Dicas para escrever um bom drama, terror e angst [2/3]

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Por: Amaranthine

Olá, pessoas lindas!

Continuando um post secularda Liga, eu, Lady Amaranthine, irei guiá-los pelo maravilhoso (ou nem tanto) mundo do angst. Um gênero de leitura que gera muitas dúvidas para os escritores de plantão.

Para quem não me conhece, pode ficar tranquilo que mordo pouco. X3 *ajeita o vestido*

Lady Amaranthine se preparando para este post
Vamos lá!

1. O que é angst?

Para começar a falar sobre angst, precisamos saber definir este termo. E ninguém menos que o nosso adorável amigo Wikipédia para nos dar uma mão! Segundo ele:

“Angst é uma palavra alemã, dinamarquesa, norueguesa e holandesa para medo ou ansiedade. É usada para descrever um conflito intenso.”

Então, meus lindos... Como a própria definição diz, angst é medo, ansiedade, mas nós usamos mais no sentido de angústia. Claro que essa palavra engloba todas as anteriores, mas ela possui um diferencial que é explicado logo em seguida em “descrever um conflito intenso”. Como devem estar pensando, pequenos, angst não é fruto de apenas um sentimento intenso, mas de um conflito, caso contrário, viraria apenas um drama.

Mas, Lady, um drama tem conflito e com todos esses elementos!

Sim, tem! Por isso em alguns sites de fanfics você pode não encontrar esse gênero para leitura, acreditam? É comum confundirem o drama com o angst exatamente porque eles estão interligados.

Então, como diferenciar?

Simples. Pense na intensidade da emoção provocada. Não confundam a sensação do angst como a de uma garotinha que acaba de perder o namorado. Pense em algo mais sombrio, em uma dor profunda como a perda de um parente ou o sofrimento de alguém que acaba de perder os movimentos das pernas. Ok, estou indo um pouco longe, mas deu para entender.

O drama comum da mocinha esperando pelo namorado na chuva é, como o nome mesmo sugere, só drama mesmo, não tem nada de angst.
2. Como escrever um angst?

Depois de toda essa teoria, hora da prática! Isso não é ótimo?

Sua cara para a minha pergunta, era mais fácil eu parar de falar e explicar logo...

Sem mais delongas. Agora falo seguindo a minha experiência como escritora porque eu posso, porque acho que os meus quase seis anos escrevendo fanfic desse gênero deve valer de algo. Não estou passando um guia definitivo, pensem mais como dicas até porque o post é de dicas, né?

a) O que irá tornar minha história angst? É preciso pensar qual o aspecto central da sua narrativa para formular um enredo bom o suficiente onde se encaixe o angst. Uma vez que drama e angst costumam andar de mãos dadas, dá para explorar bastante coisa sem ser cansativo.
 Se tudo der errado, você sempre pode correr!
b) Não exagere: Gente, sério. Só porque eu falei que o angst é um sofrimento mais profundo, não indica que você vai lotar a sua história de eventos tristes. Até porque vai cansar a beleza do leitor que nem vai mais se sentir triste com aquilo. É preciso que haja equilíbrio entre cenas. A vida de ninguém é uma nova miséria a cada dia. 

Nem a Lady Gaga gosta quando você fica inventando moda para escrever um angst.
c) Seja envolvente! Se a sua história for envolvente, não importa o gênero, dá para colocar angst no meio, e ficará bom! Basta planejar direitinho o que quer e botar a mão na massa! Bom... Quero dizer, planejar e descrever emoções direito, um acontecimento por si só não causa nada.

d) Descreva as emoções dos seus personagens: Sério, evite narrar como se estivesse em uma partida de futebol. Meros atos não implicam em aprofundamento da história. É quase o mesmo que escrever um rascunho do que está preparando para o capítulo. Por que digo isso? Simples, se sua história não passar emoção... Adeus, angst!

Quando alguém tenta escrever um angst sem fazer um fundo emocional decente para seus personagens.
E como último ponto, mas não menos importante, o bom senso. Vamos usar ele para escrever coisas lindas. E é isso! Espero ter ajudado em algo e tirado algumas dúvidas. Até a próxima, lindos!

Hasta la vista, baby!

Links utilizados:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Angst
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Worldbuilding para Dummies, parte 2

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Por: Giulia Correia


Olá de novo! Depois de muito tempo, estou de volta com mais um artigo sobre sociedades fantásticas. (: Dessa vez, vamos falar sobre uma coisa muito interessante, mas pouco explorada: a economia.

Há muita, muita, muita coisa que eu posso falar sobre economia. Sério. É um assunto tão extenso quanto interessante. Aqui, porém, eu vou focar em alguns aspectos básicos e como eles podem ser pensados para aprofundar a sociedade que você está construindo e deixá-la mais verossímil.


A economia de um povo está intrinsecamente conectada à quantidade e qualidade de recursos que ele tem disponíveis para produzir e consumir, e a quantidade e qualidade de recursos estão, por sua vez, intrinsecamente conectadas ao tamanho e tipo de território que esse povo habita. Portanto, se estamos falando de um povo que habita montanhas (vamos ser clichês e chamá-los de anões, ok?), estamos falando de um povo cujos recursos mais importantes são, por exemplo, metais e pedras preciosas. 

E por que definir os recursos disponíveis para um povo é importante? Bem, lembra-se das suas aulas de geografia? Os recursos disponíveis são a sua matéria-prima. Com matéria-prima é possível produzir outros tipos de recursos, com mais utilidade e mais valor para as pessoas e, por consequência, que custam mais e produzem lucro. Vamos voltar aos anões. Se nos baseássemos nos recursos que eles têm disponíveis, o que conseguiríamos produzir? Armas, armaduras e talvez joias, certo? E, mais ainda, baseado nos recursos e no que eles produzem, que tipos de empregos seriam comumente encontrados? Mineradores, ferreiros, joalheiros, esse tipo de coisa, certo?

Já delineamos aspectos importantes da economia, então. Porém, não dá para parar aí. Temos que ir adiante e aprofundar nosso pensamento mais um pouco: se temos recursos e esses recursos são explorados, então quem os explora? Quero dizer, quem é que domina esses recursos e tira lucro deles? Pensemos não somente na mão de obra, mas efetivamente em quem paga essa mão de obra, se tal figura existe. Pode não existir? Pode, também. E isso é um aspecto econômico a ser pensado. Não somente isso, mas também é essencial pensar na relação entre essa mão de obra e a pessoa que domina os recursos disponíveis.

Vamos lá, quais são as opções? Vamos voltar aos anões e supor que há três grupos, cada um com uma economia diferente. O império norte, em que as minas pertencem à família imperial e onde a mão de obra são anões de famílias que servem à família imperial e destinam parte de sua produção a ela. O sul, em que as minas estão nas mãos de comerciantes ricos, que pagam impostos à família imperial baseados no lucro, onde a mão de obra recebe um salário determinado pela quantidade de trabalho prestado. E, por fim, as vilas a noroeste, onde as minas pertencem à comunidade e o lucro é dividido entre todos. Nesse momento, eu sugiro pesquisar sobre sistemas e ideologias econômicas, para ter ideias e entender como as coisas funcionam. Capitalismo, socialismo, feudalismo, liberalismo, etc.

Você não precisa, é claro, imitar nenhum deles. Pode pegar as características que quiser e misturar, desde que faça sentido. Além disso, você não precisa pesquisar a fundo nenhum desses sistemas, só conhecer como funcionam e saber como aplicar suas características na economia que você quer montar. Não sei se você notou, mas o império norte é meio feudalista, o sul é capitalista e as vilas são socialistas.

Nesse momento você tem mais ou menos uma ideia de como as relações econômicas funcionam internamente, certo? Quem é rico, quem trabalha, que tipos de recursos são produzidos, quais são os empregos mais comuns, como os ricos lidam com os pobres. Depois disso, é necessário pensar nas relações econômicas entre um país e outro. Claro, um país dificilmente será economicamente isolado de outros, e as relações econômicas são importantíssimas para enriquecer um país.

Logo, está na hora de pensar nas rotas econômicas. Vamos voltar aos anões. Eles vivem em montanhas, certo? Logo, há recursos necessários que eles não acham com facilidade mas precisam para viver. Além disso, eles têm recursos em abundância que podem ser vendidos para outras nações. Então, vamos pensar em termos de importar e exportar. Os anões importam madeira dos elfos da floresta, porque têm pouca, e exportam armas e armaduras para os humanos que estão sempre em guerra entre si.

Disso, há outras coisas para pensar. O quão importante são as relações econômicas para o país? Como que essas relações econômicas afetam o país politicamente? Não somente isso, mas como é que as rotas de comércio funcionam? Geralmente, quanto mais bem localizado é o país, melhor para fazer comércio ele é. Um país portuário, com bons barcos, é muito melhor para fazer comércio que um país montanhista, por exemplo. Chegar lá é mais fácil. Por que os outros países compram desse país em específico e não de outro país que produz a mesma coisa? Porque eles são mais baratos? De maior qualidade? Por motivos políticos?

No caso dos anões, seria impensável ficar sem exportar armas e armaduras, a economia deles quebraria. Logo, é importantíssimo que a cultura de guerra dos humanos permaneça a mesma E QUE as relações entre os dois governos seja amistosa para que o comércio flua facilmente. Além disso, estar nas montanhas é uma desvantagem econômica. Logo, se quero que o império norte seja rico, preciso de uma maneira para superar isso. Talvez as armas dele sejam as de melhor qualidade, o que faria valer a pena o preço pago por elas, ou talvez sejam o único produtor de armas (monopólio), o que faria com que os humanos não tivessem escolha. Ou, talvez, eles tenham uma tecnologia específica que permite que a mercadoria passe facilmente por dentro das montanhas até a fronteira com um dos reinos humanos. Tudo depende da criatividade e do perfil da nação.

Uma vez que você já tem tudo isso, vai perceber que a economia da sociedade que você está tentando construir já tem uma base sólida. A partir daí, é só ir pensando nos detalhes que ainda não foram pensados, se necessários. Você não precisa de nada muito detalhado, a não ser que a economia seja uma parte muito importante da história que você quer contar.


Agora, pra finalizar, um resumão dos pontos chaves a se pensar quando se está construindo a economia, que podem ter ficado perdidos no meio do texto:

  • Quais são os principais recursos do país?
  • O que o país costuma produzir?
  • Quais são os empregos mais comuns?
  • Quem é dono dos recursos?
  • Quem é a mão de obra que os explora?
  • Como é a relação entre essas “classes”?
  • Quais são as relações econômicas do país?
  • O quão importante elas são?
  • Como que o território afeta essas relações econômicas? E a política?
  • Por que essas relações econômicas existem?
Até a próxima!

Referências:
Principalmente esse doc com perguntas sobre worldbuilding em geral: https://docs.google.com/document/d/1sVjgHmircLnwbe0zpsB-GG6yrL1PlJPJX7_ZQ2QCXe8/edit
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Resenha: Alice no País das Maravilhas

terça-feira, 16 de agosto de 2016


Por: Rodrigo Caetano


Oi, galera! Lá venho eu aqui novamente fazer mais uma resenha. Vamos resenhar a incrível e imortal obra de Lewis Caroll, com o primeiro e mais famoso livro da duologia de Alice — Alice no país das maravilhas!

Isso mesmo! Hoje vamos primeiro ao País das Maravilhas conhecer pessoas como o Chapeleiro Maluco, o gato de Cheshire e o Coelho branco — se é que esses últimos podem ser chamados de pessoas. Assim, vamos ver o que há de tão especial nesse clássico atemporal que encanta não apenas crianças, seu público primário, como também adultos e estudiosos da literatura.

Para começar, primeiro vale dizer que Lewis Caroll é, na verdade, um pseudônimo de Charles Lutwidge Dadgson, um — acreditem se quiserem — professor de matemática (!) britânico que viveu no século XIX. 

A história desse clássico da literatura infantil nasceu de maneira inusitada. Charles estava em um passeio de barco no rio Tâmisa, em Londres, com as três filhas do reitor da Universidade em que lecionava, quando resolveu contar uma história para uma das meninas, Alice Liddel, de 10 anos à época. A menina gostou tanto da história que pediu para que ele a escrevesse e, assim, depois de muito trabalho no texto, o autor resolveu lançar o livro sob seu pseudônimo, Lewis Caroll.

Incrível, não?! Imagina se ela tivesse de mau humor naquele dia?!

Sem mais enrolação, vamos ao livro!


Título original: Alice’s adventures in wonderland.

Título traduzido: Alice no país das maravilhas.

Autor: Lewis Caroll

Disponível no domínio público em: 


Resenha:

Devo confessar que precisei ler esse livro mais de uma vez, o que parece ser vergonhoso em se tratando de um livro infantil. Porém, como vocês verão, esse não é um livro infantil qualquer. Alice não é tão especial sem motivos.

Na primeira leitura, encarei o livro de maneira inocente, despreparado para o que iria encontrar ali. Encarei o livro sem, primeiro, ter lido uma resenha como essa. Por isso, depois de alguns capítulos, estava mais perdido que a pobre coitada da Alice.

O livro é curto, pequeno, como devem ser os livros infantis, e, se você é um leitor mais velho e experiente, conseguirá lê-lo de maneira bem rápida. Se puder dar-lhes uma dica é: não o façam. Tomem seu tempo, leiam apenas alguns capítulos de uma vez, e deixem a história e ficar na sua mente nos intervalos de leitura.

Lewis Caroll, apesar de professor de matemática, é um escritor tremendamente habilidoso, e foi isso que descobri quando resolvi, recentemente, dar-lhe outra chance. Li com calma, prestando atenção nos detalhes, nas brincadeiras com a linguagem e, principalmente, com a simbologia que ele usa.

E me descobri encantado. Não se enganem; o País das Maravilhas continua sem fazer o menor sentido para mim, mas esse é mesmo o objetivo. Com uma fábula tão bem trabalhada, o autor consegue usar a lógica (ou falta dela) desse mundo mágico justamente para desconstruir e questionar diversas das lógicas básicas, que tomamos como certas no nosso mundo.

E é assim que, através dessa intensa e constante quebra de padrões — sejam físicos, com o crescimento e a diminuição do tamanho de Alice, sejam intelectuais, com questionamentos sobre etiqueta e o papel das coisas — que o autor consegue retratar com maestria os desafios que uma criança enfrenta ao crescer e se inserir aos poucos no mundo adulto.

E é esse o tema central do livro. Os processos e desafios que uma criança, um ser que pouco sabe sobre as regras sociais e físicas do mundo em que vivemos, enfrente ao ter que aprendê-los e absorvê-los de maneira tão profunda quanto nós, adultos, já o fizemos.

O constante crescimento e diminuição de Alice, os conselhos que ela recebe tanto da lagarta quanto do famoso gato de Cheshire, até mesmo o chapeleiro, são todos ao mesmo tempo metáforas e instrumentos que auxiliam no amadurecimento de Alice, que começa o livro como uma menina perdida e chorona, e termina como uma menina muito mais madura e dona de si, capaz de enfrentar seus medos e questionar a sua própria realidade. 

E isso é algo que todos nós devemos sempre nos lembrar. Ao mesmo tempo, saber que as pessoas não necessariamente absorvem e aprendem as regras sociais — básicas para nós — da mesma maneira, e que, por mais profundas que sejam as lógicas que nós assimilamos quando crianças, nenhuma delas está livre de um justo questionamento e reavaliação.

Espero, assim, ter ajudado vocês a se encontrarem um pouco mais nesse mundo mágico que é o País das Maravilhas. Em breve, ainda este ano, espero poder voltar para vermos as coisas através do espelho!

Um abraço e até a próxima!
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Fantasia Histórica

quinta-feira, 11 de agosto de 2016


Por: Ana Mesquita


Fantasia histórica ou — como prefiro chamar — ficção histórica é um gênero literário que vem ganhando cada vez mais espaço nas estantes dos leitores. Mas já aparece há algum tempo em vários filmes, principalmente aqueles que tratam de guerras. Nesse artigo, irei falar sobre o gênero focando-me em três pontos: o que ele é de fato; qual a diferença entre essa literatura e a literatura épica e como escrever uma ficção histórica.

Primeiro, precisamos estabelecer que a ficção histórica não é necessariamente um relato histórico. De uma forma concisa, podemos descrever como sendo um gênero que mistura eventos importantes para a humanidade com ficção. Um belo exemplo de autor do gênero é o Bernard Cornwell. Ele já fez livros ambientados durante a Guerra dos Cem Anos, as Guerras Napoleônicas e até mesmo a Grã-Bretanha durante os séculos IX e X.

Os livros dele seguem uma preciosa fórmula para qualquer autor do gênero, e vamos falar mais pronfundamente sobre ela mais abaixo. Primeiro é importante ressaltar uma diferença fundamental entre ficções históricas e fantasia épicas.

Apesar de ambos os gêneros resultarem em um leitura bem semelhante, o processo de escrita é um tanto quanto diferente. Para começar, autores épicos têm muito mais liberdade de criação, afinal, eles criam seu próprio mundo, os próprios personagens influentes e decidem o destino deles. Na ficção histórica você não tem essa oportunidade. O ambiente é determinado pelo fator histórico assim como o desfecho geral de sua história. O que, na opinião de Cornwell, não tira a importância de todo o trajeto, e eu concordo com ele.

Agora que estabelecemos as limitações da ficção histórica, vamos ao que é possível criar dentro desse tipo de narrativa:

“Eu sempre penso em um romance histórico como tendo duas histórias — a grande história e a pequena — e o escritor as inverte.”

Esse é um trecho de uma resposta do Cornwell durante uma entrevista entre ele e o George Martin, que é sensacional — por isso, vou deixar o link no final do artigo. Mas voltando a essa frase: ela basicamente explica o que é feito em uma ficção histórica: você pega um grande fato, pesquisa sobre ele, encontra as brechas que a histórica deixa de contar por falta de fontes e então, você cria uma história paralela que se encaixe nessa brecha. 

Soa simples, não é? Vamos pegar, por exemplo, o plot de um dos livros do Cornwell: O Arqueiro, que faz parte da trilogia A Busca do Graal, ambientando na Guerra de Cem entre a França e a Inglaterra:

Fatos conhecidos sobre a Guerra:

“Iniciada em 1337, a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto. Aproveitando da situação, o rei britânico Eduardo III, neto do monarca francês Felipe, O Belo (1285 – 1314), reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa. Dessa forma, a Inglaterra incrementaria seus domínios e colocaria um conjunto de prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político, principalmente da região de Flandres.”

História criada por Cornwell:

“Aos 18 anos apenas, Thomas vê o pai morrer em seus braços após um ataque-surpresa à aldeia de Hookton. Um lugar simples que escondia um grande segredo: a lança usada por São Jorge para matar o dragão, uma das maiores relíquias da cristandade. Em busca de vingança contra um homem conhecido apenas como Arlequim, o rapaz, um arqueiro habilidoso, se junta ao exército inglês em campanha na França, onde se envolve em batalhas e aventuras que, sem perceber, lançam-no na busca do lendário Santo Graal.”


Como podemos perceber, Cornwell não está narrando uma história sobre a realeza, ou os fatos propriamente ditos. Quero dizer, até vemos Eduardo III e outras figuras importante, e muito do que está no livro realmente aconteceu, o que é de fato um atrativo interessante, mas esse não é o foco. Na verdade, ele está contando a história de Thomas, um garoto fictício, usando como plano de fundo o eventos histórico. 

E assim, ele tem sua liberdade de criação, apesar de limitada. O que nos leva a regra: quanto mais conhecimento nós possuímos sobre aquele evento, menor irá ser a liberdade de criação do autor.

Essa manipulação dos fatos é a essência da criação da ficção histórica, e, apesar dos exemplos que eu dei estarem focados em guerras, você pode construir romances e outros tipos de aventuras também. O segredo estar em escolher algum momento histórico que desperte curiosidade, pesquisar MUITO sobre ele, e de preferência criar a sua narrativa com base nisso.

Uma pequena observação:

Como todo autor, você também tem liberdade poética dentro de sua história. A alteração que alguns detalhes é permitida, mas claro, desde que você avise o que é real ou não. E lembre-se: alterar muitos detalhes, ou detalhes importantes pode tirar toda a graça da ficção histórica, então se for fazer isso, tome bastante cuidado, certo?



Referências:

Entrevista entre Bernard Cornwell e George Martin:
http://www.gameofthronesbr.com/2012/01/grrm-entrevista-bernard-cornwell.html
Informações sobre Guerra dos Cem e “O Arqueiro”:
http://brasilescola.uol.com.br/historiag/guerra-cem-anos.htm

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Resenha: A Infiltrada

domingo, 7 de agosto de 2016

Sinopse:

Membro da máfia italiana Padova, Claire Evans infiltra-se no treinamento militar da agência de segurança nacional norte-americana – NSA – assumindo o pseudônimo de Hailey Dawson. No prazo de um ano, precisa permitir a entrada do maior carregamento de drogas da história no país e matar o generalíssimo Alan Beckert, que tem contas a acertar com a máfia. Contudo, sua vítima não é tão fácil. Além de frio, misterioso, rude, terror dos novatos e possuidor de incríveis olhos verdes que parecem enxergar até sua alma, ele parece saber quem verdadeiramente é. Sabendo que precisa tirá-lo de seu caminho, Claire aproxima-se do temido militar, mas acaba cometendo o pior de todos os erros: apaixona-se por ele. Uma história envolvente que vai prender você a cada capítulo.

Resenha:

Em “A Infiltrada” somos apresentados a Claire Evans, membro da máfia italiana Padova, que, com a eficiência colocada em risco, é mandada para uma missão que pode elevá-la dentro da instituição ou afundá-la de vez. 

Claire basicamente deve passar um ano como infiltrada, entrar no controle marítimo da agência de segurança nacional dos Estados Unidos (NSA) para permitir que o maior carregamento de drogas da história chegue ao país sem ser percebido e, por último, mas definitivamente não menos importante, matar Alan Beckert, um generalíssimo, termo usado para poucos militares cujos cargos foram além de todas as patentes, e se um homem alcança esse título bastante exclusivo, meus caros, é porque definitivamente tem um motivo.

Como se não bastasse todo esse caráter de missão suicida, Alan Beckert se apresenta para torná-la praticamente impossível. Além de frio, impenetrável como a mais dura das rochas e, sendo eufemista ao extremo agora, difícil de lidar, Alan parece saber exatamente que Claire não é quem diz ser, de onde ela veio e para o que de fato está ali.

Alan, na maioria das vezes, não chama Claire pelo nome da falsa identidade, mas, sim, pelo apelido “Novato”. O que no livro serve para deixar Evans irritada, já que o generalíssimo o faz propositalmente, tratando-a como se fosse um homem, o que apela para a sua vaidade feminina e deixa as coisas ainda mais interessantes. A pergunta sempre surge: “Será que ele a chama de novato por saber mesmo que seu nome não é Hailey Dawson?”

Se Alan Beckert não é uma pessoa fácil, Claire, no entanto, não deixa por menos. Mesmo tendo personalidades diferentes, ambos são prepotentes e cheios de si. Personalidades complexas e fortes. Essa mistura parece ter os ingredientes certos para acender e queimar o pavio um do outro. Evans é uma mulher forte, orgulhosa e decidida, além de ser detentora de um sarcasmo imbatível, o que faz dela uma excelente provocadora por natureza.

Alan sabe muito bem como mandar. Evans, como desobedecer.

O ódio entre os dois é recíproco e explosivo, se instalando desde o primeiro dia e permanecendo, o que se revela na interação entre os dois. No entanto, devido à proximidade e à premissa de que se deve manter os inimigos por perto, Claire acaba descobrindo que, talvez, e somente talvez, por baixo de toda a carcaça do General, haja uma nova faceta do homem, não um bom e amável, mas um homem com motivos e fantasmas do passado. Por que será que Alan Beckert é tão perigoso e inconveniente para Padova a ponto de Claire precisar eliminá-lo?

E à medida que a convivência se instala, algo além do ódio dos dois também emerge, algo que se mistura ao ódio e cria uma gama de sentimentos opostos, incompreensíveis, à primeira vista, difíceis de lidar. Difíceis de entender.

Com o passar do tempo, até mesmo Claire deixa outras pessoas se aproximarem e cria laços, mesmo que desde o início tentasse afastá-las por motivos óbvios. Uma dessas pessoas é o bem-humorado e filhodopaimente (vão ter que ler para entender hahaha) divertido — o que, por vezes, chega até a ser irritante, para os que convivem com ele — Luke, um novato assim como ela. (Não vamos contar para Claire, mas ele é como se fosse um melhor amigo.) E também a doce e sempre excelente ouvinte Nora, enfermeira da NSA, com a qual Claire passa a trabalhar nas horas em que não está em treinamento.

Mas a pergunta que verdadeiramente não quer calar é: Será Claire Evans capaz de dar cabo da vida de uma pessoa que odiou, sim, mas que também conheceu, entendeu... e por quem se apaixonou?

Só resta dizer que o final é muito surpreendente, como vários acontecimentos durante todo o livro, e que se não bastasse todo o enredo ser muito instigante, os personagens extremamente cativantes e a tensão entre Alan e Claire mexer com os nossos nervos e retirar todo o nosso ar durante a leitura, a escrita da Natália Marques é um verdadeiro primor, fazendo com que nunca mais se queira largar o livro.

A Infiltrada é viciante, uma história bem contada, com um enredo deliciosamente bem elaborado, surpreendente e, acima de tudo, é sobre pessoas reais. É sobre sentimentos reais. E é também sobre conflitos inerentes a todos os seres humanos e como cada um age diante deles.
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Entrevista: Natália Marques

quarta-feira, 3 de agosto de 2016


Minibiografia: Natália Marques nasceu no interior de São Paulo e atualmente estuda Direito. Seu primeiro livro, “A Infiltrada – Infiltrando-se na NSA”, publicado em 2011 pela Editora Lio, é seu primeiro romance a alcançar o grande público. A sequência, “A Infiltrada – Infiltrando-se em seu coração” foi publicada recentemente na Amazon.



Liga dos Betas (LB): Primeiramente, gostaríamos de agradecer o tempo que você dispôs para dar esta entrevista. Muito obrigado. Então, podemos iniciar por uma pergunta, em sua essência, simbólica. O que te trouxe para o mundo da escrita? De que forma isso te afetou?

Natália Marques (NM): Eu quem agradeço a oportunidade de conversar um pouco com vocês. Creio que o que me levou ao mundo da escrita tenha sido o mesmo que levou a todos: o mundo da leitura. Com o tempo, apenas me contentar com a história dos outros não mais me bastava e eu precisava arquitetar as minhas próprias histórias. As fanfictions foram um caminho estimulante para começar a acreditar em meu potencial.

LB: O mundo das fanfics serve como primeiro palco para muitos autores, os auxilia no processo de escrita e dá acesso e contato com leitores. Você, tendo publicado no site Nyah! Fanfiction, levou a experiência adquirida para o mercado editorial?

(NM): Comecei a escrever fanfics sem qualquer pretensão. Era até uma surpresa, para mim, perceber o quanto minhas histórias eram queridas. Para mim, as fanfics permitiram que eu efetivamente continuasse a escrever, pois havia estímulo para ficar horas refletindo e horas escrevendo um capítulo para ser postado. Antes, tinha ideias, começava a escrever e parava porque acabava sem ver muito sentido em continuar. De certa forma, precisava de alguém que quisesse ler e que me desse o feedback. Com certeza, a interação que conquistei com os leitores continuou quando “A Infiltrada” foi publicada.

LB: Seu livro de estreia — A Infiltrada — foi, no princípio, uma fanfic de uma saga muito famosa. Como se deu o processo de adaptação dessa história para o livro? Foi complicado? Quanto tempo levou?

(NM): Eu recebi o convite da Editora mais ou menos no mês de fevereiro de 2011 e em julho de 2011 eu o entreguei. Não foi complicado. Algumas partes foram suprimidas, os nomes substituídos, mas a história em si tinha pouco em comum com a saga, usando apenas os nomes mesmo. Então foi bem tranquilo.

LB: Quanto ao seu processo criativo, costuma arquitetar tudo na hora ou prefere ter todo um arcabouço definido antes de escrever? E no momento antes do registro, tem algum hábito ou ritual?

(NM): Gosto de ter esqueminhas sobre o que pretendo ao longo do livro inteiro, mas não há algo extremamente definido para cada capítulo ou cada cena, porque grande parte da inspiração e criatividade vem enquanto se escreve. É como fazer uma caminhada pelo parque. Você sabe os pontos onde há bebedouros e você precisa parar em todos eles, mas o parque é cheio de trilhas, entretenimentos e outros fatores que podem fornecer um caminho melhor para o próximo ponto de bebedouro. O importante, no entanto, é sempre saber o que se quer na essência, senão o conteúdo pode ficar sem sentido, não amarrado, algo com aparência de ter sido feito a esmo.

LB: Aproveitando que já foi citado seu livro, A Infiltrada, você poderia falar um pouco sobre ele? Há uma continuação lançada recentemente, certo? O que podemos esperar?

(NM): A Infiltrada foi minha quarta fanfic e a que mais teve sucesso, tanto na rede social onde era publicada quanto nos sites, inclusive o Nyah! Conta a história de uma mafiosa italiana, chamada Claire. Por ter origens norte-americanas, ela é convocada por seus chefes a se infiltrar na Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), com duas missões a serem cumpridas: a primeira era permitir que, após um ano, um dos maiores carregamentos de narcóticos da história conseguisse atravessar as fronteiras sem ser identificado. A segunda delas era matar o Generalíssimo Alan Beckert, que não é lá a pessoa mais aprazível do mundo. Claire, então, se infiltra como novata no treinamento militar da NSA, mas enfrenta toda sorte de percalços enquanto tenta alcançar seus objetivos, incluindo o próprio Beckert, que parece saber quem ela é. É uma mistura de amor, suspense, drama, tudo junto. Eu queria uma história completa, real, com personagens complexas e acho que A Infiltrada é tudo isso.
A segunda temporada, e final, foi lançada recentemente pela Amazon. Encerrei meu contrato com a editora por questões financeiras e a continuação será em formato digital. Meus leitores agora podem perceber toda a miscelânea que compõe essa história desde o início e espero que gostem do final pelo qual tanto esperaram!

LB: Quando você trilhava o início da sua trajetória como autora, seus amigos e família sabiam que você escrevia? De que maneira eles encararam isso?

(NM): Eu comecei a escrever muito cedo, com meus 13, 14 anos. Na época, ainda havia uma grande restrição ao uso do computador, por ter apenas um na casa. Então, por ser a irmã caçula, era a última na lista de preferências para usar, e, mesmo que eu argumentasse que estava escrevendo, isso era visto como “coisa de criança” e sem muita importância. Acho que foi um susto quando disse que uma editora me fizera um convite para publicação!

LB: Partindo agora para a sua faceta de leitora, quais gêneros e obras que mais te agradam? O que te influencia?

(NM): Eu sou bastante eclética. Adoro romances, adoro ficção, adoro livros chick-lit, adoro séries que envolvam temas “sobrenaturais”, adoro clássicos, enfim, de tudo um pouco.

LB: A interação com leitores da internet é mais rápida e comum do que com o público de livros publicados. No entanto, você costuma estabelecer esse contato? De que maneira você pode receber um feedback?

(NM): Sim, tenho uma página no Facebook sobre o livro e um grupo secreto, que faz às vezes de comunidade do Orkut, onde tudo começou. A interação é bem próxima e não abro mão disso. O feedback de leitores de fanfic é inigualável e creio que não conseguiria escrever sem tê-lo.

LB
: Foi um convite feito por uma editora que te levou à sua primeira publicação. Uma situação um tanto atípica, suponho. Como você reagiu a esse pedido?

(NM)
: Foi uma baita surpresa, porque não tinha pretensões de publicar e, ainda que algumas leitoras falassem que AI tinha potencial, eu nunca dei bola, justamente porque via como várias pessoas sofriam para conseguir algo e, se conseguissem, era pago. Então demorou um pouco para cair minha ficha, mas aceitei de pronto.

LB
: Para finalizar a entrevista, um questionamento tradicional: você teria algum conselho para dar aos escritores que pretendem se lançar no mercado editorial?

(NM): Eu não tenho experiências no sentido de procurar editoras interessadas na publicação de livros, mas creio que contar com um público fiel antes de se aventurar a uma publicação, principalmente se for independente, é essencial. Hoje em dia estou bastante afastada do mundo das fanfics, mas sei que alguns autores publicam até mesmo originais que estão tendo boa aceitação em alguns sites voltados para isso. Conquistar os outros com a sua escrita também dará ao autor uma grande oportunidade de crescimento, porque é ao longo do tempo e com o conhecimento do gosto dos leitores que se arquiteta uma história de sucesso. Mas, lembre-se, mantenham-se fiéis ao que você quer. Nas minhas fanfics anteriores a AI, acabava escrevendo e, principalmente, terminando as histórias de modo previsível e de um jeito que sabia que todos aprovariam. Com AI eu me propus a fazer diferente. Queria uma história que fosse reflexo do que eu gostava de ler, agradando ou não alguns leitores. O relacionamento das personagens principais é de extremo amor e ódio ao longo do livro, muito mais ódio que amor. Eu não queria que fosse como aquelas histórias em que o “ódio” é resolvido em dois capítulos, sendo que, na verdade, esse ódio nada mais era do que um amor reprimido e daltônico. Não, eu queria que o ódio realmente fosse ódio e com razões contundentes para ser assim e que, se evoluísse para amor, deveria também contar com uma lógica por trás, o que, claro, demanda tempo. Alguns leitores, no começo, não queriam aceitar esse “tempo”. E eu persisti no que queria. Deu certo.

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