Uma reflexão sobre o processo criativo (03/03)

quarta-feira, 29 de junho de 2016


Edgar Varenberg 

https://fanfiction.com.br/u/581877/


Nesta terceira e última parte do artigo, chega a oportunidade para refletirmos sobre o conceito de potencial criativo. Nos textos passados, encaramos fatos sobre consciência e memória criativas, vimos a singela relação entre elas e, para fechar o nosso trio de relações, é a vez do potencial.

Temos como potencial criativo tudo aquilo que podemos fazer para expressar nossa consciência e memória; isto é, é o momento do nosso processo criativo em que sabemos o que estamos fazendo e aplicando nosso conhecimento, muito encontrado, geralmente, em recursos literários ou até mesmo quando você está discutindo com o seu beta a melhor maneira de representar uma ideia.

Com isso em mente, a ideia de potencial vem do plano concreto de já se saber o que fazer, ou seja, vem do pressuposto da linhagem da consciência criativa e da memória que já foram refletidas antes (por isso deixei para falar do potencial por último).

É simples. A consciência criativa trabalha com aspectos existenciais do seu texto; a memória com aspectos teóricos; e, por fim, o potencial trabalha com a parte prática, aquilo que nos faz “colocar a mão na massa”. E ela é formada justamente da soma consciência + memória.

Consciência + Memória = Potencial

Como eu disse mais acima, encontramos mais comumente essa etapa do processo criativo em recursos literários e discussões. Por que isso? Bom, os recursos literários são o uso concreto de toda uma reflexão que se tem acerca da literatura; por exemplo a aliteração, que é a repetição de fonemas no início de cada palavra durante a mesma frase para causar um efeito estilístico; temos por consciência saber que esse recurso não se usa naturalmente, ou seja, ele é pensado; ter a consciência de que isso não é natural da nossa mente, mas que pode ser configurada mesmo assim, apresenta evidências da consciência criativa, daí passamos a aplicar as palavras com as tais repetições, palavras estas que surgem da nossa memória, é essa memória que vai decidir o conjunto de palavras que você quer usar, qual o fonema que soará mais agradável para o seu texto, tudo diante das palavras que você já conheceu ao longo da sua vida, apresentando evidências da memória criativa.

A união de toda essa bagunça, da forma como trabalhamos isso para caracterizar nosso texto, e usamos, buscamos saber se causou um efeito legal (geralmente perguntando aos outros ou simplesmente seguindo nossos instintos), tornar isso mais frequente e construtivo na sua história apresenta as ideias do potencial criativo.

Agora que temos uma maior noção dos três principais termos, que tal vermos como isso se aplicaria numa construção de enredo? Consideremos a seguinte linha do tempo:

Abstrato – Memória – Rascunho – Potencial 1 – Ideia – Consciência – Potencial 2 – Enredo – Escrita

Primeiramente, quero esclarecer que essa não é uma linha do tempo obrigatória, que TODO processo criativo se passa por ela, muito menos de que é o único caminho. Lembremos que o objetivo deste artigo é apenas propor reflexão, não orientar necessariamente sobre algo, até porque orientar sobre processo criativo é uma coisa muito individual.

Pensa naquele momento que você está, por exemplo, voltando para casa, num transporte qualquer, ou até mesmo caminhando, e diversos temas começam a perambular pela sua mente; temas estes que começam a te despertar um interesse inicial por criar uma história ou acrescentar algo numa que já exista. Vamos denominar isso como Abstrato.

E então, dentro deste abstrato, começamos a recuperar informações que já estão na nossa consciência, ou prontamente ao nosso redor, seja conteúdos de outros textos ou um personagem que te inspira, ou até o que você almoçou na tarde da semana passada; são informações que já estão na sua mente que servirão para dar forma a essa abstração, e falamos deste tipo de informação antes, certo? Lá no segundo artigo, isto é, a Memória.

O objetivo da memória, como dito no parágrafo anterior, é dar forma à abstração. Porque, em forma, além da melhor visualização das suas informações, você tem ali base para construir algo, editar, mostrar para outros, obter opinião. Essa informação já concreta, já com forma, denominaremos de Rascunho.

E qual é o objetivo do rascunho? Mexer, remexer, pedir opinião, tudo que já citei acima, certo? Afinal, sua informação já tem forma, já está sendo bombardeada de informações, então é hora de refinar com todos os recursos que você tem disponíveis. E essa ideia de recurso nos lembra de qual conceito? O de Potencial.

Então, revisadas e refinadas suas informações, passada por opiniões (seja dos outros ou a sua própria), já temos um novo nível de criação, certo? Com tudo isso, com algo que já saiu do papel, já saiu da área de rascunho, já podemos dizer que temos uma Ideia. Basicamente, aquilo que se quer transformar numa história.

E é com a ideia que começamos a colocar nossa mente para funcionar, para vermos certos detalhes que foram questionados na primeira parte do artigo, ver o quanto você domina essa ideia e o quanto ela é simplesmente construída inconscientemente, e tentar equilibrar isso a seu favor. Como vimos na primeira parte do artigo, são as relações da Consciência.

A sua ideia atingiu um novo nível, mas ainda precisa ser melhor lapidada, conversada, revisada, porque todo o processo criativo é feito de pura revisão de fatos. Ou seja, novamente está na hora de darmos aquela parada de opinião, utilizarmos nossos recursos para ir mais longe, novamente aparecendo o Potencial.

E com isso lapidado, atingimos o novo nível, que é propriamente o Enredo, termo o qual todos conhecem muito bem. Uma ideia que está pronta para ser um pressuposto de uma história, um ponto de partida para a Escrita, que se trata de um termo extremamente relacionado com o Potencial, visto que a nossa escrita é moldada de memória e consciência puramente (aquela equação lá no início do artigo).

Conseguem refletir como o processo criativo é muito dependente dessa equação? De como as coisas precisam ser lapidadas, revisadas? Da importância de ler conteúdos para inspiração ou para aprendizado, simplesmente porque cada detalhe conta.

Se tiver dúvidas ou quiser mais reflexões, entre em contato comigo, ok?

REFERÊNCIAS

http://www.mariosantiago.net/textos%20em%20pdf/criatividade%20e%20processos%20de%20cria%C3%A7%C3%A3o.pdf
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Uma reflexão sobre o processo criativo (02/03)

terça-feira, 14 de junho de 2016


Por: Edgar Varenberg

Na primeira parte do artigo refletimos sobre consciência criativa e em como esse aspecto da nossa cognição influencia na nossa maneira de escrever sem que, necessariamente, percebamos. Esta segunda parte tratará dos aspectos da memória criativa, ou seja, as informações que nos cercam e como a aplicação disso tudo funciona (ou pode funcionar).

Entendemos como memória criativa todas as informações que adquirimos ao longo do dia, da vida, basicamente tudo que nos cerca, seja ou não de nosso conhecimento. No artigo anterior falamos da consciência criativa, sobre ela agir conforme ou não nossa vontade; a memória trata justamente do conteúdo que encaixamos, conscientemente ou não.

E como captamos isso? Para que isso nos serve?

Às vezes vemos uma propaganda legal, lemos um texto interessante, ouvimos uma música mais intensa, atividades que nos estimulam a pensar e, posteriormente, ter ideias. Às vezes também acontece simplesmente de estarmos num ambiente propício a nos fazer refletir e relembrar situações, ou passar a notar certos detalhes não percebidos antes, tudo isso representa nossa memória criativa.

Em outras palavras, nossa memória criativa está diretamente associada àquilo que conhecemos como inspiração.

O que nos cerca e nos inspira são coisas armazenadas nessa memória, que vemos ao longo da nossa vivência e, de repente, lembramos para determinado efeito. A diferença é que podem ser lembranças bem específicas e precisas ou meros detalhes de coisas que você não faz ideia de que viu (como um cachorro na rua, por exemplo). Tudo que costumamos escrever provém desta fonte.

Quando utilizamos o inconsciente criativo é mais comum que trabalhemos mais com a parte inconsciente da memória, isto é, geralmente esses detalhes que não costumamos lembrar muito, que muitas vezes sentimos até como uma espécie de intuição. Por isso, como dito no artigo anterior, é importante termos noção da consciência criativa, pois trabalhando nossa mente de forma consciente faz com que essas memórias sejam melhor aproveitadas.

Daí vem aquela nossa inspiração de se basear em alguém que gostamos muito, querer retratar um ambiente que presenciamos, ou até mesmo usar palavras (ou termos, às vezes até frases) que sentimos trazer um determinado poder (o famoso soar bem ou ter uma boa mensagem) e que combina com o texto pretendido.

Tá, mas como eu uso essa memória em meu favor, Tio Edgar?

Sabe quando você deseja assistir, ouvir, ler algo ou entrevistar alguém para conseguir grandes inspirações para o seu texto? Então, aproveite muito bem essa experiência, não faça simplesmente por fazer. Também não faça só para ter um amontoado de informação e se iludir achando que é bom e o suficiente.

A memória tem que ser aquilo que te desperta interesse e inspiração, algo que te sirva de recurso natural, não como uma planilha a que você sempre tem acesso e tem tudo esquematizado de forma exata e concreta; isso desvia dos valores reais de uma inspiração, de uma memória, pois se torna um roteiro, um esquema de seguimento obrigatório. Tais esquemas não são ruins, só não fazem parte do processo criativo.

Refletindo todo o processo até então, temos a consciência criativa, que transporta as ideias da sua memória criativa, que é adquirida ao longo dos seus conhecimentos diários, e que podem ser usadas de forma consciente ou não. Parece um ciclo quase se fechando, mas ainda falta o último item: o potencial criativo, que consiste em como utilizar recursos para construir esse material que você possui naturalmente, de forma totalmente consciente (diferente da consciência e da memória, que podem atuar inconscientemente também).

Entretanto, isso é assunto para o próximo artigo!

REFERÊNCIAS:
http://www.mariosantiago.net/textos%20em%20pdf/criatividade%20e%20processos%20de%20cria%C3%A7%C3%A3o.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212009000300017
http://www.espacoacademico.com.br/052/52silvafilho.htm
http://www.intelliwise.com/seminars/criativi.htm
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Entrevista: Tatiana Amaral

quarta-feira, 8 de junho de 2016


Tatiana Amaral é baiana e mora em Salvador. Por muitos anos não sabia ao certo o que queria ser. Preparou-se para estudar teatro, prestou vestibular para Direito, se formou em Administração com habilitação em Marketing, mas se encontrou como escritora. Amante da leitura, começou a carreira literária postando histórias na internet, alcançando assim um grande público. Atualmente possui nove livros publicados: Casei, E agora? – As aventuras do meu descasamento; Segredos; Traições; A Carona; a Trilogia Função CEO e dois livros da série O Professor.

Liga dos Betas (LB): Agradecemos imensamente por você ceder um pouco de seu tempo. Bom, para começarmos nada melhor do que saber sobre o que te levou à escrita. Como começou a escrever? Você se lembra da primeira coisa que escreveu e o que te inspirou a fazê-la? 

Tatiana Amaral (TA): Depois de algum tempo acabei me dando conta de que sempre estive envolvida com a escrita. Fiz muito tempo de teatro e escrevia peças, gostava de escrever poesias e músicas, mas nunca pensei nisso como algo que eu quisesse para passar a vida fazendo. Como amante dos livros, sempre estive envolvida com a literatura, mas já tinha um bom tempo que não me emocionava com algum livro, então alguém me recomendou a Saga Crepúsculo. Relutei, pois era uma literatura para adolescentes e eu não conhecia nada mesmo sobre os livros. Mesmo assim comprei todos e comecei a ler. Foi uma paixão que eu não sei como explicar. Quando acabou eu me senti vazia, queria que a história continuasse, fantasiava com isso. Foi quando fui apresentada às fanfics. Depois de ler algumas decidi que poderia escrever a minha própria história, e foi o que fiz. Minha primeira fanfic virou o meu primeiro livro, Segredos, daí em diante nunca mais parei.

LB: É um processo orgânico iniciar a escrever depois de receber influências de diversos outros autores. Quais você pode mencionar como essenciais para a você iniciante e a você de hoje em dia?

TA: Para ser bem sincera, eu nunca prestava atenção nos autores. Li de tudo, porque amo ler, mas nunca me preocupei com quem tinha escrito o livro. Sabia os principais autores, aqueles que eram estudados na escola, ou aqueles que possuíam uma série e eu acompanhava, mas nada relevante ou que me influenciasse. Como leitora compulsiva não tenho como identificar autores essenciais. Tenho sim os que eu adoro a escrita e compro todos os livros que lançam, como Dan Brown, Carina Rissi, dentre outros. 

LB: Sobre o seu processo de criação, suas histórias tendem a se tecer de acordo com o tempo, conforme sua mente trabalha despreocupada, ou você costuma estruturá-las antes de pôr qualquer coisa no papel? O processo de escrever costuma vir acompanhado de algum ritual?

TA: Não tenho um ritual. Gosto de escrever ouvindo música, mas gosto também de estar em frente à praia ou da piscina. Normalmente não encontro problemas em escrever. Quando a ideia chega, eu consigo colocar para fora até em uma praça de alimentação de um shopping lotado. Todas as minhas histórias já chegam para mim com um começo, um meio e um fim, mas lógico que no decorrer da construção outras ideias vão se juntando às primeiras, muda um pouco o rumo, mas no final dá tudo certo.

LB: Você poderia falar da sua trilogia, Função CEO? E sobre futuros projetos, tem algo vindo à frente?

TA: Função CEO foi o livro mais complexo que já escrevi. Ele começou com a ideia erótica, mas o desenrolar acabou levando o livro para outro lado. Existe uma tensão tão forte que faz com que as pessoas passem muito tempo pensando no que aconteceu. Foi assim comigo. Levei meses para conseguir me desvencilhar dos livros. Atualmente estou me dedicando à série O Professor. Os dois primeiros livros já estão em todas as livrarias e eu estou trabalhando no terceiro, que está previsto para agosto, mas penso em voltar a Função CEO quando acabar a série.

LB: Antes de publicar é essencial a revisão da história. Você, ao ter seus textos concluídos, procura a ajuda de um beta reader, ou revisor? Ou prefere fazer a revisão de forma independente?

TA: A revisão é fundamental. Construí uma equipe minha, independente das editoras, justamente porque tento oferecer um texto o mais limpo possível. Estabeleci a seguinte rotina: eu escrevo, volto o texto todo fazendo o que é necessário para deixar a história toda costurada, faço contagem do tempo e dos acontecimentos, então passo para a revisão ortográfica. Recebo o texto revisado com sugestões, volto todo o texto e estudo tudo o que foi sugerido, aceitando ou não, então passo o texto para a revisão técnica. O processo se repete, eu recebo o texto com sugestões e analiso o que acho correto ou não. Só após esta rotina envio o original para a editora, que tem o seu próprio pessoal e rotina. Depois de todo o tratamento da editora, recebo de volta o arquivo com a revisão deles, contendo sugestões; preciso ler o texto todo outra vez, dialogamos sobre o que deve ou não ser modificado e só depois disso o livro vai para a produção.

LG: Segundo os dados estáticos fornecidos pelo Skoob, o seu público é majoritariamente feminino. Você imagina que isso tenha um motivo específico? Poderia ter relação com o tipo de romance que você tem escrito?

TA: Com certeza com o tipo de literatura que escrevo. São romances e são eróticos, ou seja, poucos homens admitem ler (risos).

LG: Bom, o gênero que engloba os romances eróticos tem ganhado grande espaço nas estantes das livrarias de todo o mundo. Você acredita que isso esteja relacionado à crescente quebra de estigmas e preconceitos ou que seja apenas um novo gênero que caiu nas graças do grande público? 

TA: Eu acho as duas coisas (risos). Com certeza conseguimos abrir uma porta que não voltará a se fechar. Creio que, como tudo na vida, vamos nos adaptando, ajustando as bordas, até que não fique mais nada de fora. Existe muito a ser discutido. O preconceito é grande, contudo é muito menos do que quando comecei. Hoje os eróticos estão na frente, são os mais vendidos, enfeitam as vitrines. É uma grande vitória.

LB: Você utilizou o site Nyah! como plataforma para as suas histórias disponíveis ao público, certo? Pode-se dizer que suas primeiras fanfics puderam te moldar como autora?

TA: Sim. O Nyah! foi a minha primeira plataforma e foi de lá que saiu a minha trilogia Função CEO. Eu lancei tudo o que escrevi e quase tudo foi fanfic, então esta foi a minha grande escola. Hoje não posso mais fazer assim, falta tempo, mas não vontade. 

LG: Você iniciou com as fanfics, algo que permitia uma maior interação com público. Nesse contexto, você diria que isso refletiu no seu relacionamento mais direto e próximo com o seus leitores de livros publicados?

TA: Eu nunca estive longe do meu público e não sei como seria se precisasse ser assim. Desde o começo interagimos, eu ouvia o que eles achavam, conversávamos, fiz grandes amigos assim. Não me colocar na posição de escritora, com uma equipe à frente, e esquecer deles. Sempre peço à minha assessoria para deixar as mensagens privadas para que eu possa responder, nunca eles. Acho que é o mínimo que posso fazer como agradecimento pelos longos anos em que eles me acompanham. São fiéis, leitores que abraçam a causa e lutam comigo para que continue dando certo. É complicado, o tempo é cada vez mais escarço, mas eu sigo tentando continuar próxima deles. 

LG: Tendo nove livros publicados, pode-se afirmar que você possui conhecimento e experiências dentro do mercado editorial, claro. Portanto, aproveito para te perguntar: que conselho você poderia dar para aqueles ficwritters que almejam se lançar nesse universo das publicações?

TA: São muitos conselhos. Primeiro de tudo: não tenha pressa. Trabalhe o seu texto o máximo que puder, deixe ele perfeito. É importante contar com uma revisão, mesmo que não seja profissional, mas alguém que possa ler e encontrar os que os olhos viciados não encontram. Outro ponto importante é não se deixar enganar por propostas que exigem investimentos altíssimos. Eu sei que uma editora não vai investir em quem não tem um público, é arriscado e o mercado não está nada fácil, então tenha calma, procure uma plataforma como a Amazon para iniciar, divulgue o máximo que puder, construa a sua imagem e torne o seu livro conhecido, depois disso as editoras vão te procurar.
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Romance vs Erotismo

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Por: NamelessChick

Olá, moranguinhos. Cá estou, de novo, atacando o blog com um artigo, e desta vez vou discutir um pouco mais sobre romance e erotismo, mais precisamente suas diferenças. 

Pois é… O assunto, não necessariamente novo no mundo das fics, passou a chamar a atenção do público depois do sucesso de vendas de livros como “50 Tons de Cinza”. Pondo de lado quaisquer juízos de valor acerca da obra citada (ou semelhantes), é uma discussão bem interessante; o gênero erótico, em geral, traz consigo certas peculiaridades. Mas, por agora, vamos nos ater às suas diferenças em relação ao gênero romântico. 

Antes de mais nada, um pequeno esclarecimento:

Quero que entendam romance não como “narrativa ficcional em prosa, mais longa que o conto ou a novela”, e sim como aquela história em que o enfoque está numa relação romântica entre duas pessoas, seja ela heterossexual ou não. 

Tendo isso em vista, podemos começar o artigo propriamente dito :D 

Precisamos, primeiramente, entender o que seria o erotismo e como ele se insere numa história, para que então seja mais fácil a diferenciação entre o romântico e o erótico, não é mesmo? 

Segundo o dicionário Priberam, erotismo pode ser definido como qualidade do que é erótico, manifestação explícita da sexualidade ou grau de excitação/prazer sexual. 

Certamente a definição é ótima, mas nós temos que tomar muito cuidado para não confundirmos o erótico com o pornográfico, porque apesar de sutil existe uma diferença entre esses dois gêneros, frequentemente confundidos, e quando colocamos o romance na jogada, aí que a confusão se instala. 

Uma fic pornográfica (os famosos PWPs - Porn Without Plot) tem o único intuito de excitar o leitor. Sem quaisquer outras pretensões, essas fics não podem ser confundidas com aquele romance que por acaso tem um quê de sensualidade e erotismo. O erótico NÃO é essencialmente pornográfico e isso tem que ficar claro. Uma fic pode muito bem ter marcas de erotismo, mas ainda permanecer na faixa dos 16, por exemplo. Alguns livros infanto-juvenis utilizam desse artifício, muitas vezes para chamar a atenção de seu público. John Green, com seu “Quem é você, Alaska?”, trabalha com uma personagem que certamente alude à sensualidade, ora de forma sutil, ora de forma explícita, mas sem fugir do seu enfoque narrativo, ou mesmo da faixa etária do seu público alvo.

O romance, em si, é toda e qualquer história que tenha como plano principal um amor romântico. Seja ele entre dois homens, duas mulheres, um homem e uma mulher, ou mesmo entre mais pessoas (sim, quem disse que o amor romântico se restringe à figura do casal?). De qualquer forma, é uma história que trata de amor, independentemente da forma como ele é abordado, descrito, de seus dramas, de sua “melosidade”... Basta ser amor. 

O erotismo não requer, todavia, esse viés amoroso. Pode ser simplesmente uma história com enredo lindinho, com casal, mas sem estar voltada ao amor. Imaginem uma história que simplesmente conta de João e sobre as pessoas com quem ele se relaciona romanticamente. Não precisa ser um hentai/lemon/orange da vida, mas também não precisa detalhar sentimentos, por exemplo. 

É compreensível a confusão entre os dois, porque nada mais natural que exista erotismo em um romance. Casais, afinal, se envolvem sexualmente. Amor e sexo não se excluem, moranguinhos, mas também não estão colados. Podemos, sim, misturá-los ao se tratar de uma relação entre personagens, mas não é obrigatório, entendido? Esse é o grande “tcham” do artigo. 

A diferença básica entre os dois gêneros é que no romance há amor, enquanto no erotismo, mesmo que exista amor, ele não é o foco da narrativa. 

Fontes: 
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