalidade e experiência, vamos dar o seguinte exemplo:

Scorpius, o Submisso, tem muita experiência com BDSM e é muito confiante nele mesmo e no que ele é capaz de suportar, além de ser alguém atrevido. Albus, o Dominante, por outro lado, é inexperiente e tem medo de machucar seu submisso, mas é uma pessoa amável. Em uma prática de BDSM entre esses dois, seria natural Albus, mesmo excitado com a ideia, não ir tão longe quanto gostaria ao tentar jogos mais pesados com Scorpius. Caberia a Scorpius, a pessoa mais confiante, convencer ou provar a Albus de que estava ok para prosseguir.
Em uma fanfic/original, todos esses fatos devem ser levados em consideração, percebem? Como eu disse antes, são pessoas que vocês estarão retratando.
E sim, também shippo Scorbus.

Sentimentos e Emoções
Por sua vez, sentimentos e emoções também estão atrelados ao resto — confiança, personalidade e experiência.
Se seus personagens são casados e costumam fazer isso rotineiramente, é óbvio que a confiança e a experiência será bem maior e, além disso, eles provavelmente se amam e fazem isso para algo além do prazer.
Nesses casos em que os personagens possuem sentimentos um para o outro, esse é outro aspecto que deve ser abordado, detalhando como e o que os personagens sentem na hora de praticar BDSM. Se os sentimentos são apenas unilaterais, você também pode abordar essa perspectiva.
Um exemplo:

Sirius, Dominante experiente, confiante e aventureiro, mas que não sente nada por Remus (parte meu coração dizer isso) que, em contrapartida, ama Sirius.
Em uma cena de BDSM entre os dois, você, autor, poderia descrever como o Remus se sente fazendo isso com alguém que ele ama, mas que não o ama em troca.
(Olha eu aqui dando ideia para Plot — aproveitem, jovens padawans!!!)
Sim, shippo muito Wolfstar!

Situações/Prática/Limites
O importante sobre BDSM é que — eu espero, torço muito — ele será praticado por pessoas e elas, assim como todos, tem seus limites. Então, nada de querer cortar todas as partes do corpo de alguém e falar que ela vai gozar só com isso, ok, amiguinhos? Isso não existe. Pode até existir na sua fanfic, aliás, mas vai ser bizarro e ninguém vai acreditar que é verdade (espero que não).
Como eu falei lá em cima, eu não tenho nenhuma experiência real com BDSM. Nem visual. Tudo o que eu sei eu me baseio no que eu mesma li. Então só vou citar uns dois casos aqui de exemplos sobre o que NÃO fazer.
Imaginem que seu personagem amordaçou alguém. Até aí tudo bem. Só que você precisa deixar claro que o dominante deixou, sim, o nariz da outra pessoa descoberto para ela poder respirar, ok? E, caso ela faça alguma atividade que a deixe com dificuldade para respirar pelo nariz (como ao fazer um blowjob), é importante que seu Dominante também esteja preocupado com isso.
E, ainda falando da mordaça, vocês também tem que imaginar o que acontece com uma pessoa que está com a boca amordaçada por um longo período de tempo. Às vezes escorre baba, às vezes a pessoa fica com falta de ar, ou ela pode ficar com o rosto vermelho do esforço. Nem tudo são flores e rosas, ok, jovens padawans?

Outro exemplo são as varas de equitação, que são usadas para chicotear. Eu geralmente costumo me deparar com fanfics em que os Dominantes usam aquilo “com toda a sua força”.
Ok, pessoal, vamos refletir.
As varas de equitação são usadas em cavalos; aquilo é um material resistente e não muito flexível. Você tem certeza que vai querer que seu Dominante chicoteie o Submisso dele 6789 vezes com aquilo? Você tem certeza que depois de todo esse tempo o Submisso ainda vai curtir?

Bom senso, jovens gafanhotos, bom senso.
Sobre outras práticas e objetos, que eu tenho certeza que era o que vocês queriam que eu também falasse, vai ficar por conta de vocês! Yay! XD
Eu não vou ensinar aqui ninguém a praticar nada mais pesado que isso, não (eu sinto o cheiro de vocês, -18). Hahaha.
Ademais, acho que é isso. Espero que isso ajude vocês em algo, realmente. E, como último conselho, eu gostaria de deixar claro que BDSM só é BDSM com uma coisa essencial chamada CONSETIMENTO. Não confundam isso com sexo forçado ou algo semelhante, por favor. O que foge disso é assédio sexual ou estupro.
Até mais, jovens gafanhotos! ;)

6 comentários:

  1. Eis um tema que me apetece, mas sinto que ainda sou meio soft em abordar. Parabéns pelo artigo.

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  2. Li tudo bem direitinho, porém o medo de escrever errado ainda assombra.
    Artigo lindinho <33

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    1. Obrigada pela leitura!
      Não tem problema escreveres errado! Se isso acontecer, corriges :)
      Boa sorte com as tuas histórias!

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  3. Eu adorei o artigo, confesso que estava com muito medo de escrever sobre e acabar não dando certo como gostaria, mas, depois de ler isto estou bastante confiante. Muito obrigado, ajudou bastante!

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