Canetas vazam

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Por: Hairo Rodrigo



Seguindo o exemplo do meu ultimo post, que trouxe o escritor americano Elmore Leonard, venho agora trazer a vocês as regras para um escritor da renomada escritora canadense Margaret Atwood. Ela foi uma das escritoras que o jornal americano “The Guardian” entrevistou em 2010, pedindo que desse as suas próprias regras para escritores, em uma série de artigos inspirados pelas regras que eu trouxe da ultima vez. 

Seguindo o exemplo do “The Guardian” e com a benção da Liga dos Betas, esse é mais um de uma série de posts que busca trazer para vocês essas regras, que mais são dicas e ideias do que regras em si. É muito interessante observarmos como cada autor se porta perante essa arte que é escrever, e como cada um encara esse desafio. É legal entender também, que com cada lista de regras, eles acabam por provar que, na verdade, cada um de nós deve procurar as nossas próprias regras, com muita tentativa e experiência. 

Dessa vez Margaret nos mostra um pouco de seu estilo nos dando dicas diretas e práticas, assim como dicas filosóficas e até alarmantes para alguns. Para quem não a conhece, segue uma pequena introdução. 

Nascida em 1939, em Ottawa, Canadá, Margaret já publicou mais de setenta livros em sua longa carreira, e é reconhecidamente uma das mulheres romancistas mais influentes na literatura canadense, americana e inglesa. Escritora, poetisa, roteirista, contista e critica literária, sua obra é tão extensa quanto a sua lista de prêmios literários. Seu talento foi tão reconhecido que seu nome consta em uma seleta lista de canadenses a receber a “Ordem do Canadá”, nada menos do que a mais alta distinção existente naquele país. Atualmente ela vem trabalhando em algo que nunca antes tentou: uma ópera, que está marcada para estrear em 2014, tocada pela orquestra de Vancouver. 

Segue então a minha humilde tradução das regras e dicas que essa experiente e talentosa mulher deixa para nós. Espero que possam aproveitá-las tanto quanto eu: 



“1 – Tenha um lápis para escrever em aviões. As canetas vazam. Mas se um lápis quebrar, você não vai poder aponta-lo no avião, porque você não pode levar nenhum tipo de lamina com você. Logo: Tenha dois lápis. 

*****
2 – Se os dois lápis quebrarem, você pode tentar apontá-los com um cortador de unhas de metal ou de plástico. 

*****
3 – Leve alguma coisa em que possa escrever. Papel é bom. Num momento de necessidade, pedaços de madeira ou o seu braço servem. 

*****
4 – Se você está usando um computador, sempre salve uma cópia do seu texto em um pen-drive. 

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5 – Faça exercícios para as costas. A dor distrai. 

*****
6 – Prenda a atenção do leitor (isso tende a funcionar melhor se você conseguir prender a sua própria atenção). Mas como você não sabe quem é o leitor, é como tentar matar um peixe com um estilingue no escuro. O que fascina A vai encher o saco de B. 

*****
7 – Você provavelmente vai precisar de um thesaurus, um livro de gramatica básica e os dois pés fincados no chão. Esse ultimo quer dizer: Não tem comida de graça. Escrever é um trabalho. Também é uma aposta. Você não ganha uma aposentadoria. Outras pessoas até podem te ajudar um pouco, mas essencialmente você está por sua conta. Ninguém está te obrigando a fazer isso. Você escolhe, então não reclame. 

*****
8 – Você nunca vai poder ler o seu livro com o sentimento de ansiedade inocente que vem com aquela deliciosa primeira pagina de um livro novo, porque você escreveu aquilo. Você esteve nos bastidores. Você viu como que os coelhos foram colocados dentro das cartolas. Logo, peça para um amigo ou dois darem uma olhada no seu trabalho antes de dar a alguém para publicá-lo. Esse amigo não deve ser alguém com quem você tenha um relacionamento romântico, a não ser que você queira terminar. 

*****
9 – Não pare e sente no meio da floresta. Se você está perdido na trama ou sente um bloqueio, refaça os seus passos até encontrar onde errou. E então vá por outro caminho. E/ou mude a pessoa. Mude o tempo verbal. Mude a primeira pagina. 

*****
10 – Rezar pode ajudar. Ou então ler alguma outra coisa. Ou a constante visualização do Santo Graal que é a versão terminada e publicada do seu maravilhoso trabalho.” 

*****
Fontes consultadas: 

ATWOOD,Margaret; “Margaret Atwood’s rules for writers”; TheGuardian; publicado em 22/02/2010; Disponível em: http://www.theguardian.com/books/2010/feb/22/margaret-atwood-rules-for-writers

???; “Margaret Atwood Biography”; Bio USA.; Publicado em 2013; Disponível em: http://www.biography.com/people/margaret-atwood-9191928



6 comentários:

  1. Eu adorei a dica 1. Mas hoje em dia escrevo tão pouco com lápis, que acho que poderia adaptá-la para "se não tiver um editor de texto, escreva nas notas do Iphone", rsrs. Mas enfim, é sempre bom ter algo à mão quando uma ideia vem à cabeça, às vezes eu rabisco qualquer coisa quando tô trabalhando, tipo, no meio do expediente e eu pensando em escrever! Chega a ser cômico!
    A dica 9 é ótima também.

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    1. Também adaptaria a dica 1 a escrever no telemóvel... Embora ande sempre com um bloco na mochila, para não acontecer nada (vai que o telemóvel fica sem bateria?)

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  2. Nossa, muito legal as dicas... A nona dica veio em um ótimo momento para mim, já que estou nesse péssimo empasse sobre como continuar a história com aquele bendito bloqueio fechando todas as portas de uma possível decisão.

    A primeira e a segunda então nem se fala, hahaa... Acabamos sempre tendo ideias nos mais diversos e inapropriados lugares... E aí chegamos ao momento desespero! É hilariante.
    Parabéns, meu doce. Adorei sei post.

    Beijão caramelado moncher...!

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  3. Hallo!
    Hahahahaha, muito bom post!
    Essas dicas são úteis e bem diretas, ao mesmo tempo que brincam com a séria realidade de se ser um escritor.
    Boa escolha de artigo para partilhar, a leitura foi muito interessante!
    Beijinhos*

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  4. Em vez dos dois lápis, poderia levar apenas uma lapiseira com grafites extras, não precisa apontar!

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