Resenha: Corte de Espinhos e Rosas

segunda-feira, 29 de maio de 2017
 

Por: Raven Hraesvelg
Perfil: https://fanfiction.com.br/u/334899/

Olá, pessoa! (Infelizmente não temos o CAPTCHA para confirmar que você não é um robô, então te tratarei como pessoa mesmo, ok?). Como o Rodrigo noticiou, agora eu também estarei trazendo resenhas para o Blog, yey!
Eu estava meio que num dilema quanto ao que trazer para resenhar, porque ou eu trazia um livro que eu goste, mas que já li há um tempo, ou eu trazia um livro que li recentemente e não gostei tanto. Mas como eu gosto de reclamar, trouxe o livro mais recente lido mesmo.
Como o título indica, estarei comentando sobre o livro Corte de Espinhos e Rosas. Esta resenha é mais focada no primeiro livro, porém eu vou fazer uns paralelos com o segundo livro (a série atualmente tem três livros publicados — o terceiro foi lançado ainda esse mês, então não li). Por quê? Digamos que se eu resenhasse só o primeiro livro da série eu acabaria desencorajando a leitura, o que eu não quero fazer porque, para o público alvo a que é dirigido, acho que é uma série que vale a pena ser lida.
Eu particularmente não gosto de livros Young Adult e não sou muito dada ao romance (principalmente esses voltados para mais para jovens), porém uma amiga me obrigou recomendou ler essa série e me afirmou com toda a certeza que até eu iria ver alguma coisa positiva neles (no segundo livro, pelo menos. Ela bem me avisou que seria difícil passar do primeiro, mas que valeria a pena). Dito e feito, valeu mesmo a pena, apesar de eu ter relevado muita coisa em prol dos temas que são abordados. Gostei muito de como certos assuntos são retratados, sendo fiéis ao que acontece na realidade, e sem romantizações desnecessárias de temas sérios. Sem mais delongas, vamos à resenha.

Autor: Sarah J. Maas
Título Original: A Court of Thorns and Roses
Tradução: 434 páginas
Editora: Galera Record
Sinopse: Nesse misto de A Bela e A Fera e Game of Thrones, Sarah J. Maas cria um universo repleto de ação, intrigas e romance. Depois de anos sendo escravizados pelas fadas, os humanos conseguiram se libertar e coexistem com os seres místicos. Cerca de cinco séculos após a guerra que definiu o futuro das espécies, Feyre, filha de um casal de mercadores, é forçada a se tornar uma caçadora para ajudar a família. Após matar uma fada zoomórfica transformada em lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação. Arrastada para uma terra mágica e traiçoeira — que ela só conhecia através de lendas —, a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, senhor da Corte Feérica da Primavera. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la... ou Tamlin e seu povo estarão condenados.
Resenha:
Já deu para perceber pela sinopse que esse livro parece ser um senhor clichê, não? Confesso que foi complicado ler esse livro, levei dias para conseguir chegar na metade do livro porque a história não me descia. Eu só consegui pegar um ritmo de leitura lá para o final do livro.
A protagonista, Feyre, é aquele estereótipo que a gente já conhece muito bem: uma garota que perdeu tudo o que tinha, precisando aprender a caçar para alimentar a família e que não é a exata definição de simpatia, além de ter uma personalidade meio medíocre, que não sabe se impor e que "precisa de cuidados" (ela tem problemas com baixa autoestima, auto piedade excessiva e por aí vai). Só depois de ter lido os dois livros dessa série foi que entendi que a escritora fez isso de propósito, talvez até mesmo como uma crítica, porque uma das coisas que ela mais gosta de fazer nos livros dela é o desenvolver seus personagens. Percebi que ela gosta de trabalhar bastante com o lado psicológico, abordando até mesmo estresse pós-traumático, depressão, etc, e ela usa isso para “evoluir” seus personagens (todos, não só a protagonista). Aliás, fazendo um adendo aqui, outro ponto alto da Sarah J. Maas é que ela trabalha bem as emoções e sentimentos na sua narração e eu adoro quando um escritor faz isso.
Mas voltando à Feyre, como era meu primeiro contato com a autora e com a escrita dela, foi muito difícil gostar da protagonista nesse primeiro instante, antes de perceber que havia um motivo por trás do comportamento dela. Com o passar da leitura você percebe isso e também repara que a própria protagonista reconhece um pouco essa passividade que ela tem. Ainda assim era extremamente irritante ver algumas coisas, como, por exemplo, o modo do pai e as irmãs mais velhas a tratavam (o que na verdade acaba por ser interessante, porque Maas demonstra nessa situação que famílias também podem ser abusivas) e também o modo como ela vai se relacionar com o Tamlin.
E desse macho aí eu nem quero comentar muito (eles usam “macho” no livro mesmo, referindo-se aos homens féericos), primeiro porque vou estragar a experiência de quem ainda não leu os livros e segundo porque não vai sair coisa agradável daqui. Assim como Feyre, ele é o personagem que a gente já viu em infinitos livros Young Adult. É príncipe da Corte da Primavera (agora imagem borboletas saindo da tela e voando ao seu redor enquanto passarinhos assoviam uma canção; é exatamente essa impressão que você tem ao ler as descrições dessa corte). E quanto os dois se apaixonam... Melodrama, doce melodrama. Muito felizmente eu acabei descobrindo que esse romance foi um mal necessário para tocar num assunto muito importante que só vai ser trazido à tona no segundo livro. Não se enganem com a relação deles, lembrem do que eu disse sobre a família dela.
Sobre o enredo em si, eu diria que uns 80% do livro é... clichê. Feyre se adaptando ao seu cativeiro e ela e Tamlin se apaixonando. Mas eu gostei do mundo que a Maas criou, dos feéricos, da mitologia. Isso não é tão explorado no início, mas vai melhorando com o passar da leitura. O universo que ela cria é bem rico, fantasioso mesmo, mas de uma maneira doce e agradável. É bastante baseado no paganismo, principalmente mitologia celta, temos até a presença de um Caldeirão, objeto que no livros seria o criador do mundo, fazendo uma clara referência à deusa Ceridwen. Aliás, a “divindade maior” dos livros é mulher, a deusa de três faces.
E por falar em pontos positivos, vamos falar dos outros 20% restantes então. Do meio ao fim acontece uma reviravolta que muda o livro da água para o vinho. É sério, parece até outra pessoa escrevendo. Tudo fica mais denso, pesado, o clima de contos de fada é extinguido. Temos a inserção de novos personagens (que são muito maravilhosos, preciso dizer, porque possuem o tipo de personalidade que eu pessoalmente gosto bastante) e a própria personalidade da Feyre começa a se desenvolver a partir daí por causa dos eventos que acontecem e das coisas que ela vai ter que fazer. Quando a sinopse diz “misto de A Bela e A Fera e Game of Thrones” ela está exagerando um pouquinho, mas não vou negar que a escritora trabalha bem sim com sofrimentos. Se a primeira parte da história é a parte de contos de fada, a segunda parte é com certeza influenciada por George R. R. Martin (um pouquinho, mas é).
Em resumo, posso dizer que o livro só começa de verdade do meio ao fim. É lá que alguns assuntos são melhor abordados e explicados, onde está a essência da história, a (re)construção da personagem principal e dos secundários, onde o desenvolvimento do enredo acontece. Enfim, é lá onde está tudo. Deixa de ser um conto de fadas que narra a história de um casal se apaixonando e passa a ser um conto de fadas que narra a história de uma mulher descobrindo que ela pode, sim, fazer o que quiser. Tem bastante protagonismo feminino (mais presente no segundo livro, porém). O romance continua bastante presente (mais do que eu gostaria, para ser sincera), mas como faz parte do gênero não dá para reclamar muito. E os livros não ficam só nisso, a Maas faz mesmo um esforço para mostrar que a vida (da mulher, principalmente) não deve se resumir a se apaixonar.
E por hoje é isso. Talvez eu faça uma resenha do segundo livro também, já que falei bastante dele (o lado bom é que vou ter mais coisas boas para falar), mas já adianto que ele é mesmo bem melhor do que o primeiro. Vale a pena ler o primeiro só para ler o segundo, os melhores personagens estão por lá haha Até a próxima e, no mais, boas leituras!

4 comentários:

  1. A Corte de espinhos e rosas é bem como você disse, um livro que desce pela goela a baixo, a principio eu me senti em um misto de jogos vorazes, aquela personagem pobre tentando sobreviver aos empecilhos da vida.

    Depois de um tempo me senti uma garotinha que tá lendo só por causa do romance, confesso que a principio eu adorava o Tamlin, mas não podem me culpar, são anos de conto de fada nos ensinando a se apaixonar pelo príncipe encantado.

    Porém a corte de névoa e fúria está ai para arrancar nosso chão, abrir nossos olhos e mentes!

    Só tenho uma coisa a dizer, é necessário ler o primeiro livro só pra compreender a grandiosidade do segundo e do terceiro. Vale super a pena ler, é só ter paciência.

    Adorei sua resenha.

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  2. Sua resenha me descreveu bastante ao ler o livro ehuahuishheuhau Antes de ler ACOAR, eu tinha lido os outros livros da autora. Em trono de vidro a protagonista é bem desenvolvida, além de não ser tão clichê. Por isso, quando comecei a ler ACOAR, fiquei bem chateada com a autora: "COMO QUE ELA FEZ UM LIVRO DESSE???!!! AAAAAAA' 'QUE PORCARIA DE TAMLIN É ESSE, NÃO ACREDITO Q ELA FEZ OS FEZ COMO CASAL'' Eu estava disposta a dropar de tanta raiva, porém valeu a pena não ter feito isso.

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