Por: Takahiro Haruka
Olha quem chegou! Olha quem tá aqui! A Noni, gente! De novo! Ai, eu adoro vocês! Faz um tempinho que não passo por aqui. Desta vez trago mais uma resenha, espero que gostem.
Título Original: Paper Towns
Título Brasileiro: Cidades de Papel
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Tradução: Juliana Romeiro
Sinopse: Quentin Jacobsen tem uma paixão platônica pela magnífica vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman. Até que em um cinco de maio que poderia ter sido outro dia qualquer, ela invade sua vida pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita.
Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola e então descobre que o paradeiro da sempre enigmática Margo é agora um mistério. No entanto, ele logo encontra pistas e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele achava que conhecia.
Resenha: Cidades de Papel conta a história de Quentin Jacobsen, um rapaz que está a dias de se formar no ensino médio. O livro conta sua aventura procurando por Margo Roth Spiegelman, sua vizinha que, de repente, some, deixando pistas que só ele é capaz de desvendar. É um livro espirituoso e cheio de autorreflexão. No prólogo, Margo e Quentin se deparam com o corpo de um homem morto no parque perto de suas casas. O fato em si não tem grande influência no enredo, mas contribui para a construção da parte moral e intelectual — detalhes de suma importância para a história.
Quando o enredo se inicia, Quentin se apresenta como um estudante nerd, viciado em sempre falar tudo gramaticalmente correto, enquanto que Margo, sua amiga de infância, é a típica garota popular que todos adoram. Ele é apaixonado por ela e sofre bullying por seus amigos. Em uma noite, Margo invade seu quarto pela janela e o convida a viverem uma aventura — mal imaginava ele que ali era o início de tudo. Margo quer se vingar de seu namorado, que a traía, e de seus amigos, que sabiam sobre a sucessão de traições e nunca lhe contaram. Para isso, ela precisava que seu vizinho servisse como motorista particular por algumas horas. Quentin aceita.
A suposta aventura se mostra um sucesso, e Quentin acredita que, no dia seguinte, tudo terá mudado entre ele e sua vizinha. Mas não é isso o que acontece. Margo Roth Spiegelman está desaparecida. A 23 dias de sua colação de grau. Parece, aos pais dela, que é só mais uma das muitas tentativas de Margo de chamar atenção, mas Quentin não vê assim.
E quando ele começa a achar pistas de para onde Margo foi, ele tem certeza de que não é só isso mesmo. Ele acha que Margo está morta e começa uma busca implacável por ela, com a ajuda de seus dois amigos — Radar, um rapaz negro cujos pais são obcecados por Papais Noéis negros, e Ben, que foi apelidado de Ben-Mija-Sangue por causa de uma Infecção Renal. Na busca por sua amiga e paixão não tão secreta, Quentin faz coisas que, em situações normais, não faria, como faltar às aulas, fingir estar doente, invadir propriedade alheia e dirigir acima da velocidade permitida. Em sua busca por pistas que o levem até Margo, ele se redescobre como pessoa e passa a ver o mundo e as pessoas com olhos diferentes.
Depois de horas viajando por interestaduais, de Orlando a Nova York, e de fazer xixi em garrafas de cerveja dentro do carro, e quase colidir o carro com uma vaca branca no meio da estrada, Quentin finalmente encontra Margo. Mas nada do que ele imaginava era verdade. Ela não deixou pistas para ele procurá-la. Ela só queria que ele nunca se esquecesse dela.
O livro, em si, é um ótimo suspense. Quando Margo desaparece, você logo se interessa em saber onde ela está. E quando as pistas vão aparecendo e se encaixando, você fica ainda mais ansioso em saber o que aconteceu com ela e como tudo vai acabar. Mas, conforme a história vai se desenvolvendo, você se cansa. É uma característica de John Green chegar em um momento em que o leitor começa a se entediar e a querer que acabe logo. O personagem começa a ser repetitivo, e você começa a se injuriar dele. As pistas não levam a lugar nenhum e você pensa: "é tudo perda de tempo". Até que a pista final aparece, e um rumo é tomado, é muito fácil você simplesmente desistir da leitura.
E, finalmente, o desfecho. Talvez por termos esperado tanto, vencido o tédio, acreditado no Quentin e xingado a Margo por suas pistas incompreensíveis, o final deixa um gostinho amargo na boca e você simplesmente descobre que é isso: ela não queria ser encontrada. Ela age como uma garota idiota e mal-agradecida, simplesmente pouco se importando com o esforço que o grupo — Quentin, Radar, Bem e Lacey, namorada de Ben e amiga de Margo — fizeram para encontrá-la. Margo reconhece, depois de conversar com Quentin, que estava errada por sumir daquele jeito, eles fazem as pazes e fim. Ela vai ficar em Nova York, viver uma vida de aventuras, e ele vai voltar para Orlando, para uma vida normal — estudar, trabalhar, casar, ter filhos.
Não há nada de surpreendente em "Cidades de Papel", na minha opinião. É uma aventura que talvez soasse melhor em animação (no sentido de virar um filme e, opa, já virou, só falta estrear), mas com um final tão superficial que é como se John Green não tivesse realmente se preocupado com isso. Exato, talvez seja isso: tão preso à importância de construir um bom meio, ele se esqueceu do fim. Ou talvez a intenção fosse ser um livro mais reflexivo do que uma aventura com um final emocionante. As reflexões que Quentin faz, refazendo seu modo de pensar para descobrir uma Margo que, no fim, não existia (era fruto de sua mente), nos leva a refletir se não somos assim também: vemos as pessoas como as imaginamos serem e, quando descobrimos que elas erram como nós, possuem rachaduras como nós e sucumbem aos sentimentos pessimistas e melancólicos como nós, nos decepcionamos. É, talvez seja um livro para refletir sobre inter-relações.
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