Oito erros técnicos mais comuns em fics [2/2]

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Por: Gabriela Petusk 
(Liga dos betas Team)


* Esse artigo foi dividido em duas partes, conheça a 1a parte AQUI



Alô, alô, graças a Deus, vocês sabem quem sou... Okay, parei. Vocês sabem, sim.

Estou de volta com a parte dois da dupla de posts “Oito erros 'técnicos' comuns em fanfics”. Se você perdeu a parte um, ou quer dar uma olhada, clique (aqui) aqui e reveja os últimos capítulos. Os erros de agora são mais “profundos” na história, portanto, mais difíceis de detectar e corrigir. Vamos lá!

  • 1. Diálogos mecânicos e maneiras de falar incoerentes


Conversar é uma característica natural do ser humano, por qualquer meio. Mesmo pessoas com alguma limitação física ou mental encontram suas maneiras de comunicar aos outros o que pensam, sentem e do que precisam. Acredito eu que essa naturalidade da conversa deve ser preservada numa história, e não feita artificial; é parte de nós, no fim das contas. Um diálogo não adequado pode atrapalhar muito, e eu como sempre vou dar um exemplo para esclarecer o porquê.

Imagine uma personagem pobre, sem educação formal. Agora, imagine que o autor da história escreveu uma cena onde ela diz ao filho “Venha até mim, meu filho, existem deveres que você precisa cumprir antes de brincar na rua”. Não existe razão para que ela fale desse jeito: ela nunca estudou, ninguém nunca a ensinou a falar assim e ela nem mesmo esteve num ambiente onde pudesse aprender um vocabulário complexo. A caracterização (formação da identidade de uma personagem) dela estaria em parte perdida com um deslize assim.

Outra coisa que me irrita em particular e acontece nas histórias de fantasia com frequência é a existência de personagens com falas muito planejadas, corretas, mesmo em momentos de batalha e ação. Parecem máquinas programadas para o heroísmo e a gramática impecável 24 horas ao dia. Ter discursos mais formais não é o problema; o que me incomoda é que seja o tempo todo em cenas e ambientes onde isso não cabe. A história cai assim no diálogo automático, o que acontece bem adiante da ficção fantástica; impossível imaginar alguém dizendo aquilo sem um tom planejado. É isso o que eu quero dizer com a palavra “mecânico”: nada natural.

O que fazer para evitar? Jogar uma pitada de realidade. Dê um vocabulário recorrente à sua personagem, deixe que ela seja informal, que fale de acordo com quem é e de onde veio, que tenha senso de humor, que gagueje quando estiver tensa e se perca nas palavras ao ficar confusa, se isso for da personalidade dela. Faça-a séria e inexpressiva se ela for assim. Se dá para conhecer um pouco de uma pessoa por como ela fala, com personagens não é diferente. 


  •  2. Out of character (OOC) sem necessidade nem motivo


ATENÇÃO: O trecho a seguir contém spoilers de Jogos Vorazes (A Esperança) e da trilogia Millennium (Os homens que não amavam as mulheres). Por respeito aos que ainda não leram, as frases serão de cor clara, portanto, só podem ser lidas quando marcadas. É por sua conta e risco.



O termo em inglês significa literalmente “fora da personagem”, e quer dizer, na prática, quando uma personagem age fora de sua personalidade por um momento ou durante toda a história. Que leitor de Naruto nunca viu um Sasuke romântico e sentimental, ou de Harry Potter, um Draco Malfoy humilde e gentil? Quantas vezes Ulquiorra, de Bleach, já apareceu como apaixonado e todo emotivo sem que isso fosse trabalhado na personalidade dele, tão racional e contrária aos sentimentos? E em quantas dessas histórias as personagens em questão agem assim só porque o autor quis atender ao apelo do público, ou realizar a fantasia de ver o bad boy sendo doce em prol de um casal?

O OOC é polêmico, e como todo quesito polêmico na ficção, tem dois tipos de uso: proposital e acidental. O uso proposital é quando o autor sabe bem o que está fazendo e por que está fazendo, portanto, a ferramenta costuma ser bem utilizada. Já no uso acidental, muitas vezes, o autor só repete (sem questionar, normalmente) aquilo que leu durante a vida toda por puro costume. Percebam aqui que não estou culpando quem escreve OOC por acidente, apenas dizendo que, por ser algo mais automático e menos planejado, tende a ser um defeito na história. Cada caso é um caso, então, vamos fazer uma análise detalhada.

Qualquer ferramenta (link em inglês) bem usada pode ser um recurso magnífico. Vejamos o caso de Jogos Vorazes, e lembremo-nos de (Peeta Mellark), em A Esperança, cem por cento fora de si em uma jogada de mestre da autora. (Peeta foi torturado pela Capital e convencido a odiar Katniss. Suzanne Collins fez isso como uma maneira de fragilizar o psicológico de ambos, tanto no momento do OOC quanto depois e mesmo passados muitos anos, e mostrar a verdadeira violência da qual uma guerra é capaz). Já na trilogia Millennium, no livro Os homens que não amavam as mulheres, Lisbeth Salander (se apaixona por Mikael Blomkvist) no fim do primeiro volume, o que é feito pelo autor para (demonstrar a capacidade de Mikael de adentrar a “muralha” mental que Lisbeth usa para se proteger das pessoas. Mais do que isso: a experiência radical que foi a investigação sobre Harriet Vanger foi uma situação extrema que uniu muito os dois). Em ambos os casos, o OOC teve um motivo muito bem fundamentado e um objetivo claro, nos quais vale a pena se inspirar.



  • 3) Assuntos acrescentados sem pesquisa



Este é um dos tópicos que, admito, mais me dá nos nervos entre esses todos listados aqui. A inclusão de um assunto sem pesquisa da parte do autor pode soar até como arrogância: consigo imaginar o escritor dizendo “não preciso perder meu tempo lendo sobre isso”, ou “minha história é tão mais importante que os leitores não vão nem notar a falta de pesquisa”. Coisas como um iPhone na década de 40 (sem que o dono ou dona seja viajante do tempo nem nada) ou uma personagem dos Estados Unidos almoçando arroz e feijão (como uma comida de todo dia) podem aparecer. E ninguém quer um absurdo desses na história.

Gastar tempo com isso dá trabalho? Dá, mas também dá um texto melhor. O que há de errado em se esforçar para escrever bem? Nada, certo? E você ainda pode aprender coisas muito legais, super úteis até. Descobri muito sobre a Finlândia, país nada a ver com o Brasil, por causa de uma fanfic, e me apaixonei pelo lugar. Então, todo mundo abrindo o Google, a Wikipedia, o livro de História, Geografia, Biologia, Psicologia (onde acontece a maior parte dos erros; acredite, a maioria dos esquizofrênicos são pessoas bastante comuns, a ficção te enganou), o que mais for necessário. Estamos combinados?



  • 4) Inverossimilhança



Saúde! Que palavra feia, grande e estranha. Calma, pessoas, ela não morde e está aqui para ajudar. Vejamos o significado de sua irmã, verossímil:


verossímil 
(latim verisimilis, -e) 

adj. 2 g.

1. Que tem aparência de verdade.

2. Semelhante à verdade. = PLAUSÍVEL, PROVÁVEL



E agora, uma explicação de um site didático:


Quando exploramos a ficção é importante que nossa obra seja verossímil, dando ao leitor a ideia de verdade, aproximando-o da nossa realidade. Para construir uma narração que faça sentido ao leitor, todos os seus elementos (enredo, narrador, personagem, tempo e espaço) precisam compor um ‘todo verdadeiro’. É através da verossimilhança, da aproximação da realidade, que o texto se fará real. 


Resumindo: verossimilhança é a característica de uma história na qual o leitor é capaz de acreditar, que convence através de boas explicações, justificativas plausíveis; não necessariamente comprovadas pela ciência ou por um grupo de pessoas, apenas críveis (verbo crer = acreditar. "crível" = "acreditável"). Mesmo que seja num mundo mágico ou futurista, dentro do contexto ou de um universo as coisas fazem sentido. Querem um exemplo de inverossimilhança? Tudo bem, vamos lá.


Imaginem uma cena de batalha final entre herói e vilão, protagonista e antagonista. Diálogo pré-batalha, combate de igual para igual. Depois de algum tempo, o herói está ferido, quase incapaz de se manter em pé. O vilão dá sua risada maléfica, prepara o golpe final para matá-lo de uma vez por todas... A arma se transforma em pó e o vilão se desfaz no ar. Sim, assim do nada, sem explicação nem na hora e nem depois, sem motivo aparente. O herói vai embora e parte para vencer outro vilão maléfico. Convenceu a vocês? Porque a mim, não.

Claro que o exemplo acima foi bem caricato, afinal, eu o produzi para ilustrar o post. No entanto, exemplos menos descarados de inverossimilhança também podem atrapalhar e irritar bastante. Vejamos a trilogia Cinquenta tons de cinza, de E. L. James. Christian Grey, par romântico de Anastasia Steele, é um CEO incansável, conquistador de novos territórios, gerencia sem parar um milhão de empresas... E tem tempo de sobra para servir de piloto de helicóptero para a namorada quando estiver a fim? Oi, por favor, alguém questione isso.

Como boa troper (link em inglês) que sou, resolvi tirar dois exemplos de justificativas fracas exemplificadas no site que eu não recomendo o uso exagerado: Hand Wave e Lampshade Hanging. Vou fazer uma tradução livre aqui.


Hand Wave: É qualquer explicação duvidosa que costuma envolver o pano de fundo (passado) da história, uma contradição de acontecimentos ou o uso de uma saída mágica/tecnológica. O Hand Wave é notado em especial porque costumam faltar detalhes e coerência, e pode ser usado para tentar segurar um enredo fraco ou encobrir uma falha que seria grande demais para passar despercebida. Não existe um consenso sobre ser melhor deixar um buraco na trama ou dar uma razão frágil.

Exemplo de Hand Wave: Em Percy Jackson e os Olimpianos, é comum que semideuses tenham relacionamentos românticos entre si. Notando que todos os deuses são parentes em algum grau, isso significa que qualquer relacionamento entre semideuses seria considerado incesto. No entanto, no universo do livro, deuses não possuem DNA, o que quer dizer que, pela moral humana, não existe problema com isso, a não ser que as duas partes sejam filhos do mesmo deus ou deusa.

Lampshade Hanging: É uma estratégia usada por autores para lidar com um elemento da história que deixa o público desacreditado, como um enredo não plausível ou uma desculpa bem descarada para alguma coisa. O próprio autor apenas aponta a falta de lógica e segue em frente. O uso do Lampshade Hanging mostra que o autor tem consciência de que a falha existe e preferiu deixá-la como está, ou não encontrou uma explicação eficaz e precisa prosseguir de qualquer modo. Pode ser algumas vezes utilizado como elemento de humor.


ATENÇÃO: O trecho a seguir contém spoilers de Harry Potter (Harry Potter e a Ordem da Fênix). Por respeito aos que ainda não leram, as frases serão de cor clara, portanto, só podem ser lidas quando marcadas. É por sua conta e risco.


Exemplo de Lampshade Hanging: Em Harry Potter, Harry passa por todo tipo de dificuldade sem nunca arranjar problemas de fato, saindo quase sempre ileso, fato sobre o qual os leitores costumam reclamar. O Lampshade acontece em A Ordem da Fênix, onde Ron, depois que (Harry foi julgado inocente quanto à sentença de uso de magia por um menor de idade), diz “Eu sabia! Você sempre consegue sair de enrascadas!”. A autora utilizou esse recurso porque precisava dessa “imunidade” para fazer a trama seguir em frente.


Bem, agora, por que eu não recomendo:

O excesso (atentem-se à palavra; dá para usar Hand Wave ou Lampshade de vez em quando sem virar um monte de absurdo) de falhas mal cobertas e mal justificadas pode levar sua história ao descrédito. Pouca gente vai aprovar que seu protagonista nunca se machuque num mundo perigoso ou num universo em guerra simplesmente porque isso não é possível, não é humano. Segundo: algumas vezes, os recursos acima aparecem em histórias populares (note que ambos os exemplos são best-sellers) por questão de pressão comercial. A série precisa de uma continuação. O livro precisa vender. É a esse tipo de coisa que nossos autores favoritos estão sujeitos. Aproveite o lado de ser um escritor amador, ter tempo e liberdade para planejar sua história em detalhes, com toda a calma do mundo e do jeito que você quiser. Muitos escritores profissionais adorariam ter a chance de fazer o mesmo. Dê uma olhada melhor na cena inverossímil, mude-a para algo crível. A dica de ouro é perguntar a você mesmo: se eu fosse leitor da minha história, acreditaria nisso?

Para finalizar, não entendam errado. Não estou dizendo aqui que você precisa ser 100% realista e ignorar a fantasia, a imaginação, não inventar nada. Como autor de ficção, e a palavra “ficção” já diz isso, você tem todo o direito de criar algo que, para a vida real, é sem noção alguma. Apenas dê a esse quesito sem noção algum embasamento.



Uma longa e árdua leitura, não foi? Esta minissérie de posts foi escrita com muita paciência, pesquisa, noites sem dormir, bloqueios criativos e xícaras de café. Gostaria muito da opinião de vocês nos comentários; eu, muito parcial e suspeita para falar, considero um dos mais informativos que eu já escrevi. E vocês, o que acham? Espero vê-los num tempo mais breve da próxima vez, com menos preguiça e procrastinação. Muito obrigada à Anne L pela ajuda.

10 comentários:

  1. Muito bons os dois posts! Prestei muita atenção aos posts e reconheci uns erros meus( que eu faço força para mudar) e outros que eu não cometo, mas que vou prestar mais atenção! Parabéns, o blog tá lindo!

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  2. Excelente tópico! Acho que de tudo listado acima, o que mais me deixa com essa cara >> ÔÔ é quando resolvem escrever sobre lugares que não conhecem, sem nenhuma pesquisa, eu me sinto, sei lá, me sinto uma idiota ao ler.
    Um mínimo de respeito ao leitor deve haver! Noutro dia li que sobre uma Londres que não passava de Madureira no Rio de Janeiro, fiquei chateada. Procuro sempre escrever sobre locais que conheço quando me falta tempo de pesquisa, mais fácil falar da padaria do seu Zé alí na esquina em Nikiti mesmo que falar de uma sei lá... Cordon em Paris.
    A falta de cuidado com o texto também irrita, homem escrevendo fic sob a ótica feminina e falando "meus peitos", caraca, fico assim... com a cara meio torta, olhando a tela... pensando se envio ou não uma MP pela onésima vez...
    É isso, gostei de montão do seu texto!
    Fui!

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  3. Esses erros são bem mais perigosos que os anteriores citados.
    Conversa mecânica é algo realmente... Chato... Eu nunca gosto quando leio um texto e 'tá tudo bonitinho encaixadinho, é o único lugar onde a pessoa pode realmente por palavras escritas de jeito errado, que seria a forma como falamos, e ela não faz isso.
    OCC também é complicado, tem gente que faz de propósito, eu já fiz e tem uma que faço até hoje assim, mas quando não é de propósito... Eu peço para alguém que conheça ler a da opinião, por ser mais seguro.
    Essas coisas de falta de pesquisa... Bem, sempre rola um personagem comendo macarronada estando em um lugar que o prato comum não é aquele, ou uma feijoada. Quando a pessoa não mora num lugar que seria frio, com o tempo normalmente fechado e tá lá o personagem de shortinho e havaiana. Problemas temporais é pior ainda, o pessoal é 1800 e tem gente usando celular.
    Acho que é por essas coisas que minhas histórias não tem local, data e nada. Normalmente eu crio um lugar, imagino semelhante a algo, mas data, e local especifico não tem.
    Gente... Quanto explicação estranha eu já não peguei, e até já fiz, mas no meu caso eu tento fazer algo explicável, tenho o sério problema de não gostar de fazer algo fantasioso que seja extremamente impossível, quero tenha ao menos uma lógica boa, ou que seja fisicamente possível.
    Essa postagem vai ajudar muita gente, espero que o pessoal leia (:
    Obrigado e beijos ;*

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  4. Muito interessante este tópico. Realmente me abriu os olhos para alguns erros que, acredito eu, existirem em minhas estórias.
    Eu nunca fui a favor de conversas mecânicas, mas em certos momentos - quando estamos entretidos na narração - esquecemos que aquilo seria uma fala. Digo isso por ser um erro bem comum meu, esquecendo que na fala não há a forma culta - pelo menos não na era em que escrevo-as.
    Quanto a OCC eu já tento me manter mais firme aos personagens e, quando mudo, aviso de imediato nas Notas sobre a mudança de personalidade da personagem. Já fiz estórias com a personalidade de algum personagem diferente(propositalmente)e não gostei muito. Bem, gosto é gosto.
    Quanto a falta de pesquisa, bom, acho que eu não tenho problemas quanto a isso. Sempre estou procurando saber significados de palavras, expressões, comidas típicas, costumes nacionais, ente outros, para deixar a fanfic mais verdadeira. Mas, sério, um Iphone na era medieval é sacanagem, pelo amor. (kkkk')
    Acho que, em qualquer estória, tem que haver um tipo de senso, mais realidade e menos irrealismo. Mesmo sendo uma ficção, existem coisas que não se pode simplesmente dizer " é assim na minha estória e ponto", pelo meno é no que acredito.
    Bom, acho que escrevi demais (kkkk')
    Melhor parar por aqui.
    Gostei muito do que escreveu, achei informativo e bem explicado. Gostei de saber sobre esses erros e os outros da primeira parte. Vou começar a me monitorar mais.

    Obrigada. Beijos de chocolate :3

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  5. Ótimo texto! Quem tirar um tempinho do dia para lê-lo irá ser recompensado. Os deslizes que você apontou nele são os que mais me irritam. Eu costumava ser bastante preconceituosa ao ler fanfics, não dava chance para a história se os vocativos não estivessem decentemente demarcados por vírgulas ou algumas palavras estivessem escritas erradas. Com o tempo, porém, superei isso e percebi que muita gente, apesar de não conhecer a língua portuguesa muito bem, tem ideias fantásticas e é capaz de escrever bem mesmo que cometendo alguns deslizes no que diz respeito à gramática.
    Contudo, os erros que você apontou realmente me fazem querer bater no autor. Parece que a pessoa é desleixada, não leva a sério a própria história e não respeita os leitores. O que mais me irrita é falta de pesquisa. Tudo bem, algumas pessoas simplesmente não conseguem gostar do Brasil e acham o fim do mundo uma fanfic ambientada nela. Mas para quê escrever uma história nos Estados Unidos, se as pessoas agem como brasileiros, andando de havaianas por aí, comendo brigadeiro o dia todo e reclamando do vizinho que escuta pagode no volume máximo?
    De qualquer forma, eu me senti consolada pelo post e pelos comentários. Às vezes os leitores são tão desleixados quanto o autor, e não o ajudam a melhorar, fazendo com que histórias mal-escritas lotem o site. Também vou passar a avaliar as minhas fanfics de maneira mais crítica, aproveitando alguns conselhos valiosos que você deu. Obrigada, estou mesmo muito feliz por ter lido o texto. Besos!

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  6. Gente, muito obrigada! Sou a autora do post e estou muito feliz tanto com a discussão quanto com a aceitação que o post teve.
    Sério mesmo, queria ter reviews na mesma quantidade e nível que os comentários daqui.

    Love Nail Arts: Legal saber que ajudou na sua escrita. Essa é uma das intenções; faça bom uso o/

    Clara de Assis: É, a pesquisa na criação, além de ser uma das maiores inspiradoras, dá uma base realista e verossímil que ficção viajada nenhuma consegue tirar. Fora que aprender é bom a qualquer momento. A quantidade de histórias fora do Brasil que mais parecem réplica da cidade onde o autor mora não dá pra contar.
    Você comentou sobre a representação da mulher na ficção. Já li alguns textos sobre a escrita com responsabilidade social, e isso, por mais que não pareça, influencia sim a visão dos leitores sobre o mundo em que vivem. George Martin uma vez foi questionado sobre seu modo "diferente" de criar personagens femininas, e o que o levava a escrever de tal maneira, no que ele respondeu: "Sempre considerei mulheres como pessoas". Fiquei pensando nisso um bom tempo e concluí que, gostemos ou não, ainda existe algo de estereotipado e idealizado sobre a mulher nas tramas fictícias. A escandalosa chorona, a mocinha virginal, a mulher poderosa masculinizada... Todos esses conceitos colocados para nós desde que nascemos e que são passíveis de desconstrução. A maioria deles não representa mulheres reais, como eu e você. Pretendo escrever um post também sobre personagens estereótipo. Esteja atenta ao blog :D
    Claro que tem aquilo de contexto (não cabe colocar uma moça sexualmente liberal sendo aceita na Idade Média, por exemplo), mas, com esforço e trabalho em conjunto, somos capazes de mudar isso. Sei que me demoro demais falando de feminismo, obrigada pela paciência <3

    Lena, Babih e Hali, que fizeram comentários parecidos: Uau, todos os itens! De fato, os erros são mais perigosos do que os do post de antes, e em parte foi por isso que dividi a leitura em dois. Um artigo com os oito seria muito pesado, até porque, né, era da informação, pessoas vivendo mais rápido e lendo coisas cada vez mais curtas. É bom ser objetiva nesse caso.
    A artimanha de criar um lugar sem endereço exato é um recurso a se considerar, porque deixa a história até mais universal. Porém, mesmo que isso seja feito, algum traço da nossa cultura sempre acaba lá, por puro costume e contato com ele, mesmo. Sobre a falta de pesquisa: repito o que respondi para a Clara: conhecimento é uma base importantíssima, e a falta dele pode criar coisas como... Não sei, internet no Brasil colônia. Ou londrinos tocando samba no fim de semana.
    Como eu disse, tudo são ferramentas, até o temido OOC. No entanto, o que mais acontece é o uso do recurso para shippar personagens. Já saiu aqui no blog um post a respeito, da AnneL, se não estou enganada. Vale conferir.
    Verossimilhança e eu = Caso de amor. Sério. Fiquei até mais enjoada com isso depois de escrever o post. Algumas vezes penso até que deveria relaxar um pouco :3

    Agradeço demais pelo retorno positivo de vocês e prometo aparecer com mais posts.

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  7. O post foi incrível, e, na minha opinião, o erro que mais acontece é o número 3. Meu Deus, dá vontade de estrangular as "autoras" que acham que nos EUA e na Inglaterra só existem os Starbucks para comer. Que raiva que me dá disso. Eu sou Directioner, e digo que está muito difícil achar uma fanfic que preste. Cara, a história se passa em Londres, e a peste começa o capítulo assim: "Era um dia bem ensolarado..." PQP, essa é pra apedrejar.
    Todos os posts daqui são ótimos, e tem absoluta certeza de tudo. Já cometi alguns erros que foram citados, mas não numa intensidade tão absurda assim. Dá medo de quem não percebe isso. O único que eu sei que não cometi e acho que nunca cometerei é o OOC. Acho que não conseguiria mudar a personalidade do meu personagem nem que quisesse. Não quero dizer que meus personagens são quadrados nem nada, eles podem sim amadurecer durante a história. Mas, colocar um bad boy dizendo "eu te amo" depois de, desculpe o termo, transar com a garota e outros clichês seriam completamente incoerentes, não seriam?
    Eu definitivamente era uma dessas pessoas. Sinto-me até humilhada de admitir KKK, mas quem nunca errou, que atire a primeira pedra.
    Adorei o post, continue assim que puder com essas dicas, que servem tanto para amadores, quanto para veteranos. Um beijo! Xx

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  8. Queria saber se existe algum tipo de truque ou dica para fazer diálogos mais realistas, é que eu não costumo fazer diálogos muito longos ou sem uso de maneirismos ou "estrangeirismos". Isso é a coisa que mais me pega quando vou escrever uma fic, porque eu sei onde esta o erro, mas não consigo pensar em como corrigi-lo.
    Já quanto a falta de pesquisa, essa é meio instintiva, eu tenho de reler tudo com atenção ou receber uma crítica pra saber.

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